Murphy Brasileira

Autor(a): Otavio Ramos


Volume 1 – Arco 1

Capítulo 15: O Céu é Tão Bonito de Se Ver

A porta principal do laboratório se encontrava escancarada, do interior do local irradiavam luzes brancas cintilantes. A cena era aterrorizante, corpos de militares mortos ocupavam grande parte da entrada.

— São militares que vieram resgatar os cientistas quando o cataclisma começou — disse o Vendedor Viajante, passando pelo meio dos corpos. — Chegaram tarde demais.

— O que aconteceu aqui?

— Esse é o laboratório C1 da ala leste, ele foi designado a estudar tudo relacionado ao Vazio, segundo rumores que ouvi, conseguiram desenvolver uma cura para a corrupção. Essa informação deveria ser confidencial, mas de alguma forma, Chaos descobriu e fez um massacre aqui. Quando os Águias chegaram aqui, já era tarde demais. Todos estavam todos mortos, e a suposta cura havia sido roubada.

— Então já existiu uma cura? Minha mãe, ela... ela morreu devido a corrupção — exclamou Ella, melancolicamente.

— Eu sinto muito... ela com certeza deve estar em um lugar melhor agora. — O Vendedor Viajante tentou consolar ela.

— Eu espero que sim.

As paredes do laboratório eram brancas como cal, repleto de luzes brancas que cegavam os olhos de Ella; algumas dessas piscavam incessantemente. Sons de máquinas quebradas ecoavam pelos corredores, criando um ambiente desolador.

Era uma atmosfera assustadora.

Dos corpos que estavam ali, só restaram os ossos. Todo o lugar estava inundado de sangue já seco.

O chão estava coberto por diversos papéis espalhados, máquinas destroçadas, jalecos ensanguentados e janelas quebradas, era difícil de se mover naquele lugar.

— Espera, Ella. — O Vendedor Viajante estendeu seu braço horizontalmente na frente dela, impedindo que ela avançasse.

— Hm, o que foi?

— É por aqui — respondeu ele, passando as mãos na parede.

O Vendedor Viajante estava com a orelha encostada na parede enquanto deslizava suas mãos lentamente sobre sua superfície.

— O que você está fazendo?

— Tem uma parede falsa aqui. Eu sei que tem.

Ele continuou a deslizar as mãos pela parede até que parou; sentiu uma textura diferente.

— É aqui, dá uma olhada — disse o Vendedor Viajante, batendo na parede. — Viu? O som que ela faz é diferente. Eles fabricavam portas usando tungstênio, enquanto as paredes do laboratório são feitas de aço revestido com grafeno.

— Como você sabe de tudo isso? — Ella estava verdadeiramente impressionada.

— São conhecimentos gerais que você adquire ao longo de uma longa vida.

— Ah, deve ser. — Ella riu, com suas mãos apoiadas em sua cintura. — E como você pretende entrar aí?

— Deve ter um dispositivo de abertura da porta, mas só Deus sabe onde está. Eu poderia explodir a porta, mas danificaria o que tem aí dentro. E é aí que entra você. — Ele apontou para Ella e sorriu.

— Eu?!

— A vontade solar tem o poder de gerar um calor quase tão intenso quanto o próprio sol em seu potencial máximo, pega a sua espada, imbuída com as chamas e vai em frente. Imagine que ela é um maçarico, entendeu?

— Beleza, mas o que tem aí dentro? — respondeu Ella, desembainhando sua rapieira.

— Tem respostas, muitas respostas. É por isso que eu voltei para Vigon.

Ella imbuiu sua rapieira em chamas e, seguindo as instruções precisas do Vendedor, começou a traçar o contorno de uma porta no local indicado.

— Mas como você sabia que exatamente aqui tinha uma parede falsa? — indagou Ella, evidentemente curiosa, prestes a terminar sua tarefa.

— É uma informação confidencial, Ella. Apenas o fato de você saber um pouco disso poderia colocá-la em perigo, não quero te dar mais problemas.

— Não gosto quando você esconde coisas de mim — murmurou. — Terminei, e agora?

— Agora a gente mete uma bica.

O Vendedor Viajante chutou a parede cortada pelas chamas solares e ela tombou no chão precisamente. Foi cortada em um formato retangular perfeito.

A sala aparentava ser um escritório, com várias estantes pela sala, todas abarrotadas de livros e cadernos de anotações.

No centro superior da sala, uma mesa rústica feita de cedro se destacava, sobre a qual continha um porta-retrato com a foto de um homem e uma placa com o nome “Dr. John Kross“ e abaixo do nome “Presidente e Virologista”.

