Volume 1 – Arco 2
Capítulo 45: Alguém que Já Deveria Estar Morto Há Muito Tempo
O sol raiava sobre a cabeça delas. O calor era quase insuportável naquele dia. Mas isso não afetava Ella. O que realmente afetava era o cansaço. Já fazia dias que não dormia ao menos oito horas seguidas.
— Mariah! — gritou Ella, montada no cavalo, logo atrás delas. — Estamos perto?
— Nem um pouco.
— Em que região de Rubra ele está?
Mariah soltou um risinho discreto. Ella emparelhou seu cavalo ao dela, desconfiada.
— Essa é a melhor parte — disse Mariah, com um sorriso de canto. — Ele não está em Rubra.
Ella e Susan arregalaram os olhos, incrédulas.
— Vocês o esconderam em outro país?!
— Melhor que isso — respondeu Mariah, com um ar travesso.
Foi naquele momento. Naquele maldito momento que Ella percebeu na merda em que havia se metido.
— Eu não entendi. Vocês estão procurando alguém que está ainda mais longe do que em outro país?
— Ella, você quer explicar pra ela? — disse Mariah, com um tom sugestivo.
Ella permaneceu em silêncio por um pequeno momento. Seu olhar carregava um peso enorme.
— Ele está... no Vazio — disse, com frieza.
— Na mosca! — confirmou Mariah, satisfeita.
— E-espera aí! Você tá falando que vamos ter que entrar no Vazio? — gaguejou Susan, visivelmente nervosa.
— Fique tranquila. Eu já fui para lá muitas vezes — disse Mariah, como se fosse algo tão corriqueiro como ir ao shopping.
— Como assim você já foi pra lá “muitas vezes”? Estamos falando do Vazio, porra! — gritou Susan, em pânico.
— Lá é como uma segunda casa pra mim. Fique ao meu lado e nada de mal acontecerá com você. Por enquanto, cumpra o seu trabalho e garanta que nada nos atrapalhe.
— Ella, o que você acha disso tudo? — perguntou Susan, com um olhar de gato perdido.
— Vai ser jogo rápido. Nós só vamos entrar, resgatar nosso amigo e voltar. Não vai levar nem cinco minutos, não é, Mariah?
— Isso aí! Vai ser uma história pra você contar pro seu marido e pros seus futuros filhos, Susan. Não se preocupe.
Susan pareceu se acalmar um pouco, mas Ella ainda estava tentando ligar os pontos.
Após mais algumas horas cavalgando, chegaram a um prédio em ruínas. Na fachada, ainda era possível de ver a logo da CCV.
O tempo estava mudando. Antes sol, agora um forte vento vinha do sul. Uma tempestade estava prestes a cair sobre eles.
— Os deuses não estão contentes com o que estamos prestes a fazer — brincou Mariah, observando as nuvens escuras no horizonte. — Vem temporal aí.
— Quem exatamente estamos resgatando? — questionou Susan.
— Alguém que já deveria estar morto há muito tempo — respondeu Mariah, com um olhar nostálgico à fachada. — Vamos entrar?
Ella observava o prédio da CCV com admiração. A antiga sede dos maiores heróis da humanidade. Quantas lendas já não teriam passado por aquelas calçadas?
Era triste ver um monumento tão importante como esse ter sido totalmente devastado pela natureza.
As três entraram no edifício. O interior já não refletia em nada a arquitetura futurista de outrora. O tempo e a vegetação já tinham se encarregado de apagar quase todas as marcas do passado.
Caminhando pelos corredores do prédio, Ella avistou um dispositivo de projeção de holograma antigo, desligado. Na base do aparelho, uma inscrição em letras quase apagadas dizia: “7ª Geração do Esquadrão de Águias de Rubra”
Sem hesitar, Ella tirou o Cristal de Neofásio da sua mochila e o aproximou do dispositivo. Num passe de mágica, o dispositivo se energizou e começou a projetar uma imagem.
Um holograma colorido, tridimensional, tomou forma diante delas. Uma foto de todos os Águias da sétima geração. Era como se estivessem todos ali, vivos, apenas em miniatura.
— Ella! — gritou Mariah à distância.
Ela ignorou. Queria apenas mais um momento com aquela foto. A primeira pessoa que conseguiu reconhecer, claro, foi seu pai.
