Volume 1
Capítulo 7 : O aniversário do Príncipe de Rubis (2).
Enquanto os adultos conversavam, Yutyssia, ainda assustada com a voz dos adultos, notou alguém competindo com ela seu espaço com a Mirai. Ela olhou nos olhos da competidora, mas com essa misera troca com a princesa Iris, uma amizade transcendental havia sido formada.
Aceitando a nova integrante ao grupo de pessoas tímidas e desesperadas facilmente precisando do carinho, amor e atenção da Mirai (nome interno não oficial atual), ela a ajudou a conseguir um espaço.
— De toda forma, Sara, quanto tempo ela teve para se preparar para dançar?
A rainha apontava para Yutyssia, nem se importando com a dança da real filha da Sara, ou como sua filha e a garota pareciam se entender tão profundamente nesse momento.
— Cerca de um mês podemos dizer até onde eu sei, mas minha filha treino e até usou magia para treinar mais do que aguentava, só para hoje e mesmo assim...
— Seria possível ela ter um dom magico para dança?
— Hum... não.
— Bom, senhorita Yutyssia, você já está mais calma?
Virando sua atenção para a rainha, a garota respirou fundo e com confiança disse:
— Sim-não.
— Fufufu, sim-não... muito bem, deixarei para um outro dia então. Bom, não se importe muito comigo, queria conversar com a Sara, por favor se deem bem com minha filha a princesa Iris.
— A o que? Quem?
— Princesa, Iris, minha, filha. — apontando gentilmente para a suposta entendida da Yutyssia.
Com um genuíno olhar desesperado para o animalzinho atrás da proteção, Yutyssia mantem o olhar por um tempo. Entendimento, confiança absoluta, classes e posições sociais não importavam mais absolutamente nada, ela a entendia e ela a compreendia.
— Deixe com a Mirai, ela cuida da gente.
— Permita-me ter tua filha a meus cuidados, rainha, prometo faze-la feliz.
— Irmãzona Mirai — a princesa tinha um olhar genuíno de admiração.
Ainda na mesa das famílias Safira e Rosário, Safim olhava sua irmã sendo agarrada por duas mulheres e se perguntava mentalmente: “ Ela é um galã de cinema? Aproposito, o que tá acontecendo ali? ” Seu pai põe a mão no ombro do filho em consolo.
— É, assim como tua mãe é mais homem do que eu, a sua irmã supera sua mãe, ou seja, você é a maior mulher da casa.
O filho estava confuso com a afirmação, mas não falou nada. Ele apenas focou na frase “você é a maior mulher da casa” sendo ele um homem. Enquanto perdido em confusão, na mesa da família real o clima tinha enfim se acalmado.
A princesinha tinha feito de trono o colo da Mirai, a única resposta foi um cafuné duplo da Musa do cabelo rosa e do Anjo da Guarda do cabelo azul, as três tinham se tornado amigas graças a um medo unindo duas covardes e uma garota travessa.
O poderoso Rei e a matriarca da família Safira, acenaram em satisfação, um plano nunca pronunciado de fazer amigos para a princesinha havia sido um sucesso. Não havia brigas reais entre os dois, eles eram amigos tão próximos que nem telepatia seria tão útil. A Rainha ainda não tinha como imaginar no quanto aqueles dois poderiam ser perigosos juntos se fossem pessoas ruins. Infelizmente, nem tudo foi alegria na mesa da família real.
O aniversariante, o motivo da festa, o primeiro príncipe Rubens Rubi, não estava nada satisfeito com o resultado atual. Ele tinha seu cabelo vermelho rubi preso, e um elegante terno com detalhes em marrom, mas sua cara era o completo desprezo, enquanto se isolava em pensamentos.
“ Uma garota, membro de nada, covarde, incapaz de fazer uma apresentação descente, roubou a atenção da festa... e festa acabou estragada por ela. Ninguém acabou falando comigo, começaram me ignorar e não paravam e só falavam dela. Bela dança? Foda-se! Essa maldita Yutyssia é idêntica a essa garota... ela ainda está fazendo uma convidada da mãe de trono... bom depois da conversa da Sara com o pai... ok, Iris, não tem nenhuma culpa hoje. Aliás, o que essa garota como trono tem na cabeça? Ela não tem orgulho como realeza? Isso vai ser a primeira princesa da próxima era? O futuro está realmente seguro com isso daí? Ela nem é digna da posição.
