Parte 1
Capítulo 13: Cultistas de Lilith Pt.4
3 Anos atrás
— Sensei! — Um homem de pele marrom como canela, cabelo branco mesmo que jovem, e com um ponto vermelho na testa, gritava conforme subia de modo negativamente ansioso as escadas para um monastério em uma montanha.
BLAM
Ele empurrou a porta sem nem ao menos bater ou chamar novamente. Havia um velho sereno de mesmos atributos físicos que ele, vestindo um quimono, sentado no chão de costas para a porta e tomando chá. Ao ouvir o chamado, não se levantou, não se virou para trás, apenas colocou o chá sobre o piso, e disse:
— Diga-me.
— Os… os orcs estão atacando a capital! A gente precisa sair do reino imediatamente! — Disse o homem, ofegante.
O velho colocou a mão sob o queixo, o coçando, e sem demonstrar muita preocupação, apenas disse:
— Então parece que os Shingleses nos traíram, oh que surpresa. — Disse o velho, ironizando mas genuinamente irritado.
— Vamos! — O homem chamou, pegando todos os itens do monastério e colocando em uma bagagem.
— “Você não pode matar os orcs” isso, “Isso não te diferencia deles” aquilo, “Deixa que a gente ajuda o seu povo a conter eles sem matar” isso, aaaaAAAAAA QUE ÓDIO!!!
BLANK — O velho partia o chão com um soco extremamente furioso e fervente, e com o rosto no chão, o levantou lentamente para frente.
— Não vamos fugir.
— E… e o que vamos fazer?! — Questionou o homem.
Dias atuais
O assovio do vento frio era frequente, e a única coisa audível além daquilo tudo era uma imploração arrastada por salvação.
— Tá… doendo… muito…! — Disse o homem, caído na neve com a sobre o buraco do peito, tentando tirar o fluido venenoso com os dedos, que apenas caiu entre seus dedos de volta na poça de sangue esverdeada dentro de seu peito.
— Não se mexa, Ishaan! Eu tive uma ideia! Mas me perdoe por a colocar em prática! — Disse o velho,
Saiu cambaleando por toda a aldeia, adentrando as casas alheias, repletas de habitantes mortos, apenas para pegar os itens que precisava. Ele iria executar a fabricação de um medicamento controverso mas popularmente conhecido na química médica da região meridional do Continente Dourado.
Nenhum remédio encontrado nas casas devido ao saque das cultistas, mas 3 coisas ele havia encontrado. Uma panela, enferrujada, mas era uma panela, Mofo-cupinzal, ou o nome popular, Mofo Devorador de Madeira, mofo ele que ele raspou boas quantidades e colocou dentro da panela, e por fim, muita água, onde preencheu a panela junto ao mofo.
Voltou correndo ao local onde Ishaan estava caído, e lá, juntando algumas fragmentos de tábua de madeira, rapidamente acendeu uma fogueira, onde esquentou a água junto ao mofo, que rapidamente começou a se expandir para as extremidades da panelas, absorvendo toda a água e o alimentando.
O mofo estava forte e vigoroso, ameaça não escapar da panela e até tendo devorado parte da ferrugem presente no ambiente, mas ainda faltava um ingrediente, aquele que rotulava a receita como controversa.
Correu até o cadáver liquefeito da cultista, a carne estava tão derretida que era difícil reconhecer o que era sangue e o que era carne, pois tudo havia se fundido numa pasta grotesca e avermelhada.
Em pé, olhando para baixo, diretamente para a carne liquefeita, o velho, com uma tremenda cara de desgosto, fechou seus olhos, suspirou, e por fim, se agachou, separando a carne do tecido da roupa, aguentando a queimação absurda que aquela pasta o proporcionava, e no fim, atirou parte da pasta junto ao mofo na panela, que começou a lutar com a carne liquefeita pela posse da panela.