Ele estava na sua juventude, um garoto tão belo, cheio de vida. À sua direita, sua mãe, igualmente jovem e com sua aparência angelical como sempre. E à sua esquerda, seu braço direito e inseparável melhor amigo, Scott Miller.
Ella se perguntava por onde ele andaria. Que caminho a vida teria reservado a ele?
Ao lado de Giulia, estava Raiden — alto, imponente e viril como sempre. Naquela época, seu rosto ainda não possuía os traços marcantes e endurecidos da atualidade.
Ao lado de Scott, havia um homem asiático, com longos cabelos negros. Ella não o conhecia, mas com base em seu conhecimento, deduziu que só poderia ser Iori, o irmão de Kiyoko.
Já ao lado de Raiden, estava o menor homem do grupo: Marcos. Seu cabelo afro naquela época ainda era curto. O tempo foi generoso com ele.
E por fim, ao lado de Iori, estava Kalel — usando o mesmo capacete enigmático que carrega até os dias de hoje.
A felicidade de todos daquela foto confortou o coração de Ella.
— Ei! — gritou Mariah, assustando Ella. — Eu estava te chamando! Não ouviu?
— Desculpa, é que... — murmurou Ella, sem conseguir tirar os olhos do holograma.
Mariah viu o holograma e caminhou até o lado de Ella, também o admirando.
— Sinto tanta falta de cada um deles... mesmo que eu nunca tenha me tornado uma Águia, sempre estive ao redor deles. Eles foram a única família que eu tive.
— Esse homem asiático — disse Ella, apontando para ele. — É o Iori? É o único que eu não conheço.
— Sim. O melhor espadachim que a CCV já teve. Ele era sério, um tanto melancólico e sempre mal-humorado... mas ele era uma excelente pessoa. A vida foi brutalmente injusta com ele.
— E por que o Kalel usava esse capacete?
— Ninguém sabe ao certo. A CCV sempre aceitou qualquer tipo de pessoa. Nunca se importou se você era esquisito, ou seja lá o que. Desde que você fosse leal a comissão e cumprisse o seu dever, era bem-vindo, quem quer que fosse.
— Posso levar esse dispositivo comigo?
— Hã? Pode, claro — respondeu Mariah, estranhando a pergunta. — Mas como você ativou ele?
— Eu carrego um Cristal de Neofásio comigo — explicou Ella, enquanto guardava cuidadosamente o projetor holográfico em sua mochila.
— Bom, vamos? Eu encontrei a sala onde ele está. A Susan está nos esperando.
Quando Ella chegou ao local, encontrou apenas uma sala comum, com destroços espalhados para todos os lados.
— Ué? Cadê ele? — indagou Ella, confusa e olhando ao redor.
— Eu me perguntei o mesmo. Não tem nada aqui — disse Susan, igualmente confusa.
— Esqueceram que ele está dentro do Vazio?
— Então porque nos trouxe até aqui? — questionou Ella.
— Imaginem uma simples moeda — começou Mariah, como se estivesse explicando para crianças. — Ela tem duas faces: cara e coroa. É como diz o ditado “dois lados da mesma moeda”. A Terra é a cara e o Vazio, a coroa. São completamente opostos, mas ocupam o exato mesmo espaço. Um lugar na Terra existe igualmente no Vazio, só que invertido.
— Quer dizer que o Yersin está aqui... só que no Vazio? — deduziu Ella.
— Exatamente! Abrindo uma fenda do Vazio, daremos de cara com ele.
— É... desculpa me intrometer, mas por que ele está dentro do Vazio?
— Quanto menos você saber, melhor — respondeu Mariah, seca. — Agora, afastem-se.
As duas recuaram, ficando contra a parede do fundo da sala.
Mariah fechou os olhos e estendeu uma das mãos, que começou a emanar um brilho púrpura profundo.
O som ao redor desapareceu por completo — era como se estivessem no vácuo absoluto.
Ela ergueu dois dedos da mão direita — o indicador e médio — e começou a fazer gestos velozes, quase hipnótico. Cortava o ar com uma precisão cirúrgica, como se estivesse em transe.
