Negociar para Não Morrer Brasileira

Autor(a): Lágrima Negra


Volume 2

Capítulo 12 : Invadindo a Própria Casa

Era quase meia noite quando finalmente Mirai voltava para sua casa.

“ Hum... entrar pela porta parece arriscado... vou pela janela do meu quarto, parece mais seguro para evitar minha mãe. ”

— Garota, pode ser sua casa, mas é melhor usar a porta e não a janela.

— Pode parar com a telepatia sem magia?

— Não é nem possível ler a sua mente para começar garota idiota.

— Então como descobriu meus pensamentos?

— Simples, te conheço a anos e a sua mãe também.

— Justíssimo, mas para a minha segurança, como não seria seguro entrar pela janela do meu quarto?

— Amanhã sua mãe vai estar com um belo mal humor... só espero não ter nada descontado do meu salário.

— Até mesmo nesse momento o dinheiro é sua principal preocupação.

— Cala a boca pirralha, quando começar a trabalhar podemos conversar.

— Professora, onde parou seu dinheiro quando era uma criminosa?

— Tudo na mão do Valete e por esse mesmo motivo, preciso me preocupar com conseguir manter um bom salário para minha vida leve e relaxada.

— Alias, nesse ritmo sua vida tranquila vai acabar, sabia? Eu consigo te ver voltando totalmente para o crime.

— Bom, a um tempo já não posso dizer algo do tipo “minha ficha está limpa”, não é mesmo motivo número 1 disso?

— Faço absolutamente nenhuma ideia.

Com as mãos atrás da cabeça a menina começou a invadir a própria casa despreocupadamente com o alarme.

— Mirai, boa noite.

— Boa noite, minha cara professora.

— Amenize minha barra com sua mãe amanhã.

— Por qual motivo?

— Diminuirei seu treino durante os próximos dias, pode ser?

— “Minha heroica professora, agradeço a ti por me salvar dos terroristas com sua bravura e astucia. A, como foi belo quando me agarraste em teus braços e me levaste como princesa para um lugar seguro enquanto dizia: ‘Não temas, pois estou aqui e não haverá nenhuma mal capaz de tocar em ti minha senhorita! ’ ”

— Diga metade dessas palavras para sua mãe, te desafio. Meu emprego não vale essa visão perturbadora na minha mente nesse exato momento.

— Ai! Me desculpa, mas por favor se acalme agora!

A professora levantava a aluna pelo colar da camisa por traz com um punho fechando do lado dos seus olhos.

— Como vai ser então?

— Minha professora me manteve salva longe do perigo, não existiu sombra do perigo, só demoramos, pois, a polícia pediu informações para nós do ocorrido.

— Perfeito.

— Mas e quanto a Iris?

— Essa parte é simples, o local era vasto e nos saímos sem o jantar ou coisa do tipo, mas ainda não conseguimos sair antes do perigo do ataque. Como estávamos em áreas diferentes, nunca nos encontramos.

— Estávamos no andar de acima então, entendi.

Sendo largada no chão, a mulher acenava positivamente.

— Ótima resposta, agora vai lá e tente dormir um pouco, seus nervos ainda estão muito tensos da nossa conversa.

— ... certo, obrigado por tentar me ajudar.

O alarme da mansão soa apenas em caso de estranhos invadindo, suas chances para invadir sem ser notada eram altas. Seu quarto era do primeiro andar, seria duplamente mais fácil invadir sem ser notada. A janela foi facilmente aberta, invadida e fechada. Nenhum barulho desnecessário foi feito durante todo o processo.

“ E com isso eu só preciso ir dormir agora. ”

— Boa noite irmã, foi divertido brinca de ladrão?

— Hum?!

Um fosforo foi aceso e uma vela brilhava no quarto agora. A pequena ladra estava quase paralisada e foi girando devagar para ver a cena. Uma mão sombria acendia uma vela com fosforo, enquanto isso uma garota com cabelo longo e liso rosa estava lendo um livro. Era possível ver seus olhos se movendo calmamente entre as palavras do livro com seu lindo tom de roxo.

— ... Yuty, minha linda irmã, já te contaram que te ver ler na escuridão total é assustador para as outras pessoas, principalmente em silencio absoluto?

— É só uma vantagem da magia das sombras ver no escuro e outra, quem está lendo não precisa ficar fazendo barulho, não é como tocar algum instrumento musical.

