Meu Mestre é um Bebê?? Brasileira

Autor(a): Zatojo


Volume 1

Capítulo 5 - Seita Nova Vida

 

— Um beijo? — repetiu ela em estado de choque, quase gritando. Certo, eles eram tecnicamente noivos. Mesmo assim Ana entrou em choque momentâneo, isso foi demais para ela, Fernando nunca demonstrou um pedido de afeto tão grande assim.

Ana foi pega de surpresa, o mais longe que ambos já tinham ido era um beijo na bochecha. “Ele está tentando me enganar de novo. Não vou ser feita de tola novamente.”

Ana teve o seguinte raciocínio: Fernando adora brincar com ela e fazê-la de boba. Portanto, ele não especificou onde seria o beijo para que assim ela ficasse envergonhada e quando acontecesse ele tirasse sarro dela falando“ É claro que eu quero um beijo na bochecha, onde mais você achou que seria?”

Assim fazendo ela de boba novamente, no entanto, agora que Ana percebeu seu truque, ela não deixaria tudo ocorrer como seu noivo queria — Ok, me traga um pudim e eu te dou um beijo na bochecha.

“Veja o quanto eu sou esperta, eu te peguei, seu coelhinho traiçoeiro” pensou Ana, ao ver a face de decepção de seu noivo. Isso a deixou cada vez mais confiante de que ela havia escapado da travessura dele.

Fernando olhou para sua noiva, principalmente para seus lábios vermelhos e disse a ela — Na verdade, eu quero um beijo de verdade, um beijo na boca.

Isso não era um esquema de enganação feita por ele. Fernando conseguiu cavar um buraco para si mesmo, no entanto, como ele teria que fazer um grande serviço para escapar desse buraco, ele queria uma recompensa de acordo com seu esforço.

Um beijo era mais do que justo na sua visão, pois ele teria que fazer alguns esforços extras para conseguir um pudim nessa parte da festa, não seria tão fácil quanto pedir por um, pelo menos não sem saber a quem pedir.

Obviamente o rosto de Ana já estava ficando tão vermelho quanto a cor do seu vestido, aparentemente saber que ele realmente queria um beijo foi algo que a deixou muito vermelha.

Fernando olhou para sua noiva e sorriu ao ver que ela corou, esse era seu objetivo original. Mesmo que alguns problemas tenham surgido, ele de alguma forma conseguiu seu objetivo.

— Te vejo em cinco minutos — disse ele se virando e indo até uma certa pessoa na festa.

Ana ficou em sua mesa chocada por um tempo, somente depois de alguns segundos que a ficha caiu e ela acordou do choque. — Maldito sejas pudim delicioso, veja a situação que você me colocou.

Felizmente ninguém ouviu ela xingando, e elogiando, um doce, caso contrário poderiam surgir rumores sobre a sanidade mental de Ana.

Assim que Fernando saiu ele foi em busca de sua prima, Duda era a única que poderia conseguir um pudim nesse momento, e ele estava certo. Depois de achar ela foi fácil conseguir um pudim, ele até conseguiu um para si.

— Obrigado pela ajuda Duda — agradeceu Fernando, sem sua prima ele não tinha ideia de como ia conseguir um pudim.

— Sem problemas — disse ela vendo que as pessoas da cozinha pareciam estar caçando os ladrões de pudim — foi bem divertido.

Fernando também olhou para os funcionários que corriam de um lado para o outro, empregados e guardas se moviam para lá e para cá.

— Duda, o tio Vincenti está com sua espada? Tinha certeza que ele não estava com ela mais cedo — comentou ele. Vincenti Rafara era o pai de Duda e ele não costuma andar com sua espada, muito menos em festas. Entretanto, ali está a espada, envolta na sua cintura.

Duda olhou para seu pai e olhou em volta, a segurança estava subindo, além de Vincenti, alguns outros convidados estavam também preparando suas armas e as deixando prontas para lutar.

Ela notou também que seu pai parecia estar trocando mensagens com alguns dos convidados, não só isso, Jez estava com sua espada na cintura agora.

— Algo está errado, Fernando não se afaste da família e mantenha Ana por perto — comentou ela já decidindo sair da festa e pegar suas armas no seu quarto, ela era uma guerreira nobre da terra de posto rei, independente de quem viesse ela poderia lutar sem problemas.

— Duda, do que está falando? — perguntou ele, Fernando, assim como Ana, não tinha nenhuma base de Cultivo e era uma pessoa comum; portanto, ele não notou a cena tão bem como sua prima.

