Negociar para Não Morrer Brasileira

Autor(a): Lágrima Negra


Volume 1

Capítulo 20 : Até a Ignorância, Possui seu Valor (2).

Recardo e Matheus estavam dentro numa sala com um galão e uma mochila enorme. Eles derramavam o liquido do galão no quarto e ao jogar o pó da mochila o local se tornava seco, sem nenhuma marca do combustível utilizado.

— Tem certeza que precisamos levar a mansão inteira e não apenas a região onde estão as pessoas? — Matheus perguntava.

— Primeiro, ninguém vai querer morar numa mansão onde rolo um incêndio, principalmente um durante uma chuva, segundo, você nem vai morar mais aqui está se preocupando em perder o que? Terceiro faltam poucos quartos pa—

Recardo havia bruscamente virado o pescoço para o corredor. A porta estava aberta, não havia ninguém na entrada. A única coisa visível era uma janela grande de vidro temperado e uma forte chuva.

— Hum? O que aconteceu?

— Matheus, cala a boca.

Através da porta ele podia ver a chuva, os raios pareciam ter aumentado em frequência naquele momento, Recardo prepara uma estaca de luz, quando o vento bate à porta e fecha a sala.

— ...aconteceu al—

— Eu disse, cala a boca, Matheus.

Havia apenas a luz da própria estaca. Ele se concentrava para sentira magia. Não podia notar nada anormal no lugar.

O movimento da magia era comum, mas sua intuição avisava algo.

Era ele e seu parceiro, mas sua intuição ainda avisava algo.

Os galões e as mochilas reservas estavam intocados, mas a intuição gritava algo.

Tentando manter a calma, respirou fundo.

“ HUM?! ”

— MATHEUS! CRIA AR AGORA!

— O QUE?! — desesperadamente obedeceu a ordem enquanto respondia. — EU NÃO TO CONSEGUINDO?!

— SE CONSENTRA DIREITO!

A magia de luz do Recardo havia se desfeito. Ele ouviu um pequeno barulho, em algum momento havia uma caixa de fosforo perto do combustível. Pelo canto do olho viu o fosforo se esfregando na lateral da caixa próximo do combustível.

“ MERDA É RAFRIST! ”

A explosão envolveu os dois, uma enorme reação em cadeia começo a acontecer e várias regiões da mansão começaram a explodir sucessivamente.

“ Merda, os 5 segundos já passaram para o Matheus, ele salvou meu pai ainda. ”

Com o corpo queimado mal protegido por uma camada de ar, Recardo observou seu parceiro intacto por uma barreira de ar. O quarto estava destruído e queimando na chuva junto com uma parte da mansão.

Os raios nunca esconderiam os barulhos das explosões, todos acordariam e procurariam por abrigo, pior todos poderiam procurar por ele os alvos poderiam procurar outro lugar mais seguro.

O plano tinha praticamente falhado, não teriam pego as crianças ou o rei e a rainha, somente um golpe suicida poderia completar tudo agora, mas primeiro tinha que chegar vivo até os alvos.

“ DROGA QUEM FARIA TUDO ISSO?! ”

Ele ouviu um estar de língua, vindo de um pedaço da parede razoavelmente grande. Sem pensar muito ele enfim recuperou sua concentração a jogou estacas de luz na parede facilmente atravessando.

Saindo do esconderijo ele viu, o responsável estava com o braço esquerdo esticado na direção dele com a mão voltada para cima, todo o ar da região junto da chuva estavam rotacionando para aquele lugar destruído como se fosse o foco de uma tempestade, aquela pessoa foi sua filha.

AQUELA VAGABUNDA! EU VO MATAR ESSA COISA! ”

Ela estava correndo para cima dele em diagonal, sem mostrar seu lado direito. Ele atirou duas estacas precisamente no centro da cabeça dela. A primeira ela esquivou com seu movimento. O segundo bloqueou com uma espada de gelo, a lamina trincou.

Um golpe com a espada, ele ainda estava ferido, apenas reforçou o corpo e usou o braço para quebrar a espada bloqueando o golpe. O gelo não resistiu, mas dentro do gelo havia uma espada de verdade e por apenas um fio evitou um golpe mortal. Seu braço esquerdo foi decepado no processo, mesmo assim com o braço direito conjurou uma lamina de luz e tentou cortar a cabeça dela, apenas cortando o olho direito dela.

— AAAAAA!!!! VADIAAAAA!!!!

Tem medo da morte? Pai ridículo.

— ATRAZ!

Na sua frente estava a garota com um olho cortando e cauterizado pela luz, mas ela nem ameaçava ter um grito ou incomodo na situação. Seguindo o conselho ele olhou para traz somente para ver uma parte da roseira voando em sua direção. Uma rajada de ar o empurrou para a roseira, com o canto dos olhos ele viu a garota voando para longe.

