Volume 1

Capítulo 6.1: Arthur Miguel William Sarkt

Um dia eu conheci essa certa garota em um jogo chamado Fantasy Destroyer, ela era um membro ativo da minha guilda, seus equipamentos estavam no nível máximo e seu ranking no PvP estava extremamente alto, e sim, eu não estava falando de um membro F2P da guilda, mas sim, eu estava falando de um P2W. Essa garota deve ter encostado caminhos de dinheiro nesse jogo, a conta dela estava fazendo amor com o cartão de crédito, nem mesmo eu que sou completamente viciado nesse jogo e joguei desde seu lançamento, tenho todos os meus equipamentos no máximo, realmente os P2W são assustadores.

Depois de um ano jogando juntos e jogando conversas aleatórias fora, nós decidimos nos encontrar no real World. E sim, mesmo com tantas estatísticas ruins sobre encontros assim, eu decidi tentar.

— Olha... Lembra da garota do jogo que eu te falei?

— Segunda feira, eu vou encontrá-la.

— O que! Você realmente vai se encontrar com ela?

— Você é louco Miguel.

— Você acha? — Eu olhei para ela com um sorriso debochado.

— Completamente. — Ela me respondeu com uma expressão monótona.

Essa garota de cabelos negros e olhos Azuis escuros me desencorajando se chama: Emília. Eu diria que ela é a minha companhia do nono ano.

Eu não sei se nós éramos amigos, mas ela estava sempre por perto. Essa garota era consideravelmente popular e bonita, mas eu apenas não ligava para isso. Emília me chamava de Miguel, não era porque éramos próximos, mas Miguel era um apelido que a sala colocou em mim. Miguel é meu segundo nome, quando eu me apresentei para a sala, esse nome atraiu expressões ruim no rosto dos alunos, então após algumas semanas eles começaram a me chamar de “Miguel o garoto mais estranho da sala”.

Alguns dias depois, eu me encontrei com a garota do Fantasy Destroyer e para a minha surpresa, ela era linda, seus olhos eram caramelos de leite condensado feitos na hora, seu cabelo era loiro cumprido até sua cintura, seu rosto era redondo um pouco infantil e seus óculos eram vermelhos. Naquela época, eu tinha um metro e setenta e um, já ela parecia ter um e cinquenta de altura.

Nós fomos até uma praça de alimentação do Shopping e nos sentamos em alguns dos bancos.

— Nossa... — exclamei.

— O que foi? — Ela perguntou se inclinando para frente com curiosidade.

— Éee... Hm... Eu só estava pensando... Bem, você é Bonita.

Ela me olhava atônita, ela apenas me olhava com seriedade, era como se precisasse de um tempo para entender o que eu tinha acabado de dizer

De repente as bochechas brancas começaram a ganhar a cor vermelha aos poucos e, acho que ela finalmente entendeu.

— A-Ahh...! Obrigada... — Ela me olhou com atenção.

— Você também não é ruim, mas... Eu esperava mais.

— Hã?!! — Após ela dizer que esperava mais, eu coloquei a mão no meu peito espantado e baixei a minha cabeça em sinal de derrota.

— Eu perdi — zombei.

— Ah!! Não, não é isso que eu quis dizer. Quero dizer você é bonito, mas eu esperava que você fosse maior — falava ela balançando as mãos.

— Hm, eu entendi. Então você gosta de caras maiores, não é?

— Eu conheço alguns, vou chamá-los para você. — Eu estava com uma das mãos no queixo pensativo sobre o assunto, eu tinha acabado de ser diminuindo por uma garota menor que eu, já que ela gosta de caras grandes eu iria mostrar um cara grande para ela.

Eu me levantei do banco com fortes intenções de ir embora, mas ela se atirou para cima da mesa, agarrando o meu braço esquerdo.

— Por favor não, você é perfeito, fique.

Eu voltei a me sentar no banco.

— Você mora aqui?

— Aqui? — Ela me questionou.

— Sim.

— Perto do Shopping? — Ela perguntou com estranheza, então nós ficamos nos olhando por um tempo.

— Hm, Ha-ha-ha... — Quando ela começou a rir, eu finalmente me toquei e fechei meus olhos com um sorriso no rosto.

— Eh, pera aí, não, eu não deveria ter feito essa pergunta.

— Ha-ha-ha, quem mora perto do shopping?

— Ha-ha-ha — Eu baixei minha cabeça e comecei a rir.

Foi uma pergunta idiota, esse Shopping está cercado por um metro e fica ao lado da Neo Química Arena. Quanto deve custar um metro quadrado perto de um shopping e um estádio de futebol? A resposta é: eu não faço ideia.

Ela ria com uma das mãos na boca, era um sorriso tímido com algumas pausas. Suas bochechas rosas junto com seus cabelos prateados transformavam ela em uma boneca de porcelana... Uma boneca que eu queria roubar para mim.

— Desculpa foi uma pergunta idiota.

— Hm, não foi não. Eu moro na região de São Paulo.

— Bairro? — eu perguntei.

— Hm... Itaim paulista.

— Rua?

