Volume 1
Capítulo 9: Reunião de Urgência da Família
Parte 1
Enfim conseguiram. Depois de muito esforço, Zenith ficou grávida. Meu irmão ou irmã está para nascer. Os membros da família têm aumentado, e junto a essa incorporação, deixarei que me chamem de Rudy-chan!! Bravo!!
Zenith tem estado incomodada todos esses anos. No passado, se entristecia enquanto imaginava que era incapaz de ter mais filhos, mas cerca de um mês atrás, começou a sentir-se estranha. Estava ficando cansada com facilidade, tinha náuseas, vômitos, etc. Estes são alguns dos sinais comuns de uma gravidez. Já que ela ainda estava com esses sintomas há um tempo e lembrava da gravidez anterior, ela foi até um médico, que a diagnosticou.
Os Greyrats estavam radiantes com a notícia. Se for um menino, ele se chamará assim. Se for menina, ela se chamará assim. Tem o quarto e ela pode usar as roupas velhas de Rudy.
Os temas eram infinitos. O riso e alegria continuaram vindo naquele dia movimentado. Eu estava muito feliz e fiz minha opinião de que uma irmã mais nova seria o melhor, pois meu irmão mais novo destruiu a coisa mais importante para mim (usando um taco de beisebol).
E depois de um mês, um novo problema surgiu.
Parte 2
A empregada Lilia também estava grávida.
— Desculpem-me — anuncia com clareza o fato, enquanto a família estava reunida.
Nesse instante, os Greyrats congelaram.
Quem fez isso…?
Ninguém tenta perguntar nessa atmosfera, mas fracamente sentem. Ela é uma empregada trabalhadora. Envia quase todo o seu salário de volta para casa, e para resolver os problemas da aldeia, ela muitas vezes sai com Paul, diferente de Zenith que fica na aldeia para ajudar com a clínica e quase não sai de casa se não for para isso. Não houve notícia de que Lilia estava perto de alguém também. Poderia ser que o pai seja um estranho...
Mas uma coisa eu sei.
Após Zenith ficar grávida, Paul foi forçado a parar de ter atividades sexuais, e quando não podia encontrar alívio, se esgueirou para o quarto de Lilia à noite. Se eu fosse de fato uma criança com a devida mentalidade, poderia até mesmo achar que eles estavam jogando pôquer. Por mais perturbador que seja, eu sabia. Ainda mais porque ele aproveitou uma noite em que mamãe não estava em casa.
Eu gostaria mesmo que ele tivesse mais cuidado. Por acaso nunca ouviram aquilo antes? “Usem métodos contraceptivos, moças, e proteção, rapazes”. Eu queria o deixar, cujo rosto ficou pálido, ouvir essa frase. Bem, não sei se há o uso de contracepção. Claro, não tenho a intenção de divulgar este assunto e causar situações de ruptura familiar. Se fosse qualquer outro, eu não perdoaria quem põe suas mãos sobre a empregada, mas tenho recebido muitos favores dele sobre o problema com Sylphy. Ser um cara popular é muito difícil. Por isso, se ele se tornar suspeito, eu vou ajudá-lo. Posso até ser seu álibi.
Depois de enfim estar determinado, faço sinais com o olho até ele, para dizer-lhe que estava tudo bem. Mas, ao mesmo tempo, Zenith o olha, cheia de suspeitas. E por coincidência, nós dois temos as nossas linhas de vista idênticas.
— Eu… eu sinto muito. P-provavelmente é meu…
Este companheiro cede muito rápido frente à pressão.
Que patético… Não, homens honestos devem ser elogiados. Ele sempre gosta de reunir os membros da família e agir de maneira nobre ao me ensinar: “Seja honesto”, “Seja viril”, “Proteja as meninas”, “Não faça coisas desonestas”, ou algo parecido. Assim, para ele, pode ser que ele não possa ocultar a verdade. E também, não me desagrada essa sua parte.
“Mas a situação tornou-se péssima…”
À medida que olho para Zenith, uma máscara de Hannya aparece atrás dela. E assim, incluindo Lilia, começamos uma reunião de emergência familiar.
Parte 3
O primeiro a quebrar o silêncio é a minha mãe, liderando a iniciativa.
