Volume 1
Capítulo 10 : O tempo Cura, ou você Muda (2).
Dia 73 do mês 3 de 182 Rei Rubi, casa dos Safira, Reino de Janfor.
Mirai estava parada em mais uma visão, ela decidiu abrir seus olhos para ver a visão dessa vez. Era noite, apenas uma fraca luz do corredor estava iluminando tudo. A cena era ela conversando com seu irmão.
“ ...irmão? Por que estou vendo ele? ”
Eles estavam rindo juntos. Ela estava com uma calça jeans, uma camisa branca, seu cabelo era muito mais longo, era muito maior e usava uma pulseira no braço. O irmão estava com uma camisa azul e calça jeans, seu cabelo estava curto, era um pouco maior do que ela e provavelmente estava perto dos 20 anos. Ambos sorriam um para o outro.
“ ...a quanto tempo não converso com ele? Eu... estive só vendo a mamãe... a Yuty e a Iris... vamos ver isso logo isso.”
Ela começou a assistir. Foi uma conversa simples e idiota. Seu irmão falava do encontro dele com uma garota. A menina acabou engasgando e vomitando nele. Ela ficou desesperada e tentou limpar ele e isso acabou rasgando uma parte das calças dele. Envergonhado por acabar seminu no encontro, decidiu encerrar as coisas ali mesmo e agora se recusa a olhar aquela garota.
Eles discutiram no meio da conversa os pontos errados dele, riram da bagunça do chamado encontro e até trocaram alguns tapas na cabeça um do outro durante a conversa. Tudo acontecia enquanto andavam para a mesa do jantar, onde a visão parou.
Foi algo realmente simples, foi só mais uma conversa, mais um dia qualquer aleatório da sua vida, mas sorria e chorava. Até mesmo se imaginar brigando com ele por algo idiota era motivo de estar emocionada, pois não foram dias sem se verem, já estava na casa dos anos sem conversarem ou se verem se contasse o tempo das visões.
Quando voltou ao mundo real, suas amigas estavam do seu lado nesse momento, mesmo com ela estando tão diferente de quando conheceram. Ela não tinha sorrido como antes e mesmo assim estavam lá. Pedindo para seguirem ela, foi atrás da sua mãe. Helena conversava com Sara naquele momento.
— Hum? Anjinho, sentiu minha falta? Eu também senti a seu anjinho.
— Mãe, eu posso... tentar ver o Safim?
Helena estava completamente incrédula com o corrido e se desequilibrou da cadeira por um momento, Iris e Yutyssia olharam para a garota, elas podiam ver alguém firme, e sua mãe também tinha visto isso. Mesmo ela pedindo com um pouco de hesitação no começo, ela podia ver como sua filha estava firme.
— ...você quer ver ele agora ou na hora do jantar?
— Hum... pode ser agora?
Enquanto Mirai estava conversando com Iris e Yuty sentadas num sofá, Sara estava andando no corredor enquanto falava com seu filho Safim.
— Escuta aqui criatura, repete comigo. Eu.
— Eu.
— Não.
— Não.
— Vou.
— Vou.
— Me.
— Me.
— Aproximar.
— Aproximar.
— Descuidadamente.
— Descuidadamente.
— Ou.
— Ou.
— Rapidamente.
— Rapidamente.
— Da.
— Da.
— Mirai.
— Mirai.
— Eu não vou me aproximar descuidadamente ou rapidamente da Mirai.
— Eu entro e paro, aí eu saio se ela gritar.
— É melhor do que eu falei, mas a sua irmã quer te ver, foi ela que propôs se encontrar com você.
— ...
O garoto estava em silencio, olhando a lateral do rosto da sua mãe, enquanto tentava entender seu estado.
“ Ela sente culpa? Empatia? Tristeza? ”
— Safim, vocês podem brigar, mas ela escolheu ver você antes do próprio pai, não só isso, ela parecia determinada.
— ...
Ele parou de tentar entender a própria mãe, apenas se concentrou em suas palavras.
