Parte 1
Capítulo 10: Cultistas de Lilith
Em uma enorme e turbulenta nevasca à leste do reino tebaliano, em uma decadente cabana de madeira, uma figura masculina se encontrava estirada no chão, com profundos cortes no pescoço e pescoço, escorrendo sangue entre as telhas do chão.
Já no canto do cômodo, uma figura feminina se encontrava sentada, encolhida, tremendo e com uma faca ensanguentada na mão, lacrimejando incessantemente. Uma voz feminina e grotesca sussurrava em seu ouvido:
— É isso que você almejava pelo resto de sua vida…? Uma vida de privações…? Uma vida de destruição mental passiva…?
A mulher continuava no chão com a faca em sua trêmula mão, periodicamente se engasgando com sua própria saliva. A voz mórbida então disse novamente:
— Você sabe o que deve ser feito agora, complete o RITUAL, na pélvis. Agora, já não há mais volta.
A mulher, tremulando a faca na mão, a apontou para a sua região pélvica, e encharcada de suor, ela tomou a atitude.
SKLUTCH
Um murmúrio de dor é emanado, se apagando e sendo seguido de um som de cabeça colidindo com as tábuas de madeira e pingos de sangue gotejando no assoalho.
Conforme amanhecia, em meio à floresta carbonizada, os 3 caçadores de elite buscavam vestígios que comprovassem pelo menos sequer a morte de seu parceiro de trabalho.
Os 3 estavam em meio ao que se podia chamar de “mata”, com toda a mata completamente carbonizada, deixando à mostra apenas quilômetros e quilômetros de carvão vegetal no chão, além de um cheiro incômodo e visceral que penetrava suas narinas e pareciam carbonizar seus cérebros.
— Hm, acho que o nosso companheiro Asahr… quis brincar com a presa e acabou se dando mal. — Disse o homem com máscara de lobo prateada enquanto ajoelhado e passando seus dedos em uma arcada dentária enegrecida, e logo em seguida, colocando os dedos por trás da máscara, passando-os na língua.
A caçadora de máscara de coruja, ao ver a cena e som da lambida, ficou com nojo e já o repreendeu:
— Eca, você quer se aparecer?
O caçador-lobo, ao ouvir aquilo, se manteve agachado mas riu, virando seu rosto para cima, em direção à caçadora.
— Você é estúpida? Essa é literalmente a minha única oportunidade onde posso ser útil além de apenas… lutar. Eu consigo LER aquilo que foi carbonizado, mas infelizmente apenas com a minha língua.
A caçadora ainda se mostrou enojada, mas relevou, o disse para que se levantasse, e assim que o caçador o fez, a mulher bateu em sua máscara com força, empurrando o material duro da máscara contra seu rosto, quase quebrando seu nariz e sendo bem doloroso.
— ARGH! Por que você fez isso!?! — questionou o homem com a cara virada pro chão e a mão na máscara.
A caçadora respondeu:
— Você falou em lutar e, eu me dei conta do quão ESTÚPIDO e inconsequente você é na hora de enfrentar alguém, e eu não quero que você cometa os mesmos erros de NOVO.
O homem, ainda com a mão na máscara, riu um pouco e disse.
— Não… não tem graça ganhar tão fácil, vencer rápido é para pessoas que querem aprovação delas mesmas ou dos outros! Ainda mais levando em consideração que me foi concebido uma habilidade tão péssimo e sem graça… eu preciso pelo menos me entreter.
— Uh, que seja, seu imundo, só não se canse no meio de tudo. — ela respondeu
— Ha, não se preocupe, LUCY. — disse o caçador, com um enorme ênfase irônico no nome da caçadora.
Com raiva, a caçadora ligeiramente chutou sua canela, sem parecer causar alguma dor à ele.
— Você sabe que não podemos dizer os nomes uns dos outros enquanto estivermos em operações! — disse a caçadora.
— Ahhh, honestamente, chamar as pessoas de nome de bicho ou de números é ridículo, mas ei, se quiser me chamar pelo meu nome real… eu deixo! — disse o homem.
— Hm, tanto faz, só não me chama de “Lucy”, esse literalmente nem é meu nome inteiro, vamos sair daqui, esse cheiro de carvão tá acabando com o meu olfato.
— Cadê o outro caçador? — questionou o homem.
