Meu Mestre é um Bebê?? Brasileira

Autor(a): Zatojo


Volume 1

Capítulo 18 - Veneno

Ambos olharam para Fanji confusos, a palavra sorte podia ser usada na mesma frase que a palavra azar? Como alguém poderia ter os dois ao mesmo tempo, se eram palavras com significado contraditório?

— Essas terminologias são de um método de Cultivo da nossa raça humana, mas é um método antigo, muito antigo, tão antigo que é obsoleto hoje em dia. — Fanji então contou a eles o que sabia.

O primeiro humano que Cultivou não o fez com o método que os humanos estão acostumados atualmente, aquele primeiro humano, junto dos seus colegas, Cultivaram seus corpos ao extremo, dependendo de truques e itens raros para se fortalecer.

Uma vez que os itens acabaram e os guerreiros foram morrendo, a raça humana estava prestes a sucumbir novamente, foi então que um homem descobriu a existência de Zyou.

Tendo certeza de que essa poderia ser a salvação de sua raça, o homem começou a investigar a existência dessa nova energia. Diferente dos seus pares, ele não era um guerreiro e sim um cientista, portanto ele sofria muitas dificuldades para conseguir fazer qualquer coisa com Zyou.

Porém, o homem era persistente e nunca desistiu, durante anos tentou e repetiu testes, fez experimentos e estudou essa energia. — Um dia a humanidade vai descobrir como usar essa energia, eu devo dar o primeiro passo!

Entregue a pesquisa, o homem pulava refeições, dormia mal e já havia jogado fora qualquer distração, ele havia ficado obcecado pela pesquisa, e pelo Zyou.

Então um dia ele morreu, seu experimento falhou e explodiu uma cidade inteira com ele, foi nesse momento que a humanidade se deu conta do poder da energia chamada Zyou. Todos os seus intelectuais se reuniram para descobrir como, como eles poderiam usar esse poder para si.

Um bando de tolos funcionais que só sabiam repetir as frases dos livros não poderiam abrir um novo caminho, eles só perderam tempo seguindo os passos daqueles que já desbravam caminhos diferentes, se distanciando cada vez mais da essência do Zyou e do Cultivo, eles não buscavam mais saber como usar Zyou, mas sim o que era e como podiam fazer mais.

— Ele só pode ser um tipo de onda magnética, sim, não há outra solução.

— Seu tolo, ele não funciona quando usamos as fórmulas, como isso pode ser uma onda?

— Matéria escura, sim, é a verdadeira matéria escura!

Com o tempo o número de Cultivadores da raça humana diminui muito, e a cabeça desses cientistas rolavam a cada semana. Fracasso atrás de fracasso, falha atrás de falha, a humanidade estava perdida.

Como última solução, eles distribuíram a pesquisa ao povo, desejando que qualquer progresso pudesse ser feito, qualquer pontapé inicial, qualquer coisa.

Depois de dois anos, uma criança pode resolver o desafio, na verdade, a solução foi simples, tão simples que envergonhou muitas pessoas. — Não importa o que seja ou como funciona, se ela explode, use como bomba, se ela pode reforçar os nossos corpos, armazene e as use assim.

Entregues ao desejo insano de descobrir como funcionava, eles esqueceram de que o objetivo inicial da palavra Cultivo era quebrar os limites, o método não importava, só precisavam de um passo certo.

Após milhares de testes, um humano aprendeu a armazenar Zyou e compartilhou o método, anos depois, outra pessoa conseguiu manipular Zyou e espalhou o método… Com mudanças e testes, a humanidade finalmente consolidou sua forma de Cultivo por meio de Zyou.

Podia se dizer que o método de Cultivo de Zyou inicial foi algo feito por toda uma raça, cheio de tentativas e fracassos, porém, esse foi o método de Cultivo que a raça humana fez.

Esse método foi chamado de Cultivo Zyou Verrror. 

Milagres de anos depois, a raça humana já havia entrado em contato com as outras raças do universo, eles sempre travavam batalhas mortais e brigavam uns contra os outros.

Dentre os métodos de Cultivo, o da raça humana foi considerado o quinto melhor, perdendo para os anjos, demônios, dragões, espíritos e gigantes. Isso resultou em uma grande inveja, pois os humanos não pareciam merecer esse posto.

Uma guerra sem fim foi traçada, onde o único objetivo era exterminar o método de Cultivo humano, os forçando a cair para o final da cadeia alimentar, assim como muitos achavam ser certo.

A humanidade perdeu a guerra e seu método de Cultivo foi fragmentado e destruído, sem saber como progredir, os guerreiros humanos estagnaram ou sofreram reações adversas por cometer erros e morreram.