Cada movimento deixava um rastro no ar, uma cicatriz luminosa feitas da própria essência do Vazio. As linhas flutuavam, dançavam e se entrelaçavam, até começarem a formar um símbolo.
Uma serpente feita do próprio Vazio devorando sua própria cauda. Seus olhos eram roxos e vívidos. Aquele era o Ouroboros.
— Que porra é essa — sussurrou Susan, tensa.
— E-eu também não sei — respondeu Ella, nervosa.
Mariah arfava de cansaço, mas com um sorriso em seus lábios.
— Vocês estão prontas? É possível que as coisas fiquem um pouco esquisitas daqui em diante.
Ella e Susan trocaram um olhar incerto.
— Acho que já passamos do ponto de recuar — murmurou Susan.
— É, vai logo. Apenas faça o que tem que ser feito — concordou Ella.
Mariah se aproximou do Ouroboros, tão perto que seu rosto quase o tocava. Começou a sussurrar palavras em uma língua esquecida — um sussurro que não era direcionado ao mundo físico, mas diretamente ao Vazio.
— Vhar dha kael, ish’nor. Draum dha Lun’tuur ze un lir’kaal. Dha Voruum Vekhaal.
Após as palavras serem ditas, um silêncio ensurdecedor engoliu o ambiente. Até mesmo o som dos batimentos cardíacos parecia ter cessado.
O ar tornou-se denso. A atmosfera ficava mais pesada a cada segundo que passava.
Depois de alguns segundos, o Ouroboros começou a devorar a si mesmo. Era enorme, mas diminuía a cada mordida de sua cauda. Até que, por fim, ele se devorou por inteiro, desaparecendo em uma implosão silenciosa — liberando uma violenta onda de energia.
A poeira, antes presa ao solo, começou a subir como se a gravidade tivesse se invertido.
Simultaneamente, Ella, Mariah e Susan começaram a levitar. As duas primeiras se entreolharam em choque, mas Mariah exibia um brilho de êxtase nos olhos.
A gravidade havia se rendido, não mais ao núcleo da Terra, mas a imponência do outro lado. O Vazio as chamava.
No lugar onde o Ouroboros existira, uma enorme rachadura começou a se expandir, até tomar o formato de uma fenda.
Uma vasta fenda que flutuava — pulsando com a energia maligna e distorcida do Vazio.
A falta da gravidade durou por alguns segundos. Logo quando a fenda se estabilizou por completo, a gravidade retornou. As três caíram no chão com leve impacto.
— Vocês estão bem? — perguntou Mariah, levantando-se rapidamente.
— Isso foi... insano — respondeu Susan, rindo de nervoso.
Ella se ajoelhou e olhou diretamente através da fenda. Era como se o Vazio a chamasse. Do outro lado, ela conseguia enxergar um escritório. Havia uma mesa, e atrás dela, o corpo de um homem, imóvel.
— É ele... — murmurou Ella, erguendo-se.
— Vamos — disse Mariah, tomando a dianteira e atravessando a fenda.
Susan hesitou, mas seguiu Mariah. Restava apenas Ella.
Ela engoliu em seco. As memórias com a Ynaselle e Chaos voltaram à tona. Aquele terror, aquela sensação sufocante de impotência... ela não queria sentir aquilo novamente.
— Você não vem? — gritou Mariah, já do outro lado.
Ella deu um passo à frente. Sua pressão caiu, seu estômago embrulhou e a visão começou a escurecer. Aquele era um sinal de que seu corpo implorava para não cruzar aquela fenda — um instinto primal de sobrevivência.
“Já cheguei longe demais, não posso amarelar agora. Concentra, concentra, concentra!”. Ella fechou seus olhos lentamente e soltou um longo suspiro. De olhos fechados, atravessou a fenda.
Era como atravessar a porta de um frigorífico. Mesmo incapaz de sentir frio, podia perceber a brusca mudança de temperatura naquele ambiente.
Quando abriu os olhos, viu Susan de braços cruzados, tremendo violentamente de frio. Sua respiração era curta e ofegante, tossindo constantemente. Mariah, por outro lado, parecia normal como sempre.
A atmosfera sombria e opressora do Vazio continuava a mesma: a densa névoa que rastejava sobre o solo, a enorme lua púrpura pairando distante, dominando o horizonte como um presságio.