— Eu adoraria dizer como qualquer mãe, que amo meus dois filhos igualmente e dou igualmente atenção a ambos, mas eu não sou assim.
— ...
Seu silencio foi seu sinal para a mãe continuar falando. Ele a olhava sem alegria ou decepção.
— Eu realmente... acabo gostando mais da sua irmã.
— ...
Sua mãe parou, sua voz estava mais baixa. O garoto apenas continuava da mesma forma indiferente as palavras da própria mãe.
— Filho, não cheguei nem a contar isso para seu pai, a pessoa que mais amo e acredito nesse mundo, literalmente meu marido.
— Hum?
Sara ajoelhou e olhou para seu filho na mesma altura, olho no olho. Como se algo estivesse preso na garganta, tentava falar e não conseguia. Pela primeira vez ele realmente estava surpreso com a situação, sua mãe não parecia mais do que uma mulher simples e fraca agora, como se fosse mentira ela ser sua mãe.
— Eu... tive uma irmã mais velha no passado.
— ..., mas você não é a chefe da família? Isso, não é sempre o cargo do mais velho? Como é possível? Você...
— Ela morreu e não poderiam falar isso publicamente.
— ...
O garoto estava com os olhos arregalados, em silencio, cada palavra dela parecia ecoar levemente na sua mente, tudo parecia muito mais alto e claro.
— Ela se chamava Sara... meu nome era Mirai... eu fui obrigada a perder meu nome, e carregar o nome da minha falecida irmã... tudo isso enquanto era dito que quem tinha morrido era eu... fui obrigada a ouvir durante toda a minha vida o nome da minha irmã morta e assumir como meu, todo dia, me lembrando da morte dela.
— ...você, viu ela...
— ...na minha frente. Ela era gentil como a Mirai, por onde ela andava, ela fazia qualquer um sorrir... seja homem, mulher, adulto, criança, qualquer um até os animais.
— ...
Uma lágrima caiu do seu olho. Secando a lagrima, continuou após um suspiro.
— Ela cometeu suicídio... após alguns dias de ter sofrido um trauma. Ela nunca tinha recuperado o menor dos seus sorrisos... ela ficou paranoica e não suportou viver... filho, não sou capaz de amar você e sua irmã da mesma forma. Ver ela, é como me lembrar da minha irmã, mesmo elas tendo várias coisas distintas. É como se eu vesse três pessoas, ao mesmo tempo... é minha irmã Sara, minha filha Mirai e eu mesmo.
O filho abraça sua mãe, tentando consolar ela.
— Mãe, eu... não sei como é perder uma irmã..., mas eu ainda vou... aceitar isso..., mas prometa não me esquecer.
— Eu não vou. Eu jamais vou esquecer do meu primeiro filho, o preguiçoso em treinos, idiota, bom em lidar com várias coisas chatas e tenta ser gentil mais do que qualquer um, mesmo sendo desastrado.
Aproveitando brevemente o abraço, Sara se levanta após estar satisfeita em ter contado tudo.
— Vamos?
— Vamos.
Quando finalmente alcançaram a porta do quarto, Sara começou a gritar com o outro lado da porta.
— VAMOS ENTRAR! TA PREPARADA MIRAI?
— EI IRMÃ MACHO, SE TA SE AGARRANDO EM QUEM AGORA?
Um tapa bem dado na parte de traz da cabeça foi dado, um estralo magnifico ecoou no corredor da casa.
— Ai!
— Não chama sua irmã de homem retardado!
Eles abriram a porta devagar, apenas a mulher apareceu primeiramente.
— Sentiu falta da favorita da mamãe invejoso?
— Ela nos ama por igual! Né mãe?
Com confiança o garoto se mostra do outro lado da porta para a irmã.
— Alguém me ajuda a sair dessa?!
— MÃE!
— ELA É UM AJNO VOCÊ É SÓ UM MORTAL!
— MÃE!
