Volume 1: Sangue e Promessas.
Capítulo 2: Presságio.
O ar vibrou com a antecipação. O desafio havia sido lançado. Stein estreitou os olhos, e um brilho gélido de irritação atravessou seu olhar.
Ele deu um passo à frente. A pressão no ambiente mudou instantaneamente.
— Cuidado com o que você deseja, garoto — rosnou Stein, a voz carregada de ameaça.
Harkin manteve-se firme, seu sorriso provocador ainda no rosto. Ele deu um passo para o lado, ajustando a postura como se fosse mais um movimento casual.
— Garoto? É interessante como você gosta de falar tanto, mas fazer tão pouco.
Stein ergueu uma das mãos, e a pressão no ar mudou instantaneamente. A mana ao redor começou a se concentrar, criando uma vibração que fez as luminárias balançarem levemente.
Harkin permaneceu imóvel, seus olhos fixos nos movimentos de Stein. "Então é isso? Pressão de mana? Ele acha que isso vai funcionar comigo?”
O silêncio no restaurante era quase ensurdecedor. A pressão de mana que Stein liberava havia transformado o ambiente, fazendo os clientes ao redor se encolherem em suas mesas, sussurrando nervosamente. Sera segurava o balcão com força, tentando disfarçar o desconforto, enquanto Okini observava de longe, avaliando cada movimento com cautela.
Stein estava a poucos passos de Harkin, o sorriso confiante ainda no rosto.
— Estou apenas mostrando a diferença entre nós. — Sua voz carregava arrogância, enquanto ele erguia uma das mãos, intensificando a vibração ao redor.
Harkin permaneceu imóvel por um momento, seus olhos fixos nos movimentos de Stein. Ele deixou escapar um suspiro leve, relaxando os ombros.
“Tão previsível. Chega a ser fofo.”
Harkin analisou os movimentos de Stein por uma fração de segundo. Ele era previsível. Simples. Em um instante, desapareceu do campo de visão de Stein—e antes que este sequer percebesse o perigo, o punho de Harkin encontrou seu queixo.
O impacto foi seco. A cabeça de Stein girou levemente, e, no momento seguinte, seu corpo caiu como uma marionete sem fios.
A onda de choque gerada pelo golpe reverberou pelo ambiente, derrubando alguns copos e pratos das mesas mais próximas. As luminárias balançaram levemente antes de o silêncio absoluto tomar conta do restaurante.
Todos os presentes estavam imóveis, os olhos arregalados, fixos na figura de Harkin.
Os capangas de Stein congelaram no lugar, claramente incapazes de processar o que acabava de acontecer.
Sera, ainda atrás do balcão, olhou para Harkin, depois para Stein no chão.
“Ele apagou Stein... com um único golpe? Isso é possível?”
Okini também estava perplexa, seus pensamentos um turbilhão.
“Eu mal consegui ver o movimento dele. Ele estava escondendo isso o tempo todo? Como eu não percebi antes?”
Harkin ajeitou as mangas calmamente, como se nada tivesse acontecido. Ele finalmente ergueu o olhar para os capangas.
— E então? Alguém mais?
Os capangas, no entanto, não demoraram a reagir. O primeiro deles avançou em direção a Harkin, mas de forma previsível, ele nem se deu ao trabalho de recuar.
Com um movimento rápido, ele desviou para o lado e golpeou o capanga na lateral do rosto, derrubando-o com facilidade.
O segundo tentou atacá-lo pelas costas, mas o movimento já foi antecipado por ele. Que se abaixou, girando o corpo com fluidez, desferindo uma rasteira precisa que derrubou o adversário.
— Vocês são ainda mais lentos do que eu imaginei. — Sua voz carregava um tom de tédio, enquanto ele se levantava casualmente.
O terceiro hesitou por um momento, mas acabou puxando duas adagas. Ele tentou acertar Harkin com um golpe direto, mas foi interrompido antes de completar o movimento.
— Isso já foi longe demais! — A voz firme de Okini ecoou pelo restaurante.
Ela se aproximou rapidamente, ficando entre o capanga e Harkin. Com uma expressão séria, seus olhos analisaram os oponentes restantes.
— Levem ele e saiam daqui antes que eu tenha que intervir.
Os capangas trocaram olhares nervosos, percebendo que estavam completamente fora de sua liga. Um deles balbuciou algo inaudível, antes de abaixar suas armas e se apressar ajudando os outros a levantar Stein.
Harkin observou em silêncio, ajeitando novamente a manga da camisa. Sua postura permanecia relaxada, mas os olhos estavam fixos nos capangas, como se avaliasse cada movimento.
O restaurante começou a recuperar sua normalidade, ainda que o clima estivesse longe de ser descontraído. Os capangas carregaram Stein para fora, murmurando entre si enquanto deixavam o local.
