Volume 1

Capítulo 4.2: A rendição de um cachorro

— Não podemos colocar a Beatriz nisso Lucy, você lembra do que ela disse. Se chamarmos ela, isso vai se transformar em uma bola de neve.

Eu respirei fundo e comecei a desabotoar a minha camisa social, jóquei o meu cabelo para trás assim como o deles, então comecei a desabotoar os botões da manga da camisa e puxei elas para cima.

— Um Dragão — sussurraram, quando puxei a manga da camisa e no meu braço direito, tinham um Dragão tatuado, que começava no meu cotovelo e terminava no pulso.

Terminado o processo, de me desarrumar, eu me virei para as garotas e perguntei: — Vocês acham que eu estou parecido com um delinquente?

— Oh...! Sim, você se parece com um... — as garotas falaram juntas.

— ...Talvez um pouquinho mais requintado que eles. — Continuo Lucy, após me encarar por um tempo. Nós nos olhávamos, os olhos castanhos dela me fitando com intensidade. Eu dei um sorriso leve para ela.

— Certo, fiquem aqui. Quando eles se afastarem, vocês podem vir — eu falei, deixando as garotas e caminhando na direção dos delinquentes.

Tá legal, isso vai ser arriscado para caralho!

Você só precisa afastá-los do segundo portão de entrada. Você observou essas escórias por muito tempo, não foi? Tentando analisá-los, tentando entendê-los, tentando achar uma abertura para mata-los.  Acho que com tudo esse conhecimento adquirido, eu consigo imitar um deles.

— Eai... Parsa.

— Eh? Quem é você? — O delinquente me perguntou com a boca aberta como se estivesse mastigando alguma coisa.

— Eu sou ninguém — respondi.

— É mesmo? Cai fora otário!

Ha-ha-ha-ha! Meu deus, eu vou matar você seu babaca!

— Ai Parsa, eu vou só te dar um toque, porque você é Parsa mesmo.

— Logo uma das inspetoras vai passar aqui Parsa. E vai pegar vocês... Parsa. — Eu engasguei antes de falar o último Parsa.

— Pegar a gente. Do que é que você tá falando Parsa? — O delinquente me olhou com uma expressão assustada.

Certo! Ele mordeu a isca!!

— Então, eu tô dando um toque para vocês vazarem Parsas. Vão dar uma andada. — Os garotos se olharam como se estivesse discutindo mentalmente.

Então eles conseguem usar a mente deles assim? São como os golfinhos!

— Você tá certo Parsa, aí rapaziada vamos andar! — Ele tocou no meu ombro e como uma matilha de lobos, eles começaram a se locomover.

Meu Deus, como eu odeio esses caras com esse diálogo chulo é inútil. Você não sabe que seres humanos podem conversar assim, até que você descobre esses caras.

Eu olhei para trás e as garotas estavam vindo na minha direção. Então sem precisar chamá-las, eu comecei a me arrumar como um estudante normal.

— Deu certo! — disse Lucy.

Anjo me olhava como se eu fosse um herói.

— Sim deu certo, apesar de que eu exagerei no Parsa.

— Eu ainda não consigo acreditar — falou Lucy.

— Isso tudo se deve aos meus anos dedicados à observação. A observação das pessoas, a observação de qualquer pessoa que pudesse fazer algum mal a mim.

Ao lado do segundo portão, há uma porta com um buraco, eu coloquei minha mão dentro e comecei a procurar algo que se parece-se com um envelope.

— Por que as pessoas fariam algum mau a você? — Lucy me perguntou com seriedade.

— Eu não sei, mas se fizessem... eu estaria pronto.

— Hm... O dinheiro está guardado em uma caixa, que se parece com um envelope? — Eu perguntei a Anjo, já que no buraco sobre a porta, eu estava apalpando algo parecido com a descrição que eu dei.

— Sim!

— Certo. — Eu puxei a pequena caixa, seu designer era muito bonito com flores douradas talhadas na madeira.

— O que tem atrás dessa porta — perguntou Lucy.

— Ah... É só um depósito de carteiras.

— Como você sabe disso? — ela perguntou.

