Volume 1
Capítulo 22 - Evento de caça
Ambos fizeram as mesmas coisas, Taki utilizou uma técnica que conhecia para manipular Zyou na palma de Ana, e Fanji usou a agulha dourada para manipular Zyou nas mãos de Fernando.
Ao fundo, Lili e os pequenos dormiam por mais algum tempo, enquanto Chang tentava repetir o sentimento, e Martin decepcionado tentava usar toda a sua cabeça para lembrar de algo, mas ele só se recordava de suas fantasias.
Depois de cinco minutos, Taki perguntou a Ana se ela sentia algo, mas para sua decepção ela não sentia nada, e seu noivo seguia o mesmo caminho. Porém, eles ainda tinham tempo, eles poderiam sentir algo mais tarde.
Aos oito minutos eles perguntaram, mas tudo estava igual.
Aos dez minutos, Fanji e Taki tiveram que parar, Taki estava exausto e olhou novamente para Fanji, pois Taki duvidava ser capaz de realizar esse procedimento mais uma vez, no entanto, Fanji já havia feito isso três vezes, algo impensável para ele.
— Nada? — perguntou Fanji ainda incrédulo — Nadinha mesmo? Nem um mísero formigamento?
— Eu não senti nada, nada mesmo — comentou Fernando com a cabeça baixa, isso era frustrante.
— Eu também não — disse Ana suspirando um pouco antes de perguntar — e agora?
Martin e Chang haviam sentido o Zyou, então era questão de tempo até que eles conseguissem manipular o Zyou fora de seus corpos. No entanto, Fernando e Ana poderiam levar muito mais tempo do que seus colegas.
Eles tinham comida e seu lugar era seguro até o momento, eles poderiam gastar tempo em ajudar seus colegas em vez de procurar por heranças, no entanto, eles não poderiam fazer isso para sempre.
— Vamos tentar de novo, assim que eu me descansar nós vamos repetir! — disse Fanji indignado, não tinha como as pessoas que estavam ali não conseguirem, eles eram os maiores gênios da raça humana em todo o universo, Fanji se recusava acreditar em uma besteira dessas.
Mesmo aqueles que não tivessem nenhum talento poderia aprender a usar Zyou com algum tempo, mas aqueles com talento fariam isso com uma velocidade muito mais absurdo do que o normal.
“Talvez eles sejam daquele tipo que não é veloz, mas sim entendê rápido as coisas?" Pensou Taki, utilizar uma técnica de Cultivo ou um técnica de Combate não era algo fácil, e a ação colocava um fardo muito grande na mente e no corpo do usuário.
Normalmente o processo de aprendizado é longo, porém há algumas pessoas que não só conseguem aprender qualquer técnica facilmente, como também podem melhorar ela ou até mesmo modificar tanto a técnica que criaria uma própria arte de combate.
Sem sombra de dúvidas, essas pessoas eram mais valiosas que o daqueles gênios que só sabiam Cultivar rápido, ambos não tinham comparação em gral de importância. Entretanto, normalmente a primeira parte também tinha talento na segunda parte, ao menos normalmente.
“Será que eles são uma exceção? Não é como se todos fossem iguais.” Taki então decidiu compartilhar sua ideia com Fanji.
— Fanji, e se eles forem habilidosos em técnicas de combate?
— Sim! É isso, isso explicaria por que eles não conseguiram sentir Zyou ainda, só vai demorar um pouco mais que os outros! — disse Fanji para animar Fernando e Ana, seu coração doía um pouco ao ver as faces tristes do casal.
Os dois então tentaram uma abordagem diferente, ensinando técnicas de combate em vez de manipular Zyou. Normalmente isso seria como colocar a carroça na frente dos bois, mas para pessoas que eram mestres em artes de combate, isso seria a melhor opção de todas para aprenderem.
Após meia hora de palestras, Ana e Fernando começaram a praticar a técnica que Fanji os havia compartilhado, era uma técnica de movimento que ao ser utilizada corretamente poderia fazer com que ambos se movesse quase duas vezes mais rápido.
