Volume 1 – Arco 1

Capítulo 4: A Câmara Secreta do Castelo

Soren Ravenwood foi executado pelas mãos do cavaleiro real, D. Balrik. A cabeça e o corpo foram colocados em uma rede parecida com uma rede de pesca, e os outros cavaleiros prenderam a rede nas rédeas do cavalo. O grupo foi retornando para o castelo e abrindo espaço entre o povo que observava, alguns incrédulos, outros fascinados com a cena. Mesmo sem saber quem era o príncipe executado, que viveu em uma era há um século no passado.

O grupo de cavaleiros montados aos cavalos seguiu abrindo caminho pelo lado dos plebeus, a região mais pobre de Stygianthal. O solo das ruas era apenas terra com algumas carroças espalhadas na frente das casas. Estavam se aproximando da ponte que passava por cima do rio, um dos canais que dividia o lado dos nobres e dos plebeus.

Um homem pobre, inconformado com a audácia daquelas marionetes do rei, correu para alcançá-los e revelar o seu protesto. Estava com uma garrafa de vidro na mão. Foi correndo entre os aldeões até chegar próximo a cavalaria que transportava os restos do corpo decapitado. O homem parou, ergueu a garrafa e atirou bem no cavalo de D. Balrik, que cavalgava por último.

— Vai se foder! Por que não fazem isso com o rei D’Arcy também, ham?! Que nos faz passar fome todos os dias, que não apoia nosso povo, que não houve a nossa voz?! Por que sempre escolhem os pobres que trabalham e trabalham pra encher o rabo de vocês com hidromel e mulheres, enquanto esquecem a gente na merda sem nos dar porra nenhuma?!

D. Balrik parou de cavalgar, suas tropas pararam também. Ele encarou o povo, todos se amedrontaram com o olhar de um superior como ele. Saíram da frente, um por um, expondo apenas o homem revoltado que lançou a garrafa no pobre cavalo.

— Tá certo… — Ele desceu do cavalo, puxou sua espada e se aproximou do homem. Os aldeões se afastaram ainda mais, com medo, sem poder dizer absolutamente nada.

— Não machuque os nossos moradores, capitão. Deixe-o aí — alertou um dos cavaleiros, mas D. Balrik não pareceu recuar.

Ele ergueu a espada bem na frente do homem, que tremia como um covarde depois de um discurso daqueles.

— Pegue. Segure a minha espada. — Hesitante, o homem pegou a espada nas mãos de D. Balrik, segurando com as duas mãos. O guerreiro deu um passo para trás e abriu os braços. — Se sente tanto ódio de nós, sinta-se à vontade para me matar.

Mesmo hesitante, mesmo sabendo que era uma possível armadilha, a raiva gritou mais alto. Ele avançou com um grito de guerra escaldante, como se fosse um verdadeiro guerreiro em combate. Balançou a espada ornamentada no ar e golpeou a armadura do capitão. Um tinido ecoou pelas ruas, tão alto que fez os aldeões taparem os ouvidos. Em seguida, uma onda de energia vindo do impacto. O golpe não causou efeito algum na armadura muito menos em D. Balrik, mas o homem desafiante caiu mumificado no chão. Parecia que havia levado um choque bem carregado.

Todos se aproximaram com cuidado para ver o corpo do homem, parecia sem vida. Na melhor das hipóteses estava paralisado. D. Balrik continuou com as mãos levantadas, então olhou para o resto dos aldeões.

— Mais alguém quer falar alguma coisa?! — sua voz soou como um basta. Ninguém, nem mesmo os cavaleiros, se atreveram a dizer uma única palavra. O capitão pacificamente retornou ao seu cavalo, e eles seguiram com o caminho. — Ótimo.

Não demorou muito para que chegassem nas portas do castelo. Os cavalos foram levados para o estábulo e os cavaleiros entraram no castelo, para o salão principal.

— O que faremos com o corpo, senhor? — questionou o guerreiro que carregava a rede com os restos de Soren.

— Joguem aos lobos, comerão até os ossos. Quanto a mim, vou informar ao rei que a execução foi um sucesso.

— Sim senhor.

Os homens se dividiram pelo castelo. O que carregava a rede com o corpo foi até a parte exterior, no cercado dos lobos. Eram animais feitos de ossos, com suas almas transparecendo no centro dos esqueletos. Lobos de ossos com uma espécie de chama verde queimando em seus seres. Estavam famintos, mesmo não sendo completamente compreensível o sistema digestório de criaturas assim.

