Malkiur Brasileira

Autor(a): Kamonohashi


Volume 1

EM MEIO AS ÁGUAS.

Em meio à floresta, escondida entre as árvores retorcidas e as sombras opressoras, havia uma clareira diferente.

O som da cachoeira quebrava o silêncio com um ritmo constante. As águas cristalinas caíam de uma grande pedra negra, alimentando um rio sereno e vivo.

Peixes prateados saltavam, brincando como se não houvesse predadores. Esquilos e cervos bebiam da margem, confiantes. Borboletas flutuavam preguiçosamente pelo ar.

Era como se aquele pedaço do mundo tivesse se esquecido da guerra e da fome.

Mas a paz foi interrompida.

— UAAAAAH! — Roy mergulhou, chapinhando como uma criança.

Os animais fugiram em todas as direções.

Roy emergiu, respirando fundo e rindo sozinho. Os ombros e a cabeça ficaram para fora da água, revelando seu sorriso largo e genuíno.

— Tá perfeita!

A água morna o abraçava. Relaxou o corpo, deixando-se boiar. Por alguns minutos esqueceu da serpente, dos demônios, da fome, da culpa.

Ali, na correnteza suave, sentiu-se vivo de verdade.

“Essa floresta é realmente cheia de surpresas…”

Pof!

Algo bateu em sua nuca.

— Hein?

Virou-se rápido. Pequenos peixes, de cores vivas e brilhantes, nadavam ao redor. Alguns davam pequenos saltos, como se zombassem dele.

“Comida.”

Os olhos brilharam com a ideia.

Sacou a adaga da cintura e mergulhou de uma vez.

Tentou pegar um peixe… falhou. Tentou outro… falhou também.

Lá embaixo, eles eram mais rápidos do que pensava. Peixes batiam de lado, escapando com facilidade, como se fizessem parte da própria água.

O fôlego acabou rápido.

Subiu à superfície, arfando.

— Agh…! Que difícil!

Em resposta, os peixes começaram a saltar do rio e, um a um, estapeavam o rosto do garoto com as caudas. Um tapa na bochecha esquerda, outro na direita.

Plof! Plof! Plof!

Roy tentou se defender, mas a água pesava sobre seus movimentos.

— Ei, chega! — protestou, enquanto os peixes continuavam, disciplinados, como se fossem soldados de alguma milícia aquática.

As bochechas ficaram vermelhas e ardiam.

Quando finalmente os peixes recuaram, Roy se deixou boiar outra vez, rindo sozinho.

— Tá bom… tá bom… vocês venceram por hoje...

O estômago roncou.

— Droga… Vou ter que pegar mais frutas. E cadê o Frodo?

Antes que pudesse sair do rio, algo mudou.

O corpo ficou dormente.

Primeiro o ombro direito.

Depois o braço inteiro.

Uma onda de calor estranho subiu pelo lado direito do tronco.

Roy piscou, sem entender.

Seu coração bateu mais rápido.

Virou a cabeça devagar e viu a água ao redor mudando de cor. Vermelha.

O vermelho se espalhava rápido, como tinta derramada.

“De onde vem isso?”

Olhou para o ombro.

Foi então que percebeu.

O sangue era dele.

Um buraco havia surgido em sua carne, próximo à clavícula. A dor não veio de imediato, mas a visão do ferimento ativou algo dentro de sua mente.

— AAAAAARGHHH!

O grito saiu instintivo, um berro desesperado que ecoou entre as árvores e espantou até os pássaros mais distantes.

As pernas tremiam.

As mãos buscavam apoio na água, como se fosse possível segurar alguma coisa.

Os olhos giraram, procurando o inimigo.

Mas não viu nada.

Só sabia que havia sido atingido. E que o ataque fora rápido demais para perceber.

O peito arfava. Cada respiração era difícil.

A dor veio como uma avalanche.

O mundo parou por um segundo e, quando Roy percebeu, já estava preso nas mandíbulas de um crocodilo gigantesco.

A criatura havia surgido do nada, silenciosa como um espectro de água. A bocarra monstruosa se fechou sobre o ombro do garoto, abarcando quase todo o seu tronco.

O estalo do osso quebrando ecoou em sua mente.

— AAAAAARGH! — O grito se dissolveu em bolhas.

O crocodilo puxou-o para o fundo do rio, rodopiando com violência.

A cabeça de Roy girava junto com o mundo.

A água, antes cristalina, agora era turva e vermelha.

O menino tentou lutar, se debater, empurrar o monstro, mas não adiantava. Era como socar uma parede de pedra.

O crocodilo girava e girava, usando a técnica que chamavam de "rolo da morte".

O ar acabou.

A visão escureceu nas bordas. As mãos tremiam.

