Negociar para Não Morrer Brasileira

Autor(a): Lágrima Negra


Volume 3

Capítulo 17 : Apenas Formalidades

Dentro da delegacia, uma sala para reuniões era utilizada para um interrogatório. Uma dupla sorria pacificamente segurando um copo com chocolate quente satisfeitos com o tratamento. Eram os dois civis no local e as únicas testemunhas do ocorrido por completo. Quatro mulheres policiais sorriam sem graça, eram membros da equipe responsável pelo suporte cuidando do interrogatório enquanto os outros cuidavam das papeladas do caso.

— Eu ainda não acredito nessa confusão toda, mas obrigado por compreenderem a importância da presença dos dois — a pálida policial com seus olhos verdes suspirava pensando nos problemas da noite — Já enviamos a carta pedida para sua família.

Do outro lado da mesa, uma mulher com olhos roxos observava a conversa acontecer com um copo na mão fingindo indiferença.

— Agradeço por receber eu e minha filhota tão bem, mas eu posso esperar vocês se recuperarem mais da fadiga. Digo foi necessária muita mana e isso gera muito cansaço mental e o pior de tudo é ver essas olheiras em mulheres tão lindas. É algo realmente muito triste para qualquer homem ver.

A responsável por escrever o relatório levanta ligeiramente o rosto e com seu olho preto encara com receio o homem, mas antes da sua resposta sair foi interrompida.

— Obrigado, vamos aceitar...

Sorrindo com as palavras, a mulher pálida fica levemente vermelha.

— Tem certeza disso?

Coçando o queixo com um dedo, respondia calmamente. Atrás da dupla, ainda fingindo indiferença, uma mulher olha atentamente os gestos do homem e um leve brilho momentâneo nos olhos surgiu.

— Eles estão dispostos a esperarem então, por que não? Diferente dos outros, nós gastamos muito mais mana com todo o suporte e outra garota, não ouviu as palavras dele? “... o pior é ver essas olheiras em mulheres tão lindas.”

Sentindo o olhar questionador do Valete, Mirai começa a falar para desviar a atenção do homem para si.

— Uma vida honrosa e complicada, mas acho que não vou seguir esse caminho, pois, me parece muito exaustivo.

Ainda levemente vermelha, a policial respondia com um sorriso sutil à jovem.

— O único problema mesmo desse trabalho seria a falta do tempo próprio, entende? Não é como se os criminosos decidissem tirar férias.

Acenando positivamente o homem começa falar, roubando novamente a atenção do olhar para ele.

— Isso seria engraçado, mas para algo assim acontecer não seria necessário ser considerado um emprego legítimo? Imaginei duas mulheres falando " Seu marido é o que? O meu é assaltante profissional. "

— Há há, seria realmente estranho, mas seguindo a linha da piada isso não me faria uma criminosa? Meus anos treinando para o cargo virariam inúteis.

— Realmente isso seria triste, mas tia e pai, não era para falarmos sobre outro assunto mais importante?

— Está com pressa para ir dormir filha? — virando o rosto para responder, ele a olha nos olhos suavemente — Ou quer ver sua mãe? 

— Dormir e comer o quanto quiser é sem dúvidas o melhor prazer do mundo.

— Nossa, minha filha fala como uma velha com mil e um problemas para resolver na cabeça, mas é realmente bom começarmos a falar.

Enquanto a dupla conversava, as oficiais trocavam sinais entre elas.

— Bom então por favor comece da razão para passarem por aquela rua, onde estavam para ser mais precisos?

— Nós saímos para comer algo simples, minha mulher caiu no sono a pouco tempo depois de comer algo simples e tomar seus remédios. Ela estava mal esses dias, nós não queríamos acorda-la e eu queria fazer um pequeno agrado para minha filha, então escolhi comer fora um pouco após colocar minha mulher para dormir.

— Ele me mandou escolher o lugar na hora! Que tipo de homem leva alguém para sair e comer, mas não tem em mente um lugar para comer em mente? Ainda acho estranho ele ter conseguido uma filha linda como eu com a minha mãe.

— Filha? Precisa ofender papai assim na frente das lindas moças?

— Dá para parar com esses elogios para elas? Vou contar pra mamãe.

— C-c-calma filhota, n-n-não precisa disso!

— Hum...

— Seu pai está certo, não precisa fazer isso dessa vez em especifico — a mulher anotando o caso falava ao parar por um momento. — Seu pai está fazendo uma coisa chamada bajulação, normalmente as pessoas fazem isso para conseguir algo ou para agradecer algo, o copo na sua mão não é gratuito sabia? Tudo tem um preço no mundo.

— Bajulação... é bom que seja isso mesmo.

Todas as mulheres encaravam o homem naquele momento. Todos os pares de olhos se tornavam mais frios.

— Hehe...