O guerreiro abriu a rede e jogou os pedaços do corpo no cercado das criaturas. A cabeça rolou pelo chão, os olhos de Soren ainda arregalados, totalmente parados. Definitivamente não estava com vida. O corpo caiu de qualquer jeito ao lado da cabeça, mas os lobos pareceram hesitantes em tentar devorar aquele corpo, por algum motivo.

D. Balrik caminhava pelos corredores majestosos do castelo. As grandes estátuas que representavam cada imperador enfileiradas em uma das salas no centro. O corredor estava vazio, apenas os passos do capitão ressoando a cada batida. Adiante, a claridade invadindo o corredor escuro. Era uma sala iluminada, um dos cômodos mais pacíficos do castelo. O jardim de Ariel. No centro do jardim, uma grande escultura de um dragão, esculpida em mármore. A sala era revestida de ouro, com duas pequenas cachoeiras ao lado da estátua, representando um pequeno vale. O chão não era sólido, e sim, um pequeno gramado levemente polido.

Aquele lugar espelhava uma paz no espírito de quem entrava, a maioria, ficava vegetando ali por horas apenas sentindo a brisa fresca do lugar. Um pouco à frente, ao lado de uma das pequenas cachoeiras da sala, estava Adrian Blackthorn, o duelista.

D. Balrik passou ao lado do jovem sem dizer uma única palavra. Adrian nunca foi de conversar, e não era muito receptível quando tentavam falar sobre qualquer assunto que não fosse importante.

— Como foi a execução? — disse Adrian, surpreendendo o cavaleiro. A última pessoa que esperaria que lhe perguntasse sobre isso.

— Nada de anormal.

D. Balrik parou de caminhar para escutá-lo, Adrian tentando conversar era um evento bem raro. Os dois permaneceram calados por alguns instantes, até que ele tornasse a falar.

— Você devia ter deixado com que eu o matasse. — Ele olhou para D. Balrik com um certo ódio.

— Não houve nada fora do comum, Blackthorn. O resultado seria o mesmo.

Adrian estava agachado na grama, sentindo a brisa daquela sala maravilhosa. Segurou um pouco da grama nos punhos e apertou, arrancou do solo e se levantou, observando a cachoeira. As águas eram verdes, assim como as do rio fora do castelo.

— O príncipe vai voltar, você sabe que vai. Eu apenas sou o duelista e carrasco, responsável pelas execuções, justamente pelo meu tipo de feitiço. Eu impediria qualquer chance de fazê-lo ser reanimado. Mas você é teimoso demais…

— Blackthorn. — D. Balrik engrossou um pouco a voz, demonstrando imponência. — Ele não vai voltar.

Adrian não se virou para encarar D. Balrik, mas continuava contendo sua raiva em poucas palavras.

— Eu até entendo os seus princípios, entendo sua sede de se demonstrar superior, mesmo não concordando com seu jeito de viver. Mas ainda assim, você é egoísta demais. — Adrian soltou as pequenas folhas de grama, que voaram até entrarem na água da cachoeira. Elas perderam a coloração verde e ficaram negras na água. — Um dia, seu ego vai acabar matando você.

D. Balrik resmungou, realmente odiava quando pessoas como Adrian se recusassem a abaixar a cabeça quando dava uma palavra final.

— Se você pensa assim, não vou discutir.

— Mas se por algum acaso Ravenwood for revivido… por favor, deixe o duelo comigo. Eu sou mais qualificado do que você.

O cavaleiro seguiu em frente, para a sala do rei um corredor adiante. De frente ao belo tapete vermelho, estava o trono dourado do rei D’Arcy. Um velho barrigudo, com cabelos já grisalhos e uma barba um pouco longa. Sentado no trono, com uma mão escorando a cabeça no braço do trono.

D. Balrik se ajoelhou perante seu rei, demonstrando respeito.

— Meu rei, trouxe comigo as novas notícias.

— Prossiga — a voz do rei era grave, mas ainda assim, remetia a voz de um homem com idade bem avançada.

— A execução foi um sucesso. E aqui, te declaro e te afirmo que… O príncipe de Morkholt está morto.

