Masmorra do Desejo Brasileira

Autor(a): Alonso Allen & Zunnichi


Volume Único

Capítulo 16: Em Dromris

Alice tinha uma expressão em parte furiosa, em parte confusa e em parte amedrontada. A confusão de sentimentos a tornavam ilegível, nem Minerva podia dizer o que se passava na cabeça da clériga, que parecia ter acordado revirada após beber muito na noite anterior. 

Para variar, ela bebeu, porém sozinha. Algumas horas atrás, sentiu-se um pouco entusiasmada e isso a fez beber todo o hidromel e vinho dados por Ojou-sama. A madrugada foi péssima, cheia de muito choro, tanto que ela adquiriu um certo vício por vinho porque aquilo afundava suas mágoas. 

Seu cabelo estava todo desarrumado e seus olhos pareciam que iam cair, as coisas ainda vieram a piorar mais com a apresentação de uma mulher chamada Bárbara. Alice ficou completamente em choque, a presença dela — junto da lembrança do perigo extremo na primeira vez que se encontraram. — trouxe uma raiva surreal. 

Não falou nada por respeito a seus amigos, mesmo que a vontade fosse de querer evocar palavrões, dos quais nunca disse em sua vida inteira.

O grupo partiu da cidade, mas tiveram que atravessar a região num ritmo não muito acelerado por conta de um novo integrante, Arthur Guerra. Esse rapaz não conseguia se mover direito por ter uma perna ruim, e Alice até pensou em curá-lo, mas sua magia talvez não ajudasse caso aquilo fosse de nascença, pois magias de cura retornavam o corpo ao seu estado original e não de retirar as condições dos outros.

Era penoso mesmo assim, uma pessoa que mal conseguia caminhar direito tentando ajudá-los também parecia muito errado.

— Alexsander — chamou, puxando-o pela manga da roupa nobre. — Carrega ele.

— Não precisa — respondeu Arthur, tendo escutado de canto o que foi dito. — Eu consigo seguir sozinho, e além disso, sou bem pe… Ah!

O guerreiro o levou nos braços como se fosse um conjunto de tábuas de madeira leve, deixando-o totalmente vermelho de se sentir um bebê adolescente. 

— Ela está certa, se você continuar andando, machucará tanto o braço quanto sua perna. Não podemos deixar que seu estado piore.

— Olha lá, temos uma princesa no grupo agora! — brincou Minerva, olhando para o menino sendo carregado. — Você parece tão bonitinha desse jeito… ownt…

— Não enche…

Os aventureiros atravessaram o caminho nevado com mais velocidade, e o mundo ao redor ia se desdobrando em grandes pinheiros e colinas nevadas. Diferente da última região, aquela parecia ser mais "calma", pois os monstros sempre estavam distantes e espalhados por aí, muitos se destacavam até em meio ao ambiente, como os wendigos, que por sua altura eram vistos a quilômetros. 

Porém, quem continuava com problema era Alice. Seus olhos vigiavam Barbara o tempo todo para saber se ela estava tramando algo, a desconfiança era nítida só nas suas viradas de cabeça bruscas. Ambas se conheciam, e o motivo de sua raiva era plausível pelo seu passado com aquela mulher. Agora fazia sentido a mensagem de Ojou-sama, “tenha cuidado com seu passado”.

Era tanto que, ao invés de andar com os demais meninos, preferiu ficar sempre ao lado da necromante. Por outro lado, a garota de capuz só se incomodou e adquiriu o mesmo tanto de raiva, o que criou uma cena esquisita de olhar para trás e ver dois poodles, um preto e o outro branco, ambos rosnando por absolutamente nada. 

Chegou um momento que essa tensão estourou, só que felizmente Alice se controlou e decidiu tirar o mistério de sua cabeça. 

— Por que você está com a gente? — sussurrou.

— Porque seu amigo de moicano fez um acordo comigo. — Franziu o cenho e apontou para Minerva. — Ele disse que seu mago me ensinaria a controlar meus mortos-vivos se eu fosse com vocês… mas estou me arrependendo lentamente.

— Acho mais que certo você se arrepender. — Pela primeira vez, Alice demonstrou suas presas. — Você colocou todas aquelas pessoas em risco, que nem fez da primeira vez. 

— Meu objetivo era só te ensinar uma lição!

O tom elevado atraiu a atenção dos demais, que se viraram para saber o que estava acontecendo. Alexsander respirou fundo, ele esperava que aquele tipo de situação aparecesse. 

— Se acalmem. Estamos em um lugar perigoso, não causem barulho ou problemas, se não nossa viagem sossegada pode ficar cheia de inimigos… talvez mais tarde vocês possam se resolver, mas por enquanto, mantenham a calma.