Sera permaneceu atrás do balcão, tentando processar o que acabara de acontecer. Ela olhou para Harkin, mas não conseguiu dizer nada. Okini também estava em silêncio, seus pensamentos girando em torno do que havia testemunhado.
Harkin colocou algumas notas no balcão, olhando diretamente para Sera.
— Peço desculpas pelo incômodo. Sua comida estava maravilhosa. — Ele sorriu levemente. — Espero que possamos conversar com mais calma da próxima vez.
Ele se virou para sair, mas antes de alcançar a porta, Okini o chamou:
— Harkin.
Ele parou e olhou por cima do ombro.
— O quê?
Okini hesitou por um instante, então respondeu:
— Nada. Só... se cuida.
Harkin deu um aceno curto antes de desaparecer pela porta, deixando o restaurante em um estado de murmúrios e olhares confusos.
A caminhada de Harkin pelas ruas era tranquila, mas sua mente estava longe de estar em paz. As luzes geradas pelas runas nos postes projetavam sombras que dançavam pelas ruas vazias, acompanhando o som de seus passos firmes contra o chão de pedra.
“Stein. Netinho do imperador. Isso vai ser um problema... mas nada que eu não possa lidar. O velho vai adorar saber disso.”
Ele passou por uma loja fechada, o reflexo de sua figura na vitrine chamando sua atenção por um breve momento. Ele ajeitou a gola da camisa e continuou andando, o rosto calmo escondendo pensamentos complexos.
“A Okini provavelmente está me julgando agora. A Sera, por outro lado... ela parecia mais surpresa do que irritada. Pelo menos isso. E aqueles capangas... patéticos. Preciso entender o que o Stein estava realmente planejando com essa encenação toda.”
Enquanto ajudava Serafina a organizar o restaurante, Okini tentava manter a cabeça focada no trabalho, mas seus pensamentos eram um turbilhão. Ela olhava para os pratos e copos quebrados como se fossem um reflexo do caos interno que sentia.
“Um soco... foi tudo que ele precisou. Como ele conseguiu? Eu sabia que Harkin não era comum, mas derrotar o Stein com tanta facilidade? Isso é outro nível.”
Ela suspirou, colocando os pratos empilhados sobre o balcão. Seus olhos se voltaram para o lugar onde Stein havia caído, e o cenário da luta passou pela sua mente como um flash.
“Se ele é tão forte assim, por que está aqui? Ele não parece interessado no império, nem em suas intrigas. Ele sempre age como se estivesse à margem de tudo, mas... algo está errado. Ele não é apenas um andarilho qualquer. Eu preciso descobrir mais sobre ele.”
Okini olhou para Sera, que ainda parecia mergulhada em pensamentos sobre Harkin.
“E agora a Sera está envolvida. Droga. Stein vai querer vingança, e não vai ser só contra ele. Se algo acontecer com ela por causa disso, eu nunca vou me perdoar.”
Ela balançou a cabeça, tentando afastar os pensamentos.
“Foco, Okini. Você precisa ficar atenta. O pai dele não vai ignorar isso, e você precisa estar pronta.”
Com isso, ela respirou fundo e voltou a ajudar Sera, seu semblante carregado de determinação, mesmo que internamente estivesse em conflito.
O restaurante estava quase vazio, com apenas algumas mesas ainda ocupadas. O silêncio predominava enquanto Okini e Serafina terminavam de organizar a bagunça.
Sera, que havia ficado em silêncio por um tempo, finalmente quebrou a calma com uma pergunta:
— Okini... quem é ele?
Okini pausou por um momento, ainda segurando um prato na mão. Seus olhos encontraram os de Sera, e ela suspirou outra vez.
— Apenas alguém que está de passagem.
— Só isso? — Sera insistiu, sua expressão claramente desconfiada. — Porque não parece. Ele derrotou Stein com um único golpe, Okini. Stein. Isso não é... normal.
Okini desviou o olhar, colocando o prato sobre o balcão.
— Ele é forte, eu sei disso. Mas ele não gosta de falar sobre si mesmo, e eu não gosto de me meter nas coisas dele. Se você quer saber mais, pergunte a ele.
Sera cruzou os braços, a dúvida evidente em seu rosto.
— Ele é perigoso?
Okini parou, ponderando a pergunta antes de responder com honestidade.
— Não pra você.
Sera franziu o cenho, pensando na resposta de Okini. Seus pensamentos estavam confusos. “Ele não parece perigoso... mas também não parece comum. Quem é esse cara?”
Okini percebeu a hesitação de Sera e mudou de assunto rapidamente.
— Vamos terminar isso. O lugar precisa estar pronto para amanhã.
Sera relutantemente voltou ao trabalho, mas a curiosidade sobre Harkin permaneceu evidente em sua expressão.