— Bem, o que você vai fazer agora?
Pela maneira que vejo, ela está calma até demais. Ela só deu a seu marido, que cometeu adultério, um mero tapa sem cair na histeria.
O rosto dele ainda está com uma marca vermelha.
— Por favor, permita-me sair deste trabalho depois de ajudar a senhora a dar à luz.
A pessoa que respondeu foi Lilia. Ela também aparenta não estar nervosa. Talvez neste mundo isso seja uma coisa comum; o proprietário e a empregada com um caso. Uma vez que se torna um problema, ela sai de casa.
Hm.
Se for o costume, vou estar interessado em ouvir uma história trágica. Mas essa atmosfera pesada diz o contrário. Depois de tudo, não faço nem sequer um ruído, ao contrário de Paul. Só para você saber, ele está encolhendo-se em um canto.
“A dignidade de um pai? O que diabos é isso?”
— E a criança?
— Eu planejo criá-la em minha cidade natal depois de dar à luz em Fedoa.
— Sua cidade natal é ao sul, certo?
— Sim.
— Você estará esgotada depois do parto e não poderá viajar por um caminho tão longo, certo?
— … Talvez, mas não tenho nenhum outro lugar para onde ir.
Fedoa é uma província no norte de Asura. Pelo meu conhecimento, as cidades no lado sul desse reino estão a um mês inteiro de viagem, mesmo com carruagens. Então, independente de ser só um mês ou não, a segurança de lá e o clima são muito bons. Se você tomar uma viagem de carruagem, ela não deverá ser muito dura.
Mas isso é apenas para os viajantes comuns.
Lilia não tem dinheiro, e se alguém não o tiver, só poderá ir andando. Mesmo se a família Greyrat dar-lhe as taxas para viajar, o perigo não mudará até de carruagem.
Uma mãe viajando sozinha depois de parir. Se eu fosse um cara mau, o que faria se viesse a conhecê-la? Claro que a atacaria e a prenderia, tomando a criança como refém, isso é um ganso de ouro. Roubar todo o seu dinheiro e pertences em primeiro lugar, e em seguida, ele vai ter um negócio feito se a mãe e a criança forem vendidas para escravistas também.
Mesmo que o reino de Asura seja o lugar mais seguro neste mundo, isso não significa que não existem pessoas ruins lá fora. Ela tem uma grande chance de ser atacada.
Zenith está certa; a falta de força depois do parto é um problema. E mesmo que Lilia consiga suportar, o que acontece com a criança? Ela poderá aguentar uma viagem de um mês inteiro? Impossível. E também, se Lilia entrar em colapso, seu filho também vai acompanhá-la. Se adoecerem, não terão recursos para procurar um médico e no final morrerão.
Meus olhos já podem visualizar o cenário com ela carregando seu bebê, esgotada em meio à nevasca. Não quero que ela morra dessa forma.
— Mas, querida, isso é...
— Cale-se!!
Paul tenta argumentar enquanto gagueja, mas depois da rejeição categórica da esposa, ele se enrola como uma criança no canto, deixando claro que neste assunto ele não tem o poder de opinar.
“Hmm… já foi eliminado da equação.”
Zenith morde as unhas com força, como se estivesse hesitando. Ela não odeia Lilia ao ponto de matá-la. Na verdade, a relação entre as duas é muito boa. Elas têm mantido a família durante seis anos juntas, e até se pode vê-las como boas amigas. Se a criança de Lilia não fosse de Paul...
Se ela tivesse sido estuprada em um beco e engravidado por causa disso, Zenith com certeza permitiria que… Não, ela forçosamente iria protegê-la e deixar seu filho ser criado aqui. A partir do fluxo da conversa, percebi que neste mundo, não há o conceito de abortar uma criança.
Creio que existem dois sentimentos conflitantes no coração dela: seu carinho pela empregada e a sensação de que foi traída. Acho-a muito admirável, pois não está se deixando levar pela emoção. Se fosse eu, sem dúvidas ficaria com ciúmes o suficiente para persegui-la para fora de casa.
