Volume 1

Capítulo 3 : 10° Aniversario de Safim (2).

Todo o aniversario foi tranquilo. Enquanto os garotos brincavam de pega, Karen acabou torcendo o tornozelo. A família Safira vendo o problema insistiu para a família Rosário ficasse em sua casa aquela noite, uma ideia aprovada por ambas as filhas.

Helena aceitou a proposta porque Matheus e Recardo estavam dormindo no meio da sala de estar com uma das pilhas de garrafas alcóolicas do lado. Tinham outras pessoas na cena, mas ela se negou a permitir seus filhos verem a cena.

As mulheres foram tomar banho juntas. O banheiro parecia com uma casa de banho. Mirai e Sara acabaram começando uma guerra de jogar água morna uma na outra em algum momento. Enquanto a guerra acontecia, Helena observou sua filha entrando na guerra. Agora ela era a única em um canto do banho, sem fazer nada, apenas suspirando com o trio da mesma idade mental.

Na saída do banho enquanto todas secavam o cabelo, Mirai pediu rapidamente para entregarem vários conjuntos dos diversos pijamas dela, com sorriso brincalhão no rosto ela foi com a pilha na mão até a amiga.

— Aqui! Para você Yutyssia, qual prefere?

— Oi? Eu devo escolher?

— É mais fácil dormir assim, não é?

— Sim... esse então. — ele pegava um pijama rosa.

— Minha filhinha é um anjinho.

Uma mãe abraça sua filha por traz ambas ainda nuas e começam a esfregar seus rostos, Mirai derruba os pijamas no chão.

— Hehe, mamãe, hehe, temos visita hoje mamãe e você está me molhando com o cabelo! Eu tinha me secado mamãe!

— É só amor, não é nada digno de vergonha.

— Ok, mas seca o cabelo antes do amor... deixa eu me secar de novo e me vestir mamãe.

— Ta bom, ela não é um anjinho? — Sara dava uma cotovelada em Helena enquanto se orgulhava.

— De fato, seu filho falta um pouco do toque da delicadeza, mas também é bom.

— Eu sei, eu queria entender onde ele começou a ficar meio arrogante...

— Senhora, acredito que sejam as amizades dele, mas você não pode força-lo a desfaze-las — uma empregada respondia.

— Hum... me pergunto se é isso...

 

Assim como a Mirai tinha visto no futuro, a história ocorreu exatamente sem mudanças. Quando ela foi dormir ficou apenas pensando sobre tudo o que já aprendeu. Deveria ser impossível ver o futuro, mas ela via, e tudo acontecia da mesma forma garantidamente, precisa e absoluta, nunca viu um único futuro não se cumprindo.

Era até deprimente. Demorou para aprender alguns detalhes do próprio dom. Poderia ver um determinado período do tempo e repeti-lo, mas isso gastaria sua mana e depois de encerrar uma vez a visão, não poderia ver novamente esse futuro.

O problema sempre foi um, se algo ruim acontecia nas visões, ela sentiria a mesma dor e sofrimento da visão como se vivenciasse o ato e o pior, vivenciaria novamente mais tarde a dor em sua pele.

Após o aniversário, ambas as famílias acabaram se tornando mais próximas. Yutyssia estava junto da Mirai a maior parte do tempo, elas brincavam e conversavam o dia todo quando se viam, as vezes acompanhava a amiga em suas aulas.

 

 

Dias mais trade, um convite havia chegado para a família Safira. O aniversário do primeiro príncipe de Rubi e seus 8 anos, o dia seria marcado como sua estreia como membro da realeza. Era permitido um convidado por pessoa e por conta do convite mais os pedidos da Mirai e do Recardo para trazerem a família rosário, as aulas com Frederico mudaram um pouco.

— Então uma pergunta para as duas, vocês sabem por que as famílias “reais” são chamadas assim de “realeza” mesmo nos dias atuais, após a revolução de jade 6 eras atrás?

— Não é mais fácil falar 1200 anos atrás?

— Pois a “realeza” tem um sangue diferente? — Yutyssia levava a aula seriamente.

— Explique seu ponto por favor, Yuty.

Enquanto o professor ignorava o comportamento preguiçoso da sua aluna em aulas teóricas, ele olhou para a convidada com uma grande expectativa e muito mais satisfeito ao ver alguém tão dedicado nas aulas.

— É a questão do cabelo como pedra preciosa.

— Hum... não exatamente.

