Volume 1

Capítulo 3.1: Um coração satisfeito com mentiras

— Ei por quanto tempo você acha que ficaremos lá?

— Eu não sei, temos que perguntar a um professor.

— Será que vão deixar, nós levarmos nossas coisas?

— Há! isso seria incrível!

Hm... Hoje é mais um daqueles dias chuvosos de março que eu adoro. Você pode ouvir a chova talentosa mente se chocar contra as janelas, criando uma música que acalma a sua alma. Pode sentir a leve brisa gelada soprar sobre os corredores. Pode até mesmo dormir calmamente enquanto o tempo passa.

Mas infelizmente, não posso dormir e nem ouvir minha linda chova tocando sua música, já que os bisões pensadores não calam a boca, tenho que escutar a animação deles sobre uma viagem inútil que o colégio está planejando.

Vocês não percebem que é uma simulação social de interação com pessoas do lado externo, que estão fora da nossa zona de conforto? Não percebem isso? Quando os professores pedirem uma redação sobre a viagem, vocês vão entender o que estou falando. Mas de qualquer forma, voltando a chuva.

— Eu sempre tive um pensamento filosófico sobre ela. Eu adoro a chova, mas detesto me molhar, eu adoro o frio, mas detesto passar frio.

E então você acrescenta no final — intérprete — Quando na verdade, você não precisa interpretar nada.

— Eu odeio o calor, e continuarei o odiando até o resto da minha vida.

Isso sim é uma frase que não precisa de interpretação.

Infelizmente parece que meu horário de descanso está acabando, isso significa que logo terei que embarcar no navio para o inferno, o que eu realmente estou querendo dizer é que, terei que ir para a sala do conselho estudantil.

Fiz uma expressão de estomago embrulhado, porque ele realmente embrulhou só de lembrar. Eu estava na minha posição de troca de professores, com a cabeça baixa sobre a mesa e os braços envolta dela, sentado na quinta fileira na penúltima carteira.

— O QUE, VOCÊ ESTÁ A FIM DELE!

— Shiii... fala baixo Gabi. — A garota no centro das quatro que a rodeavam, balançou a cabeça positivamente.

— Ha-ha-ha!

— Eeeh...?!

— Você deveria realmente se declarar.

— Você acha mesmo... E se não for a hora certa?

— Não tem hora errada para isso.

O que?!!

— ...Você tem certeza?

— Ha-ha, sim. Não tem hora errada para isso.

Mas que palavras mais destorcidas as suas garota, “não tem hora errada para isso”.

Se ele estiver com raiva, é uma hora errada para isso. Se ele estiver magoado, é uma hora errada para isso.

Se ele estiver com problemas familiares, é uma hora errada para isso. Se ele estiver lendo uma light novel, é uma hora péssima para isso!

— Tem muitas variáveis nas suas palavras. Essa situação me parece mais com uma idiota dando concelhos para uma insegura. — Eu suspirei.

O que é que eu estou fazendo aqui ainda? É melhor eu seguir o curso do navio logo.

Me levantei vagarosamente, arrastando os dedos gentilmente sobre a mesa antes de deixar meu habitat natural, então avancei as fileiras de carteiras na direção da porta quando algo agarrou a manga da minha jaqueta Preta.

— Tomará que não tenha rascado. — Olhe desinteressado. Mas não era uma carteira mordedora como eu pensava, mas uma garota. Não conseguia ver seu rosto, sua cabeça estava baixa.

— Eh?? — Eu me espantei. A garota parecia nervosa talvez estivesse se decidindo se iria olhar para mim ou não, então ela ergueu sua cabeça em uma velocidade espantosa.

— Ouu...! — Eu exclamei sem perceber.

Ela é brilhante, seu cabelo preto longo dava um ar moderno, seus olhos verdes brilhantes e seus óculos vermelhos davam um charme a ela. A garota estava usando um moletom preto agradável e uma calça legging nas pernas compridas.

Cara que garota fofa.

— Hm...? — Ergui minhas sobrancelhas em tom de questionamento, pois estávamos em silêncio a algum tempo.

Vamos garota fale logo de uma vez, o navio está partindo e eu preciso, espera... isso não é uma declaração de amor, não é?

Ooooh, não, não, não garota você é uma belezinha, mas meu coraçãozinho já pertence a Beatriz-sensei.

Ela notou meu questionamento e soltou a manga da minha jaqueta gesticulando, um pedido de desculpas com as mãos. Então ela afundou sua atenção em um dos bolsos do seu moletom, puxando o seu celular.

A garota começou a arrastar seu dedo sobre o touch screen do celular procurando algo. Eu conseguia ver seus olhos verdes refletindo a luz baixa da tela principal, buscando algo desesperadamente. Então, ela finalmente o pressionou.

Eu conheço esse som!

Me juntei ao seu lado sobre a luz baixa da tela. A imagem principal havia sumido e um jogo chamado: Fantasy Destroyer, estava agora refletido em nossos olhos.

— Eeh...— sussurrei.

Essa garota também joga esse jogo?