O fato de que ela é capaz de manter a calma tem algo a ver com a atitude de Lilia, que não é do tipo de dar desculpas para si mesma, e só planeja assumir a responsabilidade, tomando toda a responsabilidade. Afinal, ela traiu quem ela sempre serviu. Mas quem deve assumir, em minha opinião, é meu pai. Não é certo que ela assuma toda a responsabilidade.
Esta despedida não pode acontecer de uma forma tão terrível.
Me decidi que a ajudaria. Tenho recebido muita atenção dela. Mesmo que nós não tenhamos interagido muito e pouquíssimas vezes conversado, ela cuidou muito bem de mim. Toda vez quando estou encharcado de suor depois do treino de espada, ela vem com uma toalha preparada para mim. Quando chego da chuva, ela também já prepara a água quente antes. Durante as noites frias ela me traz um cobertor. Quando me esqueço de levar os livros de volta para as prateleiras, ela guarda-os meticulosamente.
E o mais importante.
O mais importante, e que é da maior importância.
Ela sabe da existência do Artefato Divino, mas ela manteve em segredo. É isso mesmo, ela sabe.
Foi naquela época, quando eu ainda pensava que Sylphy era um menino. Chovia e eu estava estudando a Enciclopédia Botânica no meu quarto tentando entender um parágrafo complicado. Foi então quando ela entrou e começou a limpeza. Fiquei tão absorto em ler o livro que não a notei limpando perto do esconderijo do Artefato Divino. Quando reparei, tudo já estava perdido… Na mão de Lilia estava o grande — ou pequeno.
O choque atingiu meu corpo todo. É verdade que nos meus vinte anos como NEET, o meu quarto estava sempre uma completa bagunça e não me importava o que pensava qualquer um que entrasse lá. Havia até uma pasta no desktop do computador nomeada [Fotos eróticas]. Talvez, por causa disso, minhas técnicas de esconderijos vieram a enferrujar. Mas eu não esperava que tudo fosse ser encontrado com tanta facilidade. Até tentei com fervorosidade escondê-la…
É este o ser chamado de “empregada doméstica”?
Algo em meu coração começou a ruir e meu rosto ficou pálido.
A caça às bruxas tinha começado.
— O que é isso?
— O-o q… que será… isso…
— Há um cheiro estranho nela.
— I-isso pode ou não ser o cheiro de óleo de sésamo?
— De quem é?
— … Desculpe, é da Roxy.
— É melhor lavá-la.
— Nem ferrando!
E colocou o Artefato Divino de volta para o Santuário Divino (o esconderijo), retirando-se do quarto, deixando o trêmulo eu para trás. Naquela noite estava preparado para enfrentar uma reunião de família, mas nada aconteceu.
Fiquei tremendo a noite toda, porém o sol já raiava e nada aconteceu.
Ela não contou a ninguém.
Vou pagar esse favor.
— Mãe, não estamos celebrando por quê? Vou ganhar dois irmãos e a família vai crescer mais ainda. Por que está com raiva?
Tentei agir como uma criança. Devo fazer meu caminho a esse tipo de sentimento.
— Isso é porque ela e seu pai fizeram algo que não é permitido. — Zenith responde com um suspiro. Fúria se arrasta em sua voz, mas essa fúria não está apontada para Lilia. Quem tem mais culpa? É óbvio.
— É isso mesmo. Mas ela tentou resistir ao papai?
— O quê?
Assim, mesmo que seja injusto com Paul, ele cavou essa cova por si mesmo. Por favor, receba toda a culpa. Sinto muito, mas o reembolso por Sylphy vai ter que esperar.
— Eu sei, porque o ouvi obrigando Lilia.
— Hã? Isso é verdade!?
Ela parece acreditar em minhas mentiras aleatórias, olhando para Lilia, surpresa. Lilia está inexpressiva, como de costume, mas parece ter uma ideia sobre isso e sua sobrancelha se move um pouco. É verdade que ela tinha alguma fraqueza. Mas a partir de como ele olha, aquele cuja fraqueza foi pega, é Paul…
Tanto faz. Isso não é um problema.
— Quando eu fui para o banheiro e passei pelo quarto de Lilia, ouvi o pai dizer “Se você não quer que “aquilo” venha à luz do dia, é melhor você abrir as pernas sem reclamar”, ou algo parecido.
— WAAAHH!! Rudy, o que você está dizendo?!