Aparentemente, aquele de fato era o escritório de alguém de grande importância.

— É só um escritório, o que você tanto procura aqui?

— Você vai ver — respondeu o Vendedor Viajante, revirando em todos os lugares da sala.

Ella pegou a foto dele e o analisou. Era um homem de semblante sério, de pele branca e cabelos loiros, com um topete elegante penteado para a esquerda

— Aí, o que é virologista?

— É alguém que estuda vírus — respondeu ele, mexendo nos livros apressadamente.

— Então foi ele quem criou a cura pra corrupção?

— Ham, vai nessa. — O Vendedor parou de mexer nos livros para responder Ella. — John Kross é um virologista que trabalhou para o governo estadunidense, aqueles putos queriam dominar Rubra a todo custo. Esse cara aí criou diversas armas biológicas que dizimaram milhões de civis aqui no país. Ah, e também, antes dele se tornar um virologista, ele era um soldado da Navy Seals, esse cara é perigoso pra caralho.

— Então foi ele que roubou a cura?

— Não há nada confirmado, mas provavelmente sim.

— Que merda, não tá aqui! — gritou o Vendedor, socando a estante.

— Ei, calma aí, o que você tá procurando?

— Um livro, não, mais que um livro, é quase uma enciclopédia do Vazio, mas algum desgraçado já pegou. Que merda! — O Vendedor Viajante estava notavelmente estressado. — Temos que torcer para ele estar nas mãos de uma pessoa boa, porque se não, não se surpreenda com uma lua roxa.

— O que você quer dizer com isso? — indagou Ella, lembrando do que viu no Vazio.

— Esse livro tem desde todas as criaturas do Vazio catalogadas à até mesmo todos os rituais do Vazio, inclusive o Eclipse.

— O Eclipse... minha mãe já me contou sobre ele, mas não me deu muitos detalhes, ela disse que era muito pesado pra mim. Mas, caramba, quem que escreveu ele? Quer dizer, é um conhecimento do Vazio que provavelmente só o Chaos teria.

— Foi o Doutor Yersin. Nem me pergunte quem é ele. Ele é uma figura muito complexa e eu não estou com paciência para explicar.

— Calma, não precisa ficar estressado assim — disse Ella, repousando sua mão delicadamente no ombro dele. — Tenho certeza que esse livro está nas mãos de uma boa pessoa.

— Espero que sim. — Suspirou.

Os dois saíram da sala e continuaram caminhando pelo laboratório, rumo ao elevador principal.

Enquanto seguiam pelo corredor, Ella escutou sussurros clamando seu nome; eles vinham de uma porta envolta por correntes.

A garota parou, perplexa, encarando a porta enquanto um medo começava a fluir por seu corpo.

— Ei... Vendedor, você tá ouvindo isso?

Ele não respondeu.

A porta começou a tremer e bater vigorosamente. Ella recuou dois passos para trás e desembainhou sua rapieira.

As correntes que bloqueavam a porta se romperam bruscamente e, lentamente, a porta começou a se abrir, rangendo de ferrugem.

Uma besta amedrontadora saltou da escuridão da porta, avançando sobre Ella e a assustando intensamente.

Com um grito agudo vindo da garota, tudo voltou ao normal. Era apenas uma ilusão da sua mente.

O Vendedor Viajante estava ao seu lado, tentando trazê-la de volta à realidade.

— Ella! Você está bem? O que aconteceu?

Ella estava arfando, um pouco confusa, mas logo respondeu.

— Estou, eu acho. — Ella engoliu em seco e olhou para ao redor. — Não foi nada, eu só... eu só vi coisas. Acho que estou cansada.

— Ficar muito tempo aqui em Vigon não faz bem, tem vezes que eu também começo a delirar. Vamos, estamos quase chegando no elevador — disse ele, ajudando Ella a se levantar.

Finalmente, eles chegaram ao tão almejado elevador, o único que tinha conexão direta com a sede do laboratório na superfície.

— É aqui. Agora, só falta você energizar — exclamou o Vendedor, apontando pro elevador.

Ella pegou o cristal de Neofásio e o aproximou dos botões do elevador. A luz se acendeu, emitindo um barulho tecnológico.

Os dois entraram na cabine e o Vendedor apertou o botão para subir.

Quebrando o silêncio constrangedor, ele começou a assobiar.

