Volume 6

Capítulo 265: Argentlapn

Encontramos a Guilda dos Aventureiros de Argentlapn logo após passarmos pelo portão da frente da cidade.

O tamanho da guilda era, como o de Greyseal, bastante impressionante. Isso me fez acreditar que todas as guildas da Nação dos Homens-Fera eram grandes, mas isso parecia ser um mal-entendido. Ver duas guildas enormes em sequência foi apenas uma coincidência. Greyseal era uma cidade portuária e Argentlapn era o melhor lugar para se passar pela Floresta do Leão-Escorpião. Para os aventureiros, ambos eram pontos de acesso.

"Parece haver um bom número de aventureiros por aí."

— Nn.

Ao entrar, encontramos mais de 30 aventureiros sentados ao redor do que parecia um bar bebendo bebidas.

Todos os seus olhares se voltaram para Fran, avaliando-a. A maioria era de homens-fera, então eles a reconheceram na mesma hora como alguém que havia evoluído. A realização não apenas os chocou, como também eliminou qualquer pensamento que eles tivessem de nos incomodar. Os aventureiros imprudentes e ignorantes que, de outra forma, tentariam, foram instruídos a desistir da ideia.

— Bem-bem-vinda.

— Nn. Quero vender partes de monstros.

— Claro. Posso ver o seu cartão da guilda?

— Nn. Aventureira rank C. Fran.

— Eu-eu sabia!

A recepcionista já sabia quem era Fran. A rede de inteligência da guilda alcançava todos os lugares e seus funcionários tinham um alto padrão, portanto, eles sempre estavam informados. Ela logo percebeu que estava olhando demais para o cartão de Fran, então limpou a garganta antes de devolvê-lo.

— Eu-eu sinto muito, por favor, me desculpe. Lidamos com todas as transações relacionadas a monstros logo ali. —, ela disse, apontando para uma mesa.

— Entendido.

Fran levou os cadáveres dos cães-venenosos que ela matou a caminho da guilda. Eles ainda não estavam desmantelados porque não tivemos tempo para fazer isso.

Por alguma razão estranha, os aventureiros ficaram irritados com a quantidade apresentada.

Espere, por que eles parecem tão impressionados? Cães-venenosos eram apenas níveis de ameaça F, não eram? Como matar dez deles é algo tão incrível?

Mergulhar mais fundo na conversa me levou a entender as razões da admiração deles.

— Esse é um número impressionante de cães-venenosos, senhorita. —, disse a recepcionista da guilda, com os olhos arregalados. — Por acaso você encontrou um bando?

— Nn. —, respondeu Fran.

— Uou, que impressionante. Eu não deveria esperar nada menos que isso.

Cães-Venenosos eram bastante difíceis para os aventureiros mais fracos lidarem porque tinham acesso à habilidade Presa Venenosa Mágica. Bandos de 10 ou mais eram considerados especialmente perigosos e aumentavam o nível de ameaça para E. Em outras palavras, era necessário ser pelo menos tão forte quanto um rank D para lidar com uma matilha sozinho.

Era óbvio, olhando para os cadáveres, que Fran matou cada um com um único golpe, mais um testemunho da extensão de sua habilidade.

— Carne comestível?

— Está envenenada, então, de forma lamentável, não. Mas, por outro lado, a guilda está disposta a comprar qualquer tipo de veneno, então ficaremos felizes em tirar isso de suas mãos.

A guilda acabou pagando 5.000 gorudo por unidade. O preço era baixo porque os monstros ainda não haviam sido desmantelados e todos estavam sem seus núcleos. O lucro de 50 mil que obtivemos parecia ser o suficiente para cobrir as despesas com uma noite de hospedagem.

— E aqui estão os seus 50 mil gorudo. Obrigada por fazer negócios conosco. —, disse a recepcionista da guilda, entregando a Fran um grande saco de moedas.

— Obrigada —, respondeu Fran. — Além disso, queria fazer pergunta.

— Por favor, sinta-se à vontade.

— Como chegar à capital?

— Dê-me apenas um segundo e eu vou te mostrar.

A recepcionista tirou um mapa da área circundante.

— O mais importante é saber exatamente para onde ir.

Olhei para ele e percebi que poderíamos entrar na parte mais estreita da Floresta do Leão-Escorpião, indo para o sul de onde a cidade estava localizada. Com certeza parecia um bom lugar para se atravessar.

