Volume 1
Capítulo 22: Esconderijo…
Nimbus estava escondido há mais de duas semanas no depósito da Brand. Sua armadura fora retirada e enfiada em algumas caixas para não chamar atenção.
Ele sabia que não conseguiria se misturar aos guardas — certamente todos se conheciam. Prometeu a si mesmo que nunca mais beberia e esqueceria de suas responsabilidades.
Ficava no fundo do depósito, escondido atrás de pilhas de caixas e prateleiras abarrotadas de comida.
Quando alguém se aproximava, ele permanecia imóvel e, se alguém chegasse muito perto, corria silenciosamente entre os corredores de caixas.
No primeiro dia após entrar clandestinamente na nave, acordou com o rugido ensurdecedor das turbinas trabalhando a todo vapor.
O constante sacolejar do veículo fazia seu estômago revirar. Por vários minutos, ele ficou observando o teto enquanto suportava a maior ressaca de sua vida, até que a realidade o atingiu em cheio: o que ele havia feito?
Certo dia, mais de cinco pessoas desceram para o depósito — três mulheres e dois homens, todos carregando pranchetas.
— Esse capitão é maluco. Nunca vi ninguém fazer uma contagem de estoque com apenas duas semanas de viagem — reclamou um dos homens.
Nimbus percebeu que não conseguiria permanecer escondido com tantas pessoas vasculhando o lugar. Sem outra opção, saiu de trás das caixas e ficou parado no meio de um corredor, sendo imediatamente avistado.
— Ei! Quem é você? Como entrou aqui? — perguntou um dos homens ao vê-lo.
— Eu nunca o vi antes. Ele definitivamente não trabalha na cozinha — comentou uma das mulheres.
— O que está fazendo aqui? Explique-se! — O homem avançou e agarrou Nimbus pelo braço.
— Calma! Eu estava carregando as caixas e acabei ficando por aqui — respondeu Nimbus, tentando parecer calmo.
— Como assim? Desde quando você está aqui?
— Desde que partimos.
— Isso é um absurdo! Ele é um clandestino! — exclamou outra mulher, horrorizada.
A confusão começou, os guardas foram chamados e Nimbus acabou sendo levado à ponte de comando para enfrentar o capitão.
Após o confronto, Lonios o conduziu até seu camarote. Durante todo o caminho, Lonios permaneceu em silêncio, sua expressão carregada de fúria.
Ao entrarem na cabine, Lonios praticamente empurrou Nimbus para dentro e, finalmente, explodiu:
— O que você tinha na cabeça ao se esconder nessa nave? Sabe o quão perigosa é essa missão? Você tem noção da loucura que fez?
— De cada dúzia de naves que partem sozinhas pelo éter, apenas metade chega ao destino! Temos cinquenta por cento de chance de morrer nesta viagem, Nimbus! O que eu ensinei a você? Não valeu de nada? Tudo que falei entrou por um ouvido e saiu pelo outro? Agora começo a achar que escolhi errado ao tomá-lo como aprendiz.
Nimbus manteve-se calado, mas não conseguiu conter as lágrimas, que escorreram silenciosamente por seu rosto.
— Você não entende o perigo que está correndo! Existem coisas no éter das quais nem eu posso protegê-lo. Somos apenas duas naves e, se um monstro do éter, grande o suficiente, nos atacar, estaremos condenados. Ele destruirá as duas naves.
Lonios se aproximou, pousou as mãos sobre os ombros do garoto e abaixou-se para ficar cara a cara com ele.
— Desculpe, mestre... — sussurrou Nimbus, chorando baixinho.
Lonios suspirou profundamente e começou a andar pelo camarote, passando a mão pela testa.
— Certo. Já que não podemos voltar, terei que encontrar algo para você fazer. Aqui, todos trabalham. — Ele parou por um momento, refletindo.
— Não vão aceitá-lo como soldado, o grupo já está completo. Acho que vou levá-lo ao Dr. Henry. Mas antes, me diga: como conseguiu entrar aqui?