“ ELA FEZ TUDO ISSO?! ”

“ O QUE EU FAÇO?! EU AJUDO ELE? OU AJUDO ELA? ”

“ Xeque-mate pai. ”

Ele criou uma explosão de luz para cegar o ambiente, sem para lançava estacas para prender a roseira, suas raízes foram para de baixo da terra, mas foi inútil para-la naquele momento, ela alcançou sua perna direita. Sem hesitação ele cortou a perna para sair. As raízes da planta ficaram embaixo da terra parando o avanço momentaneamente e seus olhos viam a planta sugando sua magia gerando rosas amarelas.

A garota foi pega de surpresa pela luz não poderia ver nada, mas ela sentia uma grande quantidade de magia formando algo, sem conseguir ver onde apontava só única esperança seria se jogar aleatoriamente.

“ A DROGA EU REALMENTE VO FAZER ISSO! ”

Matheus quebrou a concentração do homem enquanto o atacava a distância.

— TRAIDOR!

“ Ótimo ele realmente vai me ajudar. ”

Recardo se curava com magia, sua aparência não lembrava mais uma pessoa, o braço e a perna perdidos não poderiam voltar agora. Matheus tinha um dos olhos fechado e o outro brilhava uma lente preta.

— VOCÊ NUNCA OUVIU FALAR EM GRATIDÃO?!

— A E VOCÊ EM SUPERAÇÃO?!

A luta se transformou em um bizarro 2 contra 1 e 1 planta contra todos. Um homem sem braço criou uma perna com a luz para se apoiar em duas pernas, do outro lado uma garota recuperava sua visão enquanto um homem se aproximava dela.

— EU MATOVOCÊS!

— Consegue mata-lo?

— Eu queria é saber por que você quer mata-lo?

Enquanto falava o homem criava laminas com o ar para atacar, sem responder a garota o acompanhava nos golpes.

— Acha mesmo que isso é dúvida para agora Matheus?

O sangue do homem era derramado, pouco a pouco, a roseira respondendo ao sangue tenta avançar na sua vítima.

— Então me diz como você não está gritando por perder um olho?

Recardo precisava atacar, defender e afastar ao mesmo tempo.

— Anestesia.

Recardo parou de se defender. Ele recebeu diretamente um golpe do outro homem e seu braço direito foi cortado com isso.

“ MERDA ELE VAI — ”

Uma linha dividiu Matheus. A luz não teve resistência nenhuma. O homem caiu no chão seu rosto apenas olhava para seu antigo parceiro. Um brilho amarelo doentio vinha dos olhos.

“...não morram ...Helena, Karen e Yutyssia... me desculpem se por... acaso descobrirem. Quem... sabe poderia ser diferente? ”

Sua mente lutava para se manter, mas tudo perdia suas cores. Não teria direito a último golpe, a roseira o alcançaria. Flores verdes começaram a crescer, os movimentos da roseira pararam para focar apenas naquele cadáver. Agora era só 1 contra 1, um assassino e uma criança, um “pai” e uma “filha”.

— Podemos nos apressar?

Era uma pessoa sem dois braços, uma única perna inteira, a outra era uma prótese improvisada com magia, suas roupas estavam completamente destruídas e rasgadas, mas mesmo com um corpo destruído, não havia um corte no corpo dele. Era um corpo com partes faltando, mas tudo estava liso e limpo.

— ...quando você aprendeu a lutar assim?

— A professora.

— Ela te ensinou a cometer suicídio então?

— Por quê?

— Lutar contra aguem várias vezes mais forte não é diferente do suicídio.

— Então por que perdeu um braço? E por que você se gaba da vivo quando foi salvo por quem você acabou de matar? Era gratidão que você perguntou se ele sabia o nome, né?

— 20 anos, um casamento e dois filhos, você sequer sabe o que é 10 anos? Você nem viveu uma década.

“ Eu sei o que é muito bem. ”

— O importante agora, não é te ver morto?

— Quem diria, pensamos iguais.

O corpo mal conseguia criar magia para atacar, os golpes definitivamente estavam mais fracos, sem os braços circular a magia era muito mais complicado. A troca não parava, agarota ataca com ar enquanto os raios pareciam estar caindo cada vez mais próximo dos dois.

 A garota também ficava mais fraca, sua mente estava quase esgotada naquele momento. Ela decide arremessar a espada nele numa tentativa dela se prender no corpo, mas com suas feridas crescendo aos poucos dos golpes não foi possível arremessar direito.

“ IDIOTA! ”

“ Correndo para cima? ”

Ele corria para a garota, a espada ficou para trás no chão.

“ EU VO CHUTAR ESSA SUA CAB — ”

Um enorme som ensurdecedor, luz e energia no lugar. Um raio havia caído na espada não muito longe dos dois. A garota estava atordoada pela luz e o som naquele momento, mas inteira por poucos centímetros voava do chão. Sua única chance, eletricidade cobria várias partes do corpo do seu pai, ela se recupero o mais rápido possível, tentou o mais rápido possível corta-lo.

