Nexus: O Filho das Estrelas Brasileira

Autor(a): Velthar

Revisão: Banjoloko


Volume 1: Sangue e Promessas.

Capítulo 1: Despertar.

Diante da majestosa Acrópole, uma verdadeira maravilha flutuante suspensa sobre o imenso Lago Memorial, uma multidão interminável aguardava ansiosa. A ilha, sustentada por forças invisíveis, pairava como um trono divino no coração da capital. Suas correntes gigantescas, que desciam até a terra abaixo, pareciam mais um símbolo de autoridade do que uma necessidade estrutural. Era um lembrete visual do poder do império, desafiando as leis da natureza.

 

Ao redor do lago, o mar de pessoas se estendia como ondas, cobrindo cada espaço disponível. Todos olhavam para cima, aguardando a aparição de uma única figura, o homem que simbolizava a força e a unidade de toda uma nação.

 

Repentinamente, uma luz surgiu no céu acima da acrópole, silenciando instantaneamente a multidão. Todos pararam para observar o imperador, que emergiu de dentro da luz e desceu lentamente ao pódio na ponta da acrópole, visível a todos. Grandes telas surgiram no alto, mostrando seu rosto sério para que mesmo aqueles mais distantes pudessem vê-lo. Quando as projeções se estabilizaram, ele começou seu discurso:

 

— Eu vivi mais tempo do que qualquer um aqui poderia imaginar. Antes do império, este continente era um território selvagem, governado pelo caos. Reinos pequenos e ambiciosos lutavam entre si por pedaços de terra, por alianças triviais, ou até por orgulho. A brutalidade era a lei. A escravidão era um costume banal, e os nobres, em sua arrogância, viam os plebeus como menos que humanos. Eu testemunhei crianças sendo vendidas como brinquedos, entregues aos caprichos de quem detinha o poder…

 

— Alguns podem me chamar de cruel, até de tirano. Mas olhem ao redor: o mundo antes do império era um abismo sem esperança. Hoje, 600 anos após sua fundação, somos a nação mais avançada deste continente. Não sou hipócrita; sei que ainda não vivemos em um paraíso. Mas aqui, todos têm uma chance. Sua origem, sua fraqueza... nada disso importa. O que importa é sua utilidade para o império. Se você for forte, será acolhido de braços abertos. Se for fraco, será treinado até se tornar alguém capaz.

 

— O que eu desejo é um império de cidadãos que nunca parem de evoluir, que sempre busquem superar seus limites. Como digo todos os anos: a verdadeira liberdade só pode ser alcançada pela força. A moral, a justiça, e até mesmo a paz, só existem porque eu tive o poder de impô-las. Para que este império prospere, todos devem estar no auge de suas capacidades. Só assim garantiremos que nossas regras e princípios prevaleçam pelos próximos milênios. E lembrem-se: nossa união e igualdade só são possíveis graças à força. Cultivem-na, ou serão dominados por aqueles que a possuem.

 

— Sejam supremos!

 

A voz de Eiden ecoou pela cidade, e a luz que o trouxera o envolveu novamente enquanto ele se retirava, deixando apenas silêncio e aplausos atrás de si.

 

No alto de um prédio, longe da reverência da multidão, um jovem observava a cena com desdém. Seus olhos roxo-púrpura acompanhavam a luz que levava o imperador embora, mas seu pensamento estava fixo em outras palavras.

 

"Fácil para você dizer, já que é você quem governa o destino de todos."

 

Sua pele clara refletia o clarão das telas, e seus cabelos cor de cobre reluziam sob a luz do sol. Suas roupas finas, ajustadas com perfeição, davam-lhe uma aparência nobre. Ele era um contraste gritante em meio à multidão abaixo — um enigma silencioso em um mar de reverência.

 

— Harkin!

 

A voz feminina atravessou o silêncio, chamando sua atenção. O jovem virou-se, seu olhar frio desaparecendo em um instante, substituído por um sorriso despreocupado.

 

Diante dele, estava uma jovem de cabelos pretos cortados nos ombros, seus olhos intensos refletindo irritação. Apesar de sua estatura baixa, havia algo na postura e no tom dela que a fazia parecer muito maior — uma força invisível que exigia respeito.

 

— Okini, a que devo a honra da sua ilustre presença, milady?

 

Ele inclinou-se levemente, como se cumprisse uma reverência exagerada, um sorriso irônico dançando em seus lábios.