Isso foi até uma única pessoa aparecer, essa pessoa, diferente da vez anterior, criou sozinho sua própria forma de utilizar Zyou, descobriu como progredir e como atingir o topo, sozinho ela dominou os exércitos inimigos e os expulsou de cada domínio humano. 

Ela nomeou seu método de Zyou Vindicare, espalhou o método para toda a raça humana, com isso eles conseguiram se defender e recuperar sua força. 

— Em resumo, como não conseguimos mais usar o método inicial, pois perdemos muitas partes dele, ninguém o usa mais, pois não tem como progredir depois de uma certa parte, entenderam?

Ana, Fernando e Matin acenaram com a cabeça, eles não faziam ideia de que algo assim havia acontecido, e realmente ficaram surpresos com a história.

— Por isso eu disse que vocês têm sorte, se tivessem ficado em sua terra, nunca poderiam ter descoberto isso e manteriam o método incompleto, sendo que eu posso ensinar para vocês o método de Vindicare.

O assunto na verdade era muito mais complexo do que o que Fanji disse, mas ele não tinha o conhecimento necessário para explicar tudo, sendo que algumas partes ele nem mesmo tinha certeza, só repetindo o que havia lido em um livro da biblioteca de sua família.

Bibliotecas das famílias de Cultivadores são normalmente cheias de informações relevantes e técnicas de Cultivo, então Fanji, como herdeiro da família Li, tinha acesso a muito mais do que pequenos truques ou técnicas melhores.

Chang iria acrescentar alguns detalhes que achava interessante na história, mas não teve tempo, pois Taki chegou logo em seguida dizendo — Temos que sair daqui, há um grupo de gigantes vindo. 

Ele havia descido habilmente, descendo usando os galhos até se aproximar do chão e simplesmente pular, o mais incrível foi que ele não fez um barulho sequer ao aterrissar. 

— Gigantes? O que aqueles idiotas sem cérebro estão fazendo aqui? — questionou Fanji, pois Simon não os havia mencionado antes.

— Não tenho ideia, mas temos que nos mover, pequenos, comigo! — Imediatamente o trio se juntou, Taki colocou um em seu ombro e os outros dois em seus braços, Ana ainda mantinha o bebê em seu colo, então só precisavam levantar Fanji.

Fernando não perdeu tempo e serviu de apoio para Fanji, entretanto, como antes, um apoio não seria o bastante, a velocidade era extremamente baixa.

— Deixe-me ajudar — disse Martin se aproximando, depois de ouvir a explicação de Fanji, ele parecia ter conseguido uma boa impressão do jovem, o que o fez estar disposto a ajudar.

— Obrigado cara! Eu sabia que você era uma boa pessoa. — Alegremente Fanji aceitou ajuda, em momentos como esse, teimar por orgulho era ser um completo idiota.

Infelizmente Martin era muito jovem, mesmo sendo filho de um agricultor, ele não trabalhava no campo como seu pai por conta de sua idade, sendo relegado a outras tarefas, como pegar os ovos das galinhas no celeiro ou ajudar a pastar os animais.

Por conta disso, ele ainda não tinha desenvolvido músculos o suficiente para ajudar, sendo bem fraco. Era o normal para a sua idade, simplesmente não havia nada que pudesse ser feito.

— Me dê, eu faço isso. — Chang então serviu de apoio para Fanji, estando do lado oposto de Fernando. Com essa mudança, eles ao menos poderiam se locomover em uma velocidade aceitável.

— Não podemos atravessar a clareira agora, os gigantes são burros, mas não cegos. Seremos vistos no momento que sairmos da cobertura das árvores. — Taki estava com três crianças com ele, porém isso não parecia incomodar muito o rapaz, nem mesmo alterando seu ritmo.

— Então, para onde vamos? — perguntou Ana curiosa.

— Eu vi um lago, podemos ir até ele. Com o tempo vamos precisar de comida e água, então temos que estar perto de pelo menos um deles. — Taki então liderou o caminho afastando os galhos das árvores.

Logo em seguida todos começaram a se mover, Ana reparou na expressão de Taki, Fanji e Chang, ambos pareciam preocupados com o movimento dos gigantes, o que fez Ana, mesmo sem saber muito sobre eles, ficar tão preocupada quanto qualquer um dos três citados.

Fernando, por outro lado, estava pensando no que ouviu de Fanji, se o método que eles usavam era incompleto, eles teriam chances com o método de Vindicare? Ambos nunca conseguiram um progresso realmente verdadeiro no Cultivo que Fanji chamou de Verrror.

Fernando uma vez pensou que Ana era diferente dele e que poderia ter chances de Cultivar, claro, ele estava errado e descobriu algum tempo depois. 

