Meu Mestre é um Bebê?? Brasileira

Autor(a): Zatojo


Volume 1

Capítulo 19 - Frio

Fernando ficou surpreso com esse desenvolvimento, essas frutas são muito, mas muito comuns. Até onde ele sabia, que não era pouco, essas frutas estavam em quase todo lugar, e eram muito utilizadas em refeições, ele até mesmo sabia cozinhar várias delas.

Ana também ficou um tanto pasma, digo, até mesmo ela já havia colhido e comido essas frutas sem preocupação nenhuma antes, sua casa até tinha uma pequena plantação de bananas céu.

O único motivo deles não estarem com 100% de certeza de que falavam da mesma fruta, era por que essas bananas céu, diferente das normais de sua terra, tinham uma leve tonalidade prateada em sua casca.

Fernando achava ser uma característica local, pois parecia muito difícil ser outro tipo de fruta. Por conta disso ele não podia afirmar com toda a certeza do mundo que eram mesmo bananas céu, mas isso era fácil de descobrir.

— Eu disse que elas não parecem ser venenosas e que são semelhantes às bananas céu, mas elas não são iguais. — Fernando se defendeu antes de pegar uma banana céu e a olhar de perto.

O resto do grupo não achou sua desculpa muito válida, mas ainda tinha algum crédito, pois algo parecido não era algo igual, e ninguém gostaria de comer algo envenenado pensando ser uma fruta comum.

Além de sua casca levemente prateada, a banana era muito semelhante a que ele conhecia, então ele verificou seu interior. Vendo que parecia igual ao de qualquer outra banana, inclusive a banana céu, ele decidiu comer.

Seus colegas acharam a ação muito arriscada, mas não tiveram tempo para expressar suas opiniões. “ Sim, o gosto também é igual.” pensou ele mastigando a banana céu.

— É, eu acho que é seguro — disse Fernando mastigando uma das bananas e logo pegando outra para comer, ele estava com fome.

— Seu louco, você pode morrer por comer isso! — gritou Fanji querendo fazer Fernando cuspir tudo para fora, seu corpo até tentou se levantar por reflexo, o que o deixou ainda mais irritado.

Para seu prazer, Taki reagiu da mesma forma e já estava sacudindo Fernando para o fazer botar tudo para fora.

— Cospe logo!! — gritava ele enquanto sacudia Fernando com a intenção de o fazer vomitar.

Ao fundo, Chang estava pasma com a pouca noção de Fernando, sendo honesta, ela não conseguia acreditar que existam pessoas tão despreocupadas assim. “Espera aí, onde está Ana?” 

A resposta não era algo muito inesperado, mas ainda surpreendeu Chang de alguma forma.

 Ana estava colhendo cachos de banana céu para servir de comida para o grupo. Com a confirmação de seu noivo, o fato de que elas tinham uma tonalidade prateada não passava de um pequeno detalhe.

“ Que bela dupla.” Chang pensou enquanto ia atrás dela para tentar a impedir de comer alguma das bananas sem antes terem certeza que eram seguras. Se elas fossem seguras, não faria mal já ter separado algumas para comerem.

Fernando finalmente conseguiu se libertar de Taki cuspindo qualquer resto da banana que ainda estava em sua boca, ele queria protestar, mas estava muito tonto para isso e sentou no chão por alguns segundos.

Assim que recuperou o fôlego ele disse — Eu não tinha dito que era seguro? 

— Você mal tinha engolido uma, e se não for seguro? E se só demorar um pouco mais de tempo para os efeitos negativos aparecerem? — retrucou Fanji querendo colocar um quilo inteiro de juízo na cabeça de Fernando.

Taki concordou com Fanji. Na cabeça deles, os dois deveriam ser os responsáveis e aqueles que cuidariam do grupo, junto com Chang, que mesmo não sabendo nada de Cultivo, parecia ser responsável.

Portanto, os três conseguiram obter rapidamente um sentimento de responsabilidade pelos demais, sendo os mais velhos do grupo e aparentemente os que mais tinham juízo em suas cabeças.

Fernando olhava para Taki e Fanji como olhava para sua mãe quando ele utilizava algumas plantas do jardim de seu tio. No jardim dele, só havia plantas venenosas, até que Fernando pediu para plantar alguns temperos e conseguiu a aprovação dele.