 

Okini cruzou os braços, estreitando os olhos.

 

— "Mi lady?" Sério? Você sabe que isso só me dá vontade de te empurrar desse telhado, não sabe?

 

— Um gesto tão radical para alguém que só quer ser educado... — respondeu ele, ainda com o mesmo sorriso despreocupado.

 

— Educado? — Ela bufou, os braços ainda cruzados. — Você me fez vir correndo até aqui porque não conseguiu esperar nem cinco minutos! Quem precisa de uma babá é você, no caso de alguém resolver arrancar essa sua cabeça irritante.

 

— Minha ba—

 

Antes que pudesse terminar, ela lançou um tapa rápido em sua direção. Ele desviou sem esforço, deixando escapar uma risada baixa.

 

— Sempre tão carinhosa, não é? — provocou, inclinando a cabeça enquanto mantinha aquele sorriso enigmático, quase calculado.

 

— Você parece se esquecer de seus títulos, mesmo que ainda estejamos nos conhecendo, a etiqueta precisa ser mantida, não acha? — Harkin falou com uma falsa seriedade, seus olhos brilhando de provocação.

 

— Etiqueta? — Okini revirou os olhos, sua paciência claramente no limite. — Olha ao redor. Não tem mais ninguém aqui além de mim e você. Agora para de enrolar e explica logo por que você não me esperou. Se enrolar mais, eu prometo que você vai aprender o que significa perder tempo comigo.

 

Harkin reprimiu uma risada, desviando o olhar por um instante.

 

“Ela realmente acredita que está no controle... Mas tudo bem. Ela sabe apenas o que eu permito que saiba, e é exatamente assim que deve ser.”

 

— Eu queria ver se esse evento era tudo aquilo que dizem. Além disso, prefiro vir sozinho. — Harkin deu de ombros, como se fosse algo trivial. — Se quisesse ter uma babá ou um guarda o tempo todo, eu não teria deixado meu país.

 

Okini o encarou com as sobrancelhas franzidas, claramente contrariada.

 

— Ah, claro. Porque um “zé-ninguém” andando sozinho pelos telhados da capital, no meio de um festival, não chamaria atenção nenhuma, né? — Ela cruzou os braços, seu tom carregado de ironia.

 

Harkin apenas sorriu, aquele mesmo sorriso provocativo que parecia deixá-la ainda mais irritada.

 

— Imagine o caos se vissem a filha do General Markus com um... estranho como eu. Que tipo de problemas isso não traria, não é?

 

Okini cerrou os punhos, sua paciência finalmente cedendo.

 

“Se ele não fosse tão irritante, talvez eu me preocupasse menos. Mas ele insiste em ser um completo idiota.”

 

Ela respirou fundo, tentando se controlar, antes de responder:

 

— Os problemas que você causa são a menor das minhas preocupações. Se as pessoas soubessem quem você é... bem, deixa pra lá. A verdade é que eu não quero que me tratem como “a filha do Markus” o tempo todo. Já estou cheia disso.

 

Por um instante, o sorriso de Harkin desapareceu. Ele a observou em silêncio, algo próximo de empatia cruzando seu olhar. Mas então, como sempre, ele mascarou o momento com sua habitual despreocupação.

 

— Certo, chega desse assunto. Quer comer alguma coisa? Minha mãe sempre disse que a capital tem as melhores comidas do continente. Alguma recomendação?

 

Okini assentiu sem dizer mais nada e saltou para o próximo telhado. Andar pelas alturas não era algo comum, mas as ruas da capital estavam tomadas pela multidão, e ela não era do tipo que gostava de se apertar entre desconhecidos. Harkin a seguiu sem hesitar, movendo-se com a mesma facilidade que ela, embora seus passos fossem deliberadamente silenciosos.

 

“Pelo menos ele sabe acompanhar meu ritmo...”, pensou Okini, lançando um olhar furtivo para trás. Mesmo irritada, não podia deixar de notar a habilidade dele.

 

Os guardas nos postos ao longo do trajeto notaram os dois cruzando os telhados, mas, ao reconhecerem Okini, nada fizeram. Sua presença era uma ordem não declarada de que eles não deveriam ser incomodados. Em poucos minutos, haviam deixado para trás o tumulto do bairro da Acrópole.

 

Enquanto corria, Harkin deixou seus pensamentos vagarem.