— Hm, A rua de São Nunca. — Ela pensou um pouco com sua mão no queixo e respondeu com sarcasmo apontando o dedo para mim, como se tivesse acabado de ter uma grande ideia.

— Casa?

—  Prédio! — Entonou ela.

— Andar?

— Quinto andar — disse ela confiante.

— Número do apartamento?

— Hm, deixa eu ver... Será que eu mando você se ferrar agora ou depois?

— Ha-ha-ha.

— Acho melhor depois. — falei sorrindo, enquanto olhava para ela rindo como uma boneca.

Eu a conhecia apenas pelo chat privado do Fantasy Destroyer, tínhamos intimidade, mas com as limitações de um chat privado de um jogo. Durante esse um ano que estávamos juntos, nunca vimos a foto um do outro, não tínhamos ouvido a voz um do outro, não tínhamos tocado o corpo um do outro; nós podíamos ter ido para o ZIPER, o app de mensagens, mas eu não queria nada mais do que já tínhamos no chat privado.

Se fosse para ter as fotos dela e desejá-la todos os dias, eu preferiria não ter nada e vela ao vivo e a cores, se fosse para ter mil áudios e ouvir a voz dela todas as noites, eu preferiria ouvi lá ao vivo, tocá-la ao vivo e pensar nela ao vivo.

— Ha-ha...

— Ha-ha...

— Você também está sentindo, não é?

— Sim, um olhar perfurando a minha alma...

O clima ficou meio sombrio, eu já estava sentindo alguém nos olhando a um tempo; claro estávamos em uma praça de alimentação, mas esse olhar era diferente, ele estava me perfurando por dentro.

Eu olhei para trás e lá estava ela, era Emília encostada em uma pilastra ao fundo da praça, ela me encarava com seriedade.

Cara, ela sempre foi assustadora assim?

Eu estava com uma expressão sarcástica no rosto.

— Ela é sua amiga? — Perguntou, espiando junto comigo.

— Hm, ela é minha amante.

— SÉRIO!! — Eu olhei para seu rosto, ela pareceu surpresa e feliz de alguma forma.

— Não.

— Sério. — A animação de antes foi embora quando eu disse “não”.

— Você quer conhecê-la?  — perguntei.

— Não! — ela respondeu com nervosismo.

— Desculpa, acho que você não tem muita escolha, ela está vindo.

Emília se aproximou de nós e sentou-se ao lado dela. Emília olhava para mim com uma expressão sorridente e eu a olhava replicando a mesma expressão. Emília ainda sorrindo levantou as sobrancelhas para mim em tom de questionamento, eu continuei sorrindo enquanto balançava minha cabeça para um lado e para o outro.

Emília olhou para a garota e corou olhando para mim, ela tinha uma expressão criminosa no rosto.

Pare com isso agora! Ela não é uma criança, ela só é baixinha. Emília começou a olhar a garota seria mente, e a garota começou a olhar Emília com seriedade.

— Ehh, então esse é o seu estilo? Eu não pensei que você gostasse das bonequinhas — falou Emília com sarcasmo no olhar.

A garota que antes olhava para Emília olhou para mim, seus olhos caramelo perfuravam a minha alma esperando uma resposta. Eu estava completamente corado de vergonha.

— E-eu... Eu gosto de todo tipo de mulher — falei com minha cabeça baixa.

— Então você é um homem simples, não é? — Emília debruçou-se sobre a mesa para tirar sarro da minha cara.

— Droga Emília, apenas morra — Eu falai desviando o meu olhar.

— E então, você não vai me apresentar para ela.

— Hm, claro essa é...?

Eu limpei a minha garganta e paralisei, a garota também paralisou, pois não lembrávamos o nome um do outro. Em algum momento talvez tivéssemos dito o nosso segundo nome, mas acabamos esquecendo, como dóis jogadores de Fantasy Destroyer usávamos nossos Nicks para nós comunicar, como duas almas que não ligam para suas vidas sociais, gostávamos dos nossos nomes fictícios, Forever a espadachim, e Destroyer o Tank Lanceiro.

Sim, eu me apaixonei por uma garota da qual eu nem sabia seu nome, e sim eu me apaixonei por uma garota sem nem mesmo saber sua aparência.

— Fo-Forever... — Eu tentei falar o nome dela no jogo..., mas não saiu nada.

— Hm, Miguel você é tão fofo. — Emília olhou para Forever e depois olhou para mim, diante do silêncio Emília apoiou-se sobre a mesa e relaxou sua mão sobre seu queixo.

— E você? Sabe o nome dele?

— M-Miguel... — Ela respondeu timidamente.

— Hmm, um ponto para ela — Emília falou olhando para mim.

O que?!! Mas que droga!!

Ei! Olhei para cá, você sabe que trapaceou, ei você apenas repetiu o que Emília disse, Eeei!

Forever estava de cabeça baixa tentando evitar contato visual comigo.

Emília suspirou: — Certo, então vamos começar do zero.

— Eu sou Emília Mizuho.

— Meu nome é Jhenneffer Beatriz. — Após elas se apresentarem uma para a outra, os olhares foram direcionados para mim.