Então sempre que Fernando usava algo do jardim de seu tio, sua mãe puxava sua orelha por não querer o ver mexendo com venenos, mesmo sendo temperos.

Ambos olhavam de volta querendo saber se havia algum efeito negativo que estivesse se manifestando no corpo de Fernando, se eles vissem qualquer mínimo sinal de envenenamento Taki iria fazer Fernando vomitar tudo.

Martin estava assistindo tudo sem saber o que fazer, então ele decidiu não se meter e ficar quietinho em seu canto. Para contribuir com algo ele manteve os três pequenos juntos, o que já foi um grande feito.

Lili ainda estava segurando o bebê em seu colo, aparentemente gostando um pouco, pois o achava bem fofinho. 

Após esperarem uma hora aproximadamente, percebendo que Fernando parecia normal e saudável, eles decidiram que a banana céu era segura, e se banqueteavam com ela.

— Ei, vocês não tinham medo de comer isso? — questionou Fernando ainda indignado por ter sido forçado a cuspir sua comida.

— Isso foi antes de confirmar que ela era segura — comentou Fanji comendo mais uma delas —, e se você estivesse errado? Já imaginou o que aconteceria?

— Sim eu sei, mas eu não estava errado. Na verdade, eu estava muito confiante — comentou ele orgulhoso de suas habilidades.

— Sorte sua — disse Chang comendo também.

Do lado de Fernando, Ana estava pensando em como podia alimentar o bebê, ela não poderia simplesmente dar a ele como fizeram com o trio menor.

O ideal seria amassar em uma pequena pasta, porém, eles não tinham como fazer isso. Eles não tinham as ferramentas necessárias, muito menos a higiene necessária.

Qualquer bactéria que invadisse o corpo do bebê e o deixasse doente seria o bastante para ser uma ameaça a vida dele, uma vez que bebês mais jovens tinham poucas resistências contra doenças.

Talvez se eles lavassem algumas pedras com água, conseguissem bolar algo, mas nem mesmo água eles tinham.

— Use a casca da banana, amasse ela dentro da casca e depois de a ele — disse Martin ajudando ela. A ideia era de amassar a banana sem retirar a casca para manter o mínimo de contato com o exterior.

Mesmo que houvesse uma certa perda de conteúdo com o método dele, ainda era a melhor solução que tinham no momento.

Decidindo tentar, Ana amassou a banana em suas mãos sem retirar a casca, claro, uma parte da banana saiu voando uma vez que ela apertou um pouco forte demais, mas o que restou parecia algo que um bebê poderia comer.

— Oh, você é bom nisso Martin — comentou Chang se aproximando.

— Não é muito, só são alguns truques que eu aprendi com minha mãe. — Martin tinha cinco irmãos, dos quais três deles eram mais novos e dois mais velhos, enquanto crescia ele aprendeu alguns truques com sua mãe.

— Bom trabalho pequeno — disse Taki esfregando sua mão na cabeça de Martin de uma forma carinhosa, como se fosse um irmão mais velho.

Martin ficou um pouco envergonhado, pois não esperava receber tais reações de seus amigos, mas aceitou os elogios contente.

Taki então se sentou e chamou a atenção de todos por um momento.

— Certo, alguém tem mais algum talento que não conhecemos? Ou melhor, eu acho que deveríamos nos apresentar melhor. 

— Concordo, mal sabemos os nomes uns dos outros — complementou Chang, sendo honesto, ela gostaria muito de saber antes que um dos membros de seu grupo tinham um certo nível de conhecimento sobre venenos.

Além de ser algo útil para a sobrevivência de todos, era muito, mas muito mais reconfortante descobrir isso antes de comer algo envenenado sem querer.

Todas as crianças concordaram com isso e uma nova apresentação aconteceu, uma mais detalhada para ajudar uns aos outros a se conhecer.

Fernando revelou saber cozinhar, identificar e usar pequenos venenos e também disse conseguir distinguir algumas ervas medicinais e as usar.

O grupo ficou um pouco surpreso com isso, pensando que Fernando conhecia muitas coisas úteis. Somente Ana sabia que ele só sabia sobre venenos e remédios por que queria superar seu irmão na cozinha.

Ana foi em seguida, no entanto, a pequena se lembrou de que não era das mais habilidosas e passou a vez contando uma curiosidade. — Uma vez eu já fui acertada por um raio beeeem forte, e Fernando também!

