Parte 1
Capítulo 11: Cultistas de Lilith pt.2
Por trás da máscara, velho olhava aos arredores com seu olhar cansado e desconfiado, mas completamente cheio de si.
— Garoto. Está sentindo? — Disse o homem, ainda olhando para frente.
— Sim, sensei…
— Agora você me chama de sensei, é? Chichichichi! — O homem riu. — Acho que… para sermos mais diretos, irei lhe chamar pelo seu nome!
— O… ok! — exclamou o pupilo.
A energia começou a se deteriorar mais ainda, se tornando algo vil e podre. Os dois, lentamente saíram da cabana, agindo como se não soubessem de nada. Mas a energia se condensava ainda mais, como se estivessem a esmagando.
Olharam para os lados além da cabana, vendo que além daquilo, uma fumaça preto subia no horizonte. Simplesmente aquela cabana fazia parte de toda uma aldeia na neve, mas em um relevo mais abaixo e completamente inóspita, cujo único barulho que emanava era o uivar do vento.
Ao descer o morro para adentrar a aldeia, a nevasca começou a se dissipar, e o que antes eram silhuetas de casas decadentes e uma fumaça preta subindo aos céus, se mostraram ser pilhas de cadáveres ensanguentados e mutilados com os músculos enrijecidos, eternizando uma expressão de horror em seus rostos.
O velho se apressou para descer à aldeia, começando a deslizar com estilo na neve morro abaixo.
Ao descer na aldeia abaixo, o velho bocejou e caminhou lentamente até os diversos cadáveres caídos na neve enquanto o homem o seguia paranoico aos arredores
— Homem. Homem. Homem. Homem. Mulher, não… Homem também. — Disse o velho, apontando para os cadáveres ensanguentados no chão. — É, aqui só há homens mortos, homens PATÉTICOS — Disse o velho, escarrando e cuspindo em um dos cadáveres.
— Sensei… respeite os mortos! — Disse o homem.
— Dezenas de homens e não conseguiram parar um grupo de mulheres mal amadas, uh. — Disse o velho, caminhando sobre alguns cadáveres.
— Eu não acho que sejam cultistas comuns, hm… — Disse o homem, evitando pisar nos cadáveres e olhando aos arredores.
— E o que você acha que sejam? Clérigos? Pactários? Feiticeiros? Bruxas? Essa história está mal contada, por que e como que elas sequer conseguiram essas ambições malignas? Isso não é só sobre poder, deve ter mais coisa nisso. — Disse o velho, se sentindo completamente cético de suas opiniões.
— E você quer que façamos o que? Que vamos ao Inferno ver o que é?
— Nah, preguiça, eu sinceramente não quero perder meus últimos anos de vida no Inferno… só quero acabar o serviço logo. — Disse o velho, estalando os ossos do pescoço.
De repente, o assovio do vento parou abruptamente, e do centro da aldeia, os dois homens enxergaram diversas silhuetas encapuzadas vindo em sua direção, cercando o centro da cidade ao redor deles.
Conforme as silhuetas se aproximavam, mais era possível enxergar suas reais formas, mulheres em mantos negros, vermelhos e diversas outras cores. Seus rostos eram completamente deploráveis, rostos flácidos e acizentados, globos oculares pretos e íris amarelada.
Vendo a situação, o homem suplicou ao seu sensei:
— Sensei… eu… eu sou forte mas você sabe que a minha maior fraqueza é o desconhecido!
O velho mal se importava com o que ele dizia, e serenamente alongava suas panturrilhas e braço, estalando diversas juntas no processo e o satisfazendo, então disse:
— Uuuuuhhhhh, muito melhor, ei garoto! Será que eu tiro a máscara? — Ele questionou calmamente e sorridente por trás da máscara ao seu parceiro.
— Que?! Você sabe que as diretrizes da Cidadela não permitem que ninguém mostre o rosto por motivos de confidência!
— Ah… mas honestamente, tirar a minha máscara para os mortos não faz a menor diferença! Chichichichichi! — Disse ele rindo por trás da máscara.
Uma das cultistas que estava no círculo, parou tudo e apontou para o velho, o questionando de modo agressiva com uma voz extremamente grossa e rouca.
— Este semblante, essa cor de pele, essa máscara, esse sotaque…! Você é um humano Aatjavan! — Disse ela, soltando as correntes de seu pulso e se preparando para o combate. — Ei… Não precisa tirar q máscara, deixa que EU faço questão de a tirar, seu herege nojento!
