Negociar para Não Morrer Brasileira

Autor(a): Lágrima Negra


Volume 2

Capítulo 15 : Atraso na Viagem

Dia 67 do mês 4 de 186 Rei Rubi, porto de transporte, Reino de Janfor

A família safira estava arrumando suas malas para ir para a escola e deixar as crianças passarem seus próximos 5 anos lá. Iris e Akas se juntaram para a viagem. Chegando no porto as pessoas observaram uma situação diferente da esperada, havia uma enorme multidão reunidas no local amontoadas tentando entrar sendo bloqueadas.

— ... mamãe, é impressão minha ou...

— Quebrou os círculos de teletransporte?

— Então vamos ficar aqui?

As duas mães se encaravam.

— Ficou sabendo de algo?

— Não, mas tem como usar alguma coisa para pegar uma preferência pa saber o ocorrido ou não?

— Abusar do poder é a única coisa na sua mente?

— Não é abuso se eu sempre cumpro meus deveres.

— E ela me ensina como usar o poder sem parecer abuso.

— Até hoje eu tenho dúvidas das minhas escolhas do passado... 

O único garoto suspirava com a cena inteira.

— Quantas escolhas você teve?

— Acho que se ele teve duas é muito Iris.

— Você tem só 10 anos irmão, quando você chegar a ter uns 40 nós conversamos sobre escolhas do passado.

— E você tem 40 por acaso Mirai?

— Vamos tentar focar no problema atual?

“ Teoricamente devo ter um século na minha mente no mínimo, mas não vem ao caso agora. ”

Enquanto as crianças trocavam conversa fora, Sara fica como guarda enquanto Akas ia descobrir o que aconteceu. Ao retornar ela chega com a notícia com um rosto um tanto triste e feliz pelo ocorrido.

— Bom... é uma boa e má noticia... a má notícia é: realmente quebraram os círculos de teletransporte, ontem à noite para ser mais preciso. A boa é: como a maioria das pessoas já reservou a passagem, eles vão preparar algo para compensar e isso vai ser uma viagem gratuita 5 estrelas para quem tinha feito o pedido e ainda precisar ir ou pegar o dinheiro de volta.

— Uma viagem 5 estrelas não é mais caro?

— Depende, onde exatamente vai, no nosso caso sim vai ser algo mais caro, ainda mais caro quando você descobre que o único transporte que sobrou para nós foi o navio seguindo o rio Arrion até a cidade da escola, mas para manterem reputação vai ser preciso fazer algo realmente grande.

— Aquele rio é mais um mini mar no meu ponto de vista, mas ok.

— É água doce, então é rio.

— Um único rio atravessa dois treze avos do mundo inteiro, isso é um rio?

— Só existe um mar no mundo e você sabe disso.

— Isso é verdade, mas ainda pelo tamanho dele...

— Mamãe posso ficar com a cama de cima da cabine?

— A gente vai em um cruzeiro 5 estrelas , desde quando tem beliche nesses cruzeiros? Embora camas gigantescas até podem ter.

— Será que a cama é grande o suficiente para 3 pessoas?

— Está pressupondo que nós vamos dormir juntas a viagem inteira irmã? Bom eu topo, se for possível.

— Eu também!

— Vocês pretender dormir juntas sempre que possível?

— Querido irmãozinho, Iris é algo muito bom de se abraça durante a noite, ela é quentinha e faz muito frio a noite.

— Não só isso quando está quente dormir com a Mirai é a melhor coisa do mundo, ela usa magia de gelo e deixa o quarto fresquinho.

— Único problema é se ela estiver irritada, ai ela pode de proposito deixar o quarto muito gelado ou simplesmente deixa o quarto quente e só resfriar ela mesmo.

— Vocês são amigas dormindo juntas ou um grupo que se aproveita da magia uma das outras da mesma forma que alguém se aproveita do ar-condicionado e do aquecedor para dormir à noite? Um que não aumenta a conta no fim do mês no caso.