 

“Ela tem me seguido desde que cheguei aqui. Minha mãe disse que o pai dela é de confiança, mas eu mal me lembro dele. Sinceramente, se não fosse por ela, eu não estaria me envolvendo com esses assuntos. Já tenho problemas demais com os outros descendentes do... velho.”

 

Ele suspirou baixinho, ajustando o ritmo para ficar atrás de Okini. Era melhor não deixar seus pensamentos transparecerem.

 

Harkin seguia pelos telhados ao lado de Okini, que mantinha o ritmo firme à frente. Ele não dizia nada, mas sua mente estava longe, processando a conversa que tiveram momentos antes.

 

Enquanto saltava para o próximo telhado, sua mente vagou para dias antes de sua partida

 

— Seu pai é um homem complicado e cativante ao mesmo tempo. — dizia sua mãe, com a voz firme, mas preocupada. Ela estava sentada à mesa, suas mãos ocupadas com uma xícara de chá. 

 

— Seus irmãos são... estranhos, mas boas pessoas. Markus é alguém de confiança, então pedi para ele ficar de olho em você. Por favor, não dê muito trabalho para ele nem para seu pai, ok?”

 

Harkin inclinou-se para frente, apoiando os cotovelos na mesa.

 

— Você fala como se eu desse trabalho para você o tempo inteiro, mãe. Eu só tô indo para conhecer o império e estudar, só isso.

 

Ela riu levemente, mas havia algo sério em seu olhar.

 

— Filho, você literalmente saiu de mim. Você acha mesmo que eu não te conheço? Sei que você tá aprontando alguma, mas, contra meu melhor julgamento, vou te dar o benefício da dúvida dessa vez. Então, se comporta. E vê se não usa todo seu poder, por favor. Seu pai ficaria muito orgulhoso, mas eu prefiro que ele não tente te transformar num psicopata por poder, igual a ele.

 

Harkin deu um sorriso de canto, respondendo com tom provocativo:

 

— Não se preocupe, mamãe. Eu não vou ficar igual àquele idiota.

 

A memória desapareceu tão rápido quanto veio, mas deixou em Harkin um peso de responsabilidade.

 

A capital do império se estendia diante deles, uma mistura grandiosa de arquitetura renascentista e avanços tecnológicos que pareciam desafiar o impossível. Torres de mármore reluzente subiam ao céu, enquanto antenas de transmissão mágica brilhavam nos topos dos edifícios, espalhando sinais invisíveis que conectavam toda a cidade. Era um testemunho vivo do que Eiden prometera ao fundar o império: progresso e poder unidos em perfeita harmonia.

 

“Impressionante para quem olha de fora...” pensou Harkin, seus olhos analisando cada detalhe enquanto cruzavam os telhados. 

 

“Mas nada disso é tão perfeito quanto querem fazer parecer.”

 

Okini saltou do telhado para o chão, pousando diante de uma construção modesta com uma placa que dizia “O Dragão Dourado.” Ela se virou para ele, lançando um olhar avaliador.

 

— Já estamos chegando. O lugar é humilde, então se comporte, tá?

 

Harkin desceu com agilidade, pousando suavemente ao lado dela. Seu sorriso provocativo reapareceu.

 

— Você me conhece há algumas semanas e já acha que sou um riquinho fresco? Só me leva até a comida logo e para de me encher o saco.

 

Okini lançou-lhe um olhar fulminante, mas decidiu não responder. “Se ele tiver frescurinhas, é problema dele,” pensou enquanto empurrava a porta.

 

A porta de madeira rangeu levemente ao ser aberta, revelando um interior modesto. O cheiro reconfortante de especiarias e carne assada invadiu os sentidos de Harkin. Ele lançou um olhar ao redor, observando as mesas de madeira desgastada e as prateleiras simples atrás do balcão.

 

— Não parece tão ruim quanto você disse — comentou ele, cruzando os braços enquanto Okini revirava os olhos.

 

— Eu avisei que o lugar é humilde, não que fosse ruim.

 

Antes que Harkin pudesse responder, uma voz vinda do balcão chamou a atenção dos dois.

 

— Okini! Quanto tempo! — disse a jovem atrás do balcão, erguendo a cabeça para olhar melhor. Seus fios de cabelos castanhos escuros estavam presos em um rabo de cavalo apressado e olhos castanhos claros que brilhavam com entusiasmo.

 

Okini acenou levemente, sorrindo de canto.

 

— Oi, Sera.