Hm... Então ela faz o tipo curiosa, quer saber de todos os tipos de informações... Mesmo que a informação seja inútil.

Eu respirei fundo e disse: — Vamos voltar.

— Eu estudo nesse colégio a um ano, esse será o meu segundo ano aqui. Como eu disse anteriormente, eu dediquei um tempo a observação, então eu sei todos os locais para onde eu poderia fugir.

— Fugir do que, Arthur?

— ...Eu não sei, acho que das pessoas — eu falei, mostrando um sorriso leve para Lucy.

Por favor... pare de perguntar. O meu passado é uma coisa que eu não me permito lembrar.

Nós voltamos a biblioteca para encontrar Beatriz-sensei.

— Vocês conseguiram? — perguntou Beatriz.

— Nós conseguimos — respondi.

— Isso é um alívio. Eu não queria colocar pressão sobre vocês, mas a data para entregar a arrecadação mudou, agora está mais próxima do que a anterior. — Continuou Beatriz.

— É estranho, não é? — perguntou a Sensei.

— Do que está falando?

— É estranho ver Arthur agindo com diplomacia, não é?

— Ah... É, é estranho... — respondeu Lucy.

— Bom, já que está tudo resolvido, eu vou voltar. Preciso dar uma aula aos terceiros.

Beatriz deixou a sala enquanto eu ajudava Anjo a contar o dinheiro, para ser mais específico, eu estava apenas olhando, para ser ainda mais específico eu estava sentado em uma das cadeiras longe de Anjo, e estava mais interessado na light novel que eu estava lendo do que nas contas que ela estava fazendo.

— Essa não...

— Quanto está faltando? — Lucy se aproximou e perguntou, eu estava apenas olhando pelo canto do meu olho.

— Está faltando*** — Anjo falou um número tão alto que meu celebro censurou a quantidade.

Deus o que aqueles cabaços fizeram com o dinheiro!!

— Tudo isso?!! — exclamou Lucy.

— Sim! O que vamos fazer? — perguntou Anjo.

— Temos que avisar a professora.

— Nah, isso não vai dar certo, é melhor deixar para lá — eu falei em um tom desleixado.

— Deixar para lá, você ficou maluco? Estamos falando de uma porcentagem muito grande do valor — exaltou Lucy.

— Mesmo assim, se você chamar a Beatriz, isso tudo só vai virar uma bola de neve. Todos os professores serão chamados e Anjo provavelmente vai levar uma bronca por estar trazendo o dinheiro todos os dias. No fim, seria como você disse... Só estaríamos colocando um alvo em nossas costas.

— Não nas nossas, mas nas costas dos responsáveis — falou Lucy.

— Então colocaríamos um alvo nas costas da Anjo, ela é uma das responsáveis.

— Anjo é a vítima.

— Vítima por trazer o dinheiro todos os dias para o colégio?

— ...Deixe de ser sonso.

— Não estou sendo... — quando falei isso, Lucy pareceu surpresa.

— Só estou dando um deslumbre do que os professores vão tentar fazer.

— Ooh, mas eu não vou deixar que eles façam isso, então isso significa que, em matéria de defesa... Eu estou do seu lado.

Quando Lucy ouviu a minha opinião final, seus olhos cintilaram de excitação.

— Vamos! Anjo! — Lucy começou a andar até a porta com seu peito tão estufado quanto o de um bombo.

Meu deus essa garota odeia a ideia de deixar pontas soltas e rotas não resolvidas...

— Lucy! — Eu chamei a atenção dela.

— Ah?

— Boa sorte.

— Obrigada. — Lucy agradeceu com um sorriso confiante no rosto e, saiu pela por junto de Anjo.

Cara, por que eu disse aquilo?!!! Que vergonha mano!!!

Eu fiquei me torturando mentalmente.

Que vergonha de dizer aquilo... mas... que sorriso lindo ela tem.

Bom, eu não acho que os delinquentes tenham gastado o dinheiro, e se eu estiver certo, eles apenas tiraram o valor e colocaram em outro lugar, o famoso: “vamos deixar a poeira baixar e se ninguém der falta... usamos o dinheiro”. De qualquer forma, os professores não vão querer tornar isso público, o que significa que tudo será resolvido calmamente e que talvez eu nem precise ajudar Lucy. Isso é o que eu espero.

