Meu Mestre é um Bebê?? Brasileira

Autor(a): Zatojo


Volume 1

Capítulo 11 - Alucinações?

Depois de fecharem a porta ambos seguiram em frente, com sorte aquela fera não iria aparecer, no entanto, quem realmente era sortudo nesse mundo?

Bem, esses dois com certeza são… de certa forma. Agora seguros eles podiam ver onde estavam, essa era a primeira vez de Ana aqui, e mesmo Fernando raramente entrava nessa parte da caverna, portanto, eles estavam bem curiosos.

Na frente deles estava um longo corredor esculpido na caverna, iluminado pelas pedras brilhantes, do lado direito havia três portas, do lado esquerdo haviam duas e no final do corredor havia uma última porta, totalizando seis portas no total.

Fernando conhecia quase todos esses cômodos, com exceção de dois deles, ele já havia estado em todos. Da direita, o primeiro era um espaço cheio de plantas e ervas medicinais, o segundo era uma cozinha, o terceiro e último da direita era um banheiro.

Nesse momento, a primeira porta à direita parecia ser a melhor escolha no momento. Ali ele poderia fazer uma pomada para passar nos arranhões e na perna de Ana.

Pegando a mão de Ana, ele abriu a porta que levava à “horta” da caverna, Ana se surpreendeu, pois não esperava algo assim, muito menos embaixo da terra. Fernando a guiou até uma pedra que estava naquela pequena horta, disse — Ana, espere aqui um pouco.

Ana assentiu com a cabeça e assim ele se virou e foi olhar as ervas de perto, seu tio Vincenti havia o ensinando um pouco de botânica, pois pensou ser útil para o jovem. Tudo tinha começado com o pedido de Fernando para aprender sobre temperos, pois ele e Jez estavam praticando cozinhar, portanto, ele quis aprender sobre as ervas usadas nos temperos.

No fim, ele acabou aprendendo muito mais do que queria, e como seu tio pensou, esse conhecimento era muito útil. Fernando olhou as ervas e achou o que queria, uma erva medicinal muito utilizada em pequenos ferimentos. 

A erva tinha a cor verde-escuro, com bolinhas verde-claro em suas folhas. Como somente suas folhas eram úteis para o remédio, ele coletou algumas folhas da erva e começou a moer elas com duas pedras. 

Fernando não pegou todas as folhas, pois era de conhecimento comum que ao colher uma erva, era importante garantir, se possível, que outras pudessem nascer no lugar, ou que a erva em questão pudesse sobreviver, coletando somente o necessário para não prejudicar o meio ambiente.

Após moer a erva, ele conseguiu uma pasta da cor verde-escuro, e começou a passar ela como uma pomada nos machucados de Ana.

— Ai, isso é gelado!! — falou ela recuando a perna por reflexo.

— Por favor tente se manter parada, isso é uma pomada que meu tio me ensinou a fazer, ela deve ser o bastante para tratar feridas pequenas e seus arranhões. — Fernando então continuou a passar sua pomada, primeiro foi a perna de Ana, depois os arranhões em seus braços e por fim ele pintou sua cara com a pomada.

— Obrigaaada. — Disse ela enquanto ele passava pomada em sua face, a fala ficou um pouco distorcida, pois Fernando estava brincando com as bochechas de sua noiva enquanto passava a pomada.

— Você é minha noiva, é o mínimo que eu posso fazer.

Ana ficou um pouco vermelha por ouvir isso e não disse mais nada, deixando ele acabar de passar a pomada nela. Havia sobrado um pouco da pomada e Fernando pretendia deixar guardado para mais tarde, entretanto Ana pegou a pomada dele.

— Ainda tem algum arranhão que eu não passei pomada? — Fernando tinha certeza que prestou atenção, será que ele deixou algum passar?

Ana, agora com a cara pintada de verde-escuro, disse a ele — Sim, e é uma surpresa você não ter visto eles.

Fernando ficou curioso, ele realmente deixou passar algum detalhe? Bem, ele não verificou direito alguns lugares, mas foi por educação. Ana então pegou um pouco da pomada e Fernando decidiu se virar, se fosse os lugares que ele pensou, não seria apropriado ele ficar olhando.

— Por que está se virando? — disse ela em pé, dessa forma seria mais difícil para ela. — Se vire logo. — Ela então virou ele à força e começou a passar pomada no rosto de seu noivo. — Como você pode esquecer de você?

