Mosmos Brasileira

Autor(a): Sharikov


Parte 1

Capítulo 14: O Novo 4

No palácio central da Cidadela, já batia o meio dia, 14 horas após os eventos à noite. Edmund, o atual líder supremo da Cidadela, jazia em sua cadeira, na mesma nessa retangular gigante onde haviam sido discutidos os assuntos da última noite.

Mas ao invés de serem os juízes da Cidadela que se sentavam nas cadeiras, eram os figurões da alta burguesia da Cidadela, que variavam desde gordos como porcos e com olhos de abutres carniceiros famintos, até homens esbeltos, loiros e com corpos tão belos que apesar de não serem atléticos, pareciam ter sido esculpidos por mármore.

No fim da mesa, estava Edmund, do seu lado esquerdo, em pé, estava Zacarias, nervoso e cansado. Do seu lado direito, em pé, estava o caçador de elite de máscara de raposa e gibão branco, assistindo tudo em silêncio e com os braços atrás das costas.

Já nas laterais da mesa, estavam os burgueses, ouriçados e preocupados com seus próprios interesses, mas cada um importando menos que o assunto que Edmund queria tratar.

— Então, apesar do pouco tempo que se passou desde o ocorrido, acho que já é da ciência de vocês que a Cidadela mudou sua estrutura política radicalmente. — Disse Edmund, com os cotovelos sobre a mesa e as mãos cruzadas, com o pescoço baixo e olhando para todos com desdém.

— Sinceramente, não importa muito que tipo de governo imaginário esteja liderando essa cidade, nós sempre vamos estar governando por cima de tudo, mas… obrigado por nos dizer. — Disse um dos homens, com um rosto inocente, como se o que estivesse dizendo também fosse.

Sem mexer a cabeça, Edmund virou seus olhos em direção ao homem, o questionando:

— Então, devo deduzir que também não importa quem seja o indivíduo governando isso, certo? Um homem, mulher, feiticeiro, mago, elfo, diabo, orc, certo?

— Hmmm… Eu acho que… É, também não faz diferença. — Disse o homem, inocentemente.

— Por que estamos aqui? — Questionou outro burguês, interrompendo aos outros.

Edmund logo ignorou o outro burguês e se voltou ao que questionou aquilo.

— Enfim, eu gostaria de encarecidamente pedir que vocês aumentassem o financiamento da fabricação da Pedra Filosofal.

— E exatamente por que você iria querer que fizéssemos isso? E o que vamos ganhar com isso? — Questionou o homem

— A resposta é simples. — Disse Edmund, levantando as duas mãos ao seu lado, criando uma esfera de energia transparente, na qual ele expandiu ao abrir mais o braço, ampliando ainda mais a imagem de seus motivos.

A esfera deixou de ser transparente e mostrava um enorme cometa flamejante e azulado no espaço vindo em direção à Terra.

— Olhem esse cometa, seu conteúdo é incerto, mas apenas o fato dele vir diretamente para o nosso planeta, ignorando todas as barreiras naturais, já mostra que ele é uma ameaça ao planeta.

Ninguém na mesa se mostrou abalado ou minimamente preocupado, exceto por Zacarias, que ao lado de Edmund, suava e olhava lateralmente para Edmund, mas ainda sem dizer nada.

Um dos homens começou:

— Pois então… não entendo como você quer que nós o financiemos se nem os recursos necessários você tem, sabe?

Edmund logo o respondeu:

— Serão vocês quem nos darão esses recursos, senhores.

Todos na mesa ficaram confusos com a ideia de Edmund, dando sorrisos nervosos e tortos, enquanto olhavam uns para os outros para ver se suas expressões também estavam de acordo. Edmund então, com um olhar afiado, mirou nos homens e começou a condená-los.

— Vocês acham mesmo que é segredo para mim suas questões envolvendo tráfico humano? Tráfico sexual? Isso é simplesmente nojento, mas pior do que nojento, é completamente inútil aos propósitos nobres da Cidadela.

— Você quer que… os fornecemos as pessoas que o tráfico humano traz do Continente Dourado? — Questionou um homem.

— Sim. Precisamos do máximo de energia vital humana possível para nutrir os poderes da Pedra Filosofal e usar os poderes dela para destruir o meteoro! — Disse Edmund.