E um jogo medieval com aspectos de um MMORPG. Como um fã de light novel, eu não pude ficar de fora de um mundo de magia e espadas como este. As regiões desse jogo são extensas, mas detalhadas maravilhosamente, gosto de dizer que esse foi um dos motivos para mim jogá-lo convulsivamente por dias, os cenários lindos!

E os designs de Fantasy Destroyer dão pau em muitos outros jogos MMORPG medíocres que não deveriam nem levar o título. Porque fala sério, se a estética é ruim, por que é que eu devo jogá-lo? O ser humano é áudio visual cara, eu gosto de Elfos fofos!

Ela começou a navegar rapidamente pelo menu de opções entrando em seu perfil pessoal de jogador.

O QUE!!!!!!!!!! Como ela consegui esses itens?!

Um chapéu de mago: Great darkness, nível 50.

Botas: Fallen light, nível 35.

Uma bolsa: Underworld.

Dizem que todos esses itens só se consegue farmando como um psicopata. E aquela Bolsa Underworld, suporta o dobro do peso do seu personagem. É ridícula e precisa ser retirada do jogo imediatamente!

Espera... eu conheço esse personagem...

Eu levei meus olhos ao canto superior esquerdo, lá pode ler “Anjo”. Então me espantei e corri meus olhos em direção a garota, que agora estava olhando para mim também, nossas bochechas estavam praticamente coladas uma na outra, quando percebi arranquei o meu corpo para fora como se estivesse desviando de um tiro a queima roupa, ela também se atirou para o lado oposto ao meu.

Droga eu me deixei levar e acabei me descuidado. Estávamos tão perto, ainda me lembro do cheiro dela, realmente, é uma garota bonita.

Anjo, ela é da minha guilda. Lembro-me desse nome porque alguém com o Nickname “Anjo” participou da última Quest que eu fiz, se for essa garota mesmo... Ela é uma incrível maga e suporte, diga-se de passagem. De qualquer forma... o que diabos ela quer?

Ficamos parados por um tempo nos olhando, quando percebi que ela não diria nada, eu suspirei e comecei a caminhar para fora da sala e por algum motivo que eu desconheço, essa garota começou a me seguir.

— Eu estou indo para o concelho estudantil... você tem algo para fazer lá?

— ...

— Entendo. — Só deixando claro que ela não disse absolutamente nada, mas eu com minhas habilidades solitárias pude entende-la.

Sim! Ela tem assuntos a tratar com o conselho estudantil.

Eu assenti com minha cabeça confiante mente. Pós tinha a entendido completamente. Sim, eu entendo o motivo de você não querer entrar sozinha naquela sala com uma devoradora de procrastinação e relaxamento, afinal de contas temos uma Tsundere lá dentro, a governanta do concelho estudantil da Sala E.

Como um simples mediador do concelho, eu estou apenas fazendo o meu trabalho guiando essa fofa garota até lá. Mas é estranho que um mês se passou e essa garota da minha guilda não veio conversa comigo... Na verdade... como ela sabia que éramos da mesma guilda?

Subimos as escadas para o segundo andar sem nos comunicar em nenhum momento, quando estava me aproximando da porta Azul da biblioteca para tocar sua maçaneta, a garota me agarrou, mas precisamente agarrou a parte de trás da minha jaqueta.

Nesse momento eu paralisei; quando de repente senti uma presença nas minhas costas como se algo grande estivesse para acontecer, não era a presença de uma garota tímida, mas sim a presença de uma avalanche de informações preste a estourar!

— A garota tomou folego e então: — Aparentemente fui chamada para a sala que o conselho estudantil está ocupando nesse momento, para adquirir mais informações sobre a viajem que o colégio irá executar, acho que vão me explicar sobre os horários e datas de entrega da arrecadação dos alunos participantes, mas a questão é que eu não queria ficar responsável por isso, já que meus colegas de classe...

MEU DEUS O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI!!!!!

Essa garota está cuspindo informações rápido demais! Por favor pare eu não conseguirei lembrar de tudo, alguém me ajuda por favor, Beatriz!!!

“Empurraram isso para mim, para que todos eles pudessem fugir das reponsabilidades. Mas a verdade é que eu nem quero ir nessa viagem, então porque é que eu tenho que ficar responsável por isso se nem ao menos quero ir? Então eu queria saber o que é que eu tenho que fazer para trocarem o encarregado da arrecadação, então se vocês puderem me ajudar com isso eu ficaria muito grata sabe. Eu não tenho muito tempo para esse tipo de coisa, eu gosto mais é de ficar em casa, então eu ficaria muito grata se vocês...”

Depois de mais duzentas palavras eu finalmente abri a porta.

— Mas como você sabe que ela vai se declarar para você? — Lucy.

— Como você ficou sabendo disso? — Anna.

As vocês de Lucy e Anna entraram em meus ouvidos, baixas como as ondas do mar as vozes passaram pela minha cabeça. Eu espiei com meus olhos e elas estavam falando com alguém, mas minha atenção fugiu totalmente delas. Eu estava concentrando minha atenção em outra coisa.