“Um passo aqui, outro ali, mais um aqui…” a técnica não passava de uma repetição de movimentos pré-determinados, como a maioria das técnicas, eles só tinham que repetir uma sequência.
Infelizmente parecia que ambos não eram tão bons nisso também, Fanji pode ver que eles eram acima da média, mas não eram gênios nesse quesito. Irritado ele pediu para que ambos se aproximassem, ele tentaria os fazer sentir Zyou novamente.
Nesse meio tempo, Lili já havia acordado e estava praticando com Taki. Ela parecia bem, mas, ao mesmo tempo, se mantinha distante do bebê, não por medo do que houve, parecia mais uma espécie de receio em se aproximar.
Fanji percebeu isso e teria que lidar com esse problema mais tarde, no momento ele estava focado em conseguir fazer o casal na sua frente aprender algo. Após ambos falharem novamente em sentir Zyou, Fanji disse para eles realizarem a sequência que aprenderam.
— Fernando seu pé esquerdo está errado, você deve mover ele três centímetros para a esquerda para facilitar o segundo passo. Ana, você inverteu a ordem dos passos cinco com o doze, isso bagunçou tudo, faça de novo.
Embora parecesse que seu esforço não daria resultado em um futuro próximo, ele era teimoso demais para desistir tão cedo.
Após uma longa manhã, Fanji deu ao casal algum tempo de pausa, que eles aproveitaram para descansar e comer algo.
— Fer, você acha que nós ainda somos iguais ao que éramos? — perguntou Ana triste com os acontecimentos da manhã, eles pareciam inúteis novamente. Um casal de pessoas normais, sem Cultivo algum ou chance de fazer algo.
Quando eles pensavam sobre isso, fazia sentido. Ambos os métodos, seja Verrror ou Vindicare utilizavam Zyou como base, se um deles não funcionasse para alguém, o outro também não deveria funcionar.
Ambos usavam a mesma energia e princípios semelhantes, seria insanidade esperar que isso funcionasse.
Fernando parou e pensou por um momento, antes eles eram considerados extremamente frágeis em suas famílias, muitas vezes sendo muito bem protegidos e cuidados, era ótimo, mas também os dava quase nenhuma liberdade.
Não era culpa de seus pais ou família, o mundo em que eles viviam era um lugar impiedoso com os fracos, os deixar fazer o que desejassem era o mesmo que assinar sua sentença de morte.
Antes eles não podiam fazer nada, mas viviam rodeados de seus familiares que eram amorosos e cuidavam deles, mas agora eles não conseguiam fazer quase nada, e não tinham suas famílias para os ajudar,
Como flores que viveram suas vidas em estufas super protegidas e alimentadas, agora tinham que aprender a sobreviver no deserto, sem conseguir fazer o básico, não porque não conheciam o que fazer, mas sim porque eram incapazes de fazer tal ato.
Essa sensação de impotência era pior do que qualquer coisa que eles tinham vivido antes, pois antes eles poderiam se esquecer desse detalhe sombrio de suas vidas, mas agora… eles teriam que conviver com isso, ou morreriam.
— Ana, eu não sei… — respondeu ele com a cabeça baixa, esses pensamentos o fizeram perder o apetite e abalaram sua confiança, mas era isso, tais coisas não eram o bastante para o fazer desistir — mas eu não vou parar até conseguir.
— Todos, corram aqui para fora! — Com o grito de Chang, imediatamente todos saíram do pequeno esconderijo deles, Taki havia ajudado Fanji dessa vez, ele parecia ser o bastante para levar o seu colega.
Fernando e Ana logo seguiram, junto de todos os outros, qualquer coisa que fizesse Chang gritar e chamar todos não seria algo comum, o que era preocupante a sua forma.
Assim que todos estavam fora do ninho do crocodilo, Chang apontou o dedo para o céu, e lá eles perceberam um conjunto de caracteres sendo impressos perto do sol. Os caracteres brilhavam tão intensamente que podiam ser confundidos com o sol se as pessoas não olhassem atentamente.
