Volume 12 – Arco 4
Capítulo 118: O pedido de casamento.
Hideki
Em uma noite, me sentei nas pedras que ficavam em uma pequena montanha próxima da cidade para refletir sobre a vida.
Daquele lugar se via toda a cidade, todas as construções sendo finalizadas, e no meio de tudo… as luzes. Um festival tinha praticamente começado a pouco tempo, e por mais que já tenha chegado ao seu fim, as pessoas estavam comemorando ainda, fazia muito tempo desde que esse povo não sabia o que era felicidade.
Pensei em talvez não seguir essa luta, trouxe todas as pessoas da cidade para isso, mesmo que não fosse meu objetivo.
— Posso me sentar aqui?
Quando olhei para trás… uma surpresa.
— Emilly… faz tanto tempo que te vejo.
— Bobo, faz poucos dias.
— Bem, sente-se!
Ela andou até meu lado, e assim se sentou na pedra que havia ao lado da minha, por alguns poucos segundos, observamos a cidade.
— Como você está, Hideki?
— Estou bem. Apenas pensando nas coisas, e você?
— Estou bem também.
— Está praticando bastante?
— Sim, mesmo com as aulas da Yukiro, está tudo muito bom, além disso… não sabia que ela conseguia lutar com arco e flecha.
— A Yukiro sabe de muita coisa.
— Entendi… — Emilly respirou fundo, olhou para o céu e viu as estrelas. — Hoje… está tudo muito bonito, né?
— Ah, sim. Hoje está tudo maravilhoso.
— Hideki… o que pretende fazer depois da guerra?
— Ah…
Antes eu pensava em apenas ajudar a Shiori achar uma cura para o que estivesse acontecendo com ela, mas agora… parando para pensar que ela está acordada…
— Não há muito mais o que eu quero fazer, talvez ajudar o mundo a se erguer novamente, andar por todos os lugares do planeta…
— Isso parece interessante, mas é exatamente como a Shiori disse.
— O que?
— Shiori me disse que você falaria algo do tipo, ela te conhece bem, em.
— Não enche, viu?
Emilly sorriu, e deixou um pequeno riso fofo sair.
— Mas e você, pretende fazer o que?
— Eu? Talvez me casar com a Any, e seguir as nossas vidas como algo extremamente pacifico.
— É uma boa escolha.
— Quando tudo isso acabar, todos nós poderemos nos juntar para viajar, o que você acha?
— Oh, seria uma boa ideia! Sair com todo mundo junto.
— Né? Vamos poder descansar… e assim seguir nossas vidas dos sonhos… o que você quer ser, Hideki?
Essa pergunta me travou.
Desde que tudo isso começou, nunca pensei em outra coisa sem ser um guerreiro, mas percebi logo em seguida que nem é isso o que quero ser, que apenas luto para conseguir paz no coração de todos… mas e a paz no meu coração?
Por um tempo, quando era criança… lembro de sonhar em abrir uma confeitaria, mas será que esse sonho era real ou apenas minhas memórias conflitando assim como as memórias de todos?
Não consigo dizer nada perante isso, talvez meu sonho fosse viver uma vida pacífica com Shiori, achar um lugar para morar e assim ter uma família unida e tranquila. Nunca me importei com o resto.
…
Mas o que seria a minha vida pacifica? Será que tenho a chance de conseguir conhecer o que é ter uma vida tranquila sem ninguém querendo me matar? Ou sem eu querer matar alguém?
Logo, olhei para minhas mãos que já estavam completamente machucadas por conta de todos os treinamentos que tive até então, mas dava para perceber a evolução.
Se fosse para ter uma vida tranquila, não seria fazendo bolo… eu acho.
Se fosse…
— Eu quero… ser um bardo.
— Um bardo?
— Quero tocar músicas e trazer a felicidade para todos.
— Oh… que legal.
— Mas também, seria legal ter uma confeitaria.
— Você tem muitos sonhos.
— Ou não.
E pensar que seria possível tentar fazer esses sonhos que são totalmente diferente do que minha imagem carrega, mas não quero seguir essa vida de ficar lutando… pois já me cansei.
Agora não luto mais para tentar encontrar a verdade sobre minha vida, apenas luto para tentar resolver todos os problemas para o mundo que eu mesmo criei, com isso, machuquei a pessoa que mais amo, peguei pessoas e levei para o meio do campo de batalha.
