Negociar para Não Morrer Brasileira

Autor(a): Lágrima Negra


Volume 1

Capítulo 15 : Procurando Soluções (2).

Mirai acordava em mais um dia. Seus servos a acordaram, alguns preparavam suas roupas enquanto outros o seu cabelo.

— Mudem meu penteado, quero ele preso hoje para as aulas.

— Sim.

“ Armas... como eu devo pedir? ”

— Um enfermeiro fará uma pequena vista antes da sua aula a pedido da sua mãe.

— Certo.

“ Passei o dia todo ontem dormindo, era imaginável. ”

Seu cabelo estava preso e suas roupas não eram elegantes. Foi uma simples camisa e calça azul sem detalhes, eram roupas perfeitas para uma caminhada.

— Avisem meus dois professores, quero ambos na aula hoje.

— Sim.

“ Vamos começar juntando os dois, quanto a desculpa... uma teoria? Vamos dizer algo do tipo ‘se meu corpo for mais forte isso deve me ajudar, então me ajudem a treinar meu corpo com exercícios e me ensinem armas. ’ Isso seria suficiente? ”

A vistoria do enfermeiro foi simples, ele aprovou a saída da garota rapidamente. Ela foi tomar café da manhã dessa vez com sua família inteira.

— Meu anjinho! Como vai? Bom dia.

— Bom dia mamãe, onde está o Safim?

— Ele deve ter feito alguma coisa para atrasar... seu pai foi busca-lo.

A palavra pai fez ela tremer, mas sua mãe não percebeu.

— Mamãe.

— Sim?

— Eu posso mandar nos dois professores, correto?

— Não, eles são os professores.

A mulher preparava um copo de leite com café com pouco açúcar e serviu sua filha com ele.

— No sentido eu posso manda-los me ensinar algo em especifico.

— A... se for assim, sim. Deseja aprender algo?

A filha bebia alegremente enquanto com a outra mão pegava um pão com manteiga salgada.

— Quero fortalecer meu corpo e se possível usar armas.

— Hum... armas e fortalecer o corpo...

A mulher pegava geleia e passava no seu pão.

— Não posso?

— Não acredito que vai te ajudar com seus problemas filha, mas sobre a parte das armas, tome cuidado com elas. Diferente do público em geral, você pode realmente criar armas com o gelo.

— Eu sei disso, meus professores não parecem querer muito me ensinar a usar armas, então eu pensei em mandar eles me ensinarem, pois, pode ser algo muito importante para mim no futuro.

— Bom... isso é verdade. Filha, permita te dar dois conselhos sobre armas.

Ela tomou um gole do café enquanto levantava 2 dedos.

— Diga.

— Primeiro, se for usa-las use para autodefesa tanto quanto possível. Existe um ditado sobre “A melhor defesa é o ataque”, mas não saia usando elas para matar pessoas. As coisas serão diferentes se você for atacada, nesse caso tudo bem matar.

Ela começou a mastigar o pão com geleia.

— Mamãe, não pretendo usar armas para matar sem motivos, eu prometo isso.

— Ótimo. Segundo, aprenda com a sua professora, ela é melhor para isso.

— Com ela?

— É, ela inclusive me supera.

— OI?! — a filha estava com olhos arregalados enquanto falava. — Ela te supera?

— Para começar filha, sou focada em manipulação e depois em dominação. Combate físico é literalmente a minha pior área. Bom eu digo isso, mas a sua professora é melhor em dominação depois em manipulação e só então entre o combate físico dela.

— Dominação e manipulação não é a mesma coisa?

— Filha, dominação é pegar o ambiente e usá-lo, manipulação é você criar o ambiente e controla-lo. É praticamente a mesma coisa, mas o princípio difere em você ir para um lugar ou você criar o ambiente... de forma mais simples. Filha, dado onde nós moramos é impossível seu treino para dominação do gelo e o motivo é simples, onde está a neve ou gelo no ambiente?

— Mas não dá para dominar magia de gelo mãe, ela só pode ser criada, eu precisaria ter um núcleo magico capaz de usar o gelo para dominar.

— Se você sabe a diferença, por que me perguntou a diferença?

— Porque na pratica dá o mesmo resultado.

— Não dá o mesmo resultado, tem um gasto maior na magia usar manipulação.

— Certo...

A porta foi aberta, chegava Safim e Recardo para o café da manhã.

— Bom dia de novo querida, bom dia filha.

— Oi de novo querido.

— Bom dia pai...

— Oi mãe, e aí irmã?

