Medo da Escuridão Brasileira

Autor(a): Marcos Wolff


Volume 12 – Arco 4

Capítulo 119: A guerra irá começar.

 

Hideki



Era um dia importante, e lá estava eu… em frente ao espelho sem saber direito o que fazer.

— Hideki, como vai ser hoje? — perguntou Shiori.

— Ah… não sei.

— Toma cuidado para não falar nada.

— Tentarei.

Hoje seria o dia mais importante para aqueles que queria guerrear mais uma vez, hoje eu irei anunciar que a guerra está prestes a começar.

Cerca de 2 dias atrás, conversei com Emilly sobre como estariam as tropas, todos estavam em perfeito estado, e os humanos estavam mais que animados para começar a guerra.

Os arqueiros estavam treinados, os escudos também, até mesmo os espadachins, que por mais que não iriam conseguir fazer muita coisa, serviriam como tropas de apoio para quem precissase.

Por fim, um juramento foi feito com cada um das tropas, que não fizessem traição nem nada do tipo, mas agora… todos os cidadões esperavam alguma fala do rei, e o dia… é hoje.

Por um momento fui declarado rei dessas terras, mais por conta do antigo rei ter sumido, e todas as coisas terem caído em cima de quem salvou essas terras… por algum motivo essa imagem ficou comigo.

Não me sinto um verdadeiro heroi dessas terras, me sinto mais alguém que entrou aqui sem permissão.

Mas por conta das lutas, das recontruções, e da ajuda que meu pessoal estava dando para os cidadões desse lugar, eles decidiram que seria uma boa me declarar como rei, o problema é: não sei como ser um rei.

Todas as coisas do rei ficaram com Emilly e Any, verdadeirs rainhas, mas o povo não estava pronto para receber duas mulheres no poder, então muito preconceito existia ainda.

Meu objetivo era mudar isso e realmente poder colocar as duas no poder, pois não queria que todo esse peso viesse até mim, até por conta do meu objetivo não é ficar aqui para sempre. Conversei com muitos moradores e a opinião era mista… todos conheciam Emilly e Any, mas por conta do rei antigo.

Por conta de tudo o que aconteceu, o rei foi declarado covarde, mais do que já era declarado, e assim começou a ser caçado. Tudo aquilo tinha sido estranho pra mim, mais ainda por conta da forma que Emilly reagiu a tudo isso, como se não tivesse sido seu pai, ou sua mãe… ela sabia que a forma que essas duas pessoas agiam, por conta disso ficou daquela forma.

Confusa.

O que mais me deixa com dificuldades de entender o que aconteceu, é que o rei sumiu logo em seguida, talvez estivesse trabalhando com Riki e aquelas pessoas? Ou algo pior ainda… não sei.

Meu medo é que isso chegue em outros problemas, e tudo vire uma bola de neve no final. Já teve o problema da academia, onde as duas mulheres que lutaram com Yukiro simplesmente sumiram de uma hora para a outra, talvez isso se torne um problema maior, eu tenho um pressentimento sobre isso.

Não sei o que pensar sobre essa situação, quem sabe… se elas voltassem mais fortes ou mais… complexas, o que será que aconteceria com Yukiro?

Mas havia outro problema. Todo o treinamento de tropas era inutil, as pessoas desse mundo não tem poder o suficiente para aguentar deuses, mesmo que seja muitas pessoas, isso é praticamente impossível.

Praticamente nasci com esse poder, então sei o limite do meu corpo que é para ser igual ao dos nossos inimigos, mas o limite do corpo humano comum é muito abaixo disso.

Enquanto focava em meu treino diario, as pessoas que tentavam me acompanhar não conseguiam fazer nem 4% do que o treino era possível.

Por um tempo, coloquei minha cabeça para o alto e comecei a pensar no que iria acontecer, será que seria melhor contar toda a verdade para esses humanos?

Acho que não…

Mesmo que fosse necessário para que eles pudessem voltar para suas famílias sem ter que sofrer regalias… mas tenho certeza que não é isso que querem. As pessoas deste reino sentem a necessidade de guerrear a todo custo para proteger cada mínima coisa que existe entre eles.