O meu semblante quando entrei na sala era de alguém determinado a memorizar tudo o que a garota falou..., mas era logicamente impossível!

— Ela tem me olhado ultimamente, quando vai na minha sala e nas aulas de educação física conjuntas. — Garoto.

— Hm... Ela cochicha com as amigas dela enquanto olha para você? — Lucy perguntou com uma das mãos em seu queixo pensativa.

— Sim.

— Definitivamente ela vai se declarar! — as garotas falaram simultaneamente.

— Hã... Vocês não estão ajudando.

Eu preciso me lembrar de tudo o que ela falou, mas como? Droga o que é que ela falou no começo mesmo? E no meio? O que é que ela disse? Eu já estou me esquecendo.

A sala estava em câmera lenta para mim naquele momento.

O meu celular! Vou escrever tudo o que ela disse no bloco de notas, tenho que fazer isso antes que as garotas me notem.

Eu puxei o meu celular do bolso. O bloco de notas demorou três segundos para abrir, eu puxei uma cadeira perto da janela ao mesmo tempo que a garota puxava a dela, nós, nos sentamos longe das meninas que estavam em uma mesa mais ao centro da Sala. Olhando para o meu celular, meus dedos começaram a sapatear no touch screen tão rápido que só os meus olhos conseguiam acompanhar.

Eu não posso escrever tudo, já esqueci algumas partes, é muita coisa, devo resumir?

Meus dedos aumentaram a velocidade para o resumo, meus olhos se arregalaram para acompanhar a velocidade, a garota me notou com surpresa em seu rosto. Acredito que eu estava emanando uma aura violenta e ameaçadora.

— Arthur... Arthur!... Arthur! — Anna me tirou do trance em que eu estava quando me chamou.

— O que??! — Olhei para Anna rapidamente, não entendendo o motivo dela ter me chamado.

— O que você acha? — Anna perguntou e eu pisque meus olhos duas vezes tentando entender a pergunta.

— O que eu acho do que??

— O que você acha do caso dele? — Olhe para ela, depois olhe para Lucy e por fim, olhei para um garoto da nossa idade que estava sentado ali também.

Eu olhe para Anna novamente e disse: — Anna... — Então ela percebeu que eu não estava prestando atenção na conversa deles e fez uma expressão relaxada de decepção.

— Uma garota que o Lucas não gosta, vai se declarara para ele — disse Anna, esclarecendo o assunto para mim.

Um silencio apareceu, enquanto eu tentava entender a situação. Então quando finalmente entendi, eu falei: — Se você não gosta da garota, diga não. — Todos ficaram me olhando, como se eu tivesse dito algo absurdo.

— Mas e os sentimentos dela? — Anna me perguntou.

— Não estamos falando sobre os sentimentos dela. — Anna se espantou com minhas palavras e virou-se na direção do garoto.

— Eu não esperava por isso — falou o garoto disfarçadamente.

— Desculpe, não ligue para o que ele disse Lucas, Arthur é um doente! — ela disse isso a ele com um rosto gentil, mas me lançou um olhar de repreensão quando disse “doente”.

— Tsc! — Eu virei o meu rosto indignado e envergonhado, rangendo meus dentes.

Droga! por que pediu minha opinião então? Se iria me chamar de doente. Mas enfim... O nome do garoto é Lucas.

Anjo ficou espantada com tudo que havia acontecido nesses últimos segundos. Ela abaixou sua cabeça rapidamente e começou a escrever algo freneticamente em seu pequeno caderno de anotações.

Ei, o que diabos você está anotando aí com essa expressão determinada em seu rosto? pare com isso, e de onde você tirou esse caderninho de anotações?!

— Hm... eu não quero dizer algo que se assemelhe com o que Arthur falou, mas... você não poderia dizer não a ela? — perguntou Lucy esperando uma resposta clara de Lucas.

— Sim, eu poderia, mas... — Lucas pensou um pouco antes de falar tudo que estava em sua mente — Mas não quero magoá-la.

— Você acha que poderia... fingir um namoro com ela!? — Anna falou entusiasmada, como se uma ideia brilhante tivesse surgido em sua mente.

Um silêncio ressoou por todos nós, enquanto olhávamos para ela.

— Como posso dizer... quando ela se declarar, você poderia aceitar e depois de alguns meses, você pode terminar com ela, assim acho que ela não ficaria tão magoada.

Lucas e Lucy ficaram em silêncio pensativos.

Anjo levantou sua cabeça disfarçada mente e começou a olhar para o ambiente, com seu rosto aparentemente surpreso. Em algum momento seus olhos focaram em mim. Eu estava sem reação.

Como posso dizer? Não a uma forma correte de dizer. É uma ideia diabólica, o que deu em você Anna para pensar em uma coisa dessas, desespero? Não, até porque não é você que está nessa situação. Pense antes de falar Anna, por favor.

— ...Eu acho que, eu posso fazer isso — disse Lucas sem confiança levantando sua cabeça.

— His!... — Eu soltei uma pequena e curta risada interior sem perceber.

Lucas olhou para mim com desconfiança.



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