Volume 1
Capítulo 28: Combates entre iguais?…
Era a primeira vez que Nimbus mostrava todo o seu potencial, e Lonios mal podia conter sua felicidade com o desempenho do jovem.
Mas agora, parecia que Sãr Adon queria desafiar isso de alguma forma. Não seria tão simples; Nimbus era muito superior a qualquer soldado comum.
— Claro que sim — Lonios respondeu, franzindo a testa. O sorriso no rosto de Adon não trazia bons presságios.
— Então, que assim seja. — O velho cavaleiro deu um sorriso sutil e gritou — BOAGRIUS.
Imediatamente, um homem de mais de dois metros de altura, com o corpo massivo, parecia não ter dificuldade para levantar os pesos que estava manipulando.
Seus músculos eram imensos, e ele se dirigiu rapidamente até Sãr Adon.
— Sim, comandante — Boagrius se apresentou, colocando-se em posição de sentido.
— Boagrius, dê uma lição no garoto do Sãr Lonios, aqui. Ele precisa aprender bons modos.
Os três soldados saíram do tablado. O mais ferido recebeu ajuda do que havia levado um chute e ambos se retiraram rapidamente.
O outro, com a boca ensanguentada, caminhava com dificuldade. Valeros, com a expressão fechada, observava o movimento dos soldados enquanto se retiravam.
Boagrius subiu ao tablado, e Nimbus, inicialmente intimidado pela estatura do homem, logo mostrou um sorriso malicioso.
Preparou-se para o combate, e Lonios, conhecendo bem seu escudeiro, teve a sensação de que Nimbus já havia formulado um plano. Isso, porém, não era bom. Então, decidiu intervir.
— Nimbus, lembre-se do que lhe falei.
O garoto o olhou e acenou positivamente, mas Lonios não estava certo se o conselho seria lembrado.
Boagrius avançou em direção a Nimbus com uma força impressionante. O grande homem era lento, e Nimbus, com agilidade, se esquivava sem dificuldade.
No entanto, após um golpe frustrado, Boagrius mudou rapidamente a direção do ataque, forçando Nimbus a se defender.
O golpe foi tão potente que a espada do escudeiro quase escapou de suas mãos. Com outro golpe, Nimbus perdeu o equilíbrio, mas antes que pudesse reagir, o gigante desferiu um último golpe, mais feroz que os anteriores.
Desta vez, a espada de Nimbus foi atingida com tal força que ele quase perdeu o controle.
No entanto, o escudeiro soubera aproveitar a força do golpe a seu favor. Ao girar rapidamente, ele fez com que a espada de Boagrius passasse sem atingi-lo. Quando o giro se completou, Nimbus estava por trás do gigante, com a lâmina apontando para sua garganta.
Ele bateu na mão do homem com precisão, fazendo Boagrius largar a espada, ficando à mercê de Nimbus. O jovem escudeiro foi cuidadoso, evitando a força total do golpe para não quebrar a mão do grande homem.
— Muito bom, Nimbus — Lonios elogiou, sorrindo com orgulho.
Sãr Adon, porém, parecia incrédulo diante do que acabara de ver. Um adolescente havia derrotado com facilidade grande parte de seu contingente em poucos movimentos.
O velho cavaleiro ficou em silêncio por alguns instantes, aparentemente refletindo sobre a situação. Então, um sorriso astuto apareceu em seu rosto.
— Sãr Lonios, não é justo. Um escudeiro que treina desde a infância enfrentando soldados que treinam uma vez por semana e que pegaram uma espada pela primeira vez já adultos. Que tal ele tentar alguns movimentos contra Valeros? Ele provavelmente treina o mesmo tempo que seu garoto.
Lonios não gostou da ideia. Adon havia confessado que Valeros superava-o em combate, quando ambos entraram no ginásio.
Um confronto com Valeros seria um desafio grande demais para Nimbus, que treinava há apenas três meses. No entanto, Lonios sabia que se recusasse o desafio, ambos seriam vistos como covardes pela tripulação.
— Aceito. Só me dê um tempo para instruir Nimbus. — Lonios fez um gesto com a cabeça, chamando seu escudeiro para perto. Nimbus obedeceu prontamente, sem hesitar.
Quase imediatamente, Ari, o garoto que Nimbus não gostava, saiu correndo porta afora do ginásio.
— LUTA DE ESCUDEIROS, LUTA DE ESCUDEIROS, VENHAM VER, VEM... — Lonios ouviu o grito de Ari no exato momento em que ele desaparecia pela porta. Em poucos minutos, toda a nave saberia da luta. Nimbus tinha razão em não gostar desse menino.
Quando Nimbus se aproximou, Lonios tentou prepará-lo.
— Nimbus, não se assuste com o que vou lhe dizer. Pelo que pude perceber, Valeros tem habilidades de combate muito próximas às minhas.
