Volume 1
Capítulo 17 - Para onde eles foram mesmo?
Quase entrando em desespero, Ana pensou naquilo que alegrava ela quando pequena, “sim, isso pode funcionar” e com um pensamento em mente ela começou a fazer caretas.
Ana se lembrava de que quando era pequena, sempre que estava triste alguém fazia algumas caretas para ela, e assim Ana ficava alegre até dormir.
Seguindo seu pensamento, e sentindo os tremores aumentarem indicando que aquelas feras estavam se aproximando rapidamente, ela começou a fazer algumas caretas.
Ana se mostrou como uma mestra na arte da manipulação, sempre fazendo cartas quando os menores ameaçavam corar, e quando estavam prestes a rir ela parava e ficava séria os deixando confusos, mas o mais importante, silenciosos.
Os outros presentes se surpreenderam com isso, porém não tiveram muito tempo para pensar sobre isso, pois as feras que se assemelha aos mamutes estava pisoteando tudo que estivesse ficado naquela planície.
Os tremores foram fortes, mesmo com as caretas de Ana, um dos pequenos estava quase chorando. Felizmente Fernando agiu imediatamente, pegando ele no colo e balançando ele como um bebê, essa foi a melhor ideia que ele conseguiu ter no momento.
Curiosamente, o bebê que estava no colo de Ana, pois ela não o colocaria no chão por segurança, não parecia nem um pouco interessado no que estava acontecendo e estava bem calmo, ou melhor, parecia estar com sono
Assim que o bando de animais passou pelo lugar em que eles estavam antes, todos puderam respirar aliviados. Não tinha ficado ninguém para ser pisoteado pelas feras, ou as crianças tinham se juntado ao grupo daquela que foi nomeada líder, ou eles tinham corrido para a floresta como o pequeno grupo de Fernando e Ana.
— Valeu caras, eu realmente devo uma para vocês — disse o menino que de antes, agora repetindo a frase. Sem sombras de dúvidas, ele tinha certeza que teria virado papinha se não tivesse conseguido ajuda.
Fernando suspirou e colocou a criança no chão antes de se virar para o garoto e simplesmente sorriu para o menino, que sorriu de volta.
— Então, o que querem fazer? Talvez ainda possamos alcançar o outro grupo. — perguntou Fernando, é verdade que ele tinha garantido seu suporte de vida trazendo o menino e esse grupo consigo, no entanto, isso seria o bastante?
Eles ainda poderia seguir o caminho deles e provavelmente se encontrarem novamente, porém, eles realmente deveriam fazer isso?
— Eu não acho uma boa ideia — comentou o outro garoto que ajudou Fernando antes — eles nos abandonaram sem pensar duas vezes.
— Eu concordo, e não se preocupem, em pouco tempo eu vou voltar ao meu auge, nessa hora ninguém vai precisar se preocupar com nada, eu sou forte — proclamou o garoto se uma perna, orgulhoso, tudo para ser cortado pelo jovem de antes.
— Correção, você era forte.
O menino tentou argumentar sobre isso, mas não conseguiu encontrar nada para falar e ficou quieto.
Ana então se virou para as outras pessoas do grupo, além de um bebê e de três pequenininhos, ainda havia outras três pessoas no grupo — e vocês? O que acham?
Um deles era uma menina que parecia ter a idade de Ana, talvez até um pouco mais velha, e os outros dois eram um casal, de uma menina e um menino mais novos.
— Eu concordo com eles — falou a menina mais velha —, força não importa nada se não houver confiança!
Os outros dois pareciam assustados demais para falar algo, mas ainda concordaram com a cabeça. Aproveitando o momento, o jovem disse — ótimo, agora que tal nós apresentamos? Certo meu nome é Fanji Li, tenho quatorze anos e eu atingi o Rank céu antes de vir para cá, beirando o rank estrela, na verdade eu podia até mesmo ser considerado alguém nesse nível.
Fernando e Ana se encararam por um momento, “Rank céu? Rank estrela? O que era isso?” pensou o casal confuso, porém pelo menos agora eles sabiam que o nome do garoto sem uma de suas pernas era Fanji Li.
O garoto ao lado dele estalou a língua e disse — Droga, você realmente alcançou esse nível?
— O quê, você não?
— Claro que não, embora estivesse perto. — O garoto tinha muitos músculos, tendo um corpo bem definido e grande, e parecia ser capaz de vencer qualquer um em um confronto de força física. — Por sinal, meu nome é Taki e eu tenho quatorze, prazer. Eu era um guerreiro de rank terra no topo — apresentou-se o jovem.
— Oh, você tem a mesma idade que eu — comentou Fanji. — Pensei que fosse mais velho.
— Muitos pensam assim — respondeu ele dando os ombros.
A próxima pessoa a se apresentar foi Fernando, ele rapidamente se introduziu dizendo ter onze anos e nunca ter Cultivado antes, ele não queria falar isso, mas como eles pareciam falar de algo diferente do que ele estava acostumado, mentir seria cavar um buraco para si.