— Como eu tenho certeza que você já notou, é aqui que a floresta é menos densa. —, ela disse, apontando para um ponto no mapa. — Leva apenas um dia para sair da floresta se você passar por aqui. Os aventureiros tendem a chamar essa passagem de "O Atalho".

— Entendido. Chance de encontrar manticora?

— Eu diria que uma em cem.

— Tão baixa? — perguntou Fran, inclinando sua cabeça.

— Manticoras tendem a evitar atacar os aventureiros. —, explicou a recepcionista.

Aventureiros mais fracos eram presas fáceis, mas as manticoras seriam esmagadas se encontrassem aventureiros mais fortes. Como resultado, esses monstros acreditavam que atacar aventureiros era arriscado e, em vez disso, focavam no consumo de outros monstros.

Mesmo assim, algumas manticoras ainda atacariam aventureiros perto do Atalho. Essas eram jovens e inexperientes, ou desesperadas porque haviam sido expulsas de seu território por manticoras mais fortes.

— Existe uma estrada que leva até O Atalho, por isso deve ser bem fácil de encontrar o caminho.

Atravessar o atalho te levaria direto para a cidade de Roseraccoon, outra cidade grande na fronteira com a Floresta do Leão-Escorpião.

— Embora eu ache que você ficaria perfeitamente bem sozinha, você pode encontrar um grupo, se assim o desejar, verificando o quadro de recrutamento logo ali. — Ela apontou para uma grande tábua de madeira atrás de Fran.

— Quadro de recrutamento?

— Sim. A segurança vem das proezas individuais de combate da pessoa, mas também pode vir dos números para quem não possui tantas habilidades.

Formar um grupo permitia que você enfrentasse oponentes mais fortes trabalhando em conjunto com outras pessoas também capazes de lutar. Além disso, também permitiria a possibilidade de escapar sacrificando os companheiros em momentos de desespero.

Por isso, era natural que aqueles que gostavam de se agir sozinhos ou trabalhar em pequenos grupos temporários se unissem e formassem grupos um pouco maiores antes de tentarem se mover pela floresta.

Eu, contudo, era contra. Formar um grupo com outras pessoas só serviria para nos atrasar.

— E aí.

— Nn? Oi?

— Você está planejando atravessar a Floresta do Leão-Escorpião, não está? Você quer se juntar a nós? Podemos não parecer, mas somos ranks E, então não vamos atrapalhá-la ou atrasá-la.

Um belo aventureiro humano se aproximou e chamou Fran quando a garota-gato tentou sair da guilda.

Não pude deixar de sentir um pouco de suspeita em relação aos motivos dele. Eu duvidava muito que um rank E que não era homem-fera fosse capaz de discernir a extensão do poder de Fran.

Mesmo assim, por que ele estava assumindo que Fran "não era" uma fracote?

— Me chamou, por quê?

— Bem, quer dizer, você tem quase todo mundo olhando para você, e eu acabei de ouvir algo sobre você dizendo que era uma rank C.

— Você acreditou nisso?

— Bem, vocês homens-fera tendem a ter atributos mais altos do que nós, humanos, e uma boa parte de vocês tende a ir até o fim em uma luta. Também conheci outra garota jovem, mas incrivelmente forte, uma mulher-fera da sua idade outro dia, por isso estou bastante confiante de que você é forte.

— Entendo.

Bom, ele não parecia um idiota. Na verdade, ele estava querendo formar um grupo com Fran e não tentando mexer com ela.

Mesmo assim, acabamos recusando o convite porque ele não iria embora até depois de amanhã, e não podíamos nos dar ao luxo de ficarmos sentados e perder tempo devido ao nosso cronograma. Além disso, eu estava pensando que seria possível montar em Urushi e voar sobre a floresta. Embora isso acabasse com a mana dele, então eu queria ir o mais longe possível a pé primeiro. Assim, ter companheiros não funcionaria bem com o que tínhamos em mente.

"Devemos partir agora."

— Nn.

Com tudo resolvido, agradecemos à recepcionista e saímos pela porta da frente.

"Ainda é de manhã e ainda temos o dia inteiro pela frente, então por que não vamos direto para O Atalho?

— Acha que encontraremos manticoras?

"Por que você parece estar ansiosa por isso? No entanto, você provavelmente acabou de nos agourar, então eu diria que podemos ter certeza de encontrar uma."

— Mal posso esperar.



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