As árvores secas que pareciam ter sido queimadas e as pedras com formato de rostos. Tudo era especialmente perturbador.
O olhar de Ella era uma mistura de cansaço e puro terror. Ela caminhou lentamente até o corpo de Yersin.
Seus olhos se arregalaram de choque.
— É... é um esqueleto. Ele está morto! — gritou Ella, com sua voz falhando.
— Fisicamente sim, espiritualmente não — respondeu Mariah, com a resposta na ponta da língua. — O termo “sono eterno” é apenas uma metáfora. Nós selamos sua alma.
— Por que você não me contou isso?!
— E muda algo? — rebateu, com frieza. — Você sabe como devolver uma alma a um corpo? De qualquer modo, só eu posso fazer isso.
O esqueleto de Yersin trajava roupas antigas e elegantes. Uma máscara de corvo ocultava seu rosto e parte do seu crânio, que ainda assim parecia intacto, como se tivesse sido preservado pelo tempo.
— Como os ossos estão tão bem conservados depois de tanto tempo? Achava que no Vazio a decomposição fosse mais acelerada — questionou Ella, contornando o esqueleto.
— Quando você separa metade da alma de um corpo, a outra metade se fixa na estrutura óssea, tornando-a praticamente indestrutível. É uma forma instintiva de autopreservação da nossa própria alma. O desejo humano de sobreviver se manifesta até na morte.
— E onde está a outra metade da alma dele?
Mariah levou a mão ao próprio pescoço e puxou um colar escondido pelas suas vestes. O colar era formado por uma corrente de prata que segurava uma joia negra, tão escura que parecia absorver a luz ao redor.
— Aqui está... a outra metade do Yersin.
— Fascinante — murmurou Ella, boquiaberta. — Se vocês podem separar almas, porque não separam a alma daquela criatura que estava presa nele?
— É impossível. Eles já estão há tanto tempo juntos que se fundiram. Essa pedra carrega metade da alma do Yersin e metade da do monstro. Agora, eles são uma alma só.
— Entendi. Então, anda logo e traz ele de volta. Esse lugar não me faz bem, quero sair logo daqui — disse Ella, apressando Mariah.
— Como quiser.
Mariah se afastou do esqueleto e posicionou-se ao lado de Susan.
Antes que Ella percebesse, a ponta do dedo indicador imbuiu-se em Vontade Sagrada e um disparo de energia atravessou as duas pernas de Susan, derrubando-a no chão subitamente.
Seu grito rasgou o silêncio que permeava no Vazio.
— Aaaaaaaah, que porra! — berrou Susan, pressionando os ferimentos.
O reflexo aguçado de Ella foi instantâneo: sacou seu revólver e apontou para a cabeça de Mariah, sua mão tremia de fúria.
— Mariah, que porra é essa?! — gritou Ella, numa mistura de ódio e surpresa. — Sua traidora... eu confiei em você!
— Abaixa essa arma e me ajuda a colocar o corpo dela de frente com o do Yersin. Segura os braços dela — ordenou Mariah, estranhamente calma.
— Se você der mais um passo, eu juro que eu estouro sua cabeça — insistiu Ella, firmemente.
— Quantas vezes eu vou ter que repetir pra você parar de me questionar? Está vendo algum corpo vivo aqui? Porque eu só estou vendo um esqueleto bem conservado. Mas se você tiver um sexto sentido, por favor, me informe — respondeu Mariah, sarcástica, com um sorriso torto nos lábios.
— Que porra você está falando, sua psicopata sádica?!
— O Yersin não tem mais um “corpo”, foi assim que selamos ele. Usamos a mesma técnica que usaram para selar Peter Murphy. Metade da alma na estrutura óssea e metade presa em um artefato. Esconda o artefato e, em outras palavras, você acabou com alguém imortal. Entendeu ou quer que eu desenhe?
— Você é maluca...
— Você me tira do meu conforto e me traz até aqui para trazê-lo de volta e agora está me chamando de maluca? Não estou entendendo suas motivações — disse Mariah, com um olhar frio. — Você quer ou não quer que eu traga o Yersin de volta?
— Por favor, Ella... não me deixe morrer — soluçou Susan, chorando de dor.