O velho então pegou um pedaço de madeira incandescente da fogueira e colocou dentro da panela, mexendo o mofo com a carne liquefeita. O utensílio para misturar tudo era mesmo necessário estar em um estado bem quente, pois é o que fazia o mofo ceder espaço para se misturar com a carne.
E assim foi feito, uma mistura homogênea verde-amarronzada havia nascido, pronto para ser aplicado na remoção de veneno do corpo de seu parceiro caído. Era provável que o tétano digerido pelo mofo fosse causar algum malefício ao homem, mas simplesmente não havia tempo para pensar, ou o velho fazia aquilo, ou o seu parceiro iria para o o outro mundo.
Sem muitas esperanças de que aquilo daria certo, ele bruscamente derramou parte do líquido ardente da panela no buraco de seu peito.
— AAI AI AI AI!!!! — Ishaan automaticamente saiu do estado de quase morte para um despertar violento, colocando a mão no peito e se debatendo no chão como um peixe.
— Não se mexa! Vai estragar tudo! — Disse o velho irritado, mas bem sereno em comparação à Ishaan que se debatia no chão e salivava bolhas.
Em alguns segundos, a mistura se expandiu, criando algo como uma enorme espuma esverdeada que saía de dentro de seu peito, que mesmo com o aspecto de apenas uma espuma, era tão denso que, Ishaan, por um segundo acreditou que iria explodir o seu peito.
— ARRrrrgh… — Grunhiu Ishaan, levantando o braço e a mão para cima, em um ápice de dor, mas logo se sentindo aliviado, amolecendo o braço até que caiu novamente na neve. O velho então fincou seus dedos na espuma, a arrancando do peito de Ishaan, revelando a mesma cratera no peito, mas estancada e sem nenhum sangue esverdeado.
— Obri… gado… Senhor… Vilkram — Disse ele, com uma expressão de alívio no rosto.
O velho deu um soco em seu nariz, quase que o quebrando, acordando Ishaan.
— AH! QUE?! — Ele berrou com a mão no nariz, que vazava sangue.
— Eu não lembro de ter te autorizado a me chamar pelo meu nome, isso é nojento de ofensivo. VAMOS! Temos que ir, não sei se o veneno está completamente removido, e nem se você pode pegar tétano depois! Temos que ir em algum lugar tratar isso!
— Tétano? — Questionou Ishaan, levantando suas costas e ficando sentado no chão. — Sensei, o que você usou para fazer o medicamento?
Vilkram suou no momento que ouviu aquela pergunta, e engolindo a saliva, virou seu rosto lentamente para Ishaan, para que pudesse ter mais tempo de pensar em uma resposta boa.
— Eu já tinha isso. Eu apenas tinha deixado na casa lá em cima e fui lá pegar. É isso. — Disse ele, com um olhar cansado e um sorriso nervoso.
— Mas eu não te vi carregando isso!
— Ugh, cale a boca seu verme, pare de retrucar, já bastou ter chamado seu sensei pelo nome, precisamos nos apressar para lhe tratar. — Disse Vilkram, se virando para trás para começar a caminhar.
— Ok! — Disse Ishaan, se levantando. — Ei, sensei.
— O que? — O velho se virou para trás para olhar para Ishaan.
— Desculpa por não ter sido útil para você! Eu não as conhecia direito.
— Quem dera você só não tivesse sido útil, você me atrapalhou, e muito. — Disse o velho, se virando para trás e voltando a caminhar.
O velho fica irritado quando alguém retruca ele e se mostra certo…— Pensou Ishaan, colocando a mão no buraco do peito e o seguindo.
— Vamos pro Leste. — Disse o velho.
— Mais ainda? Mas a Cidadela não fica pra Oeste?
— Nós não podemos voltar mais na Cidadela, olhe. — Disse o velho, apontando pra neve no chão. — Minha máscara está quebrada no chão, eles não permitem que caçadores com a máscara quebrada voltem à operar na Cidadela, e ainda dizem que matam esses caçadores, mas aí… são só rumores que eu ouvi.