Então tentar cortá-los da guerra, seria assinar uma tentativa de suicidio, por mais que eu conseguiria matar cada um… não seria o ideal.

O ideal… o que seria o ideal?

Levar seres humanos fracos para lutar contra deuses?

Talvez… 

— Ah… essas coisas de rei são muito difíceis…

— Eu entendo, mas não há o que fazer, é em você que eles confiam.

— Não sei se sirvo pra esse tipo de coisa, acho que sou mais de só dar porrada nos outros, essas coisas de pensar em como governar um lugar não é pra mim.

— Bem, podemos pedir ajuda pra Emilly.

— Não dá, já fiz muito isso… ela deve estar cansada, melhor deixar que ela descanse às vezes.

Fazer um discurso para o público por conta própria é muito difícil, pior do que isso é ter que falar para muita gente de uma vez só.

Mas realmente não tem muito o que eu possa fazer sem ser aceito, olhando para todos que estão à minha volta, talvez comece a entender o que deveria ter feito a muito tempo atrás. Se eu pudesse voltar no tempo, mudaria o fato das pessoas não poderem ter poderes, talvez essa aventura não aconteceria, e eu deixasse de conhecer muitas pessoas por conta dessa escolha, mas seria melhor do que ver todas as pessoas em minha volta completamente perdidas e com medo de seguir em frente.

Talvez seja essa a minha escolha certa do que seria possível mudar no passado.

Acredito que não há muito mais o que se deve fazer… só aceitar.

Respiro fundo, e já começo a pensar no que deveria falar na frente de todas essas pessoas.

Escolhi muito bem as palavras… olhei pela janela da casa, existia uma torre que era a de comunicação, onde o rei deveria sempre estar para se comunicar com todos que estavam naquela cidade, era lá que iria acontecer o meu discurso.

Entendi…

Eu queria falar com as pessoas sobre o quanto me sinto próximo a elas, entendendo o lado de cada ser humano fragil que estava naquela cidade, pois também me senti assim várias vezes desde que tudo isso começou.

No final das contas, por mais poder que eu tenha, nunca será o suficiente para retirar uma insegurança de mim. O medo de perder todas as pessoas à minha volta, por isso esses humanos lutariam, por conta que ter a chance de perder alguém e não fazer nada… é doloroso.

Doi ter que segurar toda a dor de perder um ente querido e não poder fazer nada sobre isso.

— Eu vou indo, Shiori.

— Tá bom, boa sorte.

— Obrigado.

Sorri diretamente para ela, o que fez Shiori dar um rosto surpresa, e logo abri a porta de casa e segui até o alto da torre de comunicação.

As pessoas me olhavam com confiança e surpresa, algo que talvez nunca tenha acontecido na minha cara. Aquilo que estava começando a domar meu coração, era o medo de errar alguma palavra, e todos se jogarem contra meus amigos.

No final das contas, respirei fundo. Olhei para o alto, e logo olhei para todas as pessoas que tinham se juntado no pátio principal.

— Queridos cidadões. Me chamo Hideki Hirai.

Minha voz ecoava por todos os cantos da cidade.

— Sou o novo rei declarado por todos vocês, e hoje estou aqui para anunciar algo.

As pessoas começaram a se juntar cada vez mais no pátio principal… A torre era alta o suficiente para que não se ouvissem as conversas deles.

— Representando os humanos, eu, Hideki Hirai, declaro guerra contra todos os deuses! E isso só será possível graças a todos que se declararam guerreiros e que estariam prontos para lutar ao nosso lado. A humanidade está em perigo e só há uma forma de resolver tudo isso, que será… guerrear.

Pela primeira vez escutei algo vindo deles, era um grito de alegria.

— Eu, ao lado da deusa do sol, das guerreiras Emilly e Any, do médico Kay, dos demonios Thiago e Leon, da mais forte lutadora, Yukiro, E muitos outros guerreiros, iremos liderar a humanidade para a extinção desses inimigos que são os deuses que só estão aqui para domar o que construímos com grande esforço.