— Eu adoraria responder amigas dormindo juntas, mas colocando na ponta da caneta, eu também tenho dúvidas nesses momentos.

— Eu não vejo problemas, é gostoso abraçar pessoas.

— Não abrace estranhos.

Todos em uma só voz avisavam a Iris.

— Vocês sempre falam isso e vocês sabem que eu não faria isso!

— É sempre bom prevenir.

— É só garantia.

— É só uma segurança.

— É mera demonstração de amor.

— É algo que eu sua mãe, vivo me preocupando.

— A confiança se prova em momentos assim e ninguém confia em mim.

— Bom, vamos passar alguns dias no navio, vocês estão bem com isso? Digo vocês não devem sofre do enjoo, mas...

— Vai dar tudo certo, eu acho.

— Na sua cabeça elas podem acabar afundando o navio por acaso, não é mãe?

— ... isso não seria impossível filho, digo principalmente se a Yuty acabar irritada no meio da noite.

— Como assim?

—Como seria possível mãe?

— Seus treinos e uma parede reforçada. Isso é tudo.

— Mas a Mirai também conseguiu essa proeza, não é?

— É... mas eu não acho que ela derrubaria o navio dado o foco dela, embora ela deva conseguir derrubar muita gente se realmente quisesse...

— Sara, qual o seu problema em chamar professores normais para seus filhos? Você sente algum prazer em transformar garotinhas em maquinas de combate mágico extremamente poderosas?

— Vai fala isso na minha cara sabendo o estrago da sua filha se ela ficar irritada? Sério mesmo mulher?

— A Iris é perigosa? Aquela cabeça oca?

— Falei demais, vamos em frente.

Se aproximando do irmão Mirai fala baixinho.

— A magia dela pode queimar outras magias se ela estiver irritada, isso inclui até mesmo a minha magia de gelo o seu completo oposto.

— Puta merda, eu estou cercado de mulheres absurdamente poderosas.

— Você treinou bastante com o professor Frederico, nem vem com essa, você também é um monstro da família.

— A escala dele é muito menor irmã.

— Por que estamos cochichando essas coisas para ele sobre mim?

— Eu tenho certeza que elas notaram.

“ Não comigo aqui controlando o vento. ”

“ Minha irmã não percebeu, né? Controlar o vento só deixas as coisas mais suspeitas para as outras pessoas... ”

Enquanto caminhavam para o navio e conversavam casualmente, uma pessoa ao longe fazia truques para chamar atenção e conseguir alguns trocados. Era uma bela performance, mas foi um código simples para Mirai tentar estar sozinha durante a tarde e ir para próximo ao teatro do cruzeiro. Não era preciso disfarces.

“ ... já vamos começar com algo? ”

 

 

Durante a tarde após alguns problemas para conseguir se soltar da sua família, Mirai enfim tinha chegado no seu objetivo.

 “Fico parada ou saio procurando? ... vou só ficar sentada. ”

Enquanto perdida em seus pensamentos uma pessoa segurando um cachimbo chegou perto dela, sem se preocupar em ser percebido, sem nem ter tentado minimamente parecer alguém comum e sem parar de tragar seu cachimbo.

Ele tinha um olho verde enquanto o outro era praticamente sem cor, mas ainda tinha um leve tom de verde, seu cabelo era curto e a barba era malfeita. Ele tragava um cachimbo de madeira negra constantemente e soprava nos próprios pés, uma vez perto da garota ele deu uma última tragada e soprou perto da garota, tanto na cara quanto para os pés como se a cobrisse com a fumaça.

“ ... eu quero dar um soco nele. Isso fede. ”

Enquanto isso ela tinha um cabelo azul curto, sem nenhum tipo de brilho, seus olhos também estavam azuis, sua roupa era simples, uma mera camisa azul e calça jeans, ela também tinha uma pulseira de metal no pulso, pequena e simples.