“ Ela está irritada comigo, isso é mal. ”

— Sabe, a coisa fica pior quando você faz isso tendo invadido o quarto duma outra pessoa e estava esperando por aproximadamente umas 3 horas.

— Se a porta estava aberta não é uma invasão.

“ Muito irritada mesmo. ”

Ainda sem levantar o olhar, a garota calmamente vira a página do livro.

— Sabe, você está parecendo uma esposa brava esperando o marido bêbado voltar do bar apenas para esperar ele se justificar do atraso quando não avisou a hora do retorno dele.

— Isso é impossível, não somos casadas e você não está bêbada.

Ainda não levantou o olhar em nenhum momento.

— ... me desculpa...

— Desculpas? Você fez algo errado por acaso Mirai? Tem algo para me falar? Matou alguém foi? Acho melhor eu só sair daqui e não olhar mais na tua cara, é isso que você quer que eu faça irmã?

“ ‘ matou alguém foi? ’ ... bom, sim. ”

Ela tinha se aproximado da cama em silencio. A sua mente lembrava de quando o garoto tinha morrido envenenado e a irmã o segurando nos braços, a mãe sendo provocada e os corpos sendo destruídos.

 “ ... se eu te respondesse honestamente, resolveria tudo? ”

Mirai sentou ao lado da irmã, ela ainda não tinha olhado nos seus olhos. Pegando o livro da irmã, sem nenhuma resistência, colocou o livro na escrivaninha do lado da cama.

A irmã estava olhando para o ar onde estava o livro a apenas alguns segundos. Vendo a irmã olhando para o ar ela encostou a cabeça no ombro da irmã sem dizer nada, e sua irmã virou o olhar para o outro lado.

— Não vai ser tão fácil irmã.

— ...

“ Ela realmente quer uma resposta a todo custo... ”

Sua mente imaginava sua família descobrindo seus crimes. Se afastando dela para sempre ou tentando enfrenta-la. Seria necessário enfrenta-los em algum momento, mas nesse momento apenas conseguia ouvir na sua mente os gritos para ela morrer.

— Fique sabendo, agir fofa definitivamente não é o suficiente hoje.

— ...

“ ... eu não gosto disso. ”

Poderia ser a morte da sua família naquela noite e não a das suas vítimas se as coisas fossem diferentes. Tudo poderia ter acontecido inclusive mais cedo ou mais tarde. Tudo poderia ser pior ou melhor, não tinha como dizer.

— Como eu venho dizendo pode tirar essa—  

— ...

“ ... eles estão aqui ainda, todos eles e isso vai ser minha rotina. ”

Yutyssia, sentiu algo escorrer pelo seu ombro, era gelado bater em sua roupa. Virando a cabeça devagar ela notou o estado da irmã, pela primeira vez desde sua conversa unilateral, viu sua irmã nos olhos, estavam vermelhos como se em algum momento já estivesse chorando.

— ...

— ... passou, agora passou irmã. — Era um sussurro calmo, acompanhado de uma mão gentil na sua cabeça. — Eu estou aqui, eu não vou sair e nem sumir, ok?

— ... me desculpa...

— Eu te perdoou... consegue me dizer o que aconteceu?

“ Eu não vou falar do ataque dos terroristas, ela vai ficar preocupada. ”

A mão passava gentilmente no cabelo azul safira dela.

— ... houve um ataque... depois da primeira peça... invadiram o local.

“ Não posso falar sobre as pessoas morrendo durante todo o teste, ela vai ficar preocupada comigo, eu não vou falar nada dessa vez. ”

— ... e? Está tudo bem dizer irmã, já estamos longe.

A mão dela tinha um ritmo suave e calmo no cabelo.

— ... várias pessoas morreram no local, alguns esmagados, queimados e até mesmo alguns mortos por armas ou afogados...

“ AAA! Sua idiota! Não fale dos irmãos! Não fale! ”

Virando um pouco de lado, Yutyssia coloca a outra mão em suas costas gentilmente.

— ... dois irmãos morreram na minha frente... um na frente do outro...

“ Idiota! Para de falar! ”

— Se imaginou na posição deles? Vendo eu, o Safim ou o Karen morrendo na sua frente irmã?

— ... sim, eu imaginei... aquilo foi horrível, mas...

Uma voz era suave e doce, a outra era chorosa e arrependida no quarto.