Ela conseguia ver, toda chuva caindo em câmera lenta, sua concentração naquele momento via o caminho completo da sua magia de ar, era completamente estável, como se fosse conjurada calmamente, ela o cortaria verticalmente. A lamina descia para matar, mas o homem deu um passo para o lado e a lamina pegou o ombro.

Ainda foi um acerto, foi só continuar pois seria um ferimento mortal. Sentido a lamina atravessar cada fibra do corpo, o sangue começando a sair e a lamina parar. Ficou presa entre o ombro e o pescoço dele onde estaria o osso.

O corpo tinha um olhar demoníaco, uma criatura semelhante ao um ser um humano, sem braços, sem uma perna e com uma artéria claramente corta. Aquilo era o seu “pai”. Um chute no estomago da garota, seus ossos foram quebrados, sangue voava da sua boca, vários dos seus órgãos devem ter sido perfurados pôr seus ossos.

O homem olhava a menina.

— VOCÊ!

A garota deu um sorriso, apesar do sangue e da dor.

— ...ma...

Seu braço levanto com uma arma.

— ...mãe...

“ SARA?! NÃO! ”

Em todo seu desespero virou o corpo e colocou uma barreira de luz com toda a sua força. A parede foi solida com sua magia brilhava em amarelo e vermelho por dentro.

Sua magia não criaria uma cor naquele estado, deveria ser um puro dourado. Sua visão caiu ele se recusou olhar, mas ele não tinha energia suficiente para enfrentar a gravidade. Uma estaca branca e vermelha o atravessava, o frio do gelo o queimou na dor e congelou o local.

— ...como? Tão... rápido?

— ...elementos compostos... são realmente elementos...

A voz da assassina perdeu sua força, era apenas uma voz fraca agora como a do seu dia a dia normal.

— ...que merda... você está falando?

— ...a realeza como eu... possui 3 núcleos da magia...

Sua resposta era piedosa.

— ...como assim?

— ...é difícil explicar..., mas eu encontrei... esse terceiro circuito...

Sua mente lembrou das visões mortas.

— ...nunca descobriram... algo assim...

— ...essa “filha” sua... é um gênio...

Sua mente lembrava os dias felizes.

— ...maldito monstro...

— ...

Sua última vez levantada nos braços dele.

— ...falso humano...

— ...

Sua última vez ouvindo “eu te amo” do pai.

— ...morra...

— ...

Seu rosto o olhava sem desviar.  

— ...

— ...

Sua face estava molhada pela chuva.

— ...adeus, pai.

 

Tempo se passou, agora abre os olhos com dificuldade, tudo era confuso, mas não sentia dor. Aos poucos conseguia ver direito. Estava em perfeita condição como se nunca tivesse lutado.

Tentando se sentar, viu algumas pessoas olhando para ela acordar, sem entender o porquê.  Aos poucos entendia os sons, podia aos poucos reconhecer as pessoas, as duas garotas e o garoto perto abraçado ela, eram Yuty, Iris e Karen. Um pouco distante estava outro príncipe, Rafa, olhando a cena. Eles não haviam conversado e interagido muito, mas ele parecia aliviado e feliz.

Colocando seu olhar mais para o lado ela podia ver a origem de um som agoniante, dolorido, quebrado e triste. Aos poucos ela viu o Rei e a Rainha próximos a White, o médico estava agachado com as mãos em cima das costas de alguém. Ela demorou um pouco para entender a situação. Entre as pessoas no meio do caminho e o corpo caido do seu Pai, sua mente enfim entendeu.

Aquele corpo mais morto do que vivo do cabelo azul.

Aquele corpo deveria ser belo como uma joia de Safira.

Aquilo deveria ser a costas de uma mulher viva.

Aquela não era a mulher mais forte do reino.

Aquela não era a criatura capaz de matar uma organização em minutos.

Aquela não era a grudenta e pegajosa pessoa que conhecia.

Aquela era a sua mãe, uma mulher que perdeu o marido.

Uma mulher como outra qualquer, apaixonada pelo marido e filhos.

Facilmente choraria com falta da atenção e carência dos filhos e marido.  

Seu mundo pareceria destruído se um arranhão aparecesse na sua família.

E nesse momento, frente ao cadáver do marido.

Ela ouvia sons incompreensíveis de tristeza, sons a muito tempo fora da linguagem humana, apenas puro sofrimento.

Ela era a causa daquele choro, quem matou o marido.

Ela foi a culpada desse estado foi para salvar a si mesmo e a mulher, mas ela nunca contou o porquê, nunca poderia contar o porquê, ela podia muito bem ver a cena, dela falando que matou seu pai, mas sem explicar o porquê.

A culpada estava vendo o resultado das suas ações, para mulher ele era só um marido que a amava e os seus filhos, nunca foi e nunca seria um assassino traidor.

Sua mãe acreditando ser amada até o fim e não que tudo foi uma grande peça de teatro por 20 anos.



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