— Filho — o rei tinha se aproximado para cochichar, sem chamar atenção. — Não tenho certeza do seu pensamento, mas te aviso duas coisas, um, aquela mulher a Sara, não é algo que se irrita e se sai vivo. Dois, nós não somos Reis e nem Rainhas, somos apenas um enfeite público, mesmo tendo metade do poder do reino nas famílias “reais”, isso é peso e dívida, não um privilégio.
— Sim, pai... — o garoto estava ainda mais irritado.
— Irmão, você não quer ir para outro lugar? — seu pequeno irmão tentava ajudar a melhorar o ânimo.
O príncipe olhava para seu irmão, ele tinha praticamente a idade daquelas duas, nesse momento até isso o irritou. Mesmo sabendo do quão diferente era seu irmão com a saúde muito debilitada.
— Certo, vamos dar uma volta, Rafa — dando apenas um breve aceno ele se levantou e estava andando, mas para sair ele passaria perto das 3 garotas.
— Irmãzona Mirai, Irmãzona Yuty, isso é gostoso... — a princesa que recebia das duas um cafuné. — Só mais um pouquinho por favor, por favor.
— Ok — enquanto concordava, Mirai pegava um copo de vidro com suco. — Deixa só eu beber um pouco do suco.
“ Agindo toda fofa com quem acabou literalmente de conhecer, esqueça ela é a maior vergonha da família nesse momento. ”
Rubens estava passando do lado das garotas. Yutyssia apoiada na cadeira da Mirai, Iris no colo da garota, tudo em uma única cadeira.
“ Hum... será que elas sabem como cadeiras são fracas? ”
Sara estava distraída conversando com Akas e Rurius. As garotas nem sequer devem ter notado em algum momento sua presença. Seu irmão olhava os arredores pensando onde seria bom ir. Era um ótimo momento.
Iris se mexia no colo da garota, derrubando o copo no chão quando a garota bebia. Enquanto o copo caia o garoto chutou a perna da cadeira quase sem magia. A cadeira trincou e rapidamente quebrou. A garota cairia no chão em cima da garota. Sua amiga cairia em cima das duas logo em sequência.
Era inevitável a queda. O acidente acabaria com duas garotas em cima da menina ainda menor no copo estilhaçado no chão. Não tinha tempo para usar qualquer magia e evitar aquilo, ela apenas tentou girar o corpo para ficar no lugar da menor. Naquela posição enquanto caia, ela viu garoto com um olhar satisfeito.
Naquele momento brevemente antes da queda acabar, tudo no mundo havia sumido, mais uma vez veria algum futuro.
Seus braços doíam, seu corpo estava exausto, dolorido, uma vontade de vomitar extremamente forte a dominava e o ar era nojento. Ela apenas via, uma mulher adulta, com o mesmo cabelo dela, mas não tinha seu tamanho. Ela estava amarada e despida.
“ ...isso é eu? ”
Seu braço estava apertando, onde existia uma corda na mulher. Suas unhas a incomodavam pois não sentia elas mesmo vendo e tendo elas, enquanto a mulher não tinha unha. Seu cabeça doía e a mulher era quase sem cabelo. Enquanto olhava cada lugar com dor no seu corpo, no corpo da mulher havia um vermelho ou roxo.
Uma pessoa entrou na cela. Era alguém com o cabelo vermelho como o rubi e olhos marrons. Ele tinha um sorriso perverso e cruel, mas o mais surpreendente era o medo que ela sentia dele.
— Olá minha querida Mirai, aqui é o seu fa-vo-ri-to Rubens! Sentiu minha falta vagabunda?
Não havia nenhuma força na Mirai amarrada, um sentimento nojento, uma ânsia de vomito. Ela queria se matar. Era a melhor opção naquele momento para ela, era melhor morrer, viver não era bom, não era algo agradável, não era justo estar viva, não era ruim a morte, ela era melhor agora.