“ Não fale sobre a mãe deles. ”

As lagrimas derramadas já embaçava completamente a sua visão.

— ... a mãe deles viu aquilo tudo também. Seus filhos mortos na frente dela...

“ Para de falar! ”

Seu corpo tremia a cada palavra.

— ... os sentimentos dela, sniff, foram tratados como piada...

“ Para de falar! Já chega! ”

A culpa a dominava.

— ... ela foi humilhada, tratada como alguém insensível, mas ela amava profundamente eles...

“ PARA DE FALAR! ”

Era cada vez mais difícil respirar.

—  Ssghnn... como se as emoções dela fossem mentiras completas e estivesse... aliviada com a morte deles, como se fosse um sonho se realizando...

“ PARA DE FALAR! PARA DE FALAR! PARA DE FALAR! PARA DE FALAR! PARA DE FALAR! AAAAAAA POR QUE AQUELAS VISÕES DO FUTURO NÃO APARECEM QUANDO EU PRECISO ?!

Seu corpo tremia intensamente, suas lágrimas já tinham encharcado as roupas da irmã e ainda não tinha chegado na metade da verdade.

— Ssghnn... eu... se fosse diferente, seriam vocês... não quero ficar sozinha... Yuty, me perdoa... pelo que eu fiz, pelo que fizer, sniff, não me deixe ficar sozinha... só isso, por favor...

Ela foi abraçada pela irmã gentilmente.

— Está tudo bem, eu não vou te deixar, não importa o que você fizer.

— Por favor, não me deixe ficar sozinha...

Ela deitou a irmã calmamente e a colocou no peito. A sua irmã sempre sorridente chorava no seu lugar.

— Eu não vou te deixar sua idiota, se esqueceu?

A respiração começou a acalmar.

— Quantas vezes chorei por querer ver meus pais e te pedi para dormir comigo? E sem reclamar, me deixou ficar com você durante a noite toda?

Ela não estava tremendo intensamente.

— Como poderia só sair? Já leu no dicionário a palavra gratidão?

Chorava cada vez menos com suas palavras.

— Eu não abandonaria minha família.

Sua respiração enfim se acalmou e voltou ao normal.

— Nem se você me dissesse que é uma assassina eu te deixaria.

Por um momento ficou sem respirar. Apertou sua cabeça ainda mais na irmã. Dessa vez sem tremer chorou como antes, mas sem a tristeza ou culpa.

— Não tem como se livrar de mim, principalmente quando eu sou a mais forte e não quero ficar sem família novamente.

Era um choro aliviado, um lugar que não a deixaria nunca, sempre ao lado dela, mesmo errando e mesmo indo cometer cada vez mais erros.

— Você só chorou umas duas vezes na vida, não é irmã?

Esfregava positivamente sua cabeça no peito.

— Então me deixe te dizer como uma veterana... chorar sinceramente quando está em problemas, não faz ninguém te odiar. Qualquer um pode dizer, em qualquer idioma, se alguém está sofrendo e precisa duma ajuda ou então, está simplesmente aliviada e feliz por algo acontecer. É algo além das palavras.

No topo da cabeça, um beijo simples foi dado.

— Boa noite irmã.

— ... boa noite Yuty.

Era como se nunca tivesse acontecido nada, apenas uma sensação de paz, o quarto estava coberto de magia negra, para todos os lados havia apenas escuridão, mas não era assustador, era apenas uma sombra, como se fosse a sombra duma arvore, um lugar de descanso gentil.

Eu vou ver, você crescer, você viver.

— ...

“ Uma música? ”

E eu sei, que vai, cantar e dançar.

— ...

Sem parar, vai correr e sorrir.

— ...

E eu vou assistir, você ser feliz.

— ...

Hum, hum hum, hum, hum hum.

— ... onde você aprendeu essa música?

— Foi minha mãe... ela me cantou algumas vezes. Não é bonita?

— ... sim.

— Então, vou cantar mais uma vez, durma bem.

— Certo.

Eu vou ver, você crescer, você viver.

A voz era extremamente suave e doce.

E eu sei, que vai, cantar e dançar.

Como se fosse o motivo para o fim de tudo de ruim.

E eu vou assistir, você ser feliz.

A razão de toda paz.

Hum, hum hum, hum, hum hum.

Aquela foi uma noite tranquila de sono.



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