Imediatamente uma mensagem começou a se formar, fazendo com que todos os presentes desviasse o olhar para o chão, pois a luz tinha se tornado extremamente forte e eles agiram por reflexo.
Entretanto, Fernando e Ana não se sentiram da mesma forma que seus colegas, algo naquelas letras os atrai, como se fosse algo familiar. Os caracteres se juntaram e formaram uma frase.
“ A introdução acabou, que comecem as competições.”
Mesmo aqueles que não conseguiram ler os caracteres, receberam as informações em suas cabeças, que aparentemente, não foi algo gentil, uma vez que todos seguraram fortemente suas cabeças sentindo dor.
Os caracteres não pararam, e sua luz dourada forçou novamente seus amigos a desviarem o olhar, enquanto Ana e Fernando se sentiam cada vez mais familiarizados com aquelas letras, uma nova frase foi escrita.
“Evento selecionado: ‘Caça ao divino’ foi designado como primeiro evento”
Com isso, informações começaram a ser despejadas na mente de todos, até mesmo Ana e Fernando sofreram dessa vez.
As informações que receberam explicava o que era o evento Caça ao divino. Essa seria uma competição entre as forças aliadas aos anjos, e as forças aliadas aos demônios.
O objetivo era simples, caçar e matar os aliados dos anjos, como humanos, anões, dragões, elfos e outras pequenas raças, juntos dos anjos claro. O lado dos demônios ganha pontos ao matar seus objetivos de caça, e o lado dos anjos poderiam ganhar pontos ao matar seus perseguidores ou sobreviver.
No entanto, enquanto os caçadores recebiam dez pontos por caçar alguém, os perseguidos só ganhavam cinco pontos por eliminar um caçador. O evento não parecia justo, mas os perseguidos ainda tinham outra forma de ganhar pontos, que era sobreviver até o fim, ganhando onze pontos.
O tempo de duração do evento é o tempo que for preciso para que três décimos dos participantes morram. Ou seja, o evento só acabaria quando 30% dos presentes morressem.
No final, todos seriam recompensados de acordo com seus pontos.
Como se fosse mágica, talvez até fosse, os caracteres desapareceram e o brilho deles se foi. Porém, sua partida deixou todos com uma forte dor de cabeça.
— Mas o que foi isso? — questionou Martin sentindo sua cabeça zumbir.
— Que droga, seu eu achar quem fez isso eu vo— Antes que terminasse de falar, Chang o olhou com uma expressão ameaçadora, indicando que ele não deveria falar o que desejava.
Fanji se lembrou que estava rodeado de crianças e segurou as maldições dentro de si, ainda assim ele xingou com todos os palavrões que conhecia a pessoa que fez isso.
Ao lado, o trio começou a chorar por conta da dor de cabeça, mesmo os mais velhos estavam morrendo por conta da dor, os pequenos só podiam chorar agonizando.
Porém, no meio de tudo isso, Fernando, Ana e outro indivíduo receberam dores de cabeça bem menos intensas que seus pares, eram quase imperceptíveis, sendo que incomodaram por um momento, mas já havia desaparecido.
— Como vocês parecem estar bem? — perguntou Taki esfregando mão na testa, querendo massagear sua cabeça para diminuir a dor, embora tenha sido um esforço inútil, pois a dor não mostrou sinais de diminuir.
Fernando olhou para sua noiva, que parecia tão perdida quanto ele e respondeu Taki dizendo — Não temos ideia, simplesmente não está doendo.
Taki se colocou a pensar com essa nova informação, mas com medo de decepcionar os dois novamente manteve sua boca fechada. “Talvez esse seja o caminho deles, não é como se a humanidade só possuísse Zyou para Cultivar”.
Enquanto todos ainda sofriam com suas dores, Fernando e Ana ajudaram seus colegas a voltarem para dentro do ninho, sua sobrevivência havia se tornado ainda mais difícil agora, uma vez que eles estavam do lado que era a caça.