— Es-tá na ho-ra fa-vo-ri-ta do dia seeeeuuuuuu...
Foi a primeira vez daquela visão, ela tinha se visto juntar forças suficientes para se mexer, mas apenas o desejo da fuga a preencheu e o desespero para se matar se não der. Ela não fez nada além de ver.
— Podem entrar, tá fresco ainda!
Com sua deixa homens entraram um atrás do outro, ela não entendeu porque estavam nus, todos eles possuíam um cabelo que lembrava alguma pedra preciosa diferente, mas a aquela mulher chorou, sem forças para gritar. Lagrimas caiam da garota sem nem mesmo entender.
Por algum motivo ela estava encolhida no canto se arrastando com todas as forças o mais longe possível, mas não podia se afastar muito da cena. Estava a apenas 5 metros. Ela entenderia tudo se a razão deixasse. Se não entender, sentiria. O porquê da falta das roupas dos homens. Sem olhar para a cena, sentiu algo dentro dela.
“ O-o-o-o que está acontecendo?! ”
Tendo olhado para cima sua mente não processava nada. Ela podia ver e sentir, mas ainda não entendia nada. Em algum momento viu sua boca, sem nenhum dente. Sua cabeça se recusou a permanecer erguida. Suas mãos forçavam suas orelhas, sangue saia dali, mas ela apenas aumentava a força. Ela se cobriu numa tempestade de ar.
“ NÃO OUSSO NADA! NÃO OUSSO NADA! NÃO OUSSO NADA! ”
Aquilo continuava.
“ NÃO OUSSO NADA! I-ISSO VAI ACABAR! VAI ACABAR LOGO! ”
Aquilo não parou.
“ ACABA LOGO! ACABA LOGO! ACABA LOGO! ”
Aquilo iria até o fim.
“ AAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!! ”
A magia deixava seu corpo junto dos gritos.
Em algum momento, ela retornou para a queda. Sua mente não pensava em nada, estava esgotada, sem mana, apenas um instinto mandando se segurar a dominava. Um leve som do copo quebrado surgiu e foi abafado pelo som da queda das 3 garotas.
— MIRAI!
— IRMAZONA MIRAI!
Os adultos olharam para a direção do grito. Existia 3 garotas no chão, uma poça de sangue crescia em baixo das garotas e um garoto parecia feliz com o resultado.
— EU MATO ESSE MULEKE!
Sara era a verdadeira presença do ódio. Sem saber mais o significado das palavras ela arremessou uma lamina de fogo precisamente na cabeça do primeiro príncipe. O rei fez uma muralha com fogo azul para proteger o garoto e o separar daquela mulher.
— RUBENS! O QUE VOCÊ FEZ?!
— D-do do que você está falando?
A tempestade chamou atenção da festa inteira. Ao longe a família Safira e Rosário estava preocupada, ambos os pais controlaram a situação. Somente os pais mantinham o olhar, estranhamente calmos com a situação.
As duas garotas acordadas da queda não olharam em nenhum momento para a magia do seu lado, elas encaravam o corpo caído no chão, com a boca aberta e a mão tremendo.
Enquanto isso o sangue da cena era a única coisa refletida nos olhos, nenhum som parecia ter significado. Elas só se mexeram o suficiente para segurar as roupas do corpo ensanguentado.
— QUER MORRER MULEKE?! OLHA O QUE VOCÊ FEZ!
— E-e-e-eu —
A frase nunca terminou. A aquela coisa olhava diretamente para os olhos da criança. Era para ser impossível isso, as chamas eram fortes, mas não havia a duvidas aquela massa de ódio sabia exatamente onde ele estava. Aquilo cruzaria o fogo sem dificuldades para mata-lo.
Um toque no ombro do garoto e uma luz como parede na sua frente.
— Nunca tire uma vida na minha frente.
A mão aliviou um pouco o medo. Olhando para o dono, era um homem vestido de branco, lembrava um médico ainda em serviço. O rosto não era nem perto da empatia, mas pelo menos protegia ele da morte.
— Gostaria que na minha presença, ninguém matasse ninguém.