Os capangas de Stein caminhavam apressados pelas ruas da capital, carregando o corpo inconsciente do jovem nobre. O silêncio entre eles era quase tão pesado quanto o fardo que carregavam. Murmúrios nervosos escapavam ocasionalmente, mas ninguém tinha coragem de falar alto.
— O que vamos dizer? — perguntou um deles, olhando para o líder do grupo, cuja expressão era de puro desespero.
— Que ele foi derrotado. Não há outra forma de explicar. — respondeu, irritado. — Só precisamos entregá-lo e esperar as ordens. O problema agora é o que vai acontecer conosco.
A tensão era palpável. Cada um deles sabia que a família imperial não lidava bem com humilhações. E Stein, neto do imperador, ser derrotado por um recém-chegado... aquilo seria um desastre político.
Ao chegarem à enfermaria da academia, foram imediatamente abordados por uma enfermeira que, ao ver Stein, ofegou e chamou outros auxiliares para ajudá-lo. Mas antes que pudessem explicar, uma figura alta e imponente entrou na sala.
— O que aconteceu aqui? — A voz grave de Julian Ballistari cortou o ar.
Os capangas se entreolharam, hesitando em falar. Finalmente, o líder do grupo deu um passo à frente.
— Foi o novato... ele derrotou Stein. Nós não conseguimos detê-lo.
Os olhos de Ballistari se estreitaram, e uma pressão quase tangível preencheu o ambiente. Ele não disse mais nada, apenas saiu da sala com passos firmes, claramente decidido.
Enquanto isso, Harkin caminhava tranquilamente em direção ao dormitório 1-A, como se nada tivesse acontecido. A leve brisa da noite balançava seus cabelos cor de cobre, e ele parecia imerso em seus próprios pensamentos.
“Isso vai atrapalhar meus planos, e Pietro não vai gostar. Mas era inevitável, agora, é hora de reestruturar minhas jogadas.”
Quando chegou à entrada do prédio, foi surpreendido por uma figura alta e imponente. Julian Ballistari, instrutor da academia, bloqueava a passagem com os braços cruzados. Seus olhos avaliavam Harkin com uma mistura de curiosidade e desconfiança..
— Então, você é o aluno novo que todos estão comentando. — começou Ballistari, sua voz grave ecoando pelo corredor.
Harkin parou, inclinando levemente a cabeça, um sorriso sutil surgindo em seus lábios.
— Parece que já sou famoso. Isso é bom ou ruim?
Ballistari estreitou os olhos, dando um passo à frente.
— Não brinque comigo, garoto. Você sabe exatamente por que estou aqui. Recebi relatos sobre um confronto no restaurante. Você pode imaginar quem foi mencionado?
Harkin deu de ombros, mantendo o tom descontraído.
— Eu imagino que foi Stein e sua comitiva. Não estou surpreso. Eles pareciam bastante... fracos para alguém do nível deles.
O olhar de Ballistari endureceu, e a atmosfera pareceu pesar. Uma pressão quase tangível emanava dele, como se testasse Harkin.
— Você está se defendendo ou confessando?
Harkin manteve o sorriso, mas seus olhos brilharam com determinação.
— Estou afirmando. Eles começaram, e eu terminei. Foi legítima defesa, e Okini pode confirmar.
Ballistari inclinou-se ligeiramente para frente, os olhos fixos em Harkin.
— Não subestime a influência de Stein, garoto. Ele pode estar inconsciente agora, mas os problemas que você atraiu estão longe de terminar.
Harkin sustentou o olhar do instrutor sem vacilar.
— Então me diga, professor, qual é exatamente o meu erro? Defender-me de uma provocação pública ou ser mais forte do que ele?
Ballistari ficou em silêncio por um momento, avaliando Harkin. Finalmente, ele deu um passo para o lado, permitindo que o jovem passasse.
— Não cometa outro deslize, ou eu mesmo cuidarei disso.
Harkin sorriu, passando pelo instrutor sem olhar para trás.
— Deslize? Eu não erro, professor. Boa noite.
Ballistari permaneceu parado, observando Harkin desaparecer pelo corredor. Um leve sorriso surgiu em seus lábios, enquanto ele balançava a cabeça.
“Esse garoto... Ele realmente sabe como causar uma confusão. Isso vai ser divertido de assistir.”
Do lado de fora, o vento da noite soprava suavemente pelas ruas da capital, enquanto as luzes da Acrópole brilhavam intensamente no horizonte. A cidade abaixo permanecia inquieta, como se antecipasse o caos que estava por vir.
Apoie a Novel Mania
Chega de anúncios irritantes, agora a Novel Mania será mantida exclusivamente pelos leitores, ou seja, sem anúncios ou assinaturas pagas. Para continuarmos online e sem interrupções, precisamos do seu apoio! Sua contribuição nos ajuda a manter a qualidade e incentivar a equipe a continuar trazendos mais conteúdos.
Novas traduções
Novels originais
Experiência sem anúncios