— Sua família bate bem? Conseguir alguns minutos sozinha da sua família levou uma meia hora... bom você pode me chamar de O fumante de Askarias.

— É mal-educado—  pera o que? Askarias? Aquela prisão Askarias? Pera, não devia tomar mais cuidado ao se apresentar para começo de conversa?

— Bom enquanto eu fumar está tudo bem, a fumaça é meu dom magico e uma forma ilusória sabia? É bem parecido com o efeito da família do Valete, a diferença é obviam é muito mais restrito, mas isso não vem ao caso. Entenda isso: próximo da fumaça, só eu e você podemos nos ver.

— Então me disfarcei inutilmente... o olho quase sem cor é a prova da prisão de Askarias? Devo dizer que é bem impressionante isso, como exatamente saiu de lá?

— Bom, não vem ao caso, mas em suma, Valete e seus esquemas, embora no final ele falhou. Eu acabei sendo o prêmio para consolação dele. Sabe, viver sem poder pronunciar seu nome ou ter seu nome pronunciado ou até mesmo escrever ou pensar é realmente chato e incomodo, aquelas lagartixas gigantes deviam gastar de forma melhor o tempo delas.

— Chamar uma prisão administrada por dragões como lagartixas gigantes, é sem dúvidas muita coragem, principalmente quando as lagartixas são imortais. Então por que estamos aqui?

— Eu vou ser o guarda da sua família.

— Como é?

— Eu serei o guarda da sua família garota.

— Um criminoso, ex-presidiário da maior prisão do mundo, fumante e idêntico a um mendigo alcoólatra?

— Olha fui um belo policial, bom era mais um executor, mas sabe, o problema de matar criminosos é quando outros criminosos eventualmente eles focam em você. Deixa eu resumir minha vida, fui acusado por diversos crimes, tentaram me matar, em legitima defesa matei, porém, as coisas foram escalando mais e mais, até eu me tornar alguém condenado a Askarias mas tem um problema na minha história.

— E qual é o problema dela?

— Askarias não aceita inocentes. Diferente das pessoas que podem mentir e enganar, os dragões estão em um patamar diferente. Com a magia deles é possível dizer, se alguém foi acusado, se matou em legitima defesa, se foi manipulado, entre outras coisas. Em outras palavras, segundo a lógica eu não deveria ter sido preso, mas a história não aconteceu assim. Eu acabei preso. Muita ironia para mim, por matar criminosos sou tratado como criminoso por seres maiores...

— ... precisava contar sua história?

— Eu vim me apresentar para evitar problemas garota. Voltando, como sabe ninguém pode escreve meu nome num livro, então eu precisaria contar ela pessoalmente para cada um... não é agradável ser forçadamente esquecido e colocado numa posição meio fora da realidade.

— Entendi. Sinto muito pela sua vida trágica e obrigado por cuidar da minha família, mas por favor pelo menos não fume na cara deles.

— Só quando for preciso então.

— Desde quando seria preciso?

— Qualquer fumaça minha possui uma característica única, ela será uma névoa ilusório extremamente poderosa a nível se eu tiver mana suficiente ninguém pode me ver ou perceber sem a minha vontade. Claro contra alguém muito forte é muita mana gasta.

— Entendo, realmente muito útil.

— Bom tem mais algumas coisas.

— Certo... a tem mais algumas coisas.

— Certo, vamos continuar a conversa então.

 

 

Após a conversa o homem se distanciava, seu corpo se misturava com a névoa e desapareceu com o vento. Mirai usava sua magia para sumir com o cheiro residual e volta para sua cabine.

“ Bom eu imaginava problemas, mas era só apresentações no fim. O Valete realmente é inacreditável por invadir a maior prisão do mundo e recuperar alguém lá. Se eu não tivesse negociado com ele... ele... o Valete não poderia ter sido o motivo de eu ter acabado daquele jeito naquela visão? ”

A visão que marcou sua vida, a primeira vez vendo sua própria morte, correção algo pior que a morte. Presa em cativeiro, abusada constantemente e praticamente sem vida ou vontade para viver mais um segundo.