— Oi filhinho, dormiu bem?

— Beleza irmão?

— Bom vamos aproveitar esse café da manhã em família.

O café da manhã continuo tranquilamente. Mirai não olhava muito para o próprio pai. Seu irmão sentou do seu lado e conversava com ela, enquanto o pai estava do lado da mãe. Quando tudo terminou a garota foi até sua aula.

 

 

Seus professores estavam sentados numa sala. Frederico estava lendo um livro com uma mão e fazendo anotações com a outra em um caderno. Sua professora dormia numa cadeira com sua máscara.

“ Quanto sono ela tem? ”

— Bom dia.

— Hum? A, bom dia preparada para sua aula?

— Preparada virgula, ela quer alguma coisa...

— Hum?

— É como ela disse, eu mandei ela aparecer aqui hoje.

— A... isso explica muita coisa.

A garota dava de ombros, enquanto a professora tirava a venda para olhar sua aluna. Seus olhos eram um azul extremamente escuro e profundo.

— E? Seu pedido é?

— Quero aprender a usar armas, minha mãe autorizou, então isso não é um pedido, mas sim uma ordem.

— Hum...

— Ok garota, seu professor não gostou da ideia, mas eu quero saber uma coisa antes. Por qual motivo você quer usar armas?

— Simples, não quero morrer.

— Garota me responde com a verdade, não com algo idiota assim.

A mulher suspirava decepcionada com a resposta.

— Eu vou voltar para o meu livro, ela parece motivada para cuidar disso.

— Inversão dos papeis? Bom, como assim minha resposta é idiota?

— Todos os seres vivos possuem 2 desejos. Viver e a paz.

— Me explica os suicidas então.

— Simples, essas pessoas desistiram dos dois desejos e escolheram apenas um. Alguns escolheram apenas a vida e se tornaram loucos atrás da imortalidade, mas isso não vem ao caso. Voltando a questão, qual seu motivo para usar uma arma?

— A minha resposta não é exatamente um desses desejos?

— Você pode usar uma arma para matar alguém, por prazer próprio, mero tédio ou algo mais nobre como salvar alguém.

— Então eu —

— Pensa direito garota, não só repita minhas palavras.

A garota fecha a boca e cruza os braços.

“ ...eu comecei tudo isso por conta da visão, mas nesse ritmo ela não vai me ajudar... então como eu posso responder para ela me ajudar? ”

Ela lembrou do futuro onde seu pai a torturava e não pode fazer nada.

“ Lutar contra as pessoas? ”

Do futuro quando sua mãe e amigas morreram.

“ Salvar alguém? ”

Lembrou do dia a dia com sua mãe.

— Eu quero poder.

Os dias brincando com Yutyssia.

— Poder para...?

E quando conheceu Iris.

— Não quero uma vida ruim, quero poder sorrir tranquilamente...

O futuro onde ela foi presa por Rubens e não era mais como um ser humano.

“ ...mais alguma coisa? ”

Ela seria morta pelo pai no próximo mês.

— ...se eu não puder viver tranquilamente...

“ Me aproximar dele ou me afastar não é uma resposta...”

Ela apertou as mãos enquanto tremia levemente.

“ ...então eu tento... ”

— ...talvez...

“ ...vingança? Ou seria só... sobreviver? ”

— ...quero poder para viver tranquilamente, o suficiente para conseguir isso.

“ ...eu não quero matar... ”

— Hum... por hora nada mal para uma criança. Bom o Frederico adorou a sua resposta então ele deve parar de fingir estar lendo o livro e te ajudar outra hora.

— Hum?

— Cof, cof, eu estou lendo.

— O tosse falsa. Vamos lá então garota, vamos pro primeiro passo antes do uso das armas em combate.

— Certo.

— Flexões, agora, sem magia.

— Oi?

A garota tinha os olhos abertos em confusão.

— Garota, na matemática 100 x 1 é 100, certo? 50 x 3 é 150, certo? Então para usar uma arma direito, é necessário ter um bom corpo físico base para começar.

— Não basta só usar magia para reforçar?

— Não, isso seria o 100 x 1.

— Então eu vou ...

— Vai correr, suar, malhar, sofrer com dores musculares entre outras coisas.

— ...eu não sei se ainda quero aprender...

— Culpe sua preguiça, até hoje sempre esteve apenas em aulas teóricas, manipulação e dominação.

— Foi culpa dele.

A garota apontava para Frederico.

— Minha culpa?

— Desde quando uma criança reconheceria o próprio erro Fred?