Ella olhou para Susan com um olhar aflito, mas rapidamente voltou-se para Mariah.
— Por que uma pessoa inocente? Não poderia ser um inimigo? — bradou Ella, gesticulando com a arma.
— Você tem algum inimigo em cativeiro que eu não estou sabendo? Ou melhor, vai dar um pulinho nos Goldwings e pegar um dos homens dele emprestado? Ou que tal chamar o Andrew Griffin pra participar desse ritual? Para de se fazer de burra! — gritou Mariah, perdendo a paciência.
— Então por que não atirou na cabeça dela? Assim pouparia o sofrimento dela!
— O que diabos eu vou fazer com um cadáver?! O corpo precisa estar vivo para que a transferência de energia vital funcione! Agora, se você ficar enrolando, ela vai acabar morrendo de hemorragia e vamos precisar matar outra pessoa. A escolha é toda sua.
Ella olhou para Susan com os olhos lacrimejando. Seu olhar entregava o que ela estava prestes a fazer. Não havia outra escolha.
— Ella, por favor! Eu estou grávida! — A voz de Susan quebrou em desespero. — M-meu marido e eu descobrimos mês passado. Eu te imploro!
As lágrimas desabaram do rosto de Susan como se fosse uma tempestade. Aquele era o medo cru, primitivo, de uma mãe tentando proteger a própria vida e a de seu filho.
— Merda... — respondeu Ella, com a voz trêmula. — Merda! O que vai acontecer com o corpo dela?
— A essência vital do corpo dela será transferida para o corpo do Yersin, reconstruindo-o. Quando a outra metade da alma se unir, ele tomará o controle do corpo. Isso, obviamente, acarretará na morte da Susan.
— M-mas ela está grávida...
— É só um feto de um mês. Não vai fazer nenhuma diferença.
O fato de Mariah não se importar com as vidas que tirava gerava um misto de emoções em Ella. Estava louca para puxar o gatilho e pintar o Vazio de vermelho, mas sabia que precisava dela.
— E a alma dela?...
— Sei lá, eu não sei de tudo. Os humanos não possuem um conhecimento completo sobre as almas. Tudo que sabemos é, que por algum motivo, algumas almas ficam presas no Plano Espiritual. Espero que esse não seja o caso dela, isso é pior que a morte.
Ella tremia da cabeça aos pés. Olhou para Susan, depois para Mariah, e de volta para Susan. O peso da escolha esmagava seu peito.
— Por que você não me contou que precisava de um sacrifício? — gritou Ella, com os olhos lacrimejando.
— Se eu tivesse contado, isso teria te impedido de fazer o ritual? — rebateu Mariah, fria.
Ella tentou responder, mas as palavras sequer conseguiram sair da sua boca. O semblante derrotado de Ella denunciava sua escolha.
As lágrimas começaram a escorrer dos olhos de Ella como a nascente de um rio rompendo a terra. Susan entendeu.
— Me perdoa, Susan... eu realmente queria que houvesse outro jeito. — Ella segurou os braços dela tremendo, enquanto Mariah pegava as pernas.
— Por que eu? — gritou ela, desesperada enquanto era carregada pelas duas. — M-mesmo nesse mundo, eu nunca fiz nada de errado! Sempre fui uma boa pessoa, eu sempre tentei fazer o bem. Por favor, me deixem viver. Mariah, e-eu juro que não vou contar para ninguém. Você não vai ser prejudicada em nada!
Mariah chutou a mesa que estava na frente dela e colocou o corpo de Susan de frente para o de Yersin.
— Não é nada pessoal, Susan — disse Mariah, agachando-se e encarando-a nos olhos. — O homem que estamos trazendo de volta pode salvar esse mundo. Pense além, Susan! Você pode ser a razão do mundo ser salvo. Você vai ser lembrada como uma heroína no futuro!
— William... — chorou Susan. — Diga ao meu marido que eu o amei até o último segundo da minha vida. É tudo que eu te peço, Mariah!
Susan fechou os olhos, aceitando o seu inevitável e miserável destino.
As lágrimas caíam cada vez mais fortes dos olhos de Ella. Ela não veio para Rubra para fazer esse tipo de atrocidade.
Tudo que queria era reencontrar seu pai.
Por que todo esse inferno?
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