Talvez fosse mais necessário tentar seguir em frente de alguma forma e depois de todas as batalhas… depois de guerras… fazer o mundo se tornar um lugar melhor seria a melhor escolha para se fazer, por conta disso… ser um bardo não é uma má ideia.
— Eu acho que… também quero me casar.
— Que? — perguntou Emilly.
— É, me casar deve ser uma boa ideia!
— Ah, quem sabe… só não se esqueça de me convidar.
— Claro que você vai, Any também… todo mundo deveria ir…
Mas um rosto triste se levantou pra mim, Emilly olhou nos meus olhos de forma séria, mesmo que estivesse um pouco triste, não entendi ao certo o que deveria ter acontecido naquela hora.
— Mesmo que esteja com tantos sonhos na cabeça… por que?
Não entendi.
— Por que está chorando?
Uma lágrima tinha saído do meu olho esquerdo, e quando percebi não tinha como segurar mais.
Talvez fosse pelo medo que havia dentro de mim sem saber como prosseguir nesse sonho, o medo de na verdade tudo acabar naquele lugar, naquela luta, não sei como prosseguir esse sonho.
— Eu… tenho medo.
E realmente estava com medo.
Anteriormente quando tentava olhar o que estava na minha frente, tinha a Shiori acordando.
Agora já não tinha nada, restava só o medo de tudo isso acontecer de novo e ter que percorrer o mundo inteiro para tentar entender como arrumar os problemas mais ruins da minha vida.
Não sei…
Por que?
Qual o motivo de olhar pra frente e não ver nada?
Não dava para entender o que tinha acontecido.
A minha cabeça começava a doer só de pensar que… tudo poderia voltar à estaca zero.
Não quero mais correr atrás do meu passado, que se dane o que está acontecendo, se fosse possível eu fugiria com a Shiori para um lugar muito longe, nem que seja outro mundo, só para poder viver em paz com ela… só para seguir em frente e sei lá, ter uma família, tentar viver um sonho que nunca tive.
Mas sei que isso nunca seria possível de fazer, Shiori não iria abandonar todo mundo para viver em um mundo solitário ou em um lugar distante, porque ela sabe o que quer para a própria vida, ela sabe que teria que lutar para deixar esse mundo um lugar melhor.
Mesmo que isso significasse abandonar tudo o que já foi ela uma vez na vida, se eu pudesse escolher, seria uma vida pacífica, se ela pudesse escolher, seria uma vida de paz para todas as pessoas.
Eu… não tenho essa capacidade.
Na primeira oportunidade, penso só em mim e quando não dá para pensar em mim, penso em correr para chegar na paz de poder pensar que posso viver uma vida boa.
Se existisse essa possibilidade, queria viver uma vida de paz, uma vida tranquila e sem fim de lutar.
Queria me casar com Shiori e quem sabe poder em algum momento… criar uma família, ter uma casa do meio do nada e poder viver uma vida pacata em um lugar distante.
É sonhar pouco… mas é sonhar com vontade.
Eu…
Sei o que é sonhar?
Sei que devo seguir em frente e tentar fazer o que quero, mas o que é perseguir seus sonhos de verdade?
Correr atrás do impossível? Pensar que posso conseguir chegar em algum lugar?
Por que estou tão confuso?
Era pra ser claro, se não, por que estou seguindo em frente?
Deveria entender por uma vez que isso não deveria simplesmente ser o fim pra mim só por conta de ter medo de olhar para frente.
Eu não tenho medo… eu quero não ter medo. Quero olhar pra frente e ver um futuro próspero, onde não precisarei lutar e muito menos irei precisar… abandonar quem sou.
Eu sou Hideki Hirai…
Um garoto…
Não um homem.
Um garoto medroso que não consegue seguir em frente por medo, então decidi correr em círculos nos meus próprios pensamentos.
Por que?
Correr atrás da própria cauda é mais seguro do que tentar correr atrás de um sonho que nunca foi possível.
Mas…
— Eu…
Não sei.
Quando o sonho é impossível… correr atrás dele é melhor?
Pelo menos… eu tentei. Deveria ser isso, não?
Me levantei, olhei para a cidade e logo corri pela primeira rua que me conectava ao pátio central.
Corri o mesmo caminho que fazia todos os dias para ir pra casa.
Neste momento… percebi.
Eu não deveria sonhar sozinho, deveria estar ao lado da melhor pessoa que já apareceu na minha vida, e assim deveria começar a pensar no futuro, pois agora tudo faz sentido! Sim! Tudo faz sentido… não é medo…
Não…
É ter que ficar sozinho… é pensar sozinho.