Ana foi logo em seguida, igual seu noivo ela tinha onze anos e nunca Cultivou antes, no entanto, ela fez questão de deixar algo bem claro — E Fernando é meu noivo. — Enquanto agarrava o braço dele.
Tanto Taki quanto Fanji piscaram seus olhos algumas vezes surpresos, mas depois parecia que eles olhavam para Fernando como se vissem um traidor. Que devolveu o olhar com uma expressão incrédula, “Sério isso?” pensou ele.
Após sua apresentação, os três pequenos de antes estavam correndo alegres enquanto diziam seus nomes, bem, dois deles.
— Jui — disse um que parecia muito alegre.
— Lulu — disse esse correndo atrás da próxima da outra criança que se escondeu atrás da perna de Fernando.
— Nara — disse ele escondido, ao menos tentando.
Fernando ficou surpreso com as ações de Nara, mas achou a ação fofa então deixou ele sair com o seu tempo.
Em seguida a menina se apresentou — Meu nome é Chang, tenho doze anos e nunca Cultivei. — Porém diferente dos outros ela não parou por aí, mencionando também ser a filha da Bolsa de Comércio Lírio de Ouro. O que combinava com suas vestimentas brancas com adornos dourados.
Chang disse o nome da empresa de seus pais com tanta convicção que parecia super importante, porém, Fernando tinha certeza que nunca havia ouvido falar dela? Com a posição de sua família, ele pelo menos saberia de algo assim, pois grupos de comerciantes ou empresas privadas sempre se espalham como pó após assoprado, tentando ir o mais longe que puder.
— Acho que nunca ouvi falar dessa bolsa mercante — comentou Fanji, gerando outras concordâncias entre o grupo, chocando profundamente Chang.
— Como vocês nunca ouviram falar da minha Bolsa de Comércio Lírio de Ouro? Em que fim do mundo vocês moram?
— Para sua informação, minha família Li é muito influente e influenciamos até mesmo outros continentes — retrucou Fanji.
Enquanto Chang discutia com Fanji qual família era mais influente, as apresentações continuaram.
— Meu-meu nome é Lili… tenho se-sete anos e nunca Cultivei na minha vida… — Apresentou–se Lili, se tremendo de medo, ou nervosismo. Ela era bem pequena para a sua idade, magra e pálida, vestindo roupas simples, mas limpas e bem arrumadas. Sua característica mais única era que seu cabelo era inteiramente branco e seus olhos eram azuis-claros, quase cinza.
Ao seu lado, o garoto restante, o último a se apresentar, levando em conta que o bebê não tem como falar, tomou coragem para falar.
— Prazer e conhecer vocês!!! Eu sou Martin, e eu só sou o filho de um pequeno fazendeiro, eu não entendi quase nada do que vocês falaram! — disse ele de uma vez e quase gritando, ele foi honesto e estava 100% perdido.
Com isso todos tinham se apresentado.
Claro, nesse momento Fanji e Taki estavam se encarando preocupados, muito preocupados. Pelas apresentações eles perceberam que eram os únicos no grupo que tinham qualquer conhecimento real sobre Cultivo. O que não era algo muito interessante de se saber nesse lugar perigoso.
Outro fato ruim era que Fanji estava severamente limitado no momento, nem fale de seu poder de combate, que nesse momento era precário, ele teria sérios problemas de locomoção, o que não é uma boa notícia.
Claro, ao atingir o primeiro nível de Cultivo ele poderia compensar uma parte disso, já no segundo ou terceiro, quase não mudaria muito. Porém, nesse exato momento ele não estava com Cultivo nenhum, sendo uma pessoa normal.
— Pensando melhor… para onde aquelas pessoas foram mesmo? — perguntou Taki preocupado, antes ele pensava que seu pequeno grupo tinha alguma esperança. Em sua cabeça, mesmo que houvesse pessoas que não tivessem quase nenhum conhecimento de Cultivo, elas seriam poucas e raras.
A realidade tendia a ser algo decepcionante muitas das vezes, pois as raras exceções estavam todas em seu grupo. Não só isso, eles ainda tinham um bebê com eles.
Sendo honesto, qualquer um que não fosse um idiota sonhador saberia que esse acontecimento chamado de Afaldair era perigoso, muito perigoso. Mesmo que em seu mundo outras raças não existissem, uma simples manada de animais já mostrou que sua estadia ali não vai ser nem um pouco fácil.
Fernando e Ana ficaram um tanto sem jeito… eles conheciam o básico de Cultivo, porém eles estavam tão perdidos quanto Matin sobre essas terminologias estranhas.
Era evidente que Martin era uma criança comum que se encontraria em qualquer cidade rural, diferente dos outros, ele não tinha nada além do conhecimento comum do mundo dos mortais, das pessoas sem Cultivo.
Chang parecia conhecer sobre o Cultivo, porém como nunca havia praticado realmente algo, ela não seria de grande ajuda. Sendo filha de um grupo de comerciantes, ela parecia muito experiente em negociações e transações comerciais, no entanto, isso seria de alguma ajuda?