— Só vá, pode ser que haja mais um ataque hoje — Depois de dizer isso ela pegou seu colar e deu a ele — se a situação piorar use isso.

Assim ela saiu sem deixar Fernando falar novamente, “Qualquer um que seja, o idiota que mexer com meu priminho vai morrer”. Pensou ela exalando uma pressão que assustaria as pessoas normais.

Fernando achou toda a situação estranha, mas imediatamente ele foi para o lugar combinado com Ana. Assim que eles acabassem de comer o pudim ele voltaria para o centro da festa, não havia lugar mais seguro que na visão de todos aqueles que queriam seu bem.

O ideal era ele abandonar a ideia do pudim e ir para seu lugar na festa, mas sendo honesto, Fernando não queria que Ana o chamasse de mentiroso e ele queria muito aquele beijo, “Se formos rápidos tudo deve dar certo.” 

Fernando realmente não estava preocupado, ele não tinha medo dos inimigos, pois seu apoio era forte. Ninguém ousava atacar a família Rafara, e muito menos com a família Vitrela também na festa.

Nem todos os guerreiros da família Vitrela estavam ali, no entanto, eles tinham quatro escolhidos dos céus no local, além de nobres da terra de nível marquês e superior. “Não, só há três agora, Huto partiu há um tempo” mesmo assim sua família tinha 7 escolhido do céu, totalizando 11 especialistas.

Uma criança que nunca viu desastres e sempre acreditou que sua família o protegeria, mesmo se os céus caíssem e a terra se abrisse, uma criança assim não perceberá até que seja tarde. Mas os seus pilares são fracos.

Alguns minutos antes, Jez se juntou a mesa junto de sua mãe, Carol, e Liam, eles estavam tentando descobrir quem era o dono do machado e se havia alguém por trás do dono.

— Independente de quem seja, meu filho vai trazer aquele maldito aqui — disse Laura se sentando a mesa, a ideia de Liam de se esconder não parecia muito funcional, mas agora ele viu que foi inútil — Depois podemos interrogar ele e descobrir tudo.

— Sem nenhuma ideia? — comentou Jez insatisfeito com o progresso de seu amigo, ele não poderia ter uma memória tão horrível assim.

Liam olhou para os presentes e disse — Eu sei quem é o dono desse machado, mas… — e com um longo suspiro continuou — mas eu o matei, posso garantir isso.

Laura então pensou um pouco e disse — então é algum parente dele?

Liam balançou a cabeça em negação — Eu o matei em um lugar isolado, não era possível achar o corpo dele. Isso não faz sentido.

Liam se lembrou do dono do machado, era alguém poderoso do qual ele teve que lutar quando havia acabado de começar sua jornada.

Naqueles dias, ele vagava pela União sem rumo, até ouvir de um tesouro que nasceria em poucos dias nas redondezas. Uma Erva Espiritual estava para amadurecer e todos os Cultivadores do redor estavam interessados nela, Liam não foi diferente.

Após dias em batalhas, Liam se uniu ao dono do machado para enfrentar um velho que era um escolhido dos céus que decidiu pegar a erva. Liam e o dono do machado eram ambos nobres de terra do nível duque na época, mesmo assim eles venceram o velho.

O velho tinha feridas antigas de outras lutas, e tirando proveito disso ambos repeliram o idoso. Entretanto, no momento que dividiram os espólios, Liam foi traído e quase perdeu seu braço naquele dia.

Por sorte ele conseguiu fugir com a erva e a usou para curar seu corpo e avançar ao posto de um nobre da terra de nível rei, depois disso, o homem irritado pela perda da erva voltou para sua casa.

— Mas que droga, teria sido um belo presente para minha noiva se aquele bastardo não tivesse a roubado. Se eu o ver novamente, eu vou o matar. 

Naquele dia Liam afirmou sua determinação e se preparou por dois dias para matá-lo, no entanto, ele estava para se casar com a família de um outro clã na região e isso só tornaria o assassinato mais difícil.

Antes do dia do noivado Liam enviou uma carta a família da noiva “No dia do casamento eu matarei o noivo e sua família, se não quiser se juntar a eles fique em casa.” No dia do casamento ambas as famílias apareceram, o que fez Liam mudar seu plano para assassinar somente o noivo, pois ele não poderia matar tantas pessoas.

Entretanto, no momento que ele agiu, a família da noiva também agiu, causando muitas mortes na família do noivo. Graças a esse desenvolvimento ele pode exterminar um clã naquele dia, infelizmente o noivo havia fugido e Liam teve que o perseguir por dois dias antes de finalmente o matar.