Os lobos de esqueleto ainda não tiveram a coragem de tentar devorar o corpo. Estava o rodeando, cheirando e rosnando. Ninguém se preocupou muito com isso, mesmo sendo anormal, então ninguém decidiu ficar ali para observar. Os nobres eram realmente ignorantes demais.

Um alguém muito alto vinha dos cantos do castelo. Era Pierre, seus longos braços quase se arrastando na terra enquanto caminhava. Se aproximou do cercado dos lobos, observando a cabeça inerte de Soren. Ele deu uma risada contida e entrou dentro do cercado.

— Isso aí deve ter doído, ninguém teve muita pena de você, né. — Como esperado, Soren não respondeu e nem teve reação nenhuma. — Acho que cê não consegue falar sem cabeça, né… Vou colocar ela no lugar.

Pierre pegou a cabeça de Soren e colocou em cima do corpo como se estivesse brincando com um ursinho de pelúcia. O colocou sentado no chão, com a cabeça no lugar. Ela mal se equilibrou acima do pescoço, e a cabeça rolou corpo abaixo mais uma vez.

— Que moleza, hein. Se cê continuar com essa preguiça aí… alguma hora vai acabar perdendo a cabeça.

Pierre desenrolou lentamente as faixas no pulso mais uma vez. O líquido amarelo e viscoso escorreu pelas mãos e pingou na carne exposta do pescoço de Soren. O líquido esquentou como uma cola quente, se fixou no pescoço, e então ele encaixou a cabeça mais uma vez. Uma vaga fumaça saiu entre o pescoço e a cabeça quando o sangue viscoso conectou os dois mais uma vez.

— Só tenho que ter cuidado pra não explodir esse sangue sem querer… mas, e então? Tá melhor aí? — Soren continuou do mesmo jeito, os olhos completamente parados e o corpo frio. Parado como um bonequinho de palha. Pierre suspirou, arrastou Soren para fora do cercado dos lobos e pegou uma bacia. Enfiou o corpo dentro desta bacia de cerâmica, tampou e amarrou com uma corda. — Que azar, hein. Tu morreu mesmo…

Levantou a bacia e a carregou nas costas, segurando com uma mão. Pierre, mesmo magro, era bem forte. Adentrou o castelo e foi andando bem devagar, os olhares de desgosto voltados a ele estavam por toda parte. Ninguém gostava do fato de que Pierre podia andar por aí da forma que quisesse, quando quisesse. A princesa, cem anos atrás, quando Pierre foi condenado ao calabouço, ela insistiu ao rei que tivesse piedade do pobre menino. Ninguém aceitou a ideia, mas ela insistiu por tanto tempo, que após dez anos eles resolveram soltar Pierre. Ele foi o primeiro amigo da princesa em muitos anos, pois sempre ficava isolada naquele quarto, sem nenhum tipo de interação de fora. Pierre agora era tratado como um animal que perambulava pelo castelo, um monstro, mas ainda assim servia como um guarda. Que inclusive, era bem mais aterrorizante que os guardas comuns. Um monstro alto e magro era considerado o protetor da princesa…

Pierre passou pelo jardim de Ariel, onde Adrian estava descansando em frente a cachoeira. Nenhum dos dois disse nada, Pierre continuou caminhando, sorridente, carregando a bacia selada nas costas. Adrian já podia imaginar qual era o conteúdo naquela bacia, e aquilo apenas o preenchia com um ódio crescente por D. Balrik.

Subiu a escadaria no salão principal, acima dos lustres, uma varanda que dava visão ao portão do castelo. Os guardas com suas armas erguidas olhavam feio para Pierre, assim como todos os outros. O quarto da princesa era o último daquele corredor.

Ela estava deitada em sua cama, esperando por mais notícias ou que algum evento acontecesse. Ainda pensava na imprudência do rei por ter feito aquilo a um jovem “inocente”, era como ela pensava. Também, nunca considerou o rei D’Arcy como o seu pai de verdadeiramente.

Pierre sequer bateu na porta, apenas abriu, se abaixou para poder passar e arrastou a bacia para dentro. Seraphina pulou da cama, animada com a presença do seu único amigo naquele lugar sombrio. Ele se certificou de que ninguém estava o seguindo nos corredores e então fechou a porta.

— O que é isso aí, Pierre? — ela correu para perto da bacia, curiosa.