— ...voltando ao assunto, pode falar mais sobre o encontro dos três? Já se encontraram antes? Ela parecia ter reconhecido você.

— Eu realmente não sei o nome dela, digo vocês falaram o nome dela, mas eu não a conhecia.

— Certo, o senhor a viu saindo dum prédio ou andando na rua antes do problema começar ou ela estava agindo com alguém antes?

— Ela veio sozinha da escadaria lá na rua, mas não deve ser possível ver aquela escada agora. Logo após isso, minha garota e ela começaram a cantar e então a raposa a congelou até a morte, provavelmente por algum instinto protetor.

— Ela a congelou sem motivos claros?

— Sim, exatamente isso ou ela notou algo e nós não. Talvez o nome que ela falou era quem ela suspeitava? Hum... só consigo imaginar por algum motivo ela acreditando que eu fiz aquilo por algum motivo.

— O senhor se importaria de realizar um exame mais preciso para diagnosticar sua magia?

— Claro, mas a minha filha também precisa?

— Sua filha possui o contrato com aquela raposa negra aqui de baixo da mesa, né? Não precisamos fazer isso ou melhor fazer isso nela não tem muito sentido, mesmo com o contrato com uma pessoa com mana infinita, somente a mana dum Deus poderia fazer tudo aquilo tão rápido e fácil.

— Não só isso, mas a influência deles sem dúvidas pode mudar levemente a constituição do corpo da garota e fazer sustentar naturalmente um familiar sem o mesmo elemento. Você não sabia? Na história algumas pessoas já foram mortas por formarem contratos divinos e ficarem com corpos diferentes, esse contrato é recente?

— Relativamente sim, digo foi a um mês mais ou menos, mas aquela raposa negra quase não mostrou habilidade alguma para usar o elemento gelo até hoje e muito menos algo como imunidade a sombras.

— Dito tudo isso, por favor me acompanhe para coletarmos um pouco do seu sangue e fazer o teste, minha colega vai continuar agora conversando com sua filha.

— Tudo bem tudo bem, filhinha se comporta, ok?

— Ok.

— Agradeço a colaboração — esperando o homem sair acompanhado por duas mulheres, a oficial começa o interrogatório da garota — Então, ele não é seu pai e você sabe disso, né?

Olhos sem luz a respondia, junto do tom grave da voz irritada.

— Eu sou a filha dele sim, está ficando maluca mulher? Você acha que eu preciso duma prova miserável como sangue para agir e ser a filha dele? Volta sua atenção para crimes reais e problemas reais, e não para uma garota adotada LEGITIMAMENTE e feliz com a família atual dela.

— ... gente, essa mudança dela é até assustadora.

— Realmente, ela tem múltiplas personalidades?

— Bom, foi sem dúvidas uma ferida.

“ Isso foi inesperado, elas notaram isso agora ou foi algo durante a luta? ”

Murmurando em voz baixa acrescentava algumas palavras.

— Ei garota. Somo adultos, especializados em combate e grandes magas. Vamos momentaneamente esquecer a posição como policias, não é sábio provocar pessoas mais fortes, pode custar caro.

— Uau, duas solteironas ameaçando uma criança, não é à toa a falta da aliança no dedo das duas, não conseguem homens e descontam em outros mais fracos como crianças, quem amaria as duas? Fracassados e invejosos?

— Isso não vai funcionar... bom pelo menos comigo não, com ela foi efetivo.

Com uma pequena lagrima nos olhos negros, a responsável por escrever o relatório respondia em baixa tom.

— ... não foi não... sniff...

— Criança pode pedir desculpas para ela?

— ... desculpa.

“ Uau, isso são lagrimas sinceras? Eu nem ficaria irritada se fosse mentira. ”

— Eu já disse! Não foi nada! Continuem essa merda logo agora para eu sair!

— ... bom, poderia apenas resumir como é a atual casa? E a antiga.

— Ok, em suma, agora eu tenho alguém genuinamente preocupado comigo, antes era apenas uma pessoa me botando no mundo sem responsabilidade nenhuma comigo. Em outras palavras, eu nasci órfã no quesito pai e agora eu tenho um.

— Bem simples e direto no assun—

— Isso encerra nossa parte certo?! Posso sair agora, certo?!

— ... pode.

“ Hum... aquilo parece uma raiva falsa... ”

Saindo da sala com rosto vermelho apressada, as duas outras apenas observam em silencio as lagrimas caindo.

“ Talvez as lagrimas sejam mentiras mesmo e agora saiu para verificar a parte do Valete, mas... isso tudo me ajudou muito no final das contas... hum? Entendo... o contato do Valete era ela. ”

Um bocejo vinha por debaixo da mesa, a raposa levanta e coloca a cabeça no colo da mestra. Sorrindo para a familiar, as duas não desviavam os olhos uma da outra em satisfação.