Fernando ficou vermelho com a ação, a sensação dos finos dedos de sua noiva em seu rosto o deixou envergonhado, porém ele se manteve ali permitindo sua noiva passar o remédio em seu rosto, como ela havia feito antes.

— Aiiinda nããããoo acabou? — perguntou ele, pois sentia que sua noiva estava brincando com seu rosto, da mesma forma que ele havia feito antes com ela.

Ana piscou duas vezes, e o sorriso que ela tinha em seu rosto sumiu por um momento, como se ela tivesse acordado de uma fantasia. Pelo visto, ela gostou de brincar com o rosto de seu noivo. 

— Aham, Fer, para onde agora? — disse ela tentando desviar a atenção das suas ações, mas ela não foi ótima nisso. 

— Bem, que tal eu te mostrar o resto do lugar? Vamos acabar ficando aqui por um bom tempo, — então ele olhou em volta e viu vários legumes e verduras — parece que podemos ficar aqui por um bom tempo.

A horta funcionava muito bem, mesmo no subsolo. Aqui havia uma nascente que irrigava a terra, havia diversas plantas, ervas e comida, aqui não havia sol, mas uma pedra brilhante grudada no teto parecia poder substituir o astro brilhante.

Eles poderiam viver um tempo aqui sem muitas dificuldades, claro, não era o ideal, mas era o que tinham.

— Certo, vamos lá!

Assim eles abriram o resto das portas, a segunda da direita era uma cozinha, a terceira era um banheiro, na esquerda a primeira porta dava em um espaço vazio, embora fosse muito grande, e a próxima porta levava até uma biblioteca cheia de livros. 

Na última porta, no final do corredor, havia um quarto. Nele havia um guarda-roupa e uma cama, uma cama de casal pelo tamanho.

— Se formos ficar aqui significa que vamos ter que… — disse Ana, não terminando sua frase por sentir que era muito vergonhosa. Seu rosto estava vermelho, muito vermelho.

Quer dizer, eles já haviam dormido juntos, mas isso foi há anos, talvez eles tivessem seis anos na época, ou menos que isso.

— Eu posso dormir no chão. — disse o noivo rapidamente para aliviar o clima, infelizmente, ou felizmente, sua noiva não quis permitir isso.

— Mas Fer… eu não me importo de dividir a… com você… — E com isso, ambos ficaram vermelhos iguais a dois tomates.

Buscando algo para aliviar o clima, Ana abriu o guarda-roupa e esperando encontrar algo bom, e conseguiu. Dentro do guarda-roupa havia roupas de vários tamanhos, desde roupas bem grandes, até roupas um pouco maiores que a dos dois.

Depois de prestar atenção, Fernando reconheceu que as menores eram as roupas que Jez e Duda usavam quando treinavam em reclusão. “ Então era aqui que eles se escondiam.”

Sempre que alguém entrasse em reclusão, seria difícil os contatar, pois isso tinha como objetivo se isolar do mundo para treinar, isso frustrou muitos dias que Fernando queria brincar com um dos dois.

Sem hesitar, Fernando pegou as menores roupas de Jez que encontrou e depois pegou as menores roupas de Duda e as deu para Ana. Ele planejava se trocar de uma vez, mas sua noiva foi contra e o colocou debaixo do chuveiro, alegando que ele sujaria as roupas se as vestisse como estava.

O que não era mentira, mesmo que ele tivesse ficado bem limpo depois de nadar por tanto tempo, ainda havia alguns pedaços de lama presa nele e bem… uma cara pintada que sujaria a camisa quando fosse posta.

Como ele não tinha grandes arranhões, não foi um problema para ele retirar a pomada no momento, então ele foi até a pia e lavar o rosto antes de começar o banho.

“ Ana, sua pentelha, isso vai ter volta.” Pensou ele quando viu sua cara refletida no espelho, é verdade que os arranhões haviam sido tapado com a pomada, mas ela aproveitou para desenhar na cara do seu noivo.

Nesse momento Fernando estava vendo sua face no espelho com bigodes e marquinhas pintadas, aparentemente Ana tentou pintar um gato em sua face.

Lavando o rosto ele começou seu banho, foi um banho rápido e pouco tempo depois ele acabou e deixou Ana entrar, que fez com rapidez querendo tomar um banho logo, no entanto, quando olhou a face de Fernando ela pareceu ficar um pouco decepcionada em não ver mais sua obra de arte pintada.

Fernando a ignorou e voltou até a horta para pegar alguns legumes e vegetais, Jez havia o ensinando a cozinhar e ele decidiu fazer algo para comerem, pois ele estava particularmente com fome, pois não comeu nada na festa. “ E com certeza ela ainda tem espaço para mais comida… meu lindo pudim roubado…” Lamentou ele mentalmente.