— E o que garante que vamos obedecer isso? Colocar os nossos esquemas em jogo não é mais só sobre a Cidadela, e nem só sobre Tebalion, agora coloca em risco diversas nações, reinos, organizações e corporações em risco. — Disse o figurão de boa e inocente aparência.

O outro figurão, bem vestido mas de aparência mórbida e nojenta, complementou o que o figurão inocente disse, mas de um jeito brutal e honesto:

— É isso aí! No fim, não importa quem senta nessa cadeira aí, um mago, um ricasso, um místico, a merda de um profeta, não importa! É a gente que manda nessa porra aqui e a nossa resposta é não!

Ao ouvir aquilo, o rosto de Zacarias travou. Suas sobrancelhas afundaram no meio da testa. Seus lábios se curvaram para dentro. Sua testa enrijeceu. Suas mãos se espremeram atrás das costas. Era como se todo o seu corpo dissesse “Coisas ruins acabarão de ser destinadas à acontecer.”.

Falar aquilo pra alguém como Edmund era quase como que assinar uma sentença de morte, e Zacarias já sabia bem disso, entretanto, Edmund não parecia irritado, na verdade, ele parecia mais sereno do que antes, amolecendo seu rosto, como se, por mais que tivesse algo barrando seus planos, aquilo simplesmente parecia acabar com todas as suas incertezas.

Edmund apenas sorriu e disse.

— Enfim, eu já previa essa resposta, querer mexer nesse punhado de engrenagens que giram o submundo que age por trás das cortinas da sociedade, por pelo que vocês consideram como “interesses próprios”, talvez tenha sido muita arrogância e egocentrismo da minha parte. — Disse Edmund, afastando a cadeira da mesa, suspirando e se levantando ao lado de Zacarias e o mascarado de gibão branco.

Os figurões, nervosos com a cena, o confrontaram mais ainda:

— O que vai fazer, hein? Nos matar? É a gente que financia parte dessa merda! E nos matar atrairia repúdio das nações e reinos exteriores, além de irritar os próprios membros da alta nobreza da coroa tebaliana!

Outro figurão complementou:

— É isso aí! Nos matar ainda acabaria com boa parte da economia de diversos lugares do mundo e tudo iria por anarquia! Nos matando ou não, esse mundo vai pro caralho!

—  Shh — sussurrou Edmund, colocando o dedo sobre a boca. — Eu sei que não posso apenas matá-los e tomar a sua fortuna, isso me colocaria em desvantagem geopolítica contra basicamente o mundo inteiro.

O que… o que ele quer dizer com “não posso apenas matá-los?!”. Pensou Zacarias, nervoso, amassando as mãos por trás das costas e rangendo os dentes.

— Então é por isso que eu… — Disse Edmund, levantando a mão.

CLAP — Ele estalou os dedos.

BLAM

A porta dupla se abre abruptamente, como se o que estivesse lá dentro estivesse absurdamente ansioso para cumprir o seu papel.

A figura era um homem de quase dois metros de altura, com um rabo de cavalo loiro esverdeado, e possuía um sorriso maníaco. Portava um gibão roxo e, diferente de uma máscara, vestia um óculos de proteção industrial cujas lentes eram tão escuras que refletiam os rostos assustados daqueles que estavam na mês.

Edmund o anunciou:

— Eis o novo caçador número 4! Faça o seu trabalho, por gentileza!

Com um sorriso maníaco no rosto, o caçador puxou um revólver do bolso, mirando em um dos figurões, que logo começou a falar:

— Ei! Calma! Não precisa nos ameaç-

BANG

Clinc — O estojo da munição colidiu com o chão.

Um tiro que atingiu o pescoço do figurão, cuja voz logo se tornou rouca e quase muda, parando o que ia falar e colocando a mão no pescoço, mas caindo para trás da cadeira, colidindo com o chão, ensanguentando o chão.

Zacarias colocou as mãos na frente dos olhos e o caçador com gibão branco se mantinha frio e quieto. Todos os figurões se levantaram em um reflexo de horror.

BANG

Clinc

Um tiro no coração do figurão que estava em pé. Ele cambaleou para trás com a mão no coração, caindo para trás logo em seguida.

PÁ! BANG! PÁ! BANG!

Clinc Clinc Clinc Plingggggggg — Os cartucho de bala saltitavam no chão.

4 tiros na barriga no burguês obeso, que logo caiu no chão, batendo a cabeça no chão com força e rachando.