— Cê nem imagina. Um peixe dos grandes.

Os dois foram desamarrando as cordas, e então removeram a tampa. O corpo de Soren estava ali, encolhido, os olhos ainda arregalados. Pierre retirou o corpo com cuidado para a cabeça não se soltar mais uma vez enquanto Seraphina olhava, boquiaberta.

— Onde é que você achou isso?!

— Os lobos não quiseram comer ele. Esquisito… se jogarem até pedra aqueles bicho come.

Pierre colocou Soren sentado na cama da princesa, continuava sem esboçar nenhuma reação.

— Está… vivo?

— Num sei. Mas isso não é problema pra você, né.

Seraphina abraçou Soren de um jeito bem aconchegante, quase se jogando em cima dele. A cabeça encostada no peito, tentando sentir algum tipo de sinal vital. O coração estava completamente parado…

— Ele morreu… — disse, decepcionada.

— E não é que ele tava certo mesmo.

Seraphina se preparou. Ergueu um pouco a cabeça, colocou uma mão no peito de Soren. O anel dourado da princesa brilhou, uma luz serena adentrando o coração do jovem. Os rostos se aproximaram devagar… a princesa fechou os olhos, de maneira bem delicada, e começou a beijá-lo. Pierre revirou o rosto com nojo.

— Como é que cê faz isso com tanta naturalidade?!

Durante o beijo, ela sentiu pequenos sinais. O brilho de seu anel irradiou com mais força, mais poder. O dedo de Soren se mexeu um pouco… Com os olhos fechados, Seraphina podia ouvir perfeitamente as batidas do coração. Estava lento, muito lento. Foi ficando mais rápido, mais forte, mais vivo. O coração de Soren ressoava em sua mente como uma hipnose.

Ele resmungou, a primeira reação de Soren. Seraphina parou o beijo e se afastou alguns passos, olhando ansiosa. Ele começou a respirar, olhou para as próprias mãos. Confuso, a mente ainda girando e com um gosto doce na língua. Alguns segundos depois, a segunda reação dele foi gritar bem alto.

Seraphina se apressou para tapar a boca de Soren, iria chamar atenção demais.

— Shhh! Fica quietinho. Você está vivo agora…

Lentamente destampou a boca do jovem príncipe, que parecia tão perdido quanto uma mosca no escuro. Se levantou, lambeus os lábios, apreciando o gosto exótico.

— Eu… que lugar é esse? — Soren tocava a própria cabeça, sentia a própria pele, desacreditado.

— Cê ainda tá em Stygianthal — respondeu Pierre, segurando-se para não rir. — Infelizmente.

— Isso… isso não foi um sonho?! Eu realmente… morri?!

— É. Morreu.

— Que bom que continua sendo você mesmo… — Seraphina se sentou na cama, aliviada. — Se tivéssemos demorado mais, você iria perder sua essência aos poucos…

Demorou um pouco até que Soren retomasse completamente a consciência e a calma perante a situação estranha. Se sentou ao lado de Seraphina, enquanto Pierre vasculhava o quarto, entretido com a limpeza excessiva de cada móvel.

— Tá mas… por que vocês estão se esforçando tanto para me ajudar?

— A gente precisa de você, Soren. Você é o único que pode… mudar as coisas aqui — disse Seraphina, sorrindo para ele.

— Não, definitivamente não.

— Cê tá duvidando da princesa? — Pierre se jogou no meio deles na cama, abraçando os dois com seus braços longos. — Eu também tô do lado dela. Cê é importante.

— Importante… por quê?

De repente, um estrondo ecoou das nuvens. Uma figura negra desceu veloz dos céus, os olhos roxos clareando a escuridão. Era um imponente, colossal e belo, dragão chinês.

— Olha lá! O Móying! — exclamou Pierre, empolgado.

— Que merda é aquela?! Está vindo pra cá! — Soren pareceu desesperado, tentando fugir.

Móying se aproximou da janela do quarto da princesa, voando rápido demais. Abriu a boca e cuspiu um amuleto pela janela enquanto passava, e seguiu sobrevoando por cima do castelo. A extensão de seu corpo, enorme, continuou passando por uns dez segundos até que desaparecesse com o resto do dragão.

O amuleto cuspido por ele era um medalhão, que Soren havia pedido para guardar até que retornasse ao submundo. O medalhão caiu cravado no chão do quarto da princesa.