— Você, cale a boca!! — Zenith interrompe-o e chuta o marido para escanteio.
— Lilia, o que ele disse é verdade?
— Não, esse tipo de coisa é…
Lilia quer dizer alguma coisa, mas seus olhos estão oscilando, como se estivesse pensando em algo. Pode até ser que tenha desempenhado esse tipo de “papel”.
— Perdoe minha indiscrição, isso é algo que você não pode dizer em voz alta e com clareza…
Zenith chega a uma compreensão baseada na atitude de Lilia.
Paul parece espantado, com seus olhos em confusão, e apesar de sua boca estar bem aberta, ele não pode dizer nada, tornando-se como um peixinho dourado. Bem. Agora, para o golpe final.
— Mãe, eu sinto que Lilia não está errada.
— Sim.
— É papai que está errado.
— … Sim.
— Ele está errado, mas é ela que está sendo punida. Isso é muito estranho.
— … Sim.
Não há uma reação forte o suficiente… Um pouco mais.
— Estou muito feliz de poder passar o tempo com Sylphy, então acho que meus irmãos devem gostar de ter amigos da mesma idade.
— … Sim.
— Além disso, mãe, para mim, ambos são meus irmãos.
— … Certo, você ganhou. Deus, eu não posso te vencer de jeito nenhum. Lilia, você vai continuar em nossa casa, pois já é uma de nós!
Paul abre os olhos arregalados. Lilia está com lágrimas em seu rosto enquanto cobre os lábios com as mãos. E assim, este assunto chega ao fim.
Parte 4
Dessa forma, toda a culpa foi direcionada para Paul, e as coisas se acalmaram. No fim, mamãe olha para ele como se um porco estivesse prestes a ser abatido. Para algumas pessoas isso poderia ser uma recompensa, mas minhas bolas encolheram nesse momento. Em seguida, ela retorna para seu quarto sozinha. Lilia continua chorando sem demonstrar uma expressão certa, e Paul hesita em abraçá-la.
Bem, eu vou deixar para o playboy.
Persigo a mamãe ao quarto principal. Se este incidente fazer com que ela se divorcie de Paul, será um problema também.
Bato na porta e ela vem logo para fora.
— Mãe, eu menti. Por favor, não o odeie — falei sem qualquer prefácio.
Ela parece atordoada por um momento, mas ela sorri de imediato com ironia e acaricia minha cabeça.
— Já imaginava. Não achei que viria a gostar desse tipo de homem. Aquele sujeito é estúpido e lascivo, então eu tinha me preparado para quando algo assim acontecesse. Mas tudo correu tão de uma hora pra outra que me deixou muito chocada.
— … Ele que gosta de mulheres? — Fingi não saber de nada e perguntei.
— Sim. Melhorou bastante nesses últimos anos, mas, no passado, ele não se importava com as consequências. Pode até ser que haja um irmão ou irmã mais velha seu por aí.
Enquanto ela fala, a força da mão acariciando minha cabeça se torna mais forte e mais forte.
— Você não pode vir a ser esse tipo de adulto, ok?
Ela esfrega minha cabeça com firmeza, não, ela está agarrando minha cabeça, com mais e mais força…
— Você não pode tratar Sylphy levianamente, ok?
— Ai, é claro, mãe. Ai...
Sinto que minhas ações daqui por diante serão advertidas, sem dúvidas, mas parece que as coisas devem ficar bem agora. Aconteça o que acontecer, será o esforço de Paul.
O homem da casa é muito açoitado. Não há segunda oportunidade, senhor.
E no segundo dia o treino de espada é rigoroso ao extremo.
“Já te ajudei a consolar a mãe, você não pode jogar sua raiva em mim.”
Parte 5
Ponto de vista de Lilia:
Vou ser franca.
Esta gravidez é minha culpa, pois fui eu quem seduziu Paul.
Quando vim para esta casa, não planejei nada disso. Mas, depois de ouvir os fortes ruídos todas as noites, e durante a limpeza quando sentia o aroma embriagador da noite anterior, acabei acumulando desejo sexual.
Resolvi isso sozinha no início, porém à medida que eu assistia o “treino” dele com a espada no pátio todos os dias, um fogo inextinguível começou a tomar conta do meu corpo.