— Ele é quem faz as aulas, escolhe o conteúdo, me faz escrever e treinar quando é o dia prático. Ele é culpado no final, não eu.

— Bom ponto, mas você sempre teve o direito para mudar a matéria até certo ponto então invalido.

— Bom eu admito não querer ensinar ela a lutar com armas...

— Ok, se o acusado admite o crime a história é outra.

A garota estava com os braços cruzados em satisfação com a resposta.

— Garota, ter chegado em um culpado não muda em nada a situação sua sabia?

— ...verdade.

— Vai logo começa as flexões.

— Certo...

A menina com dificuldades abaixava e começava as flexões. A professora com o braço cruzado olhava para a aluna enquanto pensava.

“ Ela falou e falou sobre viver, mas no fim ela está um passo à frente do irmão. Sinceramente, o irmão acha que vai morrer a irmã tem certeza, ele se preocupa em como fazer ninguém querer mata-lo e ela está se preparando para matar alguém. ”

A garota caiu no chão após 3 flexões.

— ...só três? Isso vai dar trabalho.

— Professora, o professor está usando magia para me forçar ficar no chão.

— Estou usando ela para aumentar o seu peso.

— Qual o sentido disso então?

— Para você gerar massa existem duas formas aluna idiota. A primeira é através da repetição, mas a segunda é através da destruição e recuperação do seu corpo. Só estou ajudando para o segundo método.

— Bom eu já não tenho forças nos braços, satisfeito?

— Agora, levanta e corre.

— Oi? Eu não tenho força nos braços!

Apenas apontando para cima a garota ficou em pé com a ajuda do professor.

— Corra.

— Ignorante! Isso é demais para alguém culpado!

— Você quer correr contra o vento?

— Vou correr imediatamente.

— ...os dois são realmente bons amigos.

— Imagine se fossemos inimigos.

Ela começava a correr, com um olhar cansado pelo seu treinamento espartano.

 

 

No final daquele dia, faltando pouco tempo para terminar as aulas. Havia uma garota deitada no chão encharcada com o próprio suor, respirando ofegantemente, sem nenhuma força para se levantar e sem nenhuma cor no rosto. Era a Mirai após o treino dela do dia.

— Nada mal garota, conseguiu fazer o mínimo do aquecimento.

A garota só olhava para a professora, sem força para responder. Seus olhos mostravam pânico.

— Garota, isso é o mínimo para um aquecimento. Eu não cheguei a pedir muito, isso é o quão fraco fisicamente você está.

A menina começou a chorar no chão. A porta da sala foi aberta por Yutyssia.

— Mirai eu estou—

Seus olhos alternavam para a garota caída e seus professores.

— Ela travou?

— Pelo jeito, sim.

Ela respirou fundo. Andou até a amiga.

— Manda sua mãe demitir eles.

— Ei, meu emprego — a mulher falava.

As duas estavam se olhando.

— Yuty... eu to sem força, me leva pro banheiro...

— Você consegue tomar banho nesse estado?

— ...me lava?

— ...tudo bem, mas vamos falar com sua mãe sobre demitir eles?

— Ei de novo, tem como não mexer com meu emprego só por que você virou uma empregada dela?

— Yuty, por favor entregue isso para ela — Frederico entregava uma bebida enquanto falava. — Não vai ajudar a se recuperar, mas vai alivia a dor dela. Por favor, não leve ela a um médico, magia vai atrapalhar o desenvolvimento dos músculos nesse momento.

— Por que vocês estão maltratando ela? — ela reclamava enquanto entregava a bebida.

— Ela queria treinamento físico e ele deixou tudo mais difícil, mas agora é bonzinho dando remédio.

— Não maltratem ela.

Yutyssia criou braços com as sombras e levantou a amiga.

— Seu treino está indo muito bem Yuty.

— Só consigo fazer isso durante a tarde e à noite Mirai.

As sombras passaram a apoiar a garota como muletas.

— Mesmo assim isso ajuda bastante, aliás pode ser o estilo princesa?

— ...ok.

Yutyssia carregava a garota no estilo princesa.

— Meu príncipe, boa noite, deseja mais alguma coisa?

— Você parando com as piadas.

— Príncipe sem graça.

— Princesa, eu vou passar a noite aqui.

— Meu príncipe... de novo?

— Sim princesa, e você está fedendo muito.

— Só não me larga no chão... eu não estou conseguindo andar não.

Enquanto a garota era carregada estava tranquilamente balançando as pernas e irritando a amiga.



Comentários