Tentou cravar a adaga no olho do bicho. Errou. A lâmina escapou dos dedos e afundou no vazio do rio, longe de seu alcance.

“De novo...”

O pensamento veio, frio e amargo.

“De novo eu baixei a guarda. Só queria descansar um pouco. Só um pouco...”

Mas naquela floresta, isso era pedir demais.

Yuki tinha dito:

Matar ou morrer.

Os fracos morriam.

Os fortes matavam.

Roy sabia disso.

Mas o corpo não respondia.

Estava afundando.

Sentiu a água invadir as narinas, depois a boca.

Seus pulmões gritaram em silêncio.

Os músculos pararam de se mexer.

“Acabou?”

Ele quis acreditar que sim. Quis se entregar, ser levado junto com a correnteza e desaparecer.

Mas a raiva surgiu como uma chama.

Forte, quente, impossível de ignorar.

“Eu não aceito isso.”

O calor da raiva percorreu o peito e a cabeça.

“Eu não aceito morrer. Não agora. Não desse jeito.”

O corpo inteiro gritou em resposta, como se o ódio substituísse o ar que lhe faltava.

“Eu quero viver.”

As palavras se repetiram, como um mantra desesperado.

“Se eu sair dessa… se eu sair, eu vou matar esse bicho. Eu vou MATAR.”

Num último impulso, Roy forçou a água para fora dos pulmões. Era um movimento impossível, mas o instinto o fez tentar.

O peito arfou debaixo d’água, e então—

Um estrondo.

Uma onda imensa surgiu do nada, como se o rio tivesse acordado.

O impacto da corrente inesperada golpeou o crocodilo, arrancando Roy de suas presas.

O monstro afundou na direção contrária, girando desorientado.

O garoto, solto e fraco, foi arrastado para a margem.

As pernas mal se mexiam, mas ele rastejou.

Cada segundo parecia durar uma eternidade.

Chegou quase inconsciente à terra firme. As mãos fincaram nas pedras molhadas da beira do rio. Tossiu violentamente, cuspindo água e sangue.

O peito arfava, tentando recuperar o fôlego perdido.

Viver. Eu quero viver.

Repetiu, sem forças para dizer em voz alta.

Os olhos ficaram abertos, fixos no céu cinzento entre as árvores. Não chorava. Não sorria.

Apenas respirava.

"Preciso... sair daqui."

A voz mal saiu dos lábios rachados.

Roy tentou se levantar, mas as pernas não obedeceram. Seu corpo caiu pesadamente no chão molhado.

Os ouvidos estavam tapados, como se o mundo tivesse mergulhado em algodão. Tudo girava.

Mas ele não podia parar ali.

Arrastou-se. Se segurou em troncos, galhos, raízes. Cada movimento fazia a dor explodir de novo no ombro rasgado.

O sangue continuava a escorrer, quente, escuro, espesso.

A visão falhava.

Ele chorou.

Não era um choro bonito. Era feio, soluçado, infantil.

Um choro de quem não queria morrer.

Caiu outra vez, o rosto na lama. Cuspiu sangue. Um gosto amargo, metálico, invadiu a boca.

Quando ergueu os olhos, viu algo estranho. Pontos verdes e claros no mato, dançando no escuro como vaga-lumes.

— O… o quê… é isso?

As pequenas luzes voaram na direção dele, velozes demais para seus olhos cansados acompanharem.

E então, o ataque.

As criaturas se agarraram às feridas. Insetos. Pareciam percevejos gigantes, com asas cintilantes e bocas pontiagudas. Roy tentou afastá-los, mas não tinha mais força.

Sentiu uma mordida.

Era pequena, quase indolor, mas logo o veneno começou a agir.

As veias do braço ficaram pretas e saltadas, marcando a pele como raízes podres.

— GAH! — Um espasmo no coração. Cuspiu mais sangue.

O braço direito ficou roxo. O corpo começou a gelar.

Roy caiu, o rosto virado para o céu, ofegando como um peixe fora d’água.

“Merda… Merda… Eu fui fraco de novo.”

As lágrimas caíram misturadas ao sangue.

“Eu não quero morrer… Eu prometi… Eu prometi proteger as pessoas…”

Outro espasmo. O corpo começou a se convulsionar.

“Eu vou morrer? Yuki… eu…”

A visão ficou preta nas bordas.

Os insetos se aproximaram, rodeando-o. Estavam prontos para terminar o serviço.

Foi então que o ar mudou.

Um impacto invisível varreu o local, espantando as criaturas com uma única onda de pressão.

THUD.

Passos pesados se aproximaram.

Uma figura enorme surgiu sobre Roy, obscurecendo a luz. Sua presença parecia dobrar o espaço ao redor, como se o ar ficasse mais denso.

A voz chegou até ele, abafada e distante, mas real.