Talvez ele seja até mais rápido. Então, não se poupe. Vai ser como lutar contra mim. Está preparado?
Sãr Adon chamou Valeros e também deu instruções ao escudeiro, rindo enquanto olhava para Lonios e Nimbus.
— Vai ser moleza, mestre. Viu como eu derrotei aqueles caras? Quase igual ao senhor quando lutamos pela primeira vez.
Isso não era bom. Nimbus estava confiante demais, mas apesar de ter melhorado sua técnica consideravelmente, Lonios ainda poderia derrotá-lo facilmente em combate. E Valeros parecia ser ainda mais rápido.
Ao olhar ao redor, Lonios percebeu que uma multidão estava entrando no ginásio. Pessoas não paravam de entrar, e em poucos instantes não havia mais espaço para se mover dentro da sala.
Aproximadamente toda a guarnição, que não estava de serviço, estava presente. Lonios amaldiçoou Ari pela sua eficiência em divulgar a luta.
Logo o capitão chegou, provavelmente tendo abandonado seu turno na cabine de comando para ver a luta.
Ele abriu caminho pela multidão e se postou na frente do tablado, com os braços cruzados, acompanhado de Ari.
— Então, quando vai começar a luta? — perguntou o capitão, olhando para Lonios e Adon.
— Quando quiser — respondeu Adon, olhando para Lonios.
— Vai lá, Nimbus.
Nimbus subiu ao tablado e encontrou Valeros já em posição. Ele estava apoiado em um bastão de madeira, um pouco mais grosso que o cabo de uma vassoura.
— Como você está com a minha espada, eu vou lutar com o bastão. Se não se importar...
Nimbus olhou para trás, esperando confirmação de seu mestre, e Lonios acenou com a cabeça. Ele havia falado sobre o bastão como uma possível arma para Nimbus, mas nunca o havia ensinado como usá-lo.
No entanto, com o nível de treinamento do escudeiro, ele acreditava que Nimbus se sairia bem.
— Sem problemas — respondeu Nimbus, já em posição de combate.
Valeros não perdeu tempo e avançou contra Nimbus. O garoto se defendeu sem dificuldades, mas logo chegou a vez de ele atacar.
Contudo, parou na defesa de seu oponente. A luta seguiu assim por mais de cinco minutos, com os dois trocando golpes rápidos.
O suor escorria dos dois, e até aquele momento, a luta poderia ser considerada um empate, com a multidão vibrando quando quase se acertavam.
Após uma disputa de força que Nimbus estava perdendo, os dois ficaram no centro do ringue, com as armas cruzadas.
Depois de alguns segundos Valeros empurrou Nimbus com a sua perna puxando a sua espada, devido à força do seu oponente, Nimbus deixou a arma escapar e Valeros quase caiu ao chão quando isso aconteceu, agora Nimbus estava segurando o bastão e Valeros, a espada, ele olhou para Nimbus com um sorriso desafiador.
— Você parece ser bom com uma espada, mas só lamento, meu amigo. Eu sou foda com uma espada.
Antes que Nimbus pudesse reagir, Valeros avançou novamente. Nimbus, no entanto, parecia perdido com o bastão, segurando-o como se fosse uma espada. Isso tornou a arma desbalanceada em suas mãos.
Valeros atacou. Nimbus defendeu, mas o golpe foi tão forte que quase fez o bastão escapar de suas mãos.
Aproveitando a oportunidade, Valeros girou sua espada, derrubando o bastão e, em um só movimento, bateu com o cabo da espada no nariz de Nimbus.
O escudeiro caiu imediatamente, com o sangue jorrando do nariz.
— Como eu falei, escudeiro, eu sou foda. E foda-se, ninguém fere os meus soldados. — Valeros falou com desdém, antes de sair do tablado, deixando Nimbus caído e sangrando.
Quando Valeros deixou o ringue, Lonios correu para ajudar Nimbus a se levantar. Ele examinou rapidamente o nariz do jovem escudeiro e comentou, sério:
— Acho que quebrou. Vamos para a enfermaria.
Com o nariz sangrando profusamente, Lonios saiu do ginásio sem olhar para trás.
Antes de sair pela porta, ele lançou um olhar penetrante para Valeros e Adon. Quando quase estava do lado de fora, o capitão falou em voz alta.
— Um escudeiro com essa idade que ainda não sabe usar um bastão? É muita incompetência, não acha, Sãr Adon?
Lonios saiu sem esperar uma resposta, mas logo percebeu que alguém o estava seguindo. Era Jim, o novo amigo de Nimbus. Ele se aproximou e observou o escudeiro, preocupado.
— Se tentarmos manter o nariz dele para cima, vai ajudar a diminuir o sangramento.
Lonios apenas ajudou a conduzir os dois, enquanto Jim mantinha Nimbus olhando para o teto. Mas não surtiu muito efeito.