Ele assobiava a música “Dead Man’s Chest”, um clássico de 1891. Surpreendente, ainda era lembrado até os dias de hoje.

— Aí, não vou poder te acompanhar até a UCC, você vai ter que ir sozinha até lá, mas fica de boa, o caminho é tranquilo, é só seguir em linha reta — tranquilizou o Vendedor.

— Ué, você não ia até a UCC também?

— Lembrei que tenho que fazer uma visita pra um velho. É foda, Ella, lidar com idosos as vezes é um saco.

— Imagino. — Ella riu.

Levaram aproximadamente dois minutos para o elevador chegar à superfície.

Quando as portas do elevador abriram, uma brisa suave tocou o rosto de ambos.

Finalmente, aquela pressão do subterrâneo se esvaiu, o ar, fresco substituía o calor abafado de antes.

Ella levantou sua mão acima da sua sobrancelha para tampar um pouco do sol. Ela sequer lembrava quando foi a última vez que viu a luz do dia; o brilho intenso estava muito forte para seus olhos.

— Como eu senti saudades disso. — Ella sorriu emocionadamente. — O céu... é tão bonito de se ver.

Era uma experiência única para Ella. A garota, que passou sua vida cercada por muralhas, agora se deparava com uma visão exuberante que jamais imaginou.

Nuvens gigantes revestiam aquele vasto céu azul, com um imponente sol que revigorava suas forças.

— O céu de Rubra é único, ainda mais de noite. Também estava com saudades dessa vista.

Eles caminharam para fora do laboratório e a vista conseguiu se tornar ainda mais encantadora. Era a primeira vez de Ella na capital de Rubra.

Centenas de prédios futuristas se erguiam por todos os lados; a vegetação havia tomado conta de todos, com vinhas que desciam pelas fachadas e musgos florescendo em todos os cantos.

Algumas partes da cidade estavam completamente alagadas. A forma como a natureza havia se propagado tão magnificamente pela cidade fascinava a Ella.

— Ei — O Vendedor estalou os dedos na frente de Ella. — Eu vou indo. É só você seguir em frente e vai chegar na UCC, belezinha? — Ele apontou pro Leste.

— Ok, nos vemos lá então? — Ella estendeu a mão pra um soquinho.

— Com certeza. — Ele respondeu, dando um soquinho de volta.

Após a despedida, ambos tomaram caminhos diferentes.

Era dia, o céu azul pontilhado por enormes nuvens brancas. No horizonte, um castelo dourado flutuava majestosamente. Tudo naquele ambiente parecia místico.

Ella pegou seu mapa e começou a seguir seu trajeto.

Carros, tanques de guerra e armas militares avançadas estavam abandonados pela cidade, todos já tomados pela vegetação.

Algumas horas se passaram enquanto Ella continuava seguindo o trajeto, mas, repentinamente, parou.

O som de um assobio começou a ecoar atrás dela.

Seis homens mascarados, fortemente armados com rifles, andavam lentamente atrás dela. Para o seu infortúnio, eram os ceifadores.

Ella se lembrou do que Kiyoko havia dito.

Todos estavam usando máscaras brancas, mas aqueles que realmente eram perigosos usavam máscaras douradas e pretas. Felizmente, eles não estavam presentes naquele momento.

Ela desembainhou sua rapieira lentamente.

Quando Ella deu um passo para frente, o ceifador de máscara dourada se teletransportou atrás dela. Partículas do Vazio emanaram de sua presença sombria.

Ella instintivamente desviou para o lado, evitando uma emboscada iminente.

— Parece que nos encontramos novamente, loirinha. — Ele riu. — Quer dizer, você não achou que poderia matar meus homens e sair impune, né?

— O que você quer? — disse Ella, franzindo seu cenho.

— Não... não, porra! Essa não é a pergunta certa. Vamos lá, pergunte de novo, eu sei que você consegue. Pergunte quem sou eu.

Ella o encarou seriamente, recuando um passo para trás.

— Vamos! — gritou ele.

— Quem é você? — ela perguntou, com firmeza na voz.

— Meu nome é Andrew Griffin — respondeu ele, fazendo uma reverência. — Sou o temido líder dos ceifadores, a maior facção de terroristas de Rubra. Essa capital é nossa, nós mandamos por aqui, entendeu? Pensou mesmo que eu deixaria qualquer mulherzinha matar um dos meus?

— Aquele comerciante maldito não está com você, né? Vai fazer o que agora? — Andrew riu.

— Se não sair do meu caminho, vou matar você que nem os seus homens! — exclamou Ella, apontando sua rapieira para ele.