O terceiro caçador do grupo estava mais longe. parado, encarando os novos campos pretos que haviam surgido à partir daquela bela floresta, este caçador em especial, possuía uns 2 metros de altura, maior que a caçadora que media 1,65 e o caçador que media 1,81.
Ele encarava o horizonte, sua máscara de tigre não só ocultava sua aparência, mas também toda a sua personalidade, pois sequer falar ele fazia, dependendo que seus parceiros entendessem o que ele realmente queria.
Ele não exala personalidade, não exala carisma, não exalava emoções, apenas exalava uma tremenda aura pesada que cercava seu corpo. Sua única arma era um revólver ligeiramente enferrujado, com apenas 1 bala no tambor, e seus parceiros sabiam muito bem o que aquilo era capaz de fazer.
O caçador-lobo, o viu distante, então gritou por seu codenome, e o homem apenas se virou lentamente para trás, andando de modo mecânico para atender ao chamado.
A caçadora vendo isso, se sentiu desconfortável e já disse pro caçador:
— Uh, não importa quantas vezes eu trabalhe com esse cara, eu ainda acho ele mais esquisito que muito criminoso e maníaco que matamos — disse a caçadora, indo para trás do caçador-lobo enquanto olhava o homem se aproximar.
— Nessas horas eu sou útil né? — perguntou o caçador-lobo, se preparando para fazer um outro comentário.
— Uh, onde será que estão os números 6 e 7? Tipo… eu sei que eles tão em Leste matando umas vadias misândricas, mas uh.. a dupla podia ser nós, né?! — disse o caçador-lobo, rindo, e então continuou:
— Mas infelizmente precisamos completar a nossa missão. — disse enquanto criava um pássaro de chamas em suas mãos,
— Voe! — ele clamou enquanto a criatura flamejante voava de suas mãos até o céu, sumindo no horizonte.
À Extremo-Leste do Continente Estelar, perto do que muitos geógrafos considerariam a fronteira entre o Continente Estelar e o Continente Dourado, nos Ermos de Tebalion, o reino que abriga a Cidadela Mágica, dois caçadores mascarados caminhavam entre a nevasca brutal, onde apesar de ser dia, só era possível ver neve caindo por todos os lados e o som do vento por si só e o som dele batendo em suas máscaras
Mas os dois homens não se mostravam nem um pouco incomodados com isso, e caminhavam em direção ao seu objetivo.
Um caçador possuía um gibão púrpura e máscara prateada de serpente, caminhando com os braços atrás das costas e mãos conectadas, coluna inclinada para frente e um semblante velho, sábio e confiante, mas bem descontraído e alto-astral.
Já ao seu lado, um homem com máscara de pavão e gibão lilás , mais alto, esguio, sério e mais jovem que o caçador ao seu lado.
O caçador com máscara de serpente, olhou para os lados com a mão sob os olhos da máscara, mas a única coisa que encontrava eram árvores de pinheiro em meio à enorme nevasca caindo, uma alternância entre cores brancas e escuras.
O homem com gibão lilás logo questionou ao seu parceiro.
— Você tem certeza que aqui vão ter membros do Culto de Lilith?
O velho logo o respondeu.
— Aqui seria justamente o melhor lugar para haverem cultistas. Inóspito, clima difícil, perto da fronteira com outro reino, menos chance de alguém querer vir colocar assentamentos na região, então… é.
O homem de lilás se mostrou mais cético, e parando de caminhar enquanto o velho continuava, ficou para trás parado e olhando aos arredores, com a palma da mão sob os olhos de sua máscara, onde só se via neve.
O velho, após andar um pouco, parou e olhou para trás, dizendo .
— Aqui não é tão frio quanto o Meridiano do Continente Dourado, né? Eu superestimava esse tipo de clima fora de algumas regiões de lá, mas parece que não é tão frio quanto eu pensava.
O homem apressou os passos, e começou a retrucar:
— Eu estou literalmente congelando e com metade da panturrilha soterrada sob a neve, sem quase conseguir ouvir uma palavra que você diz por causa do vento!
— É porque você não dominou o que eu lhe ensinei, seu tolinho! — disse o velho, lentamente levantando a mão e dando um peteleco na testa da máscara prateada do homem, que se rachou um pouco. — Viu só!? — ele questionou
— Mas aí que tá! Os membros do Culto de Lilith não devem nem saber o que são os ensinamentos de Meridiana!
— Shiu. — O velho disse, parando de caminhar e prestando atenção aos sons.
— O que foi? — O homem questionou
— Está ouvindo?