Dito isso, o grupo continuou, porém a rixa entre as duas poodles estava mais que clara. Alice suspirou, tentando acalmar seus ânimos a flor-da-pele, enquanto a necromante deu alguns passos para se afastar, só para se deparar com uma clériga insistente que novamente se posicionou ao lado dela.

— Se lembra de quando fomos naquela viagem? Eu sempre me perguntei o porquê você fez aquilo, porque você foi atrás daquele poder.

— Você não entenderia, Alice. — Sua face transpareceu seu rancor. — Você sempre tem tudo e não percebe, você merecia sofrer para pelo menos dar valor às coisas que surgem a sua volta. Eu fiz aquilo porque não tive outra saída, mesmo abdicando do que eu chamava de lar. 

— Isso parece uma desculpa esfarrapada para que você tenha feito algo errado.

— Ah, é? E qual foi a sua mentira para sair do templo? Eu sei que não era para você estar aqui, além do mais, os templos não deixariam uma santa sair sozinha sem um motivo apropriado…

A partir dessa frase, Alice calou sua boca. Queria retrucar, só que essa última parte tinha acertado num ponto sensível de sua mente. Mesmo que não quisesse admitir, ela estava certa, e isso foi o bastante para perturbar sua cabeça pelas longas horas de viagem.

As paisagens bonitas e a calmaria no caminho não tiraram nem um pouco o turbilhão em sua cabeça, e se somada a tristeza e a ressaca do dia anterior, aquele parecia o pior dia de sua vida. Nada podia fazer, no entanto, nem milagres curavam ressaca; tudo o que lhe restava era suportar.

 

☆ ☆ ★ ☆ ☆

 

Os aventureiros chegaram a uma cidade, um grande arco era a porta de entrada, e seu nome era escrito em letras rústicas que davam a entender a palavra Dromris. Esse lugar possuía diversas estruturas feitas de gelo que se misturavam com as construções de madeira escura, as estátuas entregavam um ar mais vivo às casas e as pinceladas do azul-transparente em meio às cores escuras monótonas traziam uma cara única.

Lohan até comentou que aquilo não poderia ser feito pela mão de alguém, apenas por meio de magia, e que tinha certos tipos de pessoas conhecidas como artesãos mágicos, cujo ofício se destacava em criar coisas baseadas em um elemento específico. Como gelo e tudo o que provinha da terra era um material sólido e fácil de encontrar, estes faziam mais sucesso.

As raízes arcanas da cidade fizeram a elfinha tagarelar bastante sobre como aquela cidade poderia ser chamada de patrimônio da comunidade mágica e esbanjou mais ainda do seu conhecimento, atraindo somente os ouvidos de Arthur, que parecia o único interessado naquilo.

— Bom, eu vou começar fazendo o que sempre faço — disse Minerva, alongando os braços para o alto. — Coletarei alguma informação, perto da noite eu encontro vocês!

O ladino deu um breve aceno e seguiu pela cidade sozinho, misturando-se à multidão, porém isso causou um desconforto e um mau-humor em Lohan, o que Alexsander prontamente reparou quando ele foi embora. 

Não comentou nada, apenas esperou que o mago se abrisse futuramente, já que o amigo ladino estava realmente estranho nos últimos dias. O grupo então foi para uma estalagem próxima onde passariam a noite, e o líder disse que iria a guilda ver se havia uma missão que pudessem fazer para adquirir moedas, pois as de Alice estavam acabando.

Depois de se despedir, ele chegou em pouco tempo até a guilda e conferiu o mural, porém tinha uma certa barulheira e muita conversa ao redor. Estranho como estão ativos hoje, será que há algum herói passando por aqui?

Seus olhos passaram pelos rostos das pessoas, e logo identificou quem era o centro das atenções. Era um rapaz de cabelo verde espetado, rodeado de outros companheiros. 

Alexsander no mesmo instante o identificou, era o garoto que se enturmou com Alice na última vez, porém ele estava agora acompanhado de duas novas figuras, um rapaz com roupas pretas chamativas e muito sofisticadas para um plebeu e outro de olhos puxados e pele morena.

O guerreiro os ignorou e voltou a cara para o quadro de missões, mas era impossível ter um momento de paz em qualquer lugar que fosse, logo vieram incômodos que o impediram de continuar sua atividade, o que para variar, era justamente Flávio Kurtus.

— Ora, ora, ora! — disse um garoto irritante, uma cabeça menor que o guerreiro e com um violão. — Eu não esperava vê-lo aqui, brutamonte! 

— Eu também não esperava te ver aqui, moleque — respondeu Alexsander, olhando-o de cima. — O que você quer?

— Não seja tão antipático comigo, eu só vim te cumprimentar, além do mais, dei uma sorte grande por te encontrar aqui… Quer dizer que os outros também estão, não é?