Sempre, sempre eu penso na minha primeira vez.
Eu era muito jovem naquela época — foi durante os dias no dojo. A pessoa era, claro, Paul, e foi um ataque forçado durante a noite. Mesmo que eu não o odiasse, também não gostava dele. A primeira vez não foi muito romântica, e eu derramei lágrimas logo depois.
Mas logo em seguida, vieram os ministros em busca de concubinas.
Uma vez que pensei que ele era melhor do que esses nobres, não me importei tanto com o incidente…
Como ouvi que ele estava contratando empregadas domésticas, eu estava pensando em usar esse tempo como material de negociação. Ele, que eu não tinha visto desde aquela época, tinha agora um ar muito mais imponente. O jovem rapaz desapareceu e se tornou um homem intenso e robusto. Surpreendentemente consegui me segurar por seis anos.
Ele não flertava comigo no começo. Pensei que se continuasse assim, talvez meus próprios desejos não viessem à tona. Mas seu ocasional assédio sexual iluminou meu fogo. Era capaz de suportar lá, mas estava consciente de que era como equilibrar em corda bamba.
A gravidez de Zenith quebrou esse equilíbrio.
Usando os desejos sexuais de Paul como uma chance para mim, seduzi-o para o quarto… Então tudo é culpa minha. A gravidez é o meu castigo; a punição por perder para os meus desejos e trair Zenith.
Mas fui perdoada.
Fui perdoada por Rudeus.
Aquela criança inteligente compreendeu com precisão o que aconteceu, orientou o fluxo da conversa com cuidado e até mesmo previu a armadilha perfeita com calma, como se já tivesse encontrado algo assim antes. Que medo… N-não, não posso falar dele dessa maneira. Sempre o achei assustador e evitei-o no passado.
Rudeus é muito inteligente. Ele deve ter percebido que eu estava evitando de propósito, entretanto ainda me salvou, mesmo que pudesse se sentir desconfortável.
Comparado com seus próprios sentimentos, ele escolheu salvar essa criança.
Senti-me envergonhada por achar que ele era assustador. Ele é meu salvador. Uma pessoa que merece o meu respeito.
Vou servir a essa pessoa com a maior dignidade possível até o dia em que eu morrer. Não, isso não é suficiente, em comparação a forma como o tratei.
Está certo.
Se essa minha criança crescer bem e com segurança, a deixarei seguir Rudeus. Vou deixá-la servir ao mestre Rudeus.
Parte 6
Ponto de vista de Rudeus:
Nada de especial aconteceu nos próximos meses.
O crescimento de Sylphy é aparente. Ela pode usar encantamento sem voz até o nível Intermediário e também é capaz de executar os controles mais precisos com certa lentidão.
Comparativamente, minhas técnicas de espada não estão mudando muito. Mesmo que esteja melhorando, ainda não consegui deixar uma marca no corpo de Paul, então não há nenhuma sensação real para ele.
Além disso, a atitude de Lilia parece ter melhorado. Ela sempre foi cautelosa comigo no passado. Bem, é de se esperar desde que o evento “whoosh whoosh whoosh” com os peitos e o fato de usar magia com apenas dois anos.
Por mais que mantenha o rosto inexpressivo, suas palavras e ações fazem-me sentir como se ela me respeitasse muito. Fico feliz por isso, mas fará com que Paul perca sua posição, então espero que ela pare de forma adequada. De qualquer forma, após aquela confusão toda, Lilia começou a falar um pouco mais, e muitas vezes era sobre ele.
Ela aprendeu técnicas de espada no mesmo dojo que ele. Naquela época, meu pai era muito talentoso, embora não gostasse de praticar. Na maioria das vezes ignorava a prática para ir à cidade divertir-se. E Lilia perdeu a virgindade devido ao ataque furtivo de Paul durante a noite, quando ela estava dormindo. Ele estava com medo de assumir a culpa e fugiu.
Ela descreveu a mim os eventos que aconteceram. As ações dele começaram a despencar conforme eram descritas por ela. Além de infiel, ele é um violador; um nojento. Mas sua personalidade não é má. Ele é selvagem e livre como uma criança, do tipo que traz o instinto maternal para fora e se esforça para ser um bom pai, contudo é muito ruim em ser paciente, e tudo o que pensa quer colocar em prática na mesma hora.