Sem interesse de retornar para aquela cidade ele prosseguiu com sua jornada, pelas ações do clã da noiva, a família do noivo não teria um bom fim. Esse era o mundo dos Cultivadores, morte e lutas sem fim.

— Eu o matei, tenho absoluta certeza disso — declarou Liam olhando eles, alguns tinham fugido, outros tinham desaparecido, mas esse em específico havia morrido.

Como ele garantiu sua morte quando mal era um nobre no nível de um duque, totalmente diferente de um pseudo-escolhido do céu que apareceu hoje.

“Sim, os mortos devem ser excluídos da lista”, esse era o pensamento comum e o que Liam baseou sua lista de suspeitos, mas e se isso estivesse errado?

Um súbito pensamento veio a mente de Liam nesse momento, um pensamento que arrepiou todos seus fios de cabelo e o fez tremer de medo, havia uma organização, um grupo que eram os inimigos de toda a humanidade, um grupo que era caçado onde quer que estivessem, por todos os humanos, independente da afiliação os caçavam.

Um grupo poderoso e amedrontador que é o maior oponente da Seita Fogo Divino, a seita que comandava todo o continente — A seita da Nova Vida.

A Seita Nova Vida era uma seita temida que amedrontava toda a humanidade. Era dito que eles eram os traidores da humanidade todo e cada um com conexões com essa seita, mesmo que fossem somente suspeitas, deveriam ser preso e investigado, caso fosse provado que qualquer pessoa fazia parte da seita ela deveria ser morta no momento.

Quando Liam disse esse nome todos na mesa ficaram com o cabelo arrepiado, isso não deveria ser possível, o que um gigante como eles fazia aqui na casa deles? Quem era os Rafaras? Eles eram uma das famílias mais proeminentes da União, só isso, eles eram um belo nada na situação regional, muito menos continental.

Não fazia sentido um gigante desses vir causar problemas para uma família tão pequena, uma simples questão de vingança pessoal do homem não faria sentido nenhum, pois isso seria uma das maiores idiotices que qualquer um pode-se fazer. No momento que ele fosse revelado, dezenas de soldados da Seita Fogo Divino inundaram o lugar e o caçaria até a morte.

— Não devem ser eles — disse Jez, todos concordaram, não fazia sentido sua família atrair uma entidade colossal para brigar com eles, muito menos sua pequena família os expulsar com sucesso. Pois o invasor foi derrotado, qualquer membro da Seita Nova Vida deveria ser forte o suficiente para matar todos quando agisse.

O invasor estava longe do necessário, no entanto — Seu anel havia reagido ao meu golpe, não é mesmo… um artefato assim não é fácil de achar, talvez, se só talvez ele for da Seita Nova Vida, teríamos nosso culpado. — Afirmou Jez, mesmo que cada palavra que ele disse o amedrontou por dentro, elas estavam certas, aí estava seu culpado.

— Liam mande uma mensagem e mande seu irmão voltar agora! E mande uma mensagem para a filial mais próxima da Seita Fogo Divino, o sangue dele era preto, definitivamente não era devido a veneno.

A Seita Nova Vida tinha a capacidade de reviver os outros, mas era uma vida falsa, onde o corpo permanecia morto e somente era usado como uma marionete do dono original, ou de outra pessoa, não estavam vivos de verdade.

Imagine que uma pessoa morreu eu um dos membros da nova vida a deu uma nova vida, a alma dessa pessoa retorna ao corpo dela antes da morte, sua alma está presa no seu corpo novamente. Uma alma viva em um corpo morto, não se pode trazer o corpo de volta a vida sem alguns meios especiais, logo a grande maioria permanece com corpos mortos.

Corpos que não sentem dor, corpos que não sentem fome, corpos que não sentem nada. Perfeitos para lutar o quanto quiser, sem fadiga nenhuma, força física aprimorada, visão perfeita durante a noite e sentidos aprimorados.

Se não fosse muito difícil de se Cultivar dessa forma, o número de adeptos a seita seria incontável, mesmo assim seu número de seguidores ainda era gigante, aqueles mortos não teriam que temer ter seu Cultivo atrasado ou estagnado.

A chance de ter uma nova vida era tudo o que eles precisavam, se a Seita Fogo Divino não fosse tão persistente na caça e eliminação da Seita Nova Vida, não se saberia quão temível essa entidade podia se tornar.



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