No entanto, eles falharam usando o método de Verrror, mas isso se manteria igual se eles utilizassem o método de Vindicare? Tecnicamente eles tinham alguma chance de atingir o ápice do Cultivo, pois eles foram parar no Alfadair.

Não somente eles, cada um dos presentes tinha um talento forte o bastante para alcançar esse nível, caso contrário, eles nem mesmo teriam aparecido. Nesse caso, o método de Vindicare era sua salvação? A ideia deixava Fernando muito alegre.

O Cultivo não era somente sobre força, coisas inimagináveis como mover montanhas, voar, viver por milhares de anos, até mesmo a percepção de tempo dos Cultivadores eram diferentes da normal.

— Espera, Taki! Não podemos mais ir para o lago! — disse Chang repentinamente tirando Fernando da sua linha de pensamento e parando a marcha, ela parecia ter pensado em algo que não era bom.

— Por quê? Nós vamos precisar de água, não sabemos quanto tempo isso vai durar e onde mais podemos achar água. — Taki estava confuso, pois essa realmente parecia uma opção agradável, ou melhor, necessária.

— Eu nasci e cresci entre os comerciantes, se tem algo que aprendi é sempre tomar cuidado com o que deseja. Se formos para o lago, o que garante que não vamos encontrar outras raças por lá? Não são somente os humanos que precisam de água, e sendo honesta não temos como tomar e proteger o lago.

Todos então entenderam o que Chang quis dizer com isso, nesse momento todos deveriam estar começando a ir atrás de suas necessidades básicas, isso sendo água e comida. Um lago seria um atrativo muito desejado por todos, e sem força para o proteger, ele seria somente um desastre.

Chang já havia visto uma Bolsa de comércio rival despencar por terem conseguido algo que não podiam manter, e o lago era um belo prato de bife para as feras famintas. Todos iriam querer o possuir.

— Droga, faz sentido! — exclamou Fanji irritado, realmente as coisas não estavam dando certo para eles.

— Ainda devemos tentar, vamos precisar de água e no pior dos casos podemos fugir. — Taki tentou convencer os outros, pois eles morreriam sem água.

— Nem todos — murmurou Lili…

— Merda — amaldiçoou Taki.

— Precisamos ir para outro lugar, levando em conta que não temos como nos defender, temos que no mínimo nos esconder — disse Chang mordendo suas unhas, ela definitivamente queria estar em sua casa nesse momento.

Qualquer um deles queria estar em sua casa nesse momento, pois lá eles teriam uma possibilidade de morte muito, muito menor que nesse lugar.

Fanji então se soltou de seus colegas e se encostou no tronco de uma árvore que estava caída ali. Talvez ele queria deixar Chang e Fernando descansarem um pouco, pois a jornada não foi fácil até o momento, enquanto Fernando viajava na maionese, eles andaram uma boa quantia de tempo.

Taki também deixou os pequenos saírem de cima dele, mesmo que no começo parecesse que ele poderia aguentar, o jovem claramente superestimou o seu corpo sem qualquer traço de Zyou.

Em algum momento Lili tinha assumido o dever de carregar o bebê, ajudando Ana. As duas tinham decidido revezar, pois mesmo que não fosse muito grande, um bebê pesava muito a longo prazo.

Todos estavam ficando cansados, e sua última descoberta os deixaram desamparados, e se quisessem viver eles teriam que descobrir o que fazer.

— O que mais você viu Taki? Uma caverna? Montanha? — perguntou Fernando se sentando no chão para descansar um pouco, seu corpo começou a enviar sinais de que estava cansado.

— Dragões amam montanhas, não podemos ir lá — respondeu Fanji.

— Vampiros e goblins ficam em cavernas, vamos morrer se encontrarmos um vampiro — disse Taki.

— Estamos perdidos — lamentou Chang.

Sentindo fome, Fanji simplesmente olhou ao seu redor e viu uma fruta estranha, porém ele não ousou dar uma mordida com medo de ser venenoso.

— Mas que droga, não podemos nem mesmo comer essas frutas estranhas, não temos como saber o que é veneno ou não. — Fanji estava cansado, com fome e mais importante, se sentindo um estorvo, tudo o que precisava para o deixar irritado.

As frutas eram amarelas como bananas, mas seus cachos eram azuis, o que indicava um claro perigo ao consumir a fruta.

— Na verdade… eu meio que conheço vários venenos, e isso não tem cara de ser venenoso, parece muito com uma fruta da minha terra chamada de banana céu — disse Fernando tentando melhorar o clima, ao menos eles poderiam comer essas frutas estranhas para matar a fome.

Com exceção do pequeno trio e de Ana, os outros olharam para Fernando e quase gritaram com ele — Por que não disse antes?



Comentários