Alexsander respirou profundamente e apertou as pálpebras. Aquele tipo de gente era pior de lidar que o próprio Minerva, logo, era fácil entender que sua moral e modo de dizer o que queria poderia ser um pouco deturpado, ou seja, quando ele dizia “Os outros também estão” era mais referente a uma única pessoa. 

Ele soltou uma risadinha, os pontos de inteligência ganhos tinham realmente ajudado a entender certas coisas.

— Qual a graça? Por que dessa cara bizonha?

— Nada, é só que você é óbvio como uma folha em branco. — Conteve as risadas, erguendo o rosto para soltar um pequeno riso. — Mas espero sinceramente que tome cuidado com as coisas, e por sorte essa será a última vez que nos veremos. 

Para Alexsander, aquilo era nada mais que uma maneira educada de dispensar outra pessoa, porém aos olhos dos demais, ver um homem alto, forte e repleto de cicatrizes pareceu ser uma ameaça direta. 

Alguns deles por instinto colocaram as mãos em cima das armas, porém o jeito tão descontraído e relaxado do guerreiro trouxe sérias dúvidas se deveriam ou não fazer alguma coisa.

No final, nada aconteceu, e ele foi embora decepcionado por não encontrar uma missão agradável o bastante ao grupo. Infelizmente, para sua falta de surpresa, ele foi seguido por Flávio e sua trupe em direção à estalagem. 

O líder estava sem paciência para lidar com o rapaz de cabelo verde, então deixou pra lá e decidiu chamar seus amigos para uma taverna que conheceu no caminho. Todos foram, até Minerva apareceu, só que ele comentou que não encontrou tanta coisa e que no dia seguinte iria procurar mais. 

Na taverna, Flávio foi o centro das atenções com as notas sexys do seu violão. Aquele sorriso que prendia o coração das mulheres foi aprendido com um mestre, e seu gingado foi treinado por anos de dedicação dura e intensa

Em meio ao seu sapateado no piso de madeira, um de seus braços puxou uma meia-elfa loira linda, que se espantou pela forma como fora tirada de sua mesa e trazida para uma roda de dança. O violão foi jogado nas mãos de outro companheiro bardo, permitindo que ele pusesse suas mãos na cintura da moça e a guiasse com passos.

Sua mão era forte, mas suave, e possuía um jeito estranho de entender como ele conseguia mover seu corpo com tanta leveza, como se conhecesse suas dimensões e quanta força era necessária para que andassem juntos pelo salão. A batida da música ressoava pelo seu peito, ritmado com os pulsos do coração e encantando seus olhos com o rosto de Flávio.

Nunca encontrara um homem tão cavalheiro como ele, e ela sentia algo remexendo em seu estômago quando o via. De alguma forma, tudo o que era ruim ia para longe, substituído por um calor que corria por cada uma de suas veias, misturando-se em sentimentos que de alguma forma entravam em sintonia num único ponto. A festança continuou, a bebedeira também, e a felicidade irradiava naquele lugar.

Porém, para Lohan, aquilo era tudo idiotice. Sentia puro desdém de como as pessoas pareciam babar sobre aquele rapaz, que para ele parecia uma pessoa muito mediana para ter qualquer atração. Porém, quem era aquela elfinha para julgar o mal-gosto dos outros? Seu conhecimento estava muito mais em outras áreas do que na do charme e flerte, por isso era ignorante em relação a esse assunto, só que depois de ver a diversão de Alice, talvez seus pensamentos não precisassem ser tão bruscos assim.

— Alexsander… não, mestre, vamos treinar? — perguntou, ignorando que trouxeram suco de uva ao invés de vinho para a mesa.

— Eu odeio você me chamando assim, mas vamos. — Virou o copo de hidromel garganta abaixo, batendo-o na mesa quando se esvaziou. — Minerva estará aqui caso algo de ruim aconteça, então não deve ser tanto problema…

— Está confiando demais nele para algo assim, eu não quero deixar tanta esperança pra ele…

— Jogue um pouco de sua confiança, do contrário, quando entrar numa luta e estiver com a espada em mãos, não conseguirá usá-la sem pensar que seu amigo pode te apunhalar pelas costas.

A elfinha acenou com a cabeça, talvez ele estivesse realmente certo.

— Eu posso ir com vocês? — disse Arthur, levantando-se de sua cadeira com um pouco de dificuldade. 

Ambos estranharam o pedido. Magos normalmente não acompanhariam sessões de treino de guerreiro, porém como um se rendeu a esse caminho e até então suas reclamações foram mínimas, eles aceitaram. 

Os três saíram da taverna turbulenta para o lado de fora de Dromris, distantes o bastante para que as luzes ajudassem a visualizar o lugar que treinariam.

Alexsander imediatamente mandou Lohan dar algumas voltas em círculo e acrescentou que depois começariam seus treinos de espada. A elfinha obedeceu a ordem e saiu por aí numa velocidade alta, permitindo que o guerreiro relaxasse sentado na neve, no entanto, pelo canto de seu olho ele reparou em Arthur tremendo. 