Fernando olhou para ela tentando entender o motivo dela ter dito algo assim, foi então que uma ideia o ocorreu e ele se manteve quieto para não magoar ela. Os outros acharam a informação estranha, mas Martin e o pequeno trio achou um feito bem legal.

Taki foi em seguida, além de mencionar sobre sua força física, que claramente era superior a de todos os outros, ele também disse que gosta de treinar seu corpo e beber chá.

— Sem novidades? — perguntou Fanji indignado.

— O que mais queria que eu dissesse? Que eu solto fogo pela boca e raios pelos olhos? 

— Não sei, mas seria legal se fosse verdade! — disse ele rindo um pouco antes de continuar a dizer — Eu já disse que sou o herdeiro da família Li, certo? Como o herdeiro de uma família renomada eu aprendi muitas coisas, principalmente sobre Cultivo e algumas técnicas de batalha.

Fanji tinha sido forçado a decorar uma longa sequência de livros, que por um milagre entraram na sua cabeça. Com uma “biblioteca” inteira na sua cabeça, ele poderia acessar qualquer informação que tivesse naqueles livros.

Logo em seguida Chang falou, dizendo saber o preço de dezenas de itens, e ser excelente em negociações, algo que eles já sabiam, mas a novidade foi que ela mencionou ser uma semi-profissional em mentir. Fernando não entendeu como isso seria algo útil, mas Fanji e Taki pareciam pensar em algo.

Lili foi logo em seguida, ela ainda estava um pouco tímida, mas decidiu falar algo, mas ela não tinha muito o que falar, então contou sobre seu irmão chamado Akira, ela parecia muito interessada em falar sobre ele, mas isso não ajudou muito.

Uma vez que o bebê não sabia falar, não fazia sentido dar a chance a ele, então passaram para Martin que pulou sua vez sentindo que já havia falado tudo o que queria, e os três pequenos também pularam sua vez.

— Certo, para onde vamos? — perguntou Chang enquanto separava alguns cachos de banana céu para servirem de alimento mais tarde.

— Nesse ponto devemos estar perto do lago — mencionou Taki enquanto desenhava um mapa no chão —, mas como suspeitamos que não seja um lugar seguro não podemos ir lá. 

— Algum outro lugar? — perguntou Fanji um pouco nervoso, pois parecia que estava perto de anoitecer.

— Eu vi um pântano também, mas não acho que seria um lugar muito bom de se estar. — Taki então circulou uma parte do mapa que estava ao sul do lago.

— Perfeito, nós vamos para lá então! — proclamou Chang decidida.

— Por quê? Definitivamente não vai ser uma estadia agradável — respondeu ele.

— Claro que não, vai ser horrível! Por isso nós vamos para lá, é perto do lago e é um lugar que ninguém iria querer, não é o lugar perfeito para nós? 

Sentindo que a ideia de Chang tinha uma lógica, o grupo decidiu ir para o pântano em vez do lago, não era longe de onde estavam, então sempre poderiam voltar para conseguir comida quando precisassem.

Depois de um pouco mais de uma hora de caminhada, eles chegaram em uma paisagem verde-escura, cheio de água e lama. As árvores tinham um formato irregular e estavam cheias de musgo, o lugar era muito úmido e nada acolhedor.

— Ainda temos chance de voltar? — questionou Martin engolindo seco com a paisagem.

— Não… só podemos seguir — respondeu Chang.

— Tinha que ser… — respondeu Martin desanimado.

Taki então desceu de uma árvore, ele havia subido para investigar a área, com novas informações. 

— Achei um lugar para ficarmos, e está perto. No entanto, há um pequeno problema… teremos que nos livrar de um animal que usa o lugar como ninho.

— E se não usarmos esse lugar? — questionou Ana, não achando a ideia muito legal.

— Então morreremos congelados durante a noite, não temos tempo para ir para outro lugar — respondeu Fanji encostando-se em um tronco de madeira que estava no chão.

— Como uma noite ao ar livre nos mataria congelados? — perguntou Martin, ele já havia dormido no sereno algumas vezes, mas o pior que já havia acontecido era ter pegado um resfriado.

— Esse lugar é úmido, a noite vai ser muito mais fria que o normal, e mesmo que nós não congelarmos até a morte, quatro de nos certamente correm esse risco. — Chang de referia ao pequeno trio e ao bebê que tinha voltado para o colo de Ana.



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