— Te achei. — disse o homem, num tom rouco, quase divertido. — Os percevejos já injetaram o veneno… Preciso ser rápido.

Roy tentou virar o rosto. Não conseguiu.

— Não pode morrer agora, garoto. — A voz continuou, como se falasse com um velho conhecido. — Você ainda tem muito pela frente. Mas me diz… quer viver? Ou quer acabar com isso aqui mesmo?

"Quero ver meu avô…"

"Quero descansar…"

Essa parte da mente gritou.

Mas outra parte, mais fundo, mais crua, recusou.

“EU PROMETI!”

A voz interior foi mais forte que a dor.

— S… sim… — respondeu com os lábios partidos.

A figura se agachou. Roy não via seu rosto, mas sentia a aura daquele homem. Um peso absurdo. Como se estivesse diante de algo não-humano.

— Se eu te salvar… o que vai fazer com essa segunda chance?

Os olhos apagados de Roy reacenderam um pouco.

— Eu… vou ser… o mais forte do mundo.

A resposta saiu como um sussurro quebrado.

O homem riu, uma gargalhada grave e abafada, ecoando na floresta como trovão.

— Hahaha… Isso que eu queria ouvir!

Roy sentiu algo tocar seu peito.

— Isso vai ajudar com a sua técnica. — A voz do homem cortou o silêncio da floresta como um sussurro cruel.

Ele colocou a palma da mão no peito de Roy, ainda arfando no chão. — Seu coração tá fraco, garoto. Não tá bombeando sangue o bastante. Sem isso, você nunca vai dominar nada. Precisa de pressão. Precisa acelerar esse motor aí dentro.

O toque parecia quente, mas carregava um peso absurdo.

— Fica bem paradinho… — murmurou o homem, com um sorriso invisível. — Impacto.

A onda de choque saiu da mão dele e atravessou o peito do garoto.

O corpo de Roy quicou no chão como um boneco. O solo abaixo rachou, afundando em um círculo perfeito.

Durante cinco segundos, o mundo pareceu parar.

Então, algo aconteceu.

Mesmo desacordado, mesmo com o veneno ainda queimando nas veias, Roy ficou de pé.

Seus músculos contraíram sem ele ordenar. As pupilas se dilataram.

As folhas das árvores estremeceram ao redor. O chão vibrou como se estivesse testemunhando algo anormal.

Do corpo do garoto, começou a sair fumaça. Uma fumaça fina, mas quente, como vapor de um ferro em brasa.

Em poucos segundos, essa fumaça se dissipou, revelando uma aura verde intensa, quase líquida, emanando dele.

BUM.

Um estrondo ecoou na mata, rompendo o silêncio da floresta.

Era a primeira abertura.

O fluxo mágico dentro do corpo de Roy finalmente se destravou. Um poder bruto, violento e descontrolado, queimarou tudo por dentro e também por fora. A vegetação ao redor murchou instantaneamente, como se sugada pela energia viva do menino.

O calor era sufocante.

O homem sorriu, satisfeito.

— Muito bom… Seu corpo suportou. — murmurou, os olhos brilhando sob as sombras da mata.

— Agora reine nessa floresta. Vá em direção ao seu destino…

Ele se virou para ir embora, mas antes lançou um último aviso:

— Ah… mais uma coisa, garoto…

A voz dele se tornou mais áspera, mais crua.

— Troque essa dor por raiva. Use isso! Não tenha piedade. Nenhum inimigo vai ter de você. Eles não vão se importar se você tem um sonho ou alguém pra proteger. Eles só vão tentar te matar.

As palavras ecoaram na cabeça de Roy, como se fossem parte de um pesadelo lúcido.

Por alguns segundos, ele permaneceu de pé, envolto naquela aura viva e destrutiva.

Mas logo a técnica perdeu o efeito. O corpo do menino desabou no chão, inconsciente.

O silêncio voltou.

 

# MESES ATRÁS#

 

— Muito bem, pirralho! Pensei numa técnica que pode te ajudar a lutar!

A voz de Yuki cortou o ar seco da manhã, enquanto os dois se afastavam do acampamento.

Ao ouvir aquilo, Roy sentiu o corpo pular por conta própria. Era como se, finalmente, uma porta estivesse se abrindo.

“Uma técnica própria… finalmente vou conseguir lutar de verdade.”

Mas antes que pudesse celebrar, Yuki ergueu uma das mãos num gesto brusco.

— EI, EI! Sem muita animação, idiota. — Ela riu alto, uma risada solta, quase irresponsável. — É só uma teoria minha. Pode dar errado… é um risco. Mas sem riscos, sem ganhos! AHAAHAHA!

Roy congelou, o sorriso murchando no rosto.

— O que pode dar errado? — perguntou, a garganta seca.

A resposta veio sem rodeios.

— Você pode morrer.