Depois do término da quarta aula, eu tive que voltar para minha sala. Mas não foi nada estressante, já que eu estava entrando na última aula.

Me dispor de duas aulas para trabalhar no conselho estudantil até que não é tão ruim. Eu posso ficar quarenta minutos fazendo absolutamente nada na biblioteca, e para alguém que detesta ficar ao redor de pessoas, ficar sozinho em uma sala é um sonho realizado.

Se bem que eu não estou sozinho.

Lucy está aqui na maior parte do tempo, talvez ela tenha o espírito de um pensador assim como eu e saiba aproveitar o silêncio. Algumas vezes eu me pego olhando para ela. Seus finos lábios vermelhos como morango, seus cílios negros e olhos caramelo, a forma como ela organiza seu cabelo atrás da orelha.

Essa garota é linda.

Às vezes ela olha para mim e nossos olhos se encontram, ela sempre desvia seu olhar para a direita com seu rosto corado. Eu não desvio o meu olhar, quando ele se encontra com o seu, e eu gostaria que você fizesse o mesmo, mas até aí... Eu sei que é um sonho impossível.

Dentro da sala de aula estávamos todos nos preparando para ir embora, basicamente alunos organizando seus materiais, mas aquela garota ainda estava chorando.

— Por que ele me deixou amiga? Uhaa... Ahh... Hm...

— Eu ainda não consigo entender.

Você não consegue entender?

Quatro aulas inteiras e você ainda não consegue entender?

Até eu sei porque ele te deixou... talvez você só seja muito vazia, e com esse pensamento em mente, o passarinho deixou o ninho e foi buscar uma nova companheira, apenas aceite.

Por que é que você tinha que se sentar atrás de mim...? Sua vadia.

— Uhaaa...!

— Eu não consigo.

Que droga! Eu não preciso ficar aqui ouvindo isso, eu estou me liberando mais cedo.

Eu me levantei da minha carteira, aparentemente no mesmo momento em que a chorona levantou da carteira dela. Eu dei um passo para trás e ela deu dóis esbarrando nas minhas costas.

— Sai da frente moleque! — ela gritou com um tom de fúria.

— Ha-ha... — Eu gargalhei em tom de deboche.

— Do que é que você está rindo otário.

Eu me virei tranquilamente e disse em tom de deboche: — Eu estou rindo de você, vadia.

O rosto da garota mudou para uma expressão de espanto.

— O que foi? O gato comeu sua língua?

— Você ainda não entendeu por que ele te deixou?

— O motivo é porque... você é vazia — falei lentamente.

— Ugr...! Cala a boca você nem me conhece!

— Sei o bastante para saber que você não presta.

— Suas amigas também sabem disso, olhei para elas, não levantam um dedo para defender você.

— É sério, eu não sei como você consegue ficar gritando por aí, em busca de atenção.

Você precisa que as pessoas olhem para você, isso te trás conforto, não é? Você se sente mais importante, quando todos ficam ao seu redor te paparicando. Mas a grande verdade é que você é a garota mais rodada daqui.

— Eu não estou atrás de atenção, eu estou sofrendo!

— Arthur, já chega... Deixa ela. — Lucy surgiu do meio das pessoas que nos rodeavam. Sua expressão era de preocupação.

— Isso mesmo... Por que é que você não cala a sua boca seu otário.

— Você não tem amigos, você não tem ninguém.

— Eu tenho a mim mesmo, e isso já é bastante. Se eu tivesse amigos, eles só iriam me atrapalhar.

— Há... Você é um coitado...

— E você é uma vadia — ao dizer isso, eu vi uma raiva descomunal tomar o rosto da chorona. Ela levantou sua mão e veio para me dar um tapa, eu fechei os meus olhos esperando o impacto.

PÁ!!!!

Quando ouvi o som, abri meus olhos, mas o tapa não tinha acertado o meu rosto, mas sim, o rosto de Anna, ela tinha se atirado a minha frente para me defender. Quando a garota percebeu o que tinha feito, Anna levantou sua mão e deu um tapa no rosto da chorona.