“ Rubens Rubi passou pela pedra falsa, não é nem mesmo uma pessoa com poder de um membro da realeza, mesmo tendo um bom relacionamento com Rafa ele ainda não conseguira muito com isso... ”

Uma vez na cabine foi direto para o bainheiro tomar banho enquanto continuava o monologo.

“ ..., mas ainda não faz sentido. Se tanto o Rafa quanto a Iris estivessem mortos, ele poderia exercer algum poder, claro se negociasse com o Valete poderia ser diferente, mas quando ele não tem nada para... isso poderia ser o suficiente... ”

Era apenas algo maluco uma teoria com buracos e incompleta, ela sabia o resultado, mas não os meios.

“ Espera isso ainda não faz sentido, ele precisaria ter um meio para conversar e algo para oferecer. Mesmo que os herdeiros aprendam sobre os segredos da cidade e outras informações passadas apenas pela conversa... ainda não faria sentido, não sei o quão poderoso realmente é o Valete, mas ainda seria muito pouco lucrativo, é mais fácil pegar qualquer um e matar o resto da família não precisava ser ele... a não ser que os segredos conhecidos por cada família sejam diferentes. ”

Saindo da água quente a garota começa a se secar e trocar colocando uma roupa simples azul, pretendia ficar no quarto até o dia seguinte. Ela abriu seus olhos verdes o máximo possível.

“ ... o controle da minha família...? Minha mãe é conhecida por muitos como uma caçadora com ódio mortal por bandidos, supondo que ela atacasse o Valete, ele não conseguiria muita coisa dela além do prejuízo e quase sua morte. Minha mãe não deixaria um serviço pela metade então ele provavelmente morreria ou perderia muito, muito mesmo... ela começaria uma caçada especifica dele até mata-lo se falhasse. ”

Enquanto deitava em uma cama, muito grande para alguém dormir sozinha, a garota olhava o teto.

“ ... ou o meu irmão estaria incomodando ele? Seria possível? Digo eu vi várias vezes minha mãe morrendo em outras visões então vamos fazer algumas suposições. Primeiro ela morrendo no incêndio, meu irmão assume as coisas, ele segue uma linha como a da minha mãe mesmo que não pessoalmente, mas através das pessoas. Sem dúvidas seria irritante, seria algo como uma ameaça como minha mãe ou maior graças a memória fotográfica dele, mas sem o poder bruto dela. ”

Ela olhou para o relógio em seu pulso era 18 horas.

“ Agora se ele quisesse ter meu irmão trabalhando para ele, seria possível? Usar o dom do contrato seria complicado, não tem muito para fazer quando se nasce rico numa elite, mas as coisas seriam diferentes com o Rubens praticamente sem nenhum direito ou apoio familiar. ”

A garota bateu em uma espécie de tela e colocou levemente sua magia.

— Serviço de quarto onde posso ajudar?

— Me tragam o jantar, uma pessoa, sopa e pão.

— Compreendido.

A tela tinha se apagado.

“ ... os termos do contrato do Valete... o 7º dizia monitoramento e pesquisa para o fim de mantê-las seguras e longe do perigo, mas de certa forma, se não existisse o contrato poderia facilmente fazer o contrário, pesquisar sobre eles e usa-los para me controlar. ”

A garota colocou a mão em sua própria barriga.

“ ... espero conseguir comer a sopa e o pão, tudo isso hoje realmente tira um pouco do meu apetite... ”

Esperando a chegada da comida a garota decide abrir o frigobar da suíte. Olhando as bebidas, todas eram sucos, ela escolhe uma aleatoriamente para beber.

“ Pensar demais só vai ser ruim para mim. Agora já estou em um destino diferente e quando eu garantir a morte daquele Rubens estará tudo bem. ”



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