Ignorando a perda do seu doce, ele começou a cozinhar algo, primeiro ele cortou os vegetais em cubinhos, usando uma frigideira ele fritou alguns deles, enquanto outros ele planejou fazer uma sopa. 

Porém, ali não tinha leite, então ele abandonou a ideia e fritou todos eles, “Ainda vai ser melhor do que comer eles crus” e com esse pensamento ele usou suas habilidades culinárias para fazer o melhor prato que conseguia, mas por falta de muitos ingredientes não foi a melhor coisa que ele já fez.

Fernando decidiu então chamar Ana para comer, pelo tempo que ele demorou fazendo a comida, ela já deveria estar no final de seu banho. 

Ao chegar na porta, quando estava prestes a bater e convidar sua noiva, ele ouviu algo que fez seu coração apertar, ele escutou os sons do choro de sua amada, Ana estava chorando.

Foi então que ele se deu conta, durante essas poucas horas, ambos correram e fugiram para salvar as suas vidas, no entanto, quantos outros teriam a mesma sorte que eles? Mesmo Liam e Jez estavam sem esperanças de ganhar esse confronto, então ele pensou, quantos morreriam?

O guarda que cuidava dele desde pequeno sobreviveria? O chefe que dava doce escondido para ele conseguiu escapar? O velho zelador do celeiro montou em um cavalo e fugiu? O tio Vincenti escapou? Duda conseguiu sair dali? Sua mãe estava bem? Seu pai? Seu Avô? Jez poderia sobreviver?

Ao notar isso, os pensamentos de Fernando ficaram confusos, imagens onde ele via seus familiares, amigos e conhecidos mortos se sobrepunham à realidade, ele não parecia mais estar no esconderijo, pois agora ele se via em sua casa.

No entanto, sua casa não estava da mesma forma que ele se lembrava, não, ela era muito diferente do que deveria ser. As paredes estavam quebradas, não havia teto, os móveis desapareceram em cinzas, e tudo pegava fogo.

Fernando ouviu os gritos dos mortos ressoar em sua cabeça, ele podia ouvi-los tão claramente como se estivessem morrendo na sua frente, não, eles estavam morrendo na sua frente.

Ele viu as pessoas morrendo, ele conhecia seus rostos, pois alguns eram empregados de sua família e outros eram convidados para a festa, e todos estavam sendo mortos, um a um por atacantes que se assemelhavam aos cadáveres.

Seu corpo revestido de costuras, tecidos podres e sangue, seus olhos estavam mortos, cinzas e opacos, e suas emoções eram fracas. Porém, seus corpos eram fortes, um dos atacantes cortou a cabeça de um dos convidados e o sangue começou a vazar como uma cascata.

Os outros atacantes fizeram o mesmo, matando todos que viam. A cena fez com que Fernando caísse no chão e começasse a vomitar, ele estava tremendo, ele estava com medo, ele não entendia como uma cena tão horrível poderia acontecer, não, como sua mente estava fazendo algo tão horrível.

“Isso não pode estar acontecendo, isso está errado, é só minha cabeça, sim, só minha cabeça, isso não é real… isso NÃO é real!!” Gritava ele em sua mente, porém a carnificina continuava a se desenvolver diante de seus olhos.

No canto do salão onde estavam as pessoas, havia uma mesa com duas pessoas sentadas nela, de um lado havia uma mulher que parecia estar apreciando a visão e se divertindo, e do outro lado havia um homem que estava escorado na mesa e dormindo profundamente.

Entretanto, Fernando estava se sentindo muito mal e não conseguiu prestar atenção neles, e depois de vomitar novamente ao ver mais mortes brutais, ele se manteve tremendo e pensando, “Isso não é real, isso não é real…” Como se fosse uma oração, ele repetiu isso desejando que toda essa visão do inferno acabasse logo.

Somente após a morte do último ser humano presente, Fernando pode sair dessa alucinação e se viu novamente em seu esconderijo. Ali estava ele, escondido como um rato em um buraco na terra, tremendo de medo e vomitando por um pensamento de sua mente. “ Eu sou patético…”

 

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Olá, sou o autor novamente. Peço desculpas, pois este capítulo deveria ter sido postado ontem, mas tive um problema com minha internet e não consegui publicá-lo. Bem, dizem que os convidados mais importantes sempre chegam atrasados, não é mesmo?

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