Nimbus, ainda envergonhado, limpou as lágrimas e começou a contar sua história.
Explicou que havia sido confundido com um guarda e aproveitara a oportunidade, mas omitiu a parte sobre a bebedeira.
Enquanto ouvia, Lonios começou a guiá-lo pelos corredores.
— Maldição! Eu nunca deveria ter ensinado a você a importância de aproveitar oportunidades — comentou, tentando esconder o tom de orgulho por trás da repreensão.
Depois de vários corredores e escadas, chegaram a uma sala imensa e barulhenta, ocupando boa parte da nave.
Enormes estruturas metálicas, parecidas com caixas aparafusadas ao chão, estavam espalhadas por toda parte. Nimbus não fazia ideia do que eram.
Lonios parou um dos homens que andavam apressados pelo local.
— Onde está o Dr. Henry?
O homem apontou para um canto da sala. Lonios, então, conduziu Nimbus até lá.
Chegando ao local, Lonios acenou para um homem robusto de aparência peculiar.
Ele aparentava cerca de quarenta anos, um pouco acima do peso, careca, com cabelos apenas nas laterais da cabeça.
Vestia um macacão sujo de óleo sobre uma regata que deixava à mostra seus braços e peitoral surpreendentemente fortes. Ao reconhecer Lonios, o homem caminhou em sua direção.
— Sãr Lonios, o que o traz à minha engenharia? Pelo que me lembro, só o vi por aqui na apresentação da nave — disse, sua voz quase abafada pelo ruído ensurdecedor das máquinas.
— É verdade, Henry. Essa parte das naves não me atrai muito. Não gosto do barulho. Podemos conversar em um lugar mais tranquilo?
— Claro, me acompanhem.
O engenheiro os conduziu até uma sala no canto do enorme compartimento, onde o som era mais tolerável. Lá dentro, retirou tampões de ouvido e encarou os visitantes.
— Agora sim. No que posso ajudá-lo, Sãr Lonios?
— Dr. Henry, este aqui é meu escudeiro, Nimbus. Ele entrou clandestinamente na nave e só foi descoberto agora.
— Ah! Então é ele o motivo de tanto burburinho entre os guardas? — Henry gargalhou, estendendo a mão para Nimbus. — Muito prazer, garoto. Sou o Dr. Henry Montigomeri.
Nimbus apertou a mão dele timidamente, ainda desconfortável com a situação.
— Sim, ele mesmo — confirmou Lonios com um sorriso largo. — Mas o capitão exige que ele tenha uma ocupação a bordo. Pensei que talvez você pudesse integrá-lo à sua equipe.
— Sem problemas. Sempre precisamos de mais gente por aqui. O trabalho nunca acaba, e mais uma mão será muito bem-vinda — disse o engenheiro, lançando um olhar analítico para Nimbus.
— Ótimo, menos uma preocupação para mim — disse Lonios, virando-se para seu aprendiz. — Mas não se engane, garoto. Seu treinamento não vai parar. Você já ficou tempo demais sem treinar. Quando seu turno terminar, venha me procurar, entendido?
Nimbus assentiu, evitando o olhar do mestre, mas captando a gravidade em seu tom.
— Muito bem. Nos vemos depois — concluiu Lonios, antes de se virar para Henry. — Ele é todo seu, doutor. Até mais.
Com isso, o cavaleiro deixou a sala, desaparecendo rapidamente pelos corredores da nave.
⸸ ⸸ ⸸
Apoie a Novel Mania
Chega de anúncios irritantes, agora a Novel Mania será mantida exclusivamente pelos leitores, ou seja, sem anúncios ou assinaturas pagas. Para continuarmos online e sem interrupções, precisamos do seu apoio! Sua contribuição nos ajuda a manter a qualidade e incentivar a equipe a continuar trazendos mais conteúdos.
Novas traduções
Novels originais
Experiência sem anúncios