Era meio esperado que uma pessoa de condição fraca ficasse assim, então ele tirou seu sobretudo de vestes nobres e colocou nos ombros dele.

— Não precisava me entregar is…

— Você não precisa se fazer de forte, só fiz uma gentileza — cortou, retornando ao seu canto na neve. — É frustrante ter os outros fazendo algo por você o tempo todo, né? Creio que você deveria ter alguém para te ajudar, mas por algum motivo devem ter se separado.

— Bem, sim… tinha. — A voz dele abaixou um pouco, dando a entender que tipo de tema aquele era. — O meu irmão costumava me ajudar bastante. Ele era o músculo e eu o cérebro, e por mais que ele colocasse as mãos na massa toda hora, eu ainda conseguia ser útil. Era engraçado, sabe?

— Sei, mas onde ele está agora? E a sua família?

— Meus pais e meus avôs… eles morreram há um tempo. O meu irmão, não sei. — O garoto suspirou, estava ligeiramente frustrado. — Eu uma vez dormi, então acordei nesse lugar de neve, do nada. Desde então, venho caminhando por aí procurando um meio de voltar para casa.

— Se é assim, não se importe de ficar conosco por um tempo. Somos gratos por emprestar sua força, não é todo dia que encontramos magos fortes como você.

— Acho que posso ajudar com outras coisas se fosse possível… Aliás, você não me contou para onde estão indo.

— Estamos indo a uma masmorra, por isso mais cedo Minerva se separou do grupo para conseguir informações. Ainda falta muitas outras, de qualquer forma…

— Masmorra? Não teria como chegar perto desse lugar por meio de um trem e depois o resto do caminho a pé?

— Trem? O que é isso?

Droga, eu esqueci que aqui são tempos diferentes do meu também. Arthur desconversou, explicando que era um objeto de sua terra que conseguia se mover em alta-velocidade. Alexsander escutou com extrema curiosidade, pois na sua cabeça uma coisa de metal que podia se mover tão rápido era para ser supostamente impossível, então achou que era algo de magia, especialmente depois que o rapaz começou a explicar como funcionava uma tal de “motor a carvão”.

— Terminei! — A elfa, com um enorme sorriso no rosto, chutou neve na cara dos dois. — O que estão cochichando? Uff… uff… 

— Sobre nada importante, apenas jogando papo fora — desconversou Alexsander, limpando o cabelo. — Se você ainda está com tanta energia para até fazer isso, deve aguentar dar outra volta.

— Não, outra não! Eu quero aprender coisas de esgrima!

— Dê mais uma volta que eu pensarei no seu caso… senão, eu te ensinarei só próxima semana.

Lohan inflou as bochechas, deu as costas e acelerou seu passo para fazer mais uma volta. Assim, dando Alexsander um pequeno tempo para ao menos terminar de acertar a conversa. 

— Bem, é uma pena que essas coisas tenham acontecido. Sabe, eu tinha uma irmã mais nova e ela também era mais inteligente que eu. Vivia sorrindo e falando de coisas bobas do mundo que eu achava ser mentira de tão absurdas… — Um sorriso apareceu, uma raridade para aquele rosto cheio de marcas. — Então não se preocupe ou se importe de receber um apoio meu ou de qualquer um da equipe, especialmente da Alice, que ela tem um jeito meio sensível para tudo.

— Entendo, então eu agradeço. — Arthur apertou a mão do guerreiro, e de alguma forma sentiu como se estivesse tocando a palma de seu irmão, o que fez logo ele soltar. — Ah, falando nela, ela não é a sua namorada? 

— Não…? — Ele levantou a sobrancelha diante da pergunta. — De onde você tirou isso?

— Eu tive essa impressão, mas acho que me enganei. Aquele cara de cabelo verde estava olhando estranho para você, Alexsander, então eu pensei que ele queria causar algum ciúme… mas depois que saímos, vi que ele ficou meio irritado, talvez porque fomos embora.

— Hmm… obrigado por avisar. — A mente de Alexsander começou a trabalhar para descobrir o mistério, mas por enquanto decidiu deixar de lado e focar numa certa pessoa. — Bem, quer ainda acompanhar o treino do Lohan? 

— Quero… espera, você disse “do”.

— Ah, você não sabe, verdade. Fique comigo então, tenho certeza que será uma história para te distrair e te dar muitas risadas.

Assim, Arthur e Alexsander se aproximaram de Lohan, e o guerreiro foi contando a história de como um mago rabugento se tornou uma garotinha mansa. Naquele dia, a elfinha teve sua maior evolução de todas, tudo porque sua força foi impulsionada pela raiva genuína em relação a Alexsander por ter contado a história mais vergonhosa de sua vida.

 

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