Os demais ceifadores riram como se tivessem escutado a piada mais engraçada de suas vidas.

Ella olhou para os lados, um pouco constrangida, mas manteve o foco em Andrew Griffin.

— Muito bem, é disso que eu gosto! Vocês, não interfiram — disse Andrew, olhando para seus homens.

Ella e Andrew entraram em posição de batalha ao mesmo tempo.

A garota segurava a rapieira com sua mão direita e mantinha seu braço esquerdo alinhado ao seu revólver, pronta para fazer um saque rápido, se necessário.

Mas Andrew era diferente, e Ella logo percebeu isso.

“Braços levantados próximos ao seu tórax... essa postura é estranha. Não é adequada para um machado, muito menos para uma espada. Mãos duplas, isso é...” O pensamento de Ella foi abruptamente interrompido por um repentino avanço de Andrew.

Ele se teletransportou acima da garota, com duas adagas prestes a perfurarem seu pescoço.

“Adagas!”

Ella inclinou o corpo para trás, desviando-se do ataque e logo em seguida desferiu um corte diagonal em Andrew. Assim como ela, ele inclinou sua cabeça para trás e se teletransportou.

Aparecendo furtivamente nas costas de Ella, iniciou a uma sequência de ataques ferozes com suas duas adagas.

A garota desviou de todos os golpes, mas no final recebeu um chute no rosto de Andrew

Mesmo caindo para trás, Ella ainda conseguiu devolver um chute pesado no rosto de seu oponente. Ambos se distanciaram, ofegantes.

A máscara de Andrew escondia qualquer expressão que ele pudesse ter, era difícil para Ella traçar seu próximo movimento.

— Usar adagas não é nem um pouco prático para matar criaturas do Vazio — exclamou Ella.

— Não são para matar criaturas do Vazio. São para matar humanos.

Ella franziu o cenho.

Flammeum Gladium. — Ella deslizou sua mão pela extensão da lâmina, que se envolveu em chamas.

Seu olhar era mortal, intimidando até mesmo os outros ceifadores. Somente Andrew tinha coragem de enfrentar a Ella.

Ella avançou destemidamente contra Andrew, desferindo uma série de estocadas com sua rapieira em chamas.

Ele desviava de todos facilmente, provando ser um oponente formidável.

No último ataque de Ella, Andrew se teletransportou e apareceu ao lado dela. O que ele não esperava era que a garota já tivesse previsto isso.

Antes dele teletransportar, Ella virou seu corpo para a esquerda, onde imaginou que ele apareceria.

No entanto, Andrew era realmente diferente dos seus outros oponentes.

Em milissegundos ele empurrou o braço de Ella, que, se o acertasse, certamente teria o decapitado.

Com seu outro braço, desferiu um soco no oblíquo de Ella, desestabilizando-a completamente.

Ella cambaleou para trás e tentou recuperar a postura, mas como um raio, Andrew a acertou outro soco em seu rosto. Tão rápido que nem mesmo seus reflexos foram capazes de reagir.

Ella foi arremessada para longe com força. Andrew teletransportou para trás dela e a agarrou pelo seu pescoço, jogando-a no chão com força e prensando-a contra ele, impossibilitando qualquer movimento.

Andrew pegou a espada de Ella e jogou para longe. Outros ceifadores rapidamente agarraram seus braços e pernas, imobilizando-a completamente.

— Me larga, seu filho da puta! — gritou Ella, furiosa, com a cabeça sendo prensada contra o chão.

— Essa é brava em. — Andrew riu.

— E ela tem uma bunda maravilhosa — disse um dos ceifadores.

— Geralmente as mais bravas são as mais gostosas — falou outro, rindo.

— Se contenham, parece até que não veem uma mulher há anos. — Andrew aproximou seu rosto do de Ella. — O que eu faço com você, em?

— Vai pro inferno! — Ella cuspiu em sua máscara.

Andrew lhe deu um tapa com toda sua força, deixando uma marca visível em seu rosto.

Em seguida, canalizando seu poder, ele abriu uma fenda do Vazio no chão, em frente a Ella.

Ele agarrou os cabelos de Ella e aproximou seu rosto da fenda, forçando-a encarar o Vazio.

— Consegue sentir o cheiro? Aah, o cheiro característico do Vazio. Esse odor de mofo misturado com gasolina. — Andrew fungou próximo ao pescoço de Ella.

Ella pressionava suas mãos contra o chão, lutando para não ter sua cabeça completamente afundada na fenda.

