Volume 7
Capítulo 368: O Mundo Nativo
Enquanto relaxava após terminar nossas refeições, conversei com Alistair e os outros.
"Aconteceu alguma coisa enquanto eu estava gritando?"
— Mesmo se você me perguntar o que aconteceu… o Mestre está pensando no resultado da guerra, não está?
"Bem, isso é o mais importante. Afinal, se o Reino das Feras perder, Fran ficará triste."
— Eu sinto muito. Não sei. Não há como obter informações do mundo exterior a partir daqui.
Bem, já imaginava isso. Afinal, este lugar era tão afastado do país e raramente alguém passava por aqui. Não era um lugar onde alguém poderia aparecer de forma casual para fornecer informações. Além disso, Alistair estava esperando todo esse tempo, caso algo acontecesse comigo.
Asura... ele não parecia ser o tipo de pessoa que se preocupava com disputas entre países. Quer dizer, ele ainda estava aqui.
"Asura tem negócios com Alistair?"
— O que quer dizer?
"Não, bem, você está aqui há cinco dias, não está?"
Quando disse isso, ele riu de mim. Embora tenha dito que estava planejando ir embora depois de me agradecer pela última vez, eu também ouvi coisas ruins sobre ele. Mesmo assim, ele era mesmo um cara muito sincero.
— Como disse antes, estou em dívida com você. Não poderia apenas sair sem dizer nada.
"Falando nisso, o que aconteceu com a demonização da loucura?"
— Já está de volta. No entanto, não estamos em uma situação de combate, então posso me sentir aliviado por um tempo.
Eu sabia que estaria de volta em alguns dias. A roubei com o Tomar Habilidade, mas ela desapareceu após a remodelagem, então imaginei que já tinha retornado para Asura. É, não funcionou muito bem. Parece que ela apareceu por conta própria em Asura.
— Ó, e quanto ao equipamento de Fran.
"Isso é algo que também está em minha mente."
Na verdade, Fran não estava usando seu equipamento usual do Conjunto da Gata-Negra. Ela agora estava vestindo uma roupa de pano felpuda e calças que pareciam pijamas.
Não era do tamanho certo e a garota a estava usando com a bainha e as mangas com grandes dobras. Se não tivesse sido dobrada, não estaríamos falando sobre fofura.
Talvez ela tenha pegado emprestado de Alistair? A qualidade era bastante alta. Não era tão boa quanto o equipamento da gata-negra, mas era muito mais poderosa do que uma armadura de couro. Ela protegeria com facilidade contra a faca de um bandido ou algo semelhante.
"O que aconteceu com o conjunto da Armadura da Gata-Negra?"
— É uma armadura muito boa, mas estava ficando desgastada com todas as batalhas ferozes e repetidas. A função de reparo automático e outras ficaram consideravelmente deterioradas. Você não tinha notado?
"É sério?"
Esta última batalha foi muito dura. A armadura de Fran também foi danificada e então reparada de forma automática, e parecia que enquanto estava sendo consertada, foi danificada mais uma vez. Por causa disso, nem percebi que a função de reparo automático da armadura havia se deteriorado.
As funções das ferramentas mágicas se deterioravam e sabia disso porque eu mesmo estava no corpo de uma espada. Assim como meu poder de processamento esteve sendo forçado ao limite por um longo período de tempo, quanto mais você usava uma ferramenta mágica, mais baixas suas especificações se tornavam.
— Restauração… não é a resposta. Então vou modificar essas peças também. E, para ser honesta, parece que vocês estavam ficando tão fortes que os equipamentos não conseguiam lidar com a intensidade das lutas.
É verdade que os adversários que estávamos enfrentando ficaram mais fortes e a escala das batalhas foi maior do que quando recebemos o Conjunto da Gata-Negra. Do ponto de vista de Alistair, que era uma Ferreira Divina, ela devia sentir que o Conjunto da Gata-Negra não era suficiente para nós lidarmos com inimigos tão poderosos.
— Discuti isto com Fran, e ela concordou em me deixar trabalhar nisso. Embora seja uma modificação sem a permissão do criador... vocês não podem colocar suas vidas em risco. Vocês vão ver ele mais tarde, não vão? Digam a ele que sinto muito.
Hmm. Sinto muito Gallus, mas até no meu caso, sou grato por poder contar com Alistair, uma ferraria de nível divino, fortalecendo a armadura.
Não queria ser injusto, mas imaginei que devíamos aceitar a sugestão dela. Fran devia ter decidido isso.
"Entendo. Vou me desculpar com Gallus."
— Vou deixar isso para você. De qualquer forma, essa armadura já está preparada e pronta para ser modificada. Se começarmos o processo de modificação hoje, estará pronto depois de amanhã.
" Estou feliz pelo trabalhar poder começar imediatamente, mas está tudo bem? Você não dorme há cinco dias, não é?"
— Está tudo bem. Posso ficar acordada por 10 dias seguidos. Desta vez, só vou precisar ficar de pé continuamente por 7 dias.
Ela parecia bem. Muito bem, vou deixar isso com ela.
"Por favor, cuide disso."
— É. Vou fazer desta a minha melhor armadura, então espere ansioso pelo resultado.
Alistair era uma pessoa muito legal. Não era como Fran, mas eu também gostei muito dela.
Mas, ainda estava me contendo sobre divulgar segredos mais importantes para Alistair. Me referia ao fato de vir de outro mundo. Não seria uma injustiça guardar um segredo importante após ela me analisar de forma tão minuciosa? Quando pensei sobre isso, não pude evitar de me sentir culpado.