— Espera! Minha vida inteira tá na Cidadela! O que vamos fazer se não formos pra lá?! Sem falar que quanto mais pra Leste, mais perto ficamos de Shing. — Disse Ishaan.
— Não se preocupe, seu egoistinha desgraçado, a gente vai voltar pra Cidadela, eu tô curioso pra ver o resultado disso, mas por enquanto eu quero procurar com médico em paz, sem ninguém pra ficar tentando nos capturar ou matar. E sobre irmos pra perto de Xing, não se preocupe, não vamos tããão pra Leste assim, apenas no reino vizinho pra acharmos médicos e ficarmos em paz.
— Reino vizinho? Em Vasiela?! Eles estão literalmente em guerra civil! Sem falar que essa guerra é um conflito entre espécies, e eles definitivamente não vão querer perder a cabeça com outra raça aparecendo lá! — Exclamou Ishaan.
— Não vejo problema, não somos uma espécie diferente, só uma raça diferente, você por acaso perdeu as aulas de biologia, idiota? A guerra lá é entre gigantes e humanos da raça Asilave, e eles nem são tão racistas assim, se os ajudarmos a matar uns gigantes, ou melhor, se EU os ajudar à matar uns gigantes, muito provavelmente vão nos ajudar. ou melhor, LHE ajudar.
— Hm… faz sentido. — Disse Ishaan, acompanhando o velho em sua caminhada para o Leste.
Desde que viemos até esse país, nunca mais vi o Sensei com fúria… E espero que se mantenha assim, não quero ver o Sensei como da última vez que estivemos no nosso reino natal… — Pensou Ishaan, apressando o passo.
3 Anos atrás
Casas da madeira em chamas. Templos detonados. Pilhas de intestinos sujos de lama em cima da terra pisoteada aos montes. Céu alaranjado e preto. Pilhas de cadáveres, Aavatjanos, Orcs, e por fim, Shingleses…
O velho não caminhava com medo, nojo ou triste, mas furioso
Enfim chegaram à enorme muralha que anunciava a entrada à capital. O portão estava completamente detonado, fragmentos de madeira, pedras e carvão estavam aos montes no chão, quase que impedindo o que restava do portão de ser aberto
O velho respirou fundo, colocou as mãos nas extremidades do portão, perfurando sua mão de farpas de madeira, e então:
— IIIIIIIIIIIHHHHHHHHRRRRRRRRRGGGGGGHHH!!! — Ele gritou conforme fazia força para abrir o portão.
O portão acabou atolando na lama, não dando para o abrir mais, mas aquilo não era um problema, não para Vilkram, que estava extremamente irritado, e apenas respirou mais fundo ainda.
— Canalizar. — Ele disse, conforme uma enorme e poderosa aura transparente envolvia seu corpo.
— Liberar!
BAM
Chovia migalhas e pedaços de madeira, que se afundavam na lama e perfuravam o pé de Vilkram, que pisoteava tudo com um chinelo fajuto, ignorando toda a dor. Esta era a capital do reino natal de Vilkram, não muito diferente da situação fora dos portões, a fuligem dos incêndios e o gosto da carne carbonizada que subia aos céus e tocava em sua língua apenas o fazia ficar mais irritado, enquanto assustava cada vez mais Ishaan.
Ishaan começou a falar:
— Nós deveríamos fugir! O senhor nunca irá conseguir rivalizar com um exército de Orcs!
O velho parou de caminhar e rapidamente virou seu rosto amargo e avermelhado para Ishaan, e começou a berrar com ele:
— Orcs, Ishaan? Você acha mesmo que isso é só culpa dos orcs?! Isso foi tudo uma armação dos Shingleses para tomar o nosso reino, assim como fizeram com os reinos do norte! Você está sequer vendo algum orc nas redondezas?! Não! Precisamos alcançar o palácio, eles devem estar lá! — Disse ele, apontando para o palácio no horizonte.
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