Naquela manhã de treino, Yuki havia explicado o básico.

Ela ergueu três dedos.

— Essa técnica se chama Fluxo de Quatro Aberturas. — disse, olhando para ele com seriedade. — Mas você só vai aprender três, entendeu?

Roy arregalou os olhos.

— Por quê? Não são quatro?

Um soco seco caiu em sua cabeça.

— A quarta abertura mata, seu idiota. — disse, sem mudar o tom de voz. — As três primeiras já vão sugar tudo de você. Sua respiração vai ter que ser afinada como a de um músico, seu batimento cardíaco vai ter que virar instrumento. Se abrir a quarta sem preparo, vai implodir por dentro. Simples assim.

Roy ficou em silêncio, engolindo o medo.

— As três aberturas que eu vou te ensinar servem pra quê? — perguntou, tentando não gaguejar.

Yuki coçou a nuca. Percebeu que estava falando com uma criança, afinal.

— A primeira serve pra aumentar a força. A segunda, a agilidade e a percepção. A terceira, a resistência.

Fez uma pausa, olhando nos olhos do menino.

— Cada uma dessas vai cobrar um preço, Roy. Sua vida inteira vai ficar pendurada num fio toda vez que usar isso.

O garoto mordeu o lábio. Pensou em recuar, pensou em dizer que não queria.

Mas a voz do avô voltou à sua mente.

“Quem desiste de ficar mais forte vai acabar só sendo um espectador da própria vida.”

Ele assentiu.

— Eu vou fazer.

Yuki sorriu. Não um sorriso gentil, mas o sorriso de quem respeita uma decisão difícil.

— Ótimo. Então se prepare, porque treinar esse fluxo… é quase morrer todo dia.

 

# VOLTANDOBA FLORESTA#

— Ué? Mas como…?

Roy olhou para si mesmo, confuso.

As feridas ainda estavam ali, mas já cicatrizadas. O veneno que havia tomado conta de seu corpo desaparecera. E o mais estranho: a dor sumiu como se nunca tivesse existido.

Sentiu os ombros, as costelas, mexeu os dedos dos pés.

Tudo estava mais leve. Leve demais.

— Eu tô… vivo? — sussurrou, olhando ao redor, sem sinal do homem misterioso.

A floresta permanecia silenciosa, como se nada tivesse acontecido.

— Estranho… meu corpo… — disse, testando alguns socos no ar. Depois algumas flexões, abdominais. Saltou, correu em círculos. O coração batia firme, mas sem o peso de antes.

— Tá mais leve… muito mais leve. — murmurou, ofegante de empolgação.

Então, lembrou-se.

— Penso nisso depois. Tem uma coisa que eu preciso resolver.

As palavras do homem voltaram como um eco em sua mente:

Roy cerrou os punhos. A resposta estava clara.

— Eu tô puto da vida!

Sem mais delongas, partiu pela floresta, decidido.

 

# NA BEIRA DO RIO#

 

O crocodilo descansava à beira do rio, as escamas alaranjadas subindo e descendo com a respiração pesada. Nenhum animal ousava chegar perto.

O predador reinava absoluto.

Até o momento em que o chão tremeu.

BAM!

Do alto, Roy desceu como um raio e acertou as costas do crocodilo com as duas pernas juntas. O impacto foi tão brutal que a terra rachou sob o peso da pancada. O monstro grunhiu, assustado, e correu para longe.

Roy girou a adaga entre os dedos, com um sorriso torto no rosto.

— Eu tava te procurando, seu desgraçado. — Ativou a primeira abertura, puxando o ar.

O coração acelerou. Uma leve aura verde surgiu ao redor do corpo.

— Vamos tentar de novo. Que tal?

O crocodilo rugiu, vindo como um míssil, mais rápido do que Roy esperava.

— Merda!

Saltou para trás com tanta força que abriu uma vala no chão. Parou a alguns metros, surpreso.

O coração estava tranquilo. O corpo… também.

— Ué? Mas como? — murmurou. — Nem cansado eu tô…

Então decidiu:

— Vou ativar de verdade.

Puxou o máximo de ar, acelerando o batimento.

A aura verde explodiu ao redor do corpo. O chão tremeu. A areia e as folhas voaram, os pássaros fugiram.

— NOSSA! Essa é a abertura de verdade?

A floresta pareceu estremecer junto com ele.

Mesmo com o medo latejando, a raiva era maior.

Roy dobrou os joelhos, pegou impulso e disparou.

O crocodilo tentou abocanhá-lo, mas Roy passou tão rápido que errou o cálculo e bateu de frente com uma árvore.

— AI! AI! Eu tenho que me acostumar com essa velocidade! — disse, esfregando o ombro, enquanto tirava a poeira da roupa.

Quando se virou, já estava frente a frente com o fedor da boca do crocodilo.