Meu Mestre é um Bebê?? Brasileira

Autor(a): Zatojo


Volume 1

Capítulo 14 - Alfadair

— O que acabou de acontecer? — perguntou Fernando espantado, ele não teve tempo o suficiente para compreender o que aconteceu, e mesmo que tivesse o tempo, ele não saberia, pois não tinha o conhecimento necessário.

— Fer… — disse ela em meio a um bocejo — Já é hora de acordar? — perguntou Ana abrindo e fechando os olhos, claramente com sono.

 Fernando não sabia o que falar exatamente e ficou momentaneamente atordoado, “como eu explico para ela que o chão começou a se iluminar e do nada nós viemos parar aqui?”, o simples pensamento soou ridículo para ele.

Ana parecia não se importar com a espera, na verdade, ela estava gostando disso, pois representava mais alguns segundos de sono, algo que ela estava apreciando.

Quando Fernando decidiu falar algo todos ouviram um choro de uma criança, rapidamente ele olhou na direção do choro e viu uma criança de aproximadamente quatro anos de idade.

Ana acordou imediatamente com o som de choro, isso era estranho para ela, pois até alguns minutos atrás ela estava escondida em uma caverna submersa, como poderia o choro de uma criança chegar em seu esconderijo?

Arregalando os olhos rapidamente, Ana teve uma visão rápida de estar nos braços de seu noivo antes que o sol a forçasse a fechar os olhos novamente. 

Ambos os pequenos passaram os últimos dias em uma caverna, o que fez com que seus olhos ficassem sensíveis à luz do sol no momento, e como Ana estava olhando para cima, ela foi forçada a fechar os olhos pouco depois de os abrir.

“Um minuto, o que foi que eu vi?” Ignorando sua noiva, que estava em um conflito interno, Fernando olhou rapidamente em volta. 

Eles estavam em uma planície desconhecida, ao fim da planície estava uma floresta que cobria a região dos dois lados, se não fosse por um longo espaço para o sul e para o norte, como se fosse um corredor aberto, esse lugar poderia muito bem ser uma clareira no meio da floresta.

Fernando contou rapidamente e percebeu que havia algo em torno de meia centena junto deles, mas o fato que mais o chamou a atenção foi que não parecia haver ninguém com mais de quinze anos entre eles.

O som do choro ficou mais forte, não porque a criança de antes estava chorando mais alto, mas sim porque novas crianças começaram a chorar, crianças com menos de quatro anos estavam chorando.

Elas estavam agora em um lugar desconhecido, sem conhecer ninguém e sozinhas, qualquer criança normal estaria chorando e gritando.

— Mamãe — gritava e chorava uma delas, a que estava mais próxima de Fernando, talvez a uma distância de seis metros dele. Com os berros dos menores, as outras crianças imediatamente começaram a ficar com medo, algumas pareciam reconhecer os menores e foram até eles para os acalmar, porém, nem todos eles tinham sua companhia.

Em meio aos choros e berros, Ana abriu os olhos novamente, agora um pouco mais acostumada com a luz do sol e confirmou sua teoria, “não foi um sonho!! Isso!” Entretanto, como parecia estranho, ela decidiu pedir para seu noivo a pôr no chão.

— Fer… não que eu desgoste ou algo assim, mas, sabe você pode me pôr no chão? — disse ela se sentindo estranha, foi uma sensação boa, mas não era o momento.

Fernando piscou os olhos rapidamente e se lembrou que ainda estava segurando Ana em seus braços — Ah, claro… desculpe por isso — disse ele enquanto soltava suas pernas para que ela se mantivesse em pé.

Logo após Fernando soltar Ana ele olhou novamente para a criança que estava a seis metros dele e parecia que já havia encontrado alguém conhecido. Não só isso, as crianças que antes estavam espalhadas já haviam se reunido e pareciam estar perto daqueles que conheciam.

Entretanto, ele ainda podia ouvir alguns sons de choro por aí, isso significava que nem todos os menores estavam acompanhados. Ana estava mais perdida que seu noivo, pois nem mesmo estava acordada quando aquele monte de luz os teletransportou para esse lugar.

Antes que ela pudesse perguntar algo, todos foram calados por um forte grito de um homem. — Silêncio!

Após ouvir o grito, todos ficaram tão quietos que podiam ouvir a respiração um dos outros, não por escolha, cada um dos presentes calou sua boca e não conseguia mais fazer um som, o homem que gritou antes os impedia.

Imediatamente Fernando olhou para seus lados buscando a origem da voz, porém ele não encontrou nada, “isso não está certo.” pensou ele, claramente alguém acabou de gritar e pelo tom da voz ele era um adulto, um adulto onde, até um momento atrás, só havia crianças.