— É por questões da afinidade única garantida para todos os membros e a possibilidade da dupla manipulação dos elementos.

— Para terminar o ponto da preguiçosa, membros da “realeza” não podem ter filhos entre si, além disso vocês se lembram de como reconhecer a magia das pessoas?

— Normalmente apenas a cor dos olhos, uma tendência ao vermelho e laranja é fogo, azul é água, verde ao branco normalmente é ar, amarelo ao branco normalmente é luz, preto a roxo é sombras, marrom é terra e é impossível ter olhos com duas cores — Mirai respondia.

— Não exatamente impossível. O último ponto fazendo da “realeza” a “realeza” é a pureza dos seus membros. Garantidamente ou eles usam um elemento ou usam dois, não existem outras opções, mas é possível uma pessoa nascer com olhos diferentes. No final, só existe um caso e é chamado como cria demoníaca.

— Cria demoníaca?

Em sintonia as garotas questionam o assunto sem entender, embora uma dela esteja quase se deitando para dormir caso não fosse interessante.

— Embora o termo seja cria demoníaca, entendam que dependendo do uso esse termo é reconhecido como preconceituoso e racista, punível com prisão, mas infelizmente é como as pessoas ficaram acostumadas a chamar esse caso. De toda forma, todas as crias demoníacas têm olhos com todas as 6 cores magicas, 3 cores do lado direito e do esquerdo, sem se repetirem do outro lado. A explicação é teoricamente, correção, elas possuem todas as 6 manipulações mágicas, isso foi comprovado recentemente.

— E por que do nome?

— É, qual o motivo?

— Graças a existência das 6 formas o corpo não é capaz da manipulação dos elementos, isto é, no corpo humano pelo menos. Como todos sabemos as bestas mágicas podem utilizar separada ou unida 3 elementos ou até mesmo 4 sem muitos problemas, existem também raros registros do uso simultâneo dos 5 elementos e em lendas, algumas bestas tiveram 6 elementos, no caso os demônios. No fim é considerado o limite absoluto humano o uso dos meros 2 elementos no máximo.

— Professor.

— Diga preguiçosa.

— Por que estamos vendo isso?

— Porque hoje o tema é da família real, como sabemos a monarquia já acabou na era de ametista a 6 gerações atrás, mas vocês sabem por que ainda existe família “real” embora todas as formas da nobreza tenham deixado de existir?

— Não...

— Tem algo a ver com a revolução ter sido feito pela própria “realeza” de jade?

— Um pouco, serei mais preciso:

Cerca de 1200 anos atrás o mundo estava na chamada era das revoluções. Membros da realeza e da “realeza” de todos os reinos do mundo foram sentenciadas a morte. Temendo a morte, as famílias do Reino de Janfor, liderados pela família de jade, propuseram um fim a monarquia, criando o atual esquema do governo.

Obviamente se fosse só isso não teria recebido o nome de Revolta de Jade, embora o Rei de Ametista da época aprovou o fim da monarquia e a colocação da realeza como forma meramente simbólica, com o implemento do Parlamento Meio-Real. Segundo ele, metade dos membros que governam o reino seriam membros de todas as famílias “reais”, um fato irrecusável dele, enquanto a outra metade seriam pessoas do povo escolhidas pelo povo para tomar medidas.

— E a parte da revolta? — Mirai ajeitava o local para dormir em pouco tempo. — Até aí, eles só fizeram acordos e estava tudo certo, né mesmo prof.?

— Bom os fatos eram os seguintes:

O príncipe de Ametista foi contra a reforma e liderou um exército contra a reforma do poder. Ironicamente o segundo em comando, tanto da reforma quanto contra a reforma, eram membros da família Safira.

Enquanto terminava a leitura do conteúdo do livro com suas próprias anotações, o professor olhou para a garota já deitada quase dormindo.

— O fato é, lembram da festa que ambas irão juntas daqui alguns dias? Ela existe, pois, a realeza era apresentada para sociedade aos 8 anos, mas não se enganem a “realeza” não tem poder anterior e o título de Rei, Rainha, etc. é dado apenas por questões dos ciclos de 200 anos do calendário e formalidades artísticas.

A garota fechou os olhos pacificamente.

— Mirai, no fim da era de Rubi você será uma princesa e como membro da “realeza” você é imposta a ser membro do exército ou política, em último caso, faça algo realmente notável para poder sair desse destino.

— Certo... — sem energia, a garota estava deitada enquanto respondia.

— Eu vou poder ser amiga da princesa? Independentemente do que acontecer?