As pessoas estavam se animando cada vez mais.

— Não sabemos se todos irão sobreviver em meio à essa luta, pois tenham certeza de uma coisa, nossos inimigos são fortes, e mais do que isso. Talvez iremos perder a guerra, talvez seremos levados para um túmulo, ou até mesmo pior, mas é sobre isso que será essa guerra.

Respirei fundo. 

— Muitos de vocês poderão morrer, e muitos outros poderão desistir da guerra, e não há problema nisso, pois mais importante que nossa casa, é voltar vivo para a nossa família. Todos esses treinamentos que tivemos em tão pouco tempo não foram o suficiente, mas não há mais tempo.

Senti que eles estavam começando a me entender melhor.

— Agora o que sobrará para nós, é apenas a nossa força e a esperança de que poderemos segurar essa luta até o fim, e ganhar nosso lar de volta. Talvez só assim poderemos seguir em frente e ser felizes da nossa própria forma.

— Eu sei que será difícil, e sei que tem muitos de vocês que não estão conseguindo levantar suas armas, mas precisamos que lute pelo seu próprio bem, e só assim poderemos seguir em frente como humanidade. Se preocupe consigo mesmo para voltar vivo em casa e conseguir seguir seus próprios sonhos. Não sabemos o que será dessa guerra, ou o que vai vir… mas temos certeza que poderemos lutar uma última vez.

— Lutem. E façam com que eles escutem nossos esforços e mais do que isso… QUE ESCUTEM NOSSA LIBERDADE.

No final… eu queria voltar para casa e poder ver as mesmas pessoas sempre…

— Eu queria que fosse possível que todos vocês voltassem para casa e que conseguissem ver a pessoa mais importante para vocês, é doloroso deixá-los sozinhos… por isso peço para que voltem vivos para casa, lutem o máximo possível para que tudo dê certo.

— Pra mim, todos vocês são guerreiros que estão esperando o momento certo para colocarem seus sonhos em dívida com uma luta que talvez não poderão ganhar.

— Não sei nem mesmo se eu poderei voltar vivo para ver quem mais amo, mas prefiro lutar para tentar criar um mundo melhor para ela do que morrer em covardia sem ter tentado algo. 

— Sintam meus sentimentos, e minhas palavras que ecoam pelos seus ouvidos, e vamos juntos, todos, criar um mundo onde a paz será alcançavel. Nessa guerra, todos eles vão escutar suas vozes, as pessoas que ficarão na cidade irão orar por vocês, guerreiros, e com essa força, iremos ganhar.

— O fogo queima no coração de cada um. Vamos todos… ganhar essa batalha e voltar para casa.

— A guerra está declarada. Fim de comunicação.

Aos poucos todos os guerreiros e guerreiras começam a se mexer e andar em direção ao pátio da batalha.

Rapidamente desci da torre e segui para ser o primeiro na frente de todos, o caminho era único e estaria pronto para que todos andassem em direção da guerra.

Uma batalha que não sei se será possível ganhar.

Quando andei em direção ao público… Kay apareceu.

— Mandou bem, rei.

— Que isso cara, não foi tão bom assim, mas sinto que consegui manter todos animados para começar essa guerra.

— Hahaha, tenho certeza que sim.

— Como está a situação do campo de batalha?

— Ótimo.

Kay foi a pessoa que mandei para o campo de batalha preparar o terreno, e como ele voltou sã, tenho certeza que foi um ótimo trabalho.

— Valeu Kay.

— Tamo junto, rei.

— Ei, eu tenho nome…

— Eu sei, só queria deixar a situação menos tensa.

— Vamos?

— Bora lá!!!!

Yukiro aparece na minha frente…

— Vamos ter a nossa chance de seguir em frente?

— Vamos, Yukiro.

— Então… eu estou dentro.

— … obrigado.

Quando mais eu seguia em frente, as pessoas iam aparecendo, e me seguindo… 

— Hideki…

— Shiori…

— Quando voltarmos… eu precisava falar com você.

— Tá bom. Vamos?

— … vamos.

A guerra… irá começar.

 

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