No entanto, era inevitável não encarar o Vazio.

Tão bizarramente perturbador quanto da última vez que ela o viu.

— Cuidado, Ella. Se você olha muito tempo para o Vazio, o Vazio olha de volta para você.

Andrew agarrou seu cabelo com força e mergulhou sua cabeça completamente na fenda do Vazio, fazendo com que a cabeça de Ella atravessasse o portal.

Por um triz, a cabeça de Ella não encostou numa poça de água do Vazio.

A garota conseguia ver a água borbulhando bem diante de seus olhos.

— Vai uma aulinha de conhecimentos gerais, Ella — gritou Andrew, euforicamente. — Sabia que a água do Vazio é até dez vezes mais corrosiva que o ácido fluorídrico? Hahaha, imagina esse ácido entrando em contato com seu rostinho lindo.

Ele empurrou sua cabeça ainda mais para baixo; ela pôde sentir o cheiro da água. Um odor mortal e perturbador.

— Merda! Andrew, por favor, e-eu faço o que você quiser — implorou Ella, aos prantos.

Ele a puxou de volta, rindo feito um psicopata.

— Você vai fazer tudo que eu quiser?

— S-sim, tudo, só por favor, não me jogue nessa poça.

— É uma boa proposta, sim... é realmente uma boa proposta. — Andrew fez um cafuné na cabeça de Ella, deixando-a confusa. — Que pena, tudo que eu quero é vingar os meus homens.

Andrew a puxou com mais força do que antes e mergulhou sua cabeça na fenda.

Antes que o rosto de Ella tocasse na água, ele parou. Uma voz repentina de um homem chamou sua atenção.

— Ceifadores, não é? — disse o homem misterioso, andando lentamente em direção a eles. — Ouvi histórias sobre vocês, terroristas... os mais perigosos, homens maus que só querem causar o caos na cidade.

— É isso aí, platinado — debochou Andrew, olhando para trás lentamente.

— Ah, pois é. Acreditaria se eu falar que meu cabelo é natural? — O homem misterioso colocou as mãos na cintura. — Sabe, hoje eu estou de bom humor. Deixe a garota ir e não mato nenhum de vocês.

Todos os ceifadores, com seus rifles apontados para o homem, começaram a rir, incluindo Andrew. O homem misterioso riu junto com eles.

— É mesmo? — disse Andrew, rindo.

— Pode apostar que sim.

— Essa vagabunda aqui... ela é alguém importante para você?

O homem misterioso notou a rapieira na bainha de Ella e a Colt Python em seu coldre.

— Sim, ela é. — Em seguida, desembainhou sua espada numa velocidade surpreendente.

Num piscar de olhos, ele executou exatos cinquenta e cinco cortes em todas as direções, atingindo os ceifadores.

Era impossível eles desviarem, sequer haviam percebido quando ele desembainhou sua espada.

Todos os corpos foram fatiados em diversas partes e uma nuvem de sangue tomou conta do ambiente.

Andrew, reagindo apenas quando todos seus homens foram fatiados, puxou Ella de volta e se teletransportou para alguns metros de distância.

— Filho da puta... você poderia ter riscado meu capacete? — gritou Andrew, histérico.

— Eu tentei te avisar, meu amigo, não queria ter matado todos eles. — Ele riu enquanto limpava o sangue de sua espada com um lenço preto. — Deixando o falso moralismo de lado, na real eu queria sim. Não me importo de matar saqueadores.

— Você acha que está com a marra toda, não é platinado?

— Vem me mostrar o contrário então. — Um olhar de superioridade e um sorriso arrogante estavam estampado em seu rosto.

Mesmo estando em desvantagem, Andrew começou a rir insanamente.

Ella o observava com um olhar de pavor enquanto ele soltava uma risada maléfica.

O homem misterioso o encarou com seriedade.

— Quem é você, garoto? — perguntou Andrew, após se recuperar da sua risada insana.

— Se tivesse perguntado desde o início, talvez você poderia ter evitado tudo isso. — O homem empunhou sua espada, apontando-a contra Andrew. — Não gosto de revelar meu nome por aí, mas eu acho que você sabe guardar segredos, não é, Andrew?

Andrew riu novamente. Sua máscara de caveira tornava sua risada ainda mais macabra.

— Meu nome é Ethan Murphy, e eu nunca permitirei que toquem na minha irmã.

Ella finalmente conseguiu encontra-lo. Ou melhor, foi ele quem a encontrou.



Comentários