— Mas é claro, será um decreto real contra quem for contra tal fato — sua resposta estava em um tom sério como fato inquestionável.

— Você não tem esse poder sua besta “real”.

— Professor!

— Já não basta seu irmão?

— É, concordo...

— De toda forma nosso calendário de 5 meses e 73 dias, só muda a cada 200 anos quando for mudada uma era e a mudança é apenas o nome. Aproposito vocês sabem o que é a Lei da Pedra Falsa?

— Tem a ver com a revolução?

— Não é a que faz alguns servos como servos?

— Sendo preciso é a lei que poupou famílias reais dos outros reinos da execução quando chegaram aqui. Prometendo a lealdade a outras famílias, condenando ramos dos membros da família contrarias a revolução e ou, atualmente, cometem grandes crimes com outra família “real”. Tal é a Lei da Pedra Falsa. Entendeu, Mirai?

— Sim, mais alguma coisa antes do dia da festa para aprendermos?

— Você ficará sem minhas aulas por um tempo, para praticar dança. Etiqueta você é ótima quando chega a hora e a necessidade, mas você não é muito boa ainda na dança... como membro da “realeza” melhore em dança e etiqueta, no mínimo. Você acha inútil a aula de dança? Bom, eu também acho, mas é como são as coisas, as pessoas não param esses velhos costumes. E senhorita Yuty, a Dama Sara permitiu acompanhar a Senhorita Mirai nas aulas, será muito bom caso queira continuar ao lado dela, dado as formalidades dos eventos.

— É difícil aprender todas as danças...

— Eu vou aprender todas?

— Apenas uma ou duas basta.

— Certo.

— Vamos lá Yuty!

 

As duas garotas se despedem do professor, enquanto andam para outro cômodo dançarem juntas. Durante a aula, Yutyssia facilmente superou a Mirai, principalmente quando a outra se importava apenas em se divertir fazendo a parte masculina da dança com a amiga ao invés do seu próprio papel da dança.

A aula aos poucos se tornava apenas numa brincadeira onde uma dupla sorri abertamente ao som da música. Uma professora de dança insatisfeita com os resultados reclama abertamente: “ não era para ser assim ”, mas está satisfeita em segredo ao ver as duas se divertindo tanto enquanto dançam.

Era um azul cheio de energia brilhante e um delicado rosa gentil, uma harmonia vinda do equilíbrio das suas personalidades, do sorriso travesso da muleka com o da tímida menina.

Aos poucos as pessoas não sabem mais quem era a jovem dama deles, quem era para aprender a dançar e melhorar na dança. Todos olham com alegria e suspiram. Simples e direta satisfação.

Quando a dança acaba, ao invés da bronca pelos erros da jovem dama, há apenas o incentivo para continuar. Tudo era educado, era calmo, era sincero. Era apenas um pedido por mais, mais dessa dança, mais desse sorriso, mais e mais dessa tímida menina, aquela bela bailarina.

O desejo de todos é apenas um pedido simples, nada demais. A noite chega, é o fim da dança, era o fim da primeira vez da garota dançando, ela achava tudo divertido, mas os olhos dos funcionários eram estranhos, um brilho no olhar deles trouxe um leve frio na espinha.

A atenção na garota era genuína, as vozes pedem para continuar e o frio parecia apenas aumentar. Estava parada, seu braço treme, sua respiração aumenta, o suor escorre do seu corpo cada vez mais. Os olhos pareciam olhar para dentro dela, cada parte, cada detalhe, cada gesto, cada movimento enquanto pediam mais.

— ... vamos parar Yuty... e vocês, estão dispensados. Agora mesmo, saiam daqui.

A garota fala de forma doce e calma, quase como um sussurro apaixonado trocado entre amantes, mas assim como foi gentil, foi ao cruel logo em seguida. Foi a primeira vez dos criados ouvindo palavras tão frias daquela garota, eles abaixam a cabeça, recuam um passo e se negam a pedir perdão em palavras. Após uma reverencia tremida, eles saem com passos rápidos do lugar envergonhados.

 Um único pensamento passa na cabeça dos servos ao saírem, o rosto da Matriarca da casa Safira. Ninguém era capaz de lembrar do rosto atual da mãe amável, é a memória do monstro do passado. Quando finalmente longe do lugar, olham para traz onde estaria a sala do treino e juram não fazer a mesma coisa, enquanto lembraram do simples ditado: “A filha de um monstro é sempre um monstro. ”



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