Em todos esses sonhos, tudo se tornava impossível pois não fiquei ao lado dela.
A porta se abriu…
Era Shiori, e a primeira coisa que fiz…
Foi abraçá-la.
Eu queria mais do que tudo, protegê-la.
Mais do que me manter vivo.
Mais do que fazer as pessoas deste planeta serem felizes.
Mais do que permitir que tenham uma vida paraíso.
Mais do que qualquer coisa.
Eu queria… ver o sorriso de Shiori, e é isso que quero proteger.
Quero ter a chance de poder correr atrás deste sonho que parece impossível, pois isso é melhor do que qualquer coisa.
Esse sonho está mais próximo de mim do que imagino.
— Hideki?
— Eu… Entendi.
Finalmente entendi.
— O que foi?
— Shiori…
— Oi…
Olhei diretamente para o seu rosto, seu cabelo estava bagunçado, talvez estivesse descansando.
…
— SE CASA COMIGO!
Os vizinhos começaram a sair para ver o que tinha sido esse grito, e assim a Shiori ficou com vergonha.
— Hideki, fala baixo, os vizinhos…
— SHIORI, SE CASA COMIGO!
— O que deu em você? Eu já respondi isso, não?
— MAS AGORA É DIFERENTE! POIS EU ENTENDI.
Segurei meu fôlego.
— Entendi que deveria seguir meus sonhos e meu único sonho é te fazer feliz e te entender como pessoa para te proteger e seguir minha vida toda do seu lado mesmo que seja apenas dor, estar com você faz a dor parecer cura, faz a tristeza parecer alegria, faz meu mundo se arrumar, pois mesmo que esteja de ponta cabeça, você vai lá e arruma tudo pois sabe o que está fazendo!
— Hideki…
— Eu quero me casar com você, ter uma família, fazer você feliz para o resto da vida, e só assim… E SÓ ASSIM…
Eu também… serei feliz.
— Hideki, eu já respondi essa pergunta.
— …
— Eu vou me casar com você, eu aceito.
Shiori deu um sorriso lindo.
— Mas, não pode pedir dessa forma por conta dos vizinhos… fiquei com um pouco de vergonha.
Quando menos percebi, as coisas começaram a se montar na minha cabeça e assim entendi o que verdadeiramente quero para a minha vida. Por que seja ser pacífica, ainda sim, queria que fosse possível começar tudo desde o inicio, viver desde o começo, só que… dessa vez… viver como uma pessoa normal.
Ter poderes me torna alguém que os outros terão medo, e não quero isso.
Mas…
Eu preciso desse poder, se não for por ele… não vou conseguir fazer nada.
As vezes irei precisar ser um monstro para conseguir chegar onde eu quero.
— Entra aqui em casa, Hideki…
Shiori me puxa pra dentro de casa.
— O que aconteceu? — pergunta Shiori.
— Eu estava falando com a Emilly e… me senti na necessidade de fazer isso.
— Hideki… Eu vou me casar com você, isso é certeza…
— Eu sei…
— Fique calmo, não vou sumir de novo… nada disso vai acontecer, mas agora temos coisas mais importantes para resolver, por conta disso que nosso casamento ficaria para depois.
— Ah, claro…
Senti minhas bochechas esquentarem.
— Olha só, o que é isso?
— Não é nada, não precisa se preocupar.
— Entendi, bem. Agora nós podemos continuar o que estávamos fazendo.
— Você estava fazendo alguma coisa?
— Eu? Não. Estava bem à toa aqui em casa.
— Ah… entendi.
— Bem, agora está tudo mais tranquilo, pretendo seguir ficando à toa aqui em casa.
— Eu… vou ficar à toa com você.
Logo, Shiori puxou duas cadeiras ao lado da enorme janela que havia na sala, e assim ficamos nós dois olhando as estrelas e tentando alinhar as constelações.
Apoie a Novel Mania
Chega de anúncios irritantes, agora a Novel Mania será mantida exclusivamente pelos leitores, ou seja, sem anúncios ou assinaturas pagas. Para continuarmos online e sem interrupções, precisamos do seu apoio! Sua contribuição nos ajuda a manter a qualidade e incentivar a equipe a continuar trazendos mais conteúdos.
Novas traduções
Novels originais
Experiência sem anúncios