Lili era pálida e se olhassem de perto, poderiam até supor que ela estava doente, cabelos brancos não era algo muito natural em sua idade.
Os três pequenos estavam se divertindo fazendo caretas uns para os outros, os três já haviam superado sua timidez inicial e se juntado em um trio para brincar Os pequenos queriam fazer um quarteto, mas depois que perceberam que o bebê não sabia nem mesmo falar desistiram da ideia.
— Taki, talvez você os ache se tiver um bom lugar para investigar. — Fanji então apontou seu dedo para cima, dando a ideia para Taki de subir no topo de uma árvore para ter uma visão melhor, com sorte eles poderiam achar o grupo principal.
— Boa ideia — disse Taki, e se agarrando no tronco de uma árvore. Depois quando esticou seu braço para agarrar os galhos e subir disse para Fanji — Aproveite o tempo e introduza Matin.
Fanji pensou um pouco e concordou, seria uma boa ideia deixar transformar o senso comum no mundo dos Cultivadores em um senso comum em seu grupo. — Martin, vou te explicar o que é Cultivo, e caso alguém tenha alguma dúvida, eu posso responder. Estamos juntos nessa, nós somos todos humanos.
Fernando achou curioso a última parte da frase de Fanji, “nós somos todos humanos”. Isso indicava que realmente havia um grave problema entre as diversas raças, e Fanji já havia aceitado isso como um fato.
— Ótimo, vou começar. — Todos então se viraram para prestar atenção no que Fanji iria dizer, essas informações poderiam mudar suas vidas, e mesmo que alguns já soubessem delas, ainda seria útil ouvir diretamente de alguém com quase a sua idade, ainda mais alguém que parecia forte.
Fanji então explicou tudo o que sabia sobre o Cultivo ao grupo. O Cultivo era o termo dado para o ato de refinar seu corpo para se tornar mais forte. — Então Cultivar é igual a malhar? — perguntou Martins confuso.
— Não, mas segue essa ideia… veja, o corpo humano comum possui um limite, não importa quantos exercícios você faça esse limite vai te impedir de progredir. Mas com o Cultivo é diferente, pois Cultivar é quebrar esse limite. Nós humanos nascemos com limites muito baixos, por isso temos que Cultivar, e qualquer forma de quebrar esse limite foi denominada como Cultivo.
A humanidade só se manteve em pé por conta das diversas heranças deixadas por quem descobriu esses métodos, formas de superar o seu limite inato de sua raça fraca. Uma pessoa um dia descobriu uma forma de superar o limite e ensinou aos seus descendentes e amigos.
Um de seus descendentes aprimorou a técnica e compartilhou com sua família, a família de seu amigo fez o mesmo duas gerações depois, mas o caminho que a técnica desenvolveu foi diferente.
Incontáveis modificações e aprimoramentos foram feitos por toda a história da humanidade, e essas técnicas que ensinavam a quebrar os limites foram chamadas de técnicas de Cultivo.
— A forma mais básica de Cultivo, entre nós humanos, é o ato de reunir Zyou da atmosfera e armazená-lo em nosso corpo, para que assim quando precisarmos, podemos colocar tudo para fora em uma pequena explosão, ou usar pequenas quantidades de Zyou para melhorar nossas habilidades físicas.
— Zyou? — perguntou Matin, “O que era isso? Ele nunca havia ouvido falar de algo assim.”
Ana e Fernando também ficaram um pouco curiosos, eles sabiam que o Cultivo envolvia reunir energia e armazená-la em seus corpos, mas eles não tinham o termo Zyou como um nome familiar.
— Isso mesmo, Zyou. Eu não sei ao certo como explicar o que essa energia é, nos estágios mais baixos nós a absorvemos sem saber o que é, sem sequer vê-la ver, só em estágios mais avançados que é possível entender melhor o que é Zyou.
— Quando uma pessoa aprende a utilizar Zyou ela pode ser considerada um Cultivador, essas pessoas estão no nível mais baixo de Cultivo, chamado de reino da poeira, depois disso tem o reino terra, céu, estrela, lua menor, lua maior e por fim, o reino da vida. Quando alguém supera esse último reino, essa pessoa pode ser considerada um deus ou um combatente ápice.
Nesse momento, Fernando levantou sua mão para perguntar algo, e assim que Fanji gesticulou para ele falar, Fernando disse — Fanji, eu conheço outros nomes. — Fernando então compartilhou os termos que conhecia, como Nobre da terra, Escolhido pelos Céus, Combatente dos Céus e Desafiante do Destino.
Fanji ficou surpreso por isso, ele realmente pensou que nunca ia ouvir esses nomes saindo da boca de um jovem. — Fernando, vou ser honesto com vocês, você e sua noiva tem muito azar, mas também muita sorte.
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Sou azarado? Talvez, quem sabe? Bem, meu computador acabou tendo alguns problemas então não pude postar o capítulo domingo. Eu não consegui escrever o capítulo, então não tinha como postar nada, desculpe por isso. Porém, agora tudo foi normalizado então aproveitem, e domingo sai mais um.
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