Safim estava na porta da sala, olhando sua irmã sentada em um sofá do outro lado, segurando as mãos da Iris e da Yutyssia, Helena apenas olhavam a cena a distância.
— Então posso ir até aí ou você ta com medinho de mim?
— Fique aí sua burrice é muito perigosa.
— Ele é perigoso? — a princesinha perguntava.
— Ele não é exatamente uma pessoa perigosa... — Yutyssia defendia ele.
— Ele é meu irmão, o perigo dele é só ele ser burro.
— Ei.
— Então ele, é ruim? — Iris continuava questionando.
— Não... — a defesa estava desistindo de defender o garoto.
— Um pouco.
— EI.
— Entenda Iris, não siga os passos dele ok? Não quero ver você ficar burra.
— Certo — enquanto as garotas terminavam de conversar uma veia apareceu na testa do menino.
— EI!
— Fala baixo, eu pareço surda o animal?
— Sim.
Se acalmando das ofensas gratuitas recebidas, Safim se aproximou lentamente enquanto olhava para sua irmã. Chegando no meio do quarto, ela começa a tremer um pouco, mas antes de recuar foi parado.
— Não, volte. Só... espera um pouco... você tinha andado muito rápido...
— Irmãzona...
— Mirai...
— Eu... estou bem. Foi só muito rápido tudo isso, ok?
Sua tentativa de fazer um sorriso mostrou seu medo ainda existente, mas ao invés de tentarem impedir as pessoas apenas ficaram em silencio e deixaram as coisas irem como ela pedia.
“ Na visão, estávamos sem dúvidas mais velhos, eu devia ter passado mais tempo naquele futuro? Esperado mais? Eu... não quero ter medo da minha família... mesmo esse idiota. No máximo que ele faria seria puxar meu cabelo até a mamãe nos separar, ele pediria desculpas em algum momento ou dirá que me salvo de alguma magia da mamãe, então era para não reclamar. ”
Lembranças vieram a mente da Mirai. Quando brigaram por algum doce, mas no final dividiram entre os dois. Quando ele usou uma desculpa para tirar Mirai da aula só para eles jogarem um jogo dele. Quando ele pediu ajuda para ela sobre como ajudar o Karen a ter menos falta de confiança. Eram lembranças simples, divertidas, calmas. Após respirar fundo uma última vez, já calma olhou para seu irmão.
— Pode se aproximar mais.
Seu irmão apenas concordou satisfeito com a situação, ele foi ainda mais devagar que antes até sua irmã.
Cada passo parecia ecoar levemente na mente da Mirai.
“ É só o idiota do meu irmão. ”
O eco estava mais alto.
“ É só aquele preguiçoso. ”
Ela tinha abaixado seu olhar para o chão devagar.
“ Um vagabundo, preguiçoso com muito talento, mas não investe. ”
O eco soava varias vezes dentro da sua mente. Seus olhos começaram a fechar levemente até estarem fechados.
“ Desastrado, mas gentil, irmão. ”
Sua mente tinha ficado em silencio. Nada passou por ela. Nenhum som. Os ecos tinham simplesmente sumido.
Um toque em sua cabeça foi feito, era uma mão gentil. Com um sorriso meio sem graça, ela tinha sido recebida pelo seu irmão bem na sua frente
— Acho que eu não sou muito bom com cafunés, né?
Algumas lagrimas tinha surgido nos olhos da garota.
— É bom o suficiente, o ideal... irmão.
Soltando suas mãos das amigas ela vai abraçar seu irmão.
— ...também senti sua falta, Mirai.
Foi a primeira vez se abraçando, a surpresa momentânea passou rapidamente com ele devolvendo o abraço recebido, enquanto afagava a cabeça da sua irmã. Foi a primeira vez vendo sua irmã chorando assim. Era algo novo para ele, ver que ela acreditava nele e confiava.
Para ela foram anos longe dele, sem ver seu irmão de perto, ouvir a voz dele pessoalmente e também tinha sido a primeira vez desde o acidente dela, sem gritar perto de algum homem.