— Ei senhora, vamos fazer o seguinte, eu não sou sexista e você não é racista, ok?! — Disse o velho, se alongando novamente. — Garoto, é melhor que você ainda saiba algo que eu lhe ensinei.
A singular cultista, babando e cambaleando rapidamente, foi ao ataque enquanto todas as outras apenas assistiam, suas correntes terminavam em uma grossa e pontuda lâmina que era capaz de destruir ossos como se fossem vidro.
Ela se aproximava rapidamente de sua posição, e o velho, ainda a subestimando pela sua sexualidade, apenas se agachou, e com as mãos firmes e consciência plena, selou um símbolo com suas mãos, em seguida saltando em uma enorme altura e caindo logo atrás dela.
A cultista não perdeu a viagem, e continuou avançando para chegar em direção ao garoto, que assustado, respirou fundo. O vento gelado e visível adentrava suas narinas, e assim que atingiu a respiração máxima, exalou pela boca, liberando chamas pelas frestas dos dentes cerrados.
Suas mãos se tornaram flamejantes, e com uma enorme frieza no coração, desferiu uma barreira de socos em direção à cultista, que suavemente e habilmente desviou de todos os socos, balançando sua corrente em direção ao peito do garoto, a cravando em seu peito.
— ARGH! — Gritou o homem conforme sentia a lâmina bruscamente perfurando seu coração, logo em seguida o arrastando para onde a cultista o queria lançar.
A cultista, ao prender a corrente em seu peito, rapidamente balançou a corrente para o lado para lançar o garoto aos ares, e assim o fez, que quando estava no limite da corrente, a cultista puxou bruscamente para trás, o fazendo cair longas dezenas de metros para trás.
— AAAHHHH!!! — Gritou o homem conforme voava e deixava vários pingos de sangue na neve até o local de sua queda, afundando na neve.
A cultista parou, recolheu sua corrente e começou a lamber a ponta. O velho, longe e vendo a cena, apenas opinou:
— Uau, lamber sangue? Nossa que medo!
— Como eu suspeitava, isso é sangue de Aatjavano! É sangue de… HEREGE, nem Lilith irá aceitar esse sangue de sub-humano, não preciso hesitar em te estilhaçar, mesmo que todo o seu sangue se esparrame no chão! — Disse a cultista, quando sentiu uma pontada no interior de sua mente.
— ARGH! — Ela berrou, enquanto olhava fixamente para baixo e botava uma mão na têmpora, tentando acalmar uma dor que parecia explodis os seus miolos.
A cultista, mesmo em silêncio, enfrentava uma absurda dor e se concentrava para não deixar escapar aquilo que estava para subir em sua garganta, mas era inútil. Botou para fora uma quantidade absurda de sangue, nem ela mesma sabia se aquilo era um vômito ou um mero cuspe, mas ela havia entendido o recado, e voltando novamente para olhar aos arredores, disse às companheiras, com a boca trêmula:
— E-esqueçam o que eu disse… Lilith aceite QUALQUER tipo de sangue, ataquem-o mas não o façam perder muito sangue! — Disse a cultista, ordenando que as outras atacassem o velho e se retirando para se recuperar da quantidade de sangue perdida.
Hm, então aquela ali é a líder? Eu deveria saber, afinal ela é a única de manto roxo entre as outras, mas… se cores significam algo, então o que aquelas além das com manto preto — com mantos verdes e vermelhos — significam?! — Questionou o velho em pensamento, já se preparando para o imprevisível.
O velho novamente fez os gestos com a mão, mas mudou as posições dos dedos, e assim, seu corpo brilhou por literalmente um milésimo de segundo, e então começou a caminhar em direção às cultistas.
Após aquele brilho em seu corpo, seus passos eram suaves é absurdamente bem cadenciados entre um passo e outro, tão suave, tão sincronizado, mas ao mesmo tempo, tão ágil, aquilo confundia as cultistas, que cessaram seu avanço e ficaram olhando o velho caminhar, sem entender o que iria acontecer.
De repente, conforme o velho caminhava, cópias levemente transparentes eram deixados para trás, repetindo seus exatos movimentos e criando uma fila de cópias perfeitamente sincronizadas e bem perto umas das outras, com apenas alguns milímetros de distância entre uma cópia e outra.
O velho então parou, bateu o pé esquerdo no chão, bateu o pé direito no chão, mexeu lentamente os braços de modo complexo, e assim, formou uma outra Mudra — um símbolo — basicamente inidentificável aos olhos as cultistas, já que as cópias estavam se sobrepondo por cima do velho.