 

Sera rapidamente saiu de trás do balcão e caminhou até eles, enxugando as mãos em um pano. Com cabelos castanhos escuros que emolduravam seu rosto delicado, e seus olhos brilhavam com uma intensidade única, como se pudessem ler as intenções de qualquer um. Sua postura era firme, mas havia uma suavidade em sua expressão que a tornava ainda mais atraente.

 

Quando seus olhos pousaram em Harkin, ela parou por um breve instante, avaliando-o com um olhar curioso.

 

— Quem é o novato? — perguntou, inclinando levemente a cabeça.

 

Harkin desviou o olhar por um momento, surpreso.“Ela é... linda. Isso eu não esperava.” — Ele sorriu de lado, inclinando a cabeça em um cumprimento.

 

— Harkin. Um prazer conhecer você.

 

Sera estreitou os olhos, seu sorriso permanecendo.

 

— Harkin, é? Serafina, muito prazer, mas pode me chamar de Sera. — Seus olhos o avaliaram brevemente, passando dos cabelos ao traje impecável. — De onde você vem? Parece... de fora.

 

Okini cruzou os braços, interrompendo antes que ele pudesse responder.

 

— Tá bom, Sera. Ele é da minha conta. Vamos sentar, e você pode trazer o de sempre.

 

Sera lançou-lhe um olhar de leve provocação antes de acenar.

 

— Certo, NiNi. Sentem-se onde quiserem. Eu já volto com o cardápio.

 

Harkin escolheu uma mesa próxima à janela, acomodando-se enquanto Okini sentava com menos entusiasmo. Ele olhou para ela, o sorriso provocativo ainda em seus lábios.

 

— Você é mesmo uma pessoa muito querida por aqui, NiNi.

 

Okini deu um leve soco na mesa, fazendo-a ranger.

 

— Chama de novo e você vai ter que aprender a comer com a mão esquerda.

 

Ele riu baixo, mas não disse mais nada.

 

Sera voltou com dois cardápios e os colocou sobre a mesa.

 

— O que vão querer?

 

Antes que Okini pudesse responder, Harkin já tinha decidido.

 

— Traga o especial da casa, Ramem apimentado parece uma boa hoje. E pode adicionar algo para beber.

 

Sera arqueou uma sobrancelha, olhando-o com curiosidade.

 

— Sua confiança é interessante. Aposto que vai gostar.

 

Okini lançou-lhe um olhar fulminante, mas permaneceu em silêncio enquanto Sera anotava o pedido e se afastava.

 

O aroma chegou antes dos pratos: um perfume rico de especiarias e caldo quente que fez até Harkin erguer os olhos com curiosidade.

 

Sera veio carregando uma bandeja com dois grandes bowls fumegantes. O caldo alaranjado do ramen apimentado parecia quase brilhar sob a luz suave do restaurante. Ela colocou os pratos na mesa com habilidade e, em seguida, deixou uma jarra de chá gelado entre eles.

 

— Aqui está. Ramen apimentado, o especial da casa. Não é a comida mais bonita, mas prometo que vai valer a pena.

 

Harkin olhou para o prato diante dele, observando o caldo vibrante, os pedaços generosos de carne e os vegetais frescos flutuando na superfície. Ele pegou os hashis, experimentando sem hesitar.

 

— Você tinha razão. É bom. — Ele acenou levemente para Sera, reconhecendo sua escolha.

 

— Que bom que gostou. — Sera sorriu, seus cabelos castanhos escuros balançando levemente enquanto ela falava. Mas antes que pudesse continuar, Okini se inclinou sobre a mesa.

 

— Sera, você não tem mais nada para fazer? O lugar está cheio.

 

Sera piscou, surpresa, antes de abrir um sorriso provocativo.

 

— Sempre cuidando de mim, hein, NiNi? Não se preocupe. Sei me virar.

 

Okini estreitou os olhos, mas não respondeu. Ela apenas voltou sua atenção para o ramen à sua frente, ignorando o olhar curioso de Harkin.

 

Harkin apoiou os cotovelos na mesa, inclinando-se levemente em direção a Okini.

 

— Você é sempre assim... calorosa com as pessoas que gosta?

 

Okini largou os hashis sobre a tigela.

 

— Não começa, Harkin. Ela é minha amiga, e eu não quero que você... complique nada.

 

Ele ergueu as sobrancelhas, um sorriso malicioso se formando.