O sangue não parava de escorrer, formando um rastro pelo caminho. Finalmente, chegaram a um corredor e, no final dele, um consultório médico.
Dentro, estavam um homem e uma mulher, ambos com aventais brancos.
O homem era grande, com cabelos e olhos escuros, e parecia ter na casa dos vinte anos. Já a mulher tinha um tipo físico esbelto e proporcional, com cabelo loiro, mas um rosto mais angular que o de Elisis.
— Eu sabia que uma luta de escudeiros não daria certo — o médico disse ao ver Nimbus, correndo para ajudá-lo. Ele colocou um pano no nariz do garoto e o sentou em uma cadeira. — Por sorte, eu já esperava sangue, então deixei os curativos prontos. Cris, pode trazer uma tala pequena? Vamos precisar colocar alguns ossos no lugar.
— Será que ele vai ficar bem? — Jim perguntou, olhando para Lonios. O cavaleiro apenas sorriu, mas o médico ignorou.
A enfermeira correu até um armário e trouxe a tala, enquanto o médico preparava o tratamento.
Após alguns minutos de muitos gemidos de Nimbus, o sangramento foi estancado e o nariz foi posto no lugar, com um grande curativo formado entre os olhos e as orelhas do escudeiro, parecendo uma cruz.
Lonios agradeceu ao médico com um aperto de mão e ele respondeu calorosamente, elogiando o trabalho da enfermeira.
Nimbus, agora com o rosto dolorido e os olhos lacrimejando, foi apresentado pelo cavaleiro.
— Este é o Dr. Leonardo Horátio e esta é a enfermeira Cristiane, ou Cris, como ela gosta de ser chamada.
Nimbus respondeu educadamente, apesar da sua voz soando estranha devido ao curativo.
Quando saíram, Lonios e Jim mantiveram silêncio, mas o cavaleiro não aguentou por muito tempo e, sem se importar com Jim, falou:
— Desculpe, Nimbus. Foi minha culpa. Eu nunca deveria ter deixado você lutar contra Valeros, sabendo que ele usaria uma arma com a qual você não tem familiaridade. Foi um erro meu.
— Idiota fui eu, em acreditar que era um bom lutador. Mas o que mais me preocupa é que toda a nave viu eu levar uma surra.
— Aquele Ari é um maldito — Jim se intrometeu.
— Verdade. Se não fosse por ele, o capitão não teria feito esse juízo sobre o senhor, mestre Lonios. Falar aquilo foi cruel. Se soubessem que eu treino há apenas três meses, tenho certeza de que pensariam diferente de mim e do senhor.
Ao ouvir isso, Jim arregalou os olhos e ficou alternando olhares entre cavaleiro e aprendiz.
Lonios podia imaginar o que ele estava pensando, mas preferiu ignorar. Se Nimbus estava falando isso na frente do garoto, então ele era de confiança.
Lonios continuou, sem dar muita importância à reação de Jim. Depois, complementou:
— Não devemos nos preocupar com o que pensam ou falam sobre nós, Nimbus. Eu não me importo com isso. O dia em que você aprender a não se importar será o dia em que você será verdadeiramente livre. Você não sabe como é libertador não se preocupar com o que os outros pensam sobre você.
Os três caminharam pelo corredor, em silêncio, enquanto a nave, quase vazia, se estendia ao redor deles. Lonios, então, falou novamente:
— Nimbus, quero que você me prometa uma coisa. Não conte a ninguém que você é meu aprendiz há tão pouco tempo.
Ele disse isso sem se preocupar com Jim ouvindo a conversa. O garoto parecia ser uma boa pessoa, mas o que importava agora era a promessa de Nimbus.
— Sim, mestre, não vou falar nada — respondeu o escudeiro, hesitando por alguns segundos. — Mas se eu falasse, vai me dizer que eles não ficariam apavorados sabendo que eu surrei aqueles guardas depois de treinar tão pouco tempo?
Jim, que parecia achar graça da situação, entrou na conversa com um tom de brincadeira:
— Acho que se eles soubessem disso, iam mijar nas calças só de pensar em te enfrentar daqui a um ano.
Ambos riram alto enquanto continuavam a caminhar pelo corredor. Nesse momento, começaram a ouvir novamente os sons da movimentação das pessoas.
— Aposto que o espetáculo da Elisis já acabou — Lonios comentou, tentando mudar de assunto.
Os três riram mais uma vez.
— Mas, para finalizar... Então, Nimbus, qual lição aprendemos hoje? — Lonios perguntou, com um sorriso no rosto, não resistindo à sua tradicional pergunta.
Nimbus, com seu jeitinho irreverente, respondeu:
— Que não devemos ferir os amigos de um cara maior do que a gente?
— Não, Nimbus… — Lonios começou, sorrindo também. — Sempre há alguém melhor do que nós, no que fazemos de melhor.
⸸ ⸸ ⸸
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