— Já acabou Jéssica? Ou prefere que ele diga mais alguma verdade para você? — Anna falou rispidamente com ela.

Oh, então esse é o nome dela, eu havia esquecido.

Os olhos de Jéssica começaram a se encher de lágrimas, então com uma bufada a garota saiu correndo da sala.

— A-Anna... Eu...

— Não se preocupe Arthur, eu estou bem — Anna falou enquanto eu gaguejava e saiu da sala.

— Agora eu me lembro de você... Arthur o Dragão. — Uma garota perto de mim falou.

— Sua escória... Você e aquela gata delinquente deviam ter desaparecido dessa escola.

— Ei! Já chega... Acho que está bom por hoje, você não acha? — Lucy perguntou, mas a garota se calou.

Lucy olhou para mim como se me mandasse ir atrás de Anna, mas eu já sabia o que eu tinha que fazer. Eu corri até a sala de Anna, mas não havia mais ninguém lá, então corri para a biblioteca e subi as escadas como nunca havia subido antes, quando cheguei na porta, eu toquei sua maçaneta e abri.

Lá estava ela, sentada na última cadeira perto da janela, ela estava no meu Lugar. Eu me aproximei ofegante, Anna estava de cabeça baixa, então puxei uma cadeira e me sentei ao seu lado.

— ...Me desculpa, eu fui um idiota no outro dia...

— Você sempre é — Anna sussurrou.

Eh? Calma lá, eu estou me desculpando aqui, pegue leve, senão eu que irei sair machucado dessa ves.

— É... eu sempre sou.

— Dia 5 de outubro, eu me lembro bem... Eu tomei o meu café da manhã e depois escovei os meus dentes, então sai a caminho do colégio, no meio do caminho minha mãe me ligou dizendo que era urgente.

Anna começou a chorar.

— Quando chequei em casa, ela me contou que teríamos que ir até a nova casa, eu percebi que não conseguir voltar para o colégio e me despedir de você... Hah...

— Me desculpa... Você estava certo em dizer para eu não fazer promessas que não pudesse cumprir. Você estava certo em não gostar de promessas.

— Promessas causam expectativa, e a expectativa causa a ansiedade... Eu estava ansiosa para ver você de novo. — Anna finalmente levantou o seu rosto para mim, ela estava um caco, mas mesmo que ela estivesse chorando, um egoísta como eu podia dizer que ela era linda.

— Isso não importa mais... Deixa eu ver. — Eu coloquei minha mão no rosto dela e Anna me mostrou onde o tapa foi. Eu cobrir a vermelhidão da bochecha dela com a palma da minha mão. Anna agarrou a minha mão e buscou conforto nela.

Um dia eu amei essa garota, eu era apaixonado por essa garota, era apaixonado pela sua pele morena, era apaixonado pelos seus olhos de gato, era apaixonado pelos seus lábios finos... mas agora por algum motivo... Eu não cinto nada.

— Me desculpa por isso também... Você estava certa, eu sempre fui um idiota. — Me levantei e comecei a caminhar para ir embora.

— Arthur! — Anna me chamou e eu me virei na direção dela. Anna me abraçou forte, uma das suas mãos estava na minha cintura e a outra estava agarrada nas mechas da parte de trás do meu cabelo. Anna faz o tipo de garota lasciva, mas eu gosto.

— Feliz aniversário Arthur. — Eu a abracei ainda mais forte, não sou nenhum pervertido, mas seu corpo era tão macio, tão quente.

5 de outubro e a data do meu aniversário, eu perdi meus sentimentos pela Anna nesse dia, assim como da última vez...

— Tão macio...

— Não diga coisa estranhas Arthur.

A porta de entrada da biblioteca começou a se abrir, Anna percebendo isso me empurrou tão forte que eu fui lançado contra uma cadeira e o chão.

— Você está bem? — Era Lucy na porta.

— Ah! Sim, melhor agora.

Como você pode dizer isso olhando para mim, depois de ter me lançado contra o chão?

Eu me levantei com dificuldades. Lucy começou a me olhar.

