Volume 1
Capítulo 23: Primeiro emprego…
Nimbus encarava seu primeiro chefe, um homem que parecia prestes a decidir seu futuro na nave.
A sensação de impotência o fazia sentir-se desconfortável, quase paralisado.
— Parece que seu mestre não gosta muito da minha engenharia. Não o culpo — disse o velho com uma risada alta. — Venha, garoto. Vou te mostrar o lugar primeiro.
Eles saíram da sala, e Henry começou a mostrar as instalações, enquanto Nimbus tentava ignorar o barulho ensurdecedor ao redor.
— Está vendo aquelas estruturas ali? — Henry apontou para grandes caixas parafusadas pelo salão. — São os Geradores de Hidrogênio da Brand. Temos quarenta funcionando e peças para montar pelo menos mais dois, se necessário.
Nimbus apenas olhava, sem compreender muito.
— Acho que você não faz ideia do que estou falando, não é, garoto? — O velho coçou a cabeça, ponderando. — Bem, parece que vou ter que te dar uma aula sobre como tudo funciona por aqui.
— Não entendi nada mesmo — admitiu Nimbus, tentando sorrir, mas ainda abalado pelo ambiente barulhento.
— Certo, vamos começar do início. Esta nave é uma fragata, sabia disso? É um modelo mais rápido e leve do que os couraçados. Quando as naves surgiram, as fragatas eram as melhores. Ainda acho que são, especialmente a Brand.
— Sim, eu sabia disso — respondeu Nimbus, tentando parecer mais seguro.
— Ótimo! Vamos pular a parte histórica e ir direto ao que interessa.
Henry deu um tapinha no ombro do garoto e o levou até uma grande estrutura contra a parede, de onde vinha o som mais intenso. Nimbus percebeu que era um cilindro gigantesco, com cerca de sete metros de diâmetro.
— Está vendo isso aqui, garoto? É isso que faz a Brand se mover.
— Sempre quis saber o que movia uma nave — disse Nimbus, mas sua voz saiu baixa demais para ser ouvida.
— Pois é incrível, não é? — disse Henry, notando o fascínio do garoto. — Esses geradores produzem hidrogênio, que entra na turbina e explode lá dentro, girando-a e impulsionando a nave para frente. Eu também fiquei assim quando vi uma turbina pela primeira vez.
Ele começou a andar, levando Nimbus para outra parte da nave.
— Você conhece a composição do éter?
Ele fez com a cabeça em negativo.
— Então vou te explicar. O éter tem várias camadas. A que vemos daqui é rica em água e oxigênio, pouco densa, e podemos surfar por ela sem problemas. Já a segunda camada é composta por um gás menos denso, mas extremamente corrosivo. Qualquer coisa que caia lá é desintegrada em minutos.
Nimbus ouvia atentamente enquanto caminhavam.
— Essa camada é perigosa, mas essencial. É nela que nossas turbinas ganham firmeza para nos impulsionar. Quicamos nela enquanto surfamos na camada superior.
— Mas o senhor disse que essa camada é corrosiva. Como o casco da Brand não é corroído? — perguntou Nimbus enquanto saíam do salão barulhento para um corredor mais tranquilo.
— Boa pergunta. O casco da Brand é revestido com pele de monstros do éter, que são resistentes à corrosão. Também usamos tintas derivadas dessas peles para pintar a nave.
— Então a Brand poderia mergulhar no éter e viajar por baixo?
— Não exatamente. Quanto mais fundo mergulhamos, mais corrosivo e denso o éter se torna. A pele que usamos não é viva, então não se regenera. Além disso, nas camadas profundas, não há água para gerar hidrogênio. E tem a questão da compressão. Mesmo com as proteções, sempre há infiltração, que acabaria corroendo a nave por dentro.
Nimbus assentiu, absorvendo as explicações.
— Imagino que você não conheceu muito da nave, não é?
— Não — respondeu Nimbus, coçando a nuca.
— Já imaginava. Entrar escondido não deve ter dado muita liberdade.
Henry gargalhou e retomou sua caminhada.
— Venha, vou lhe mostrar tudo.
Enquanto caminhavam, o engenheiro explicava cada área.
— Estamos no terceiro subnível. Metade deste andar é ocupado pela engenharia, e a outra metade, pelos alojamentos da tripulação. No andar de cima ficam os alojamentos dos oficiais, a cozinha, o restaurante e as áreas comuns, como o ginásio de treinamento, salas de estar e a biblioteca.
Nimbus ouvia atento, tentando memorizar os detalhes.
— No primeiro andar, estão os alojamentos dos cavaleiros, do capitão e da equipe da ponte de comando. Lá também ficam os canhões, o paiol, a sala de armas, a enfermaria e algumas salas de reunião.
Henry fez uma pausa antes de concluir:
— E abaixo de nós estão o depósito de suprimentos e o tanque de armazenamento de água, onde você estava escondido.
Nimbus olhou ao redor, imaginando quanto ainda tinha a aprender sobre a nave que agora seria seu lar.
Nimbus pensou em anotar tudo que o velho falou, mas desistiu quando notou que ele não iria parar de falar. E quando Dr. Henry perguntou se ele havia entendido, ele consentiu, mesmo não tendo compreendido muita coisa.
— Muito bem, vou deixar esse dia de folga para você conhecer a nave e amanhã bem cedo se apresente a mim, que vou te mostrar a tua função. Combinado?
— Sim senhor! — Nimbus respondeu, quase em posição de sentido.
— Senhor está no céu garoto, me chame somente de Henry como todo mundo. Até amanhã, divirta-se.
O Dr. Henry foi embora e Nimbus se viu sozinho no meio do corredor dos alojamentos, como ele não sabia o que fazer, foi explorar o local.
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