GOOOOOOOOOOOOOOONG
Um som de gong extremamente alto que se perpetuou pelo lugar surgiu sem as cultistas saberem identificar se aquilo era um gong real ou apenas um som ilusório em suas mentes, mas pouco importava essa dúvida, pois ao focarem sua atenção de volta ao homem, o viram envolto de uma aura transparente extremamente calorosa, como se seu poder estivesse transbordando pelo seu corpo material.
— Liberar. — O velho disse.
VUP
O velho avançou sequencialmente em diversas cultistas em uma rota fixa, atravessando seus corpos. As cultistas mais ágeis conseguiram acompanhar onde o velho estava e ia, mas assim que o viram parado no fim do seu trajeto, se deram conta de que aquilo que elas estavam acompanhando era apenas uma cópia atrasada que estava terminando um percurso já finalizado muito antes de de sequer notarem.
Assim que a última cópia perfeitamente cadenciada chegou até o velho original, as cultistas começaram a sentir enormes tremores em seus corpos, seguido de um enorme frio interno que explodia em morte.
Todos os seus corpos colapsaram em dezenas de cortes profundos e sangrentos por toda a carne mas, entretanto deixando os mantos completamente ilesos, sem uma única sujeira, mas após aqueles cortes, as mantas se encharcaram de sangue, e após alguns segundos tentando raciocinar o que havia acontecido, caíram estiradas no chão.
O velho, olhando para frente, apenas olhou lentamente para trás sem virar o corpo, vendo mais de uma dezena de cadáveres caídos no chão, e começou a sorrir, dizendo:
— Chichichichi! Honestamente, vermelho, preto, rosa, amarelo, não importa!
— Uh, cadê aquela cultista de manto roxo? Questionou o velho, olhando aos arredores.
Nesse exato instante, um som metálico percorreu seus ouvidos. Uma corrente estava circundando seus arredores, se fechando cada vez mais em seu corpo conforme se alongava, o prendendo e não deixando se mover.
O velho, apesar de ter se surpreendido, não demonstrou medo, e por trás da máscara de serpente, ainda se mantinha frio e em pé. Assim que o homem virou seu pescoço para trás, viu uma cultista errante cambaleando com a mão no estômago e a outra na corrente, olhando para baixo e se aproximando lentamente, dizendo:
— Uh… você… você é bom… mas… nem nos seus melhores sonhos você vai conseguir vencer… Há mais cultistas se aproximando do Leste, elas estão dominando grande parte dos territórios setentrionais… e em breve… elas virão para cá… atacando tanto do oeste quanto leste, e esse país maldito… será apenas um receptáculo geográfico de Lilith…!
— Ok. — O velho, ainda amarrado, respondeu.
— Que? — A cultista questionou.
— Isso mesmo, eu realmente não me importo com esse país, e nem com a Cidadela, uh… você já deveria saber disso, já que eu nem sou da mesma raça que eles. — Disse o velho, ainda amarrado mas completamente desinteressado.
— O… o que… Então por que você… está aqui?! Seu… — A cultista disse, completamente distante da realidade, e quando menos percebeu, já não sentia mais suas pernas, caindo apagada para o lado e se afundando na neve.
As correntes que amarravam o velho se afrouxaram e caíram aos montes no chão, libertando-o daquela posição. Ele então caminhou até a mulher caída no chão, seu corpo não respirava mais, sua mão estava enrijecida e presa em uma motivação onde segurava a região da barriga.
O velho, olhando para o chão sem entender nada, apenas se virou para trás para poder socorrer seu parceiro que naquele momento, se encontrava congelando em meio à enorme camada de neve no chão, com uma perfuração no coração.
O velho se encontrava com seu parceiro no chão, com uma mão no corte e a outra com a palma virada em sua testa, arfando como se cada respiração fosse a última. Vendo a cena, o velho apenas o repreendeu.
— Você realmente não sabe o básico do que eu te ensinei, né?! — Disse o velho, estendendo a mão para o puxar para ficar em pé.
— …? — O velho se questionou em mente por uma literal fração de segundo, antes de olhar para trás e ser surpreendido por uma corrente voando em direção ao seu rosto, rapidamente tirando o rosto do caminho.
A velocidade da corrente era tão alta, que mesmo desviando em uma fração de segundo a mesma ainda conseguiu acertar sua máscara que estava de lado, a cortando e fazendo-a partir em dois, caindo de seu rosto e revelando sua verdadeira aparência.
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