 

— Complicar? Achei que só estivesse comendo.

 

— É só um aviso. — O tom de Okini era sério, cortante, mas havia algo de protetor em sua postura.

 

O barulho no restaurante diminuiu quando a porta foi aberta com força. A porta do restaurante rangeu alto, cortando as conversas. Stein entrou com seu grupo, sua presença imediatamente atraindo olhares e silenciando algumas mesas.

 

— Sempre ele... — murmurou alguém ao fundo, enquanto outros clientes desviavam o olhar ou trocavam sussurros nervosos.

 

Harkin ergueu os olhos brevemente, notando o desconforto no ar. “Então ele tem esse efeito nas pessoas. Interessante.”

 

Stein ignorou completamente o ambiente, seus olhos focados apenas no balcão, onde Sera estava. Ela se virou para encará-lo, visivelmente desconfortável, mas ainda mantendo a compostura.

 

Stein deu um passo à frente, sorrindo com arrogância.

 

— Você está radiante como sempre, Serafina — disse ele, ignorando completamente o ambiente ao redor.

 

— Meu amor, posso ter a honra de tê-la ao meu lado hoje?

 

Um silêncio se instalou, enquanto os clientes olhavam entre Sera e Stein, esperando sua resposta. Okini suspirou, abaixando a cabeça com irritação, enquanto Harkin continuava observando com um olhar curioso. Sera colocou as mãos no balcão, tentando manter a calma.

 

— Stein, eu estou ocupada. Por favor, não atrapalhe meus clientes.

 

Ele riu, passando os olhos pela sala até pousá-los em Harkin e Okini. Seu sorriso tornou-se ainda mais provocador.

 

— Clientes? Ah, sim. Sua “grande clientela”. — Ele gesticulou com desdém, ignorando os olhares irritados que começavam a se acumular ao redor. — O pai da Okini até tem algum mérito, mas quem é esse? Algum mendigo perdido?

 

Okini fechou os punhos com força, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, Harkin se levantou lentamente, fingindo ignorar o comentário. 

 

"Ele não sabe quem eu sou. Perfeito. Melhor assim... Eu não deveria agir, mas foda-se preciso me exercitar.”

 

Harkin colocou o bowl vazio no balcão, sua postura tranquila contrastando com o peso do olhar que lançou à situação. Ignorando Stein completamente, ele virou-se para Sera, com um sorriso descontraído.

 

— A comida estava excelente. Pode me servir outro prato? Tenho a sensação de que essa vai ser minha nova rotina.

 

O silêncio no restaurante tornou-se ainda mais carregado, e Stein estreitou os olhos, claramente irritado por ser ignorado. Ele deu um passo à frente, sua voz gélida cortando o ar:

 

— E quem você pensa que é, para interromper minha conversa? — perguntou Stein, sua voz baixa e carregada de desprezo.

 

Harkin olhou para ele pela primeira vez, com um sorriso calmo.

 

— Alguém que estava tentando aproveitar um bom ramen até você estragar a atmosfera.

 

O rosto de Stein endureceu. Ele deu um passo à frente, sua expressão sombria.

 

— Você tem ideia de quem eu sou?

 

Harkin inclinou levemente a cabeça, como se estivesse avaliando a pergunta. "Ah, eu sei exatamente quem você é. e você vai conhecer quem sou... bom pelo menos meu pior lado."

 

— Não — respondeu ele, o sorriso ainda no rosto. 

 

— E, sinceramente, não importa.

 

Harkin virou-se finalmente, o sorriso descontraído nunca deixando seu rosto.

 

A tensão no ambiente era palpável. Os clientes olhavam fixamente para a troca de palavras, enquanto Sera observava a situação com uma mistura de surpresa e cautela.

 

Stein deu mais um passo à frente, ficando cara a cara com Harkin.

 

— Você tem coragem, eu dou isso a você. Mas coragem sem bom senso é perigosa.

 

Harkin cruzou os braços, e com os olhos desdenhou mais um pouco dele.

 

— Sua carência de intelecto e humildade é irritante. Mas acho que você já deve ter ouvido isso antes.

 

— Cuidado com as palavras, imbecil. Você não vai querer ver meu lado ruim.

 

— Então, me mostra.

 

Harkin sorriu, inclinando-se levemente, como se convidasse Stein a agir. O restaurante inteiro prendeu a respiração.

A tempestade estava prestes a começar.

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