— Qual é o problema? Por que está olhando para mim? Quer ser tão legal quanto seu pai? — pergunta durante o treinamento de espada.
Esse sujeito está sempre tentando brincar.
— Um homem que quase causou um rompimento na família e traiu sua esposa é legal?
— Uuugh… — Ele mostra uma expressão de dor.
Vendo-o assim, tomo como uma advertência pessoal. Mesmo que eu seja o tipo donkan, não quero passar por situação semelhante, exceto que as meninas interessadas lutem por mim. Sou aquele tipo que vai tentar fazer isso real.
— Bem, considere tudo isso um aviso e, por favor, não coloque as mãos em outras mulheres além da mamãe.
— C-com a Lilia o papai aqui pode, né?
É sério? Ele quer sofrer mais ainda?
— Da próxima vez, a mamãe pode ir para sua cidade natal, sem dizer nada…
— Tsk...
Rodeado por duas mulheres e esse cara tentando criar um ménage à trois? Obtendo uma bela esposa e uma empregada que ele pode atacar a qualquer momento, ao ensinar suas técnicas de espada ao filho na área rural que vive uma vida decadente.
Ei, ei, esse rumo não está a colocar as demais pessoas com inveja. Não seria esse um dos melhores fins? Como em uma certa light novel, colocando ambas as mãos em Louise e Tabitha e ainda sem nenhum problema? Devo parar de interpretar o tipo donkan e aprender com ele? Não, não. Acalme-se. Aquela reunião de família e olhar de Zenith… Você quer ser olhado com os mesmos olhos?
É o suficiente para mim ter uma esposa só.
— Se você é um homem, deve entender, certo?
Ele continua a insistir. Entendo isso, mas não concordo.
— O que você está tentando ensinar a seu filho de seis anos?
— Dá pra ver que você baba vendo a Sylphiette. Essa garota vai se tornar linda pra caramba no futuro.
Tenho que concordar com suas duas afirmações.
— É possível. Mesmo que eu já a ache muito adorável agora.
— Isso não é fácil de entender.
— Eu acho.
Ele é um nojento, mas ainda assim é fácil de conversar.
Mesmo que pareça uma criança, eu tenho a idade mental de quarenta anos, além de ser um ex-NEET. Um verdadeiro canalha.
Limitei-me a uma rota, mas eu gosto de meninas e, é claro, de harém. Poderia até ser que meu gosto para as mulheres não seja tão diferente do de Paul.
Essa camaradagem surgiu depois da conversa que tive com ele quando forcei Sylphy a ficar nua. Após esse ocorrido, sinto que ele está disposto a se aproximar por conta própria e ser franco sobre as coisas. Como mostrei o meu lado fraco, ele não está forçando-se a ser um pai rigoroso, o que significa que tem amadurecido também.
— Hehe… — De repente ele dá uma risada, não olhando para mim, e sim atrás.
Quando viro minha cabeça para ver o que era, vejo Sylphy de pé, inquieta e com o rosto vermelho. Talvez tenha ouvido o que falei antes.
— Ei, repete pra ela, hehe.
Esse cara ainda é ingênuo em algumas áreas. Mesmo se for algo que venha do coração, você vai se acostumar com isso, e se ouvir muitas vezes, a emoção se tornará mais fraca. Deve soar como alguém denso para tais palavras, assim será mais eficaz quando dizê-las vez em quando e sem ser repetitivo. Então, eu só sorrio e aceno para Sylphy. Além disso, ela tem apenas seis anos. É dez anos cedo demais para falar sobre esse tipo de coisa. Se elogiar sua aparência e a mimar, ela não se tornará uma boa mulher. Minha irmã mais velha é um bom exemplo.
— S-sobre isso... o Rudeus também é… bonito...
— É isso mesmo. Obrigado, Sylphy. — Sorrio de leve e revelo (supostamente) meus brilhantes dentes.
Ela é mesmo boa em socializar. Quase pensei que era real quando ela olhou para mim com os olhos cheios de admiração. Elogiá-la por ser tão bonita é a minha verdadeira intenção, mas não posso incluir quaisquer sentimentos românticos.