“ Controlando a atmosfera para eu poder ser mais vaga com a história e acabar a entrevista evitando contradições. Agora é só não levantar suspeitas com a última e graças a Zazai eu posso facilmente a ignorar completamente e acabar com isso. ”

Sua mente lembrava do rosto dos dois homens. Lembrar do próprio pai Recardo, era desconfortável, enquanto lembrar do seu chefe não havia nada além de um sentimento vazio. Nem alegria, nem tristeza ou nojo, era apenas o rosto dele na sua mente.

“ Ele não traz a sensação do meu pai... seria por conta do contrato? Ou por que várias pessoas me ajudaram a ficar em boa forma para ele não me descartar? ”

Entrando pela porta lentamente um garoto andava distraidamente olhando para traz procurando ver onde foi a mulher. Ele possuía orelhas puxadas, um cabelo preto liso e olhos completamente brancos.

— Filho? Tudo bem? Aconteceu algo?

— A mãe, ela vai ficar bem?

— Daqui um tempinho, mas por que você veio? Ainda estou em horário de trabalho menino.

— Eu sei, mas você voltou e estava fazendo relatório, não é? Hum?! O que é isso com aquela garota?!

Com pernas tremendo e olhos mistos com alegria e medo, apontava para a raposa completamente negra. O animal calmamente olhou e inclinou a cabeça, enquanto Mirai com uma cara meio debochada respondia.

— Não sabe o que é uma raposa garoto?

— Raposa?! O que é isso?! É perigoso?!

— ...

Olhando lentamente para a mulher, observou um olhar sem graça coçando o queixo procurando as palavras.

“ Esse garoto é claramente um meio elfo ou elfo e eu sinto que ele não é filho dela por algum motivo, mas o mais importante é como pode alguém não ter nenhuma ideia sobre um animal tão simples como uma raposa? ”

— Desculpa pelo meu filho, tudo para ele é uma novidade...

— A me desculpa, só recentemente comecei a aprender coisas comuns.

— Como assim aprender coisas comuns?

— Bom eu só fui resgato recentemente então tudo é novo.

O garoto sorria sinceramente sem malicia ou receio. Os olhos completamente brancos como duas pérolas brilhava gentilmente, enquanto a dupla ouvia as palavras quase como enigmas sem sentido.

— Resgatado recentemente?

— É por conta dos olhos, eu não podia fazer nada além de ler o santo livro de Salazar, e nele não tem essas coisas, só um bando de provérbios, ensinamentos e profecias do mundo e tal.

— Hum?

— Filho deixe-me explicar para ela, enquanto isso senhorita raposa poderia ser gentil com meu filho? — com um leve olhar cansado a raposa se aproximava e a mulher satisfeita continuava — Os olhos dele mudam a cor durante o dia e a noite. Entre sombras e luz para ser preciso, em outras palavras ele é um espelho reverso do ciclo dia e noite. Aqui na floresta do lado tinha uma seita um tanto extrema em Salazar e esses olhos dele são considerados sagrados, um dos chamados santos da era.

Com medo e cuidado, lentamente o garoto tocava as mãos na raposa. Zazai esperava sentada pacientemente olhando em seus olhos com a cabeça levemente abaixada, evitando ao máximo qualquer movimento.

— Ele foi trancafiado e forçado a estudar um livro religioso e a ser um santo desde o nascimento sem nunca poder ter contato com o exterior, até um dia vocês encontrarem a seita, destruírem o local e resgatarem ele por conta dos crimes cometidos, foi isso?

Levantando apenas uma sobrancelha a mulher pensou brevemente na sua resposta naquele momento.

— ... tirando a parte do destruir, foi mais ou menos isso mesmo. Alguns homens acabaram presos, mas a maioria fugiu... ainda me surpreendo como podem existir fanáticos nesse nível. Por fim eu o adotei por motivos pessoais, mesmo sendo muito provável agora eu morrer solteira sem nenhum homem como alguém disse...

— Entendo, te desejo um bom homem. Os da sua equipe não servem?

— Não, definitivamente.

Uma conversa leve continuou entre as duas, quase como duas adultas reclamando dos homens ao redor serem imaturos ou os bons já serem comprometidos. Mantendo a conversa facilmente, a garota pensava em como poderia ser vida do garoto.

“ Condenado a ser o objeto do grupo e forçado a atender suas vontades... ”

— Alias uma pergunta... por que tu ta de terno amarelo garota? Não seria mais confortável um vestido ou pelo menos uma roupa comum?

— É uma cor bonita e as roupas femininas não são muito confortáveis no meu ponto de vista, além disso, ternos são chiques e formais e meu pai estava usando e eu queria combinar com ele.

— Um pouco estranho ainda, mas ao mesmo tempo é compreensível e fofo, mas se for em um encontro com alguém que goste use um vestido, é melhor.

—  Ok.

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