— O que? Eu só ouço o som do vento, você ouviu ou sentiu a presença de alguma cultista por trás do vento?
— Não… eu só quis dizer que, quando você para de falar, a sonoridade do ambiente fica mais agradável!
— Ugh, velho degenerado!!!
— Mas falando sério agora… Estou sentindo uma enorme fonte de Ashuddhi vindo…DAQUELA direção — disse o homem, apontando lentamente para uma direção coberta e ofuscada pela neve caindo.
— Para de brincadeira, velho!
— Hm, ok então, vamos até lá. — disse o velho, confiante.
— O que?! — O homem se surpreendeu, acreditando que era uma piada e que não teria que lidar com consequências tão cedo.
O velho caminhou até uma direção fixa, e conforme se aproximavam, o homem já começou a perceber que aquilo não era brincadeira.
Mesmo em meio ao frio extremo, que causava uma maior densidade no ar, um cheiro adocicado e metálico se propagava pelo ar, seguido de uma energia absolutamente maligna que o homem, com menos proficiência que o velho, também começava a sentir.
De repente, a barreira de neve caindo começou a deixar revelar uma pequena cabana no meio da tundra. Havia sangue por debaixo da fresta, que se afundava na neve e a deixava avermelhada.
— Sangue na neve… — Apontou o homem.
— Eu acreditava nunca mais ver sangue na neve até o fim de minha vida. — Exclamou o velho.
Os dois ficaram parados em frente à porta de madeira quase apodrecida. O homem olhou para o velho como se ele fosse dar alguma solução milagrosa, como comumente acontecia, mas a única coisa que o velho disse foi:
— Abra.
— E-eu?! — duvidou o homem em euforia.
— Isso. A maçaneta dessa porta deve estar um gelo. — Respondeu o velho enquanto calmo em uma nevasca sem precedentes.
— Uh… ok… — respondeu o homem, aguardando que o quer que estivesse do outro lado da porta fosse ser facilmente derrotado pelo velho.
NNNNNNNRRRRRREEEEEK. a porta rangeu enquanto era lentamente aberta.
— Você é estúpido? Abrir a porta lentamente? Quer que o que quer que esteja do outro lado saiba da nossa presença? — Questionou o velho em tom de irritação — Saia da frente! — Ele ordenou (ou recomendava)
BLAM. O som da porta se quebrando veio seguido de som de madeira podre se estilhaçando.
— Oh… Vítimas do Culto de Lilith… — Disse o homem, vendo no chão da cabana uma mulher e homem mortos no chão, com o homem estirado e rígido no chão e a mulher no canto da sala com a cabeça deitada no chão.
— Não, a mulher não é vítima das cultistas, apenas o homem, olhe na região pélvica dela — Disse o velho, apontando para tal órgão, que estava completamente mutilado e repleto de sangue coagulado. O velho logo completou sua linha de raciocínio:
— Aquela mulher, provavelmente matou o seu marido ou seja la o que ele é dela para ganhar os poderes do pacto de Lilith. Para ganhar os poderes do pacto você precisa matar todos os homens que você possui um vínculo de sangue, e por fim, arrancar seu útero fora. É uma pena que a única coisa que ela ganhou foi uma morte patética e vergonhosa.
— Eca… nas nossas terras não tinha isso. — Disse o homem.
— É, parece que é comum as pessoas desse continente serem umas inúteis vazias que sentem necessidade de pertencer à algum grupo, não importe o quão estúpido e desonroso ele seja. — Disse o velho com os braços cruzados atrás das costas e encarando os cadáveres
—…? — demonstrou o velho, parando de olhar para a diagonal abaixo e olhando fixamente reto.
— O que foi? — questionou o homem.
— Garoto. Você ainda sabe como canalizar e usar o Prana? — O velho calmamente questionou enquanto o jovem com máscara de pavão apenas se amedrontava cada vez mais e respondeu:
— S-Sim?! Por que?
— Tem algo vindo em nossa direção. — Disse o velho, ainda olhando fixamente para frente, sentindo algo como um enorme nó de energia maligna e vil se encurtando, como se estivesse se locomovendo em alta velocidade até eles.
O velho continuou:
— Uh, parece que eu não devia ter as subestimado meramente por serem… mulheres. Na verdade não… essas coisas que estão chegando… estão longe de serem sequer próximas à qualquer aspecto da biologia humana. — Disse o velho, se preparando para o pior.
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