— ... Por que aquela garota te chamou daquele jeito? — Ela perguntou.

— Que jeito?

— Arthur, o Dragão.

— Ah...? — Eu olhei para a janela e a claridade se chocando contra as mesas indicava uma hora. Ficamos muito tempo presos no colégio... resolvendo as pontas soltas eu diria.

— Amanhã. — Eu falei enquanto caminhava até a porta, Lucy me seguiu com os olhos.

— Amanhã? Do que você está falando? — perguntou Lucy.

— Acho que já tivemos emoção demais por um dia, vocês não acham?

— Sim, Ha-ha-ha...

Eu olhei para Lucy e Lucy olhou para mim.

— Por quê?

Ela realmente faz o tipo curiosa, não é?

Eu a ignorei e sai pela porta.

 

—— Visão de Lucy Reis ——

— Eeh? Ele realmente saiu sem me dizer nada? Mas que idiota.

— Não é? Há, ele é um grande idiota.

— Seu rosto está vermelho.

— Você acha? Ha-ha-ha... Aí! que gelado. — Eu coloquei minha mão sobre o rosto de Anna e ela estremeceu.

— Desculpa. — Essa é a primeira vez que eu estou vendo o rosto dela tão de perto, seus olhos caramelo são lindos, eu gosto do seu nariz e da sua boca... Espera, os cílios dela são maiores que os meus?

— Vamos a uma farmácia aqui perto.

— Tudo bem..., mas, por que você está apertando a minha bochecha assim? Ainda está doendo, sabe.

Eu me deixei levar pela inveja, de que ela tem os cílios maiores que os meus e comecei a apertar sua bochecha.

— Vamos.

Nós descemos as longas escadas da biblioteca até o pátio onde saímos pelo portão principal e fomos diretamente para a farmácia.

Eu comprei uma pomada e um saquinho de gelo. Anna e eu nos sentamos no banco de uma praça que fica em frente a farmácia.

— Ehh?!! Tá esquentando... Hmmm!

— Esse é o trabalho da pomada.

— Toma... Segure ele assim no seu rosto. — Eu entreguei o saquinho de gelo para Anna.

— Oh, obrigada.

— Por que? Por que vocês brigaram?

—Aah... Arthur odeia promessas. Ele diz que promessas causam expectativa e a expectativa causa ansiedade.

— Arthur não tinha nenhum amigo no sétimo ano e provavelmente, eu fui uma das poucas que ele teve.

— Foi?

— Sim, ha-ha-ha. Acho que ele não me considera mais uma amiga. Devo estar rotulada como uma traidora na cabeça dele.

— Fiz uma promessa para ele e não cumpri. Eu prometi que antes que eu me mudasse, iria me despedir dele.

— Pensei que daria tudo certo, mas deu tudo errado. Mesmo ele insistindo que trocássemos contado, mesmo ele insistindo que marcássemos um local fora da escola.

— Eu recusei... Eu recusei tudo. E no dia que eu iria me despedir... não consegui.

— O pior é que, acho que ele gostava de mim. — Anna me olhou com uma expressão tão gentil que eu desviei o meu olhar.

— Ele se esforçou muito, e eu não coloquei esforço em nada.

— Estamos falando do mesmo Arthur? O Arthur que rosna quando alguém o questiona?

— Hã? Então ele ainda faz isso? — Anna perguntou e um silêncio ficou no ar

— ...

— Ha-ha-ha-ha...!

— Ha-ha-ha-há...!

Anna e eu nós olhamos e como se tivéssemos entendido uma à outra, começamos a rir da situação.

— Arthur é uma boa pessoa... então o que você vai fazer?

— Do que você está falando?

— Você quer conhecer ele? — Nesse momento eu desviei o meu olhar para o céu, eu precisava pensar.

Mesmo que ela diga isso, eu e Arthur já tivemos nossas trocas de farpas, e ele também disse que queria sair do conselho estudantil. Mesmo assim Arthur é um pouco...

— Eu não sei o que eu quero.

— Hm... Entendi.

— Mesmo assim... Eu tenho o ano todo pela frente, para decidir.



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