Ana então puxou a manga de seu noivo e apontou para cima, dizendo para que ele olhasse para cima também. Lá estava o homem que gritou antes, vestindo uma armadura de prata que se assemelhava muito aos cavaleiros de outrora.

Seus cabelos eram curtos e escuros, pele negra e não era possível ver a cor de seus olhos da distância em que estavam. Entretanto, claro que o que mais chamou a atenção de todos foi que o homem estava parado no ar.

Segundo o que Fernando sabia, somente aqueles acima do nível de poder de um desafiante dos céus podiam voar, no entanto, o homem parecia muito, muito mais forte que alguém nesse nível.

Ao menos foi o que Fernando pensou, algumas de suas ações demonstram isso, ele estava calmo no ar, como se isso nem mesmo o cansasse, sua voz calou todas as crianças, algo que não deveria ser possível e mais importante, a armadura dele parecia muito legal.

Sem se importar em esperar muito, o homem continuou — Todos prestem muita atenção no que eu vou dizer agora, isso pode salvar suas vidas. Primeiro, meus parabéns a todos vocês, e bem-vindos ao Afaldair, não quero perder muito tempo então vou resumir para os desinformados.

Fernando não sabia ao certo o que estava acontecendo, muito menos Ana, mas parecia que agora eles teriam suas tão esperadas explicações.

— O Alfadair é uma oportunidade rara e única na vida, é um evento realizado pelo próprio universo onde ele junto todos os que possuem a possibilidade de se tornar um deus, ou um combatente ápice como alguns chamam, e reúne todos em um só lugar.

“Certo, já começamos bem, se tornar um deus? Como assim?” pensou Fernando sentindo-se bem ferrado no momento, até alguns dias atrás ele estava vivendo uma vida muito feliz, porém, aparentemente seu azar chegou com força.

— Todas as raças do universo, desde que tenham alguém elegível, são forçadas a comparecer, portanto, se afastem de todos os que não forem humanos. Demônios, são inimigos eternos nossos, fujam se os vir, elfos negros, vampiros, zumbis, lobisomens, globins e orcs são todos da facção das trevas, e como nós humanos fazemos parte da facção da luz eles vão tentar te matar por nada, cuidado extra com eles.

“Zumbis? Espera, tem demônios aqui também? Eu não gostei disso, eu não gosto disso!” pensou Ana assustada com a ideia de encontrar qualquer uma dessas criaturas.

— Elfos, dragões e anões são mais confiáveis, mas nenhum deles gosta de nós, então cuidado, mesmo todos sendo da facção da luz, é provável que eles tentem matar vocês também.

“ Aqui tem dragões, como nas lendas? Isso seria muito legal se você não tivesse nos dito que eles podem querer nos matar” pensou Fernando sentindo que a morte os rodeava por todos os lados.

 

— Os únicos que são confiáveis são os anjos, mesmo assim não conte com sua sorte para achar um deles, eles são poucos, ainda mais depois de um incidente recente. Em resumo, não confiam em outras raças, só nos humanos.

Tanto Fernando, quanto Ana, reagiram de forma animada ao ouvir isso, eles acharam a ideia de ver anjos, as criaturas tidas como lindas, fortes e gentis, a chance de encontrar um anjo era algo muito interessante, mesmo que as chances sejam baixas, eles gostariam de achar um anjo na floresta.

— Porém nem tudo é só desgraça, nesse lugar todos os deuses humanos estão assistindo vocês, então façam seu melhor para chamarem a atenção de um deles para que sejam aceitos como seus discípulos. 

Agora o rosto da maioria das crianças se iluminou, depois de terem ouvido várias vezes que quase todos que eles encontrassem nesse lugar poderiam os matar, ouvir algo bom era reconfortante. No Cultivo, seu mestre normalmente era algo muito importante, pois seu estilo de luta, e de vida, seriam fortemente influenciados por seus mestres, mestres bons resultam em bons resultados.

— Aqui, nessa terra, estão os melhores legados de todo o universo, muitos de vocês devem ter percebido, mas todos perderam suas bases de Cultivo, e isso é benéfico para vocês, pois assim poderão recomeçar com uma técnica muito melhor do que a que tinham.

Não que isso tenha ajudado Fernando e Ana, uma vez que ambos não tinham nenhum Cultivo, porém, isso com certeza ajudaria os outros, desde que eles estivessem vivos, uma vez que recomeçar suas bases de Cultivo os deixariam muito fracos, eles eram literalmente crianças normais no momento.