Uma luz saia da mão do médico e parava no corpo da garota caída. Aos poucos as sombras tiravam o corpo da garotinha do chão. Suficiente para os cacos de vidro caiarem do corpo aos poucos. As sombras tiravam cada caco dos ferimentos da menina, enquanto a luz cicatrizava as feridas antes do sangue cair.
— White?
— Sara, despois dessa oscilação magica tão grande... se acalme, ela não corre nenhum risco de vida.
Com uma conversa de gestos, os guardas começaram a pedir para as pessoas se retirassem, mantendo apenas a família Safira, Rosário e Rubi. O olhar do médico nunca deixou a inconsciente da Mirai, o príncipe se afastou da cena do próprio crime.
— Clara, cuide das crianças.
— Sim, senhor.
Como se tivesse saído das sombras uma mulher completamente de preto anda até as crianças. Calmamente, ela envolveu as garotas em sombras, separando o ambiente das garotas da discussão prestes a acontecer.
— Garotas, vocês podem deixar a tia aqui cuidar dela um pouquinho? Prometo devolver ela saudável.
Os olhos das garotas tremiam, elas viraram o rosto na direção da voz, a menor já estava chorando enquanto falava.
— A irmãzona vai voltar à normal? Tia, ela vai, não é? Não é? Diz que vai?!
— A Mirai não vai ter aquele olhar quando acorda, né? Né?
— Como assim? Antes dela cair aconteceu algo?
— Pouco antes de bater, ela ficou fria muito fria mesmo! Ela estava tremendo, muito diferente do toque dela de antes, quando era confortável!
— Ela tinha ficado branca enquanto caia — Yutyssia forçava em si mesma a calma para falar.
— Certo, obrigado por me dizerem isso, falto mais alguma coisa?
— Ela era boa em cafuné, ela sniff vai voltar a fazer cafuné como antes, não vai?
A pequena princesinha estava tremendo enquanto chorava, mas não muito depois das lagrimas saírem dos olhos elas evaporavam.
— Ela não vai ficar, assim para sempre, não é?
A outra não conseguia manter mais a falsa calma, ela começou a chorar em silencio olhando para enfermeira, esperando sua resposta.
— Não se preocupem, podem confiar em mim, ela só vai dormir por umas horas.
Com a deixa da enfermeira, as duas saíram da garota. Clara, a enfermeira, se levantou e olhou seriamente ao príncipe. Em um segundo, ele estava envolvido em sombras quase como uma pessoa presa por correntes.
— Ele queria fazer isso porque a garota ali chamou atenção.
— Tratamento. Duração. Punição.
A criatura era incapaz de fazer frases compostas, era o limite da razão e autocontrole. Akas tinha se levantado e correu até o segundo príncipe e o cobriu em um abraço, ela não conseguiria protege-lo se estourasse uma briga combate, mas ela se recusava deixa-lo. Enquanto a mãe corria o médico apenas calmamente respondia Sara.
— Sinceramente? A garotinha só vai dormi e acabou. Dá umas 5 horas e acabou, mas quanto ao garoto eu aprovo uma boa punição, se ela caísse errado, era morte.
O ódio diminui, sua filha estava em um estado apenas dormente.
— ...ela... ok.
— Obrigado pela consideração — o médico sorria agradecido, enquanto a mulher recuperava a compostura.
— Então... eu não vou desmembrar essa coisa parecido com um humano... curiosamente ainda vivo...
Toda a magia da Sara foi desfeita, nada poderia ser mais efetivo contra ela além do médico e suas palavras. O maior médico, White, conhecido no mundo todo, se ele falar para algum paciente “impossível”, era realmente impossível salvar a pessoa.
— Deixem as 3 garotas juntas isso vai acalmar as pequenas. Quanto ao garoto, talvez usamos a lei da pedra falsa? Digo foi quase a morte da garota.
— ...por hora, vamos levar essas garotas para um quarto e descansarem temos quartos vagos para isso — o rei com uma mão no rosto falava. — Quanto a nós, vamos para outro lugar conversar com calma, não é agradável debater com esse cheiro do sangue.