Eu suspirei: — Miguel William.

— Certo, agora podemos ir! — disse Emília agarrando os ombros de Jhenneffer.

— Ir? Ir para onde? — Beatriz perguntou olhando para mim, mas eu apenas balancei a cabeça negativamente e levantei minhas mãos.

Emília arrastou Jhenneffer para os corredores do shopping, eu me levantei em silêncio e com minhas mãos em meu bolso, eu as segui.

Jhenneffer e Emília entraram em uma loja de roupas masculinas.

— Certo, agora vamos jogar um jogo que eu chamo de “vista seu personagem como quiser”.

— Eh? Esse jogo nem existe. — Eu questionei Emília.

— Claro que existem, eu acabei de inventar.

Foi por esse motivo que eu disse que ele não existia.

— E quem é o personagem? — perguntei, um silêncio ficou no ar enquanto as duas olhavam para mim.

— Há, vocês são tão fofas. — Eu sorrir simpaticamente.

— Mas... ele está bem assim, você não acha? — Falou Jhenneffer um pouco corada.

—É, mas... é a mãe dele que veste ele.

— Aaah! — Jhenneffer abriu a boca espantada, ela me olhava como uma estátua.

— Ehh... Bem, minha mãe é quem escolhe e parte superficial do Look, eu geralmente escolho as partes internas da coisa... — enquanto eu falava Emília e Jhenneffer se olhavam confusas.

— Então nós fazemos um mixer de ideias e juntamos tudo a coisa toda, assim fazendo uma roupa ideal para mim— terminei de falar e as duas ficaram me olhando com seriedade.

— Entra logo aí!! — Emília me jogou para dentro de um trocador de roupas, sem mais nem menos, eu não tive escolha.

— Ei!!! — Eu reclamei indo para cima da cortina, mas Emília esticou seu braço com algumas roupas. Era como se ela disse: Coloque isso!

Ambas as garotas se sentaram no tapete que havia no chão, Jhenneffer segurava suas pernas juntas do rosto e Emília segura os lados de suas panturrilhas.

— Qual é o intuito desse jogo? — Jhenneffer perguntou.

— Ah, nada na verdade, é só para encher o saco — disse Emília com tranquilidade.

— Hm... — Beatriz resmungou.

— O que foi?

— Você é a namorada dele? — Jhenneffer foi direto ao ponto e acertou Emília em cheio, a garota ergueu as sobrancelhas espantada.

— Eh... o que?

— Eu perguntei se você é a namorada dele...

— É, não, eu não sou a namorada dele. Nós somos apenas amigos.

— Mesmo? Você é bonita demais para ser só uma amiga.

— É, eu não... — Emília gaguejou envergonhada.

— Não precisa ficar envergonhada, eu não sou burra, em questão de beleza eu não chego aos seus pés — disse Jhenneffer com uma expressão deprimida.

Ela... Não está olhando para mim, mas está se degradando sem motivo.

Pensava Emília enquanto olhava os longos cabelos prateados se espalhando sobre os ombros da garota, ela pensava, enquanto olhava os olhos caramelo ao leite da garota brilhando de emoções a flor da pele, ela olhava para os óculos vermelhos da garota dando um mistério a ela.

— Tá brincando comigo?... Você é bonita. — Jhenneffer olhava para Emília com seu rosto corado e espantado.

— Droga... Eu apenas quero acabar com você. — Emília fez uma expressão estranha para uma pessoa que estava apenas elogiando a outra.

— Há-ha-ha. — Jhenneffer sorriu escondendo a boca.

— Hm, e ele...?

— Ah? — Emília questionou.

— Você acha que ele gostou?

Isso está começando a ficar preocupante.

Pensou Emília com uma expressão debochada.

— Garota você é muito insegura... É como eu disse antes...

— Miguel é um homem simples... — Emília comprimiu os lábios.

— Fale palavras doces em seu ouvido, e ele se apaixonara perdidamente por você. — Emília terminou de falar, com Jhenneffer olhando para ela.

— Ele está demorando não está?

— Sim, ele está...

Fram!!

Depois de tanto tempo de espera, eu abri as cortinas do vestuário para que as garotas contemplassem o espetáculo.

Eu estava usando um terno preto com uma camisa social branca por baixo, e nas partes de baixo eu não estava usando nada, apenas minha cueca boxe. Na frontal do meu rosto eu estava usando um óculos escuro.

As garotas olhavam para mim em silêncio.

— Hm, ha-ha-ha-ha...! — Jhenneffer começou a rir sem restrições, ela brilhava de felicidade.

— Miguel há-ha-ha, você é louco?! — Emília disse e começou a rir.

— Ah qual é, ficou bem em mim vocês não acham? — falei debochando.

— Tira isso agora. Ha-ha...! — Jhenneffer falou ainda em ritmo de riso.

Ela já sabia que eu era um idiota, durante esses um ano de mensagens, eu nunca escondi que eu era um palhaço. Mas vela sorrindo assim... Ao vivo... me deixa muito feliz.

Eu estava sorrindo.



Comentários