— Agora vamos decidir o líder do grupo, essa pessoa é aquela que era o mais forte antes de ser convocado, não se assustem, pois o líder não pode mandar em vocês ou coisas do gênero, só escolhermos alguém assim para facilitar a vida.

O homem então olhou para uma certa direção e disse — Aparentemente nesse grupo teremos que mudar a regra, certo, o segundo mais forte então.

Com o término de sua fala, uma luz dourada começou a brilhar na testa de uma garota, a luz se intensificou até virar uma marca de uma espada, deixando bem claro quem havia sido escolhida para liderar esse pequeno grupo de crianças.

Enquanto todos olhavam para a mulher, Fernando se virou para tentar descobrir quem era a criança que não poderia os liderar, pois no mínimo ele ainda seria bastante forte, e o jovem ficou curioso para saber o porquê dele ser desconsiderado.

Não foi difícil, pois naquela direção havia somente uma criança que podia ser seu alvo, ali estava um menino de treze ou quatorze anos que estava sentando em uma pedra, Fernando suspeitava dele por um simples motivo, o garoto não tinha uma de suas pernas.

Para alguém sem Cultivo nenhum, isso era um empecilho mortal, ainda mais em um lugar tão perigoso como o que estavam.

— Prestem atenção pirralhos!! — gritou o homem fazendo todos se virarem para ele novamente — Não pensem que seu futuro está garantido só com isso, eu disse para vocês que há a possibilidade se vocês virarem deuses, nunca disse a garantia, sendo honesto duvido que um ou dois de vocês consigam chegar nesse posto, não… 

O homem então parou de falar e olhou para aquela criança novamente, a criança que deveria ser o líder do grupo — Talvez um de vocês realmente tenha uma chance real de chegar a esse posto.

A maioria das crianças estavam animadas demais para perceber isso, porém algumas delas notaram a ação. 

— Para finalizar, uma vez que meu tempo está acabando, nunca se esqueçam, independente do que aconteça aqui, do que vocês vejam ou façam, a raça humana sempre será uma das mais fortes que existem! Os humanos são fortes!

Com isso o homem desapareceu e todos conseguiram falar novamente. Não foi inesperado, porém todos começaram a falar e se animar, eles não entenderam tudo, porém de algo eles sabiam, se eles fizessem um bom trabalho aqui e agora suas chances de subir na vida era garantida.

— Fernando, você ouviu isso? Você ouviu o que ele disse? — disse Ana agarrando as mãos de seu noivo, seu apego estava trêmulo, mas, ao mesmo tempo, pareciam firmes, — Nós ainda temos a chance — disse ela olhando para ele, as memórias de um dia desgraçado estavam voltando para ela.

— Sim, eu ouvi, Ana, parece que temos uma nova chance. 

Ao mesmo tempo, três pessoas estavam se encontrando na frente de um imenso castelo que flutuava no espaço, o castelo era imenso, feito de uma pedra branca, detalhado com joias e estátuas.

— Como foi o lote de vocês? O meu é um tanto interessante — perguntou uma mulher que andava no meio dos outros dois, ela vestia uma roupa inteiramente branca, como uma artista marcial tinha sua espada bem ao lado de sua cintura pronta para a sacar a qualquer momento, seu longo cabelo marrom se entendia por suas costas, com seus olhos da mesma cor de seu cabelo, ela era definitivamente uma beldade.

A mulher era uma das encarregadas de fazer a apresentação para as crianças, no total os humanos tiveram 3 lotes, logo os humanos enviaram três deuses para explicar o básico. Somente aqueles que tivessem se tornado deuses poderiam romper a barreira e se manter lá dentro, claro, isso por um tempo extremamente limitado.

— Infelizmente senhorita Azure, meu lote dessa vez teve muito azar, mesmo que alguns deles pareçam ter força de vontade para se manter, eles acabaram parando no meio de um lote daqueles malditos demônios sujos e o outro lote são aqueles cachorros imundos, mesmo que me doa admitir, eles não têm muitas chances. — comentou tristemente um homem que usava um terno branco, com um relógio de bolso prateado enfeitando o lado esquerdo do seu traje.

O homem parecia um velho que se apegava ao estilo vintage de outros tempos, com sua bengala marrom clássica, mesmo que ele não precisasse dela, ainda estava em suas mãos, — E você senhor Simon? Tem algo bom para nós? Você está sorrindo desde que chegou.

— Sim, eu tenho, mas é melhor eu dizer com todos reunidos, o choque com certeza vai ser grande — respondeu o homem com a armadura de prata, seu nome era Simon, e nesse momento ele parecia muito feliz, — parece que teremos uma boa colheita esse ano.



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