Restava apenas o figurão de aparência inocente, que vendo a cena, recuava para trás, indo em direção à Edmund, enquanto o caçador caminhava logo atrás.

— Pare esse cara! Eu mudei de ideia! Eu tô falando sério, eu… eu juro!

Clak. Tink tink tink tink tink tink. Klunk — O caçador abria o tambor, colocava 6 munições e fechava o mesmo.

— EU FAÇO LITERALMENTE QUALQUER COISA! — Disse o figurão, chacoalhando Edmund pelo terno — EU JURO QUE NÃO FALO PRA NINGU-

PÁ PÁ

Clinc Clinc

— ARGH…!!! — Grunhiu o figurão, afundando até se estirar no chão, ainda se rastejando em direção às pernas de Edmund.

PÁ PÁ PÁ PÁ

Clinc Clinc Clinc Clinc

O caçador aproveitou para descarregar completamente o revólver, e o colocou no bolso. Zacarias, ainda com as mãos trêmulas na frente dos olhos, apenas ouviu o som da fumaça da boca do revólver, e deduziu que tudo havia acabado.

Então lentamente tirou as mãos da frente do rosto, se revelando uma cena sanguinolenta de diversos homens caídos e ensanguentados, manchando toda a sala de poças de sangue, pois todos os tiros haviam os matados por falta do fluído.

O homem parou ali, viu a reação “discreta” de Zacarias, e caminhou em sua direção, que já começou a se encolher todo.

— Olá! Desculpa pelo drama, eu queria poder ter só atirado na cabeça, mas… meio que se eu danificasse o cérebro deles eu não ia poder fazer o que o Edmund me pediu, mas… É, muito prazer, meu nome é… — Disse ele, olhando para Edmund. — Eu posso falar o meu nome real pra ele? Ou meio que eu preciso… dizer o meu número e essas coisas?

— Sinceramente, tanto faz, apenas faça o prometido. — Disse Edmund, caminhando até a porta da sala. — Irei limpar esse sangue da minha veste.

— Por sinal, Número 5, o leve até o forjador para que ele receba uma máscara, e depois o leve junto com você para o Leste para encontrarem o paradeiro do Número 5 e 6, eu não confio muito na competência e lealdade de um Aavatjano.

— Só os contratei porque estava intrigado com as habilidades que possuíram, na época era coisa de outro mundo mesmo. — Finalizou Edmundo, saindo da sala. — Zacarias! Está liberado até às 18, depois, volte aqui novamente.

Zacarias então saiu da sala, caminhando mas com o passo apressado e nervoso. Eustáquio  vinha do outro lado, correndo pelo corredor, passando por Zacarias, sem perceber sua presença, e logo entrou na sala.

— Vossas Senhorias! O que acontec- — Questionou Eustáquio, antes de presenciar um cenário sanguinolento e um homem que ele nunca havia visto antes, carregando os cadáveres em direção à porta.

— Mas… mas o que aconteceu?! — Indagou Eustáquio, colocando as mãos sobre as têmporas, quase que enlouquecendo.

O novo Número 4, com as mãos por baixo das axilas de um dos cadáveres, olhou para Eustáquio, e apenas o acalmou.

— Não se preocupe! Não existe mais burguesia, então… faz o que você quiser aí, eu só preciso… — Ele sentia dificuldade em carregar o cadáver do homem mais gordo. — …Levar essas pessoas pra um lugar onde eu posso fazer o que eu preciso fazer! Conhece algum lugar onde eu posso mexer no corpo deles?

O número 5 logo saiu do canto e se meteu, com pouca paciência:

— Número 4, você vem comigo até o forjador para que possamos pegar a sua máscara, você não pode tirar ela em público em nenhuma ocasião, e se quebrá-la, será demitido do cargo. — Disse o Número 5, caminhando rápido e puxando pelo braço o homem com quase 20 centímetros a mais que ele.

Número 4 então freou o passo, questionando à Número 5.

— Mas… e os cadáveres? Eles vão apodrecer e vão ficar inúteis!

— Ugh. — O Número 5 reclamou. — Deixe que Eustáquio os leve aos laboratórios.

— E-Eu?! — Questionou Eustáquio, amedrontado.

— Sim, é literalmente logo ao lado do Palácio Real, ninguém vai ver, você não é o centro do universo, vai lá e depois joga os corpos no tambor de formol pra eles não apodrecerem. — Disse o Número 5, saindo da sala com o novo Número 4.

 

 

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