— Veio devolver uma das suas relíquias, Soren! Seu dragão é tão gentil… — A princesa estava encantada.

— Meu dragão? — Soren se esforçou para retirar o medalhão cravado no chão. Era dourado, com um cordão para pendurar no pescoço. Ele se abria no meio, servia como um porta retratos… Soren abriu o medalhão, e lá dentro, uma foto dele próprio ao lado de mais quatro pessoas. Quatro amigos, todos sorridentes no alto de um pico extremamente alto. Boa parte do submundo era visível no cenário daquela foto, atrás do grupo de amigos… E Soren, foi quem tirou a selfie. — Quem são essas pessoas?

— Sei lá — Pierre se aproximou para ver, quase encoxando Soren nas costas. — Devem ser amigos seus… mas já que cê perdeu a memória, óbvio que não vai se lembrar deles.

Soren encarou bem a foto. No fundo, se sentia triste ao observá-la, mas sequer conhecia nenhuma daquelas pessoas. Ou não se lembrava delas.

— Ainda não explica o porquê de vocês me acharem tão especial.

Soren fechou o medalhão e o colocou no pescoço.

— Se você está tão confuso… acho que podemos te mostrar… — Seraphina se levantou e caminhou até a parede de seu quarto. Uma das paredes, tinha um pequeno símbolo gravado nela. Era representado por um olho semi-aberto, com uma cobra na pupila. A princesa lentamente começou a dançar em frente ao símbolo, assim como fez em frente ao espelho do quarto de sua mãe. O símbolo do olho se moveu, observando o que estava embaixo dele. Uma fenda amarela, assim como a fenda que se abriu no espelho, apareceu abaixo do olho na parede. Uma passagem secreta selada por magia. — Aproximem-se…

Os três desceram pelas escadas frias e escuras daquela passagem estranha. Tochas foram se acendendo pelo caminho, até que chegassem em uma câmara subterrânea. A mão de Seraphina dançou suavemente no ar, havia sete rochas enfileiradas ao redor da câmara, cada uma com um símbolo gravado. As rochas se acenderam, iluminando a câmara. Cada um dos símbolos ficou visível… Uma cobra, um dragão, um tornado, uma chama, ondas de água circulares, asas envoltas de uma coroa, e por fim, um olho semi-aberto no meio.

— Tá… e o que isso tem a ver comigo?

— Cada uma das relíquias são amaldiçoadas. Têm uma alma de um espírito ancestral seladas dentro de cada uma delas… por isso, concedem os poderes destes espíritos. O anel que confiscaram de você e até o seu medalhão que conseguiu agora, têm espíritos dentro deles. E o espírito do anel… é uma das sete pérolas do caos — explicou a princesa.

— Pérolas do caos?

— Sim. Ninguém sabe exatamente o porquê do nome mas… todos nascemos e conhecemos a lenda dos sete como os espíritos abençoados pelas pérolas do caos. O espírito selado no seu anel é o mais poderoso que existe… mas provavelmente, você não vai conseguir controlá-lo da mesma forma que fazia antes. Mas ao mesmo tempo, apenas você é capaz de fazer isso.

— E por que eu?

— Ninguém sabe.

De repente, o medalhão de Soren começou a flutuar e brilhar. Uma luz negra emanava dele… Soren, porém, não tinha controle nenhum sobre.

— Seu medalhão… tá reagindo a alguma coisa — ponderou Pierre.

Você… não é o definitivo herdeiro.

Uma voz ecoou por toda a câmara, parecia estar saindo do medalhão.

— É o espírito do meu artefato?

— Ele não parece muito feliz…

ESTE NÃO É O VERDADEIRO HERDEIRO DE MORKHOLT?!

Sua voz era grave, imponente, fez as paredes tremerem. Ele brilhou cada vez mais forte… a verdadeira magia negra.

— Temos sorte de ser apenas o medalhão, e não o anel prateado — Seraphina se afastou, cuidadosa. — Acho que podemos dar conta. Os espíritos não costumam aceitar qualquer tipo de portador… e ele está de recusando, Soren.

— Eu disse que eu não era nenhum deus!

Notas:

Aviso: Todas as ilustrações utilizadas na novel foram geradas por IA. Perdoe-nos se algo lhe causar desconforto visual.

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