Contudo, não poderia compartilhar meu segredo sem contar a Fran. Quando a garota acordasse, falaria com ela sobre isso.
Foi o que pensei enquanto observava as costas de Alistair quando a mulher voltou ao trabalho.
— Hmm, tudo bem.
"Isso foi fácil!"
— Porque o Mestre queria dizer algo a Alistair.
"Bem, isso é verdade."
— Nn, então?
"É um grande segredo, mas..."
Quando consultei Fran, as coisas foram simples. Ela disse que já que era meu segredo, podia contar para quem quisesse. Bem, eu dizia o mesmo para Fran o tempo todo.
— Além disso, não quero manter isso em segredo de Alistair também.
Na oficina, a ferreira parecia estar apenas dando um tempo. Ela sentou-se em uma cadeira e limpou o suor de seu rosto.
— Alistair, precisamos falar com você.
— Ó? O que foi? Será que algo mudou no Mestre?
"Bem, há uma mudança, ou melhor, algo que ainda não te falei. Você pode falar agora?"
Alistair podia sentir a seriedade do nosso humor, e ela se endireitou no assento.
— Já analisei o Mestre, mas você ainda tem um segredo? De certa forma, o segredo do Mestre, que é ainda mais único do que uma espada divina, é bastante emocionante.
E então ela olhou para mim com olhos que estavam cheios de antecipação.
“Ó, um, bem… não quero parecer uma pessoa louca, mas... sabe, veja bem... eu te disse que já fui um ser humano, certo?”
— Sim.
"Mas não sou apenas um ex-humano. Na verdade, vivi em um mundo diferente deste.”
— Hmm? Um mundo diferente? Você quer dizer, de outro mundo? Em outras palavras, o Mestre é um ex-habitante de outro mundo?
"Bem, algo parecido com isso."
— Poderia ser que você está falando sobre o Mundo Nativo?
Alistair ficou surpresa, mas as coisas terminaram de forma diferente do que eu esperava. Parecia que ela acreditou com facilidade que eu era de um mundo diferente. Ainda assim, o Mundo Nativo? O que era isso?
Perguntei a Alistair, e ela explicou-me. Ao que tudo indicava, acreditava-se que os deuses deste mundo vieram a este de um outro e criaram a terra junto com todas as criaturas dentro dela.
Não parecia ser explicitamente dito, mas isso era mencionado em alguns mitos e coisas do tipo. O mundo em que esses deuses nasceram e originalmente existiram era chamado de Mundo Nativo.
"Não, como posso dizer isso? Para começar, nasci e cresci em um mundo sem magia ou habilidades. Então, não sei dizer."
— O quê? Então como vocês constroem as coisas?
Continuei a explicar a cultura e tecnologia da Terra por um tempo, já que Alistair me perguntou a respeito. De qualquer forma, eu era apenas um ex-assalariado, então mal podia fornecer respostas detalhadas sobre assuntos específicos.
Ela parecia estar muito curiosa e fez qualquer pergunta que aparecia em sua mente. Ela parecia ter um grande interesse na Terra, que adquiriu altas habilidades técnicas sem o benefício de habilidades ou magia.
— Uou, isso é interessante! Quero continuar ouvindo para sempre.
"Quanto a mim, você acreditando na minha história com tanta facilidade é uma espécie de decepção."
— Se você não conhece as anedotas do Mundo Nativo, isto não estaria acontecendo.
"Mesmo assim, essa história de Mundo Nativo pode ou não ser verdade, correto?"
— Acredito que é verdade, afinal, sou uma Ferreira Divina.
— Hmm?
Se alguém se perguntava o que os ferreiros de nível divino tinham a ver com isso, parecia que as origens desses ferreiros eram contadas na Mitologia do Mundo Nativo.
Nos mitos, havia uma teoria de que o Deus da Espada lutou contra o Deus Maligno invocando uma arma. Essa arma poderia ser chamada de seu próprio alter ego1, que mais tarde ele deixou no mundo enquanto seguia para o Mundo Nativo. Parecia que a arma do Deus da Espada era a fonte da espada divina. Em outras palavras, a primeira espada divina foi a inicial, Alfa, mas ela começou como uma imitação da lâmina do Deus da Espada.
— Bem, até hoje, não sei o nome do deus ou da espada.
Ao que parece, a história foi perdida ao longo dos anos.
— Opa, estou fugindo um pouco do assunto. De qualquer forma, acredito na existência de outros mundos, e acho que é possível que haja seres que vieram para este. Bem, eu não posso ter certeza se o Mestre realmente veio do Mundo Nativo...
"Com certeza deve haver muitos mundos lá fora, não?
— Ah. Mas talvez a razão pela qual o Mestre foi preso dentro da espada pode estar lá. Há alguma coisa que você pode se lembrar? Mesmo que seja algo pequeno pode ajudar.
"Nada. Só porque você é uma pessoa de outro mundo não significa que você tem poderes especiais. Talvez eu sendo uma pessoa de outro mundo me faça um pouco especial, mas..."
— Entendo. Ah… que pena. Bem, se você lembrar de alguma coisa, por favor, me diga.
"É claro."
Se um dia houver coisas que preciso discutir, não ficarei em silêncio. Nesse momento, com certeza iria consultá-la.
Nota
1 – Alter ego é um termo criado por Freud para conceituar coisas que estão no Ego de uma determinada pessoas, as quais podem ser transferidas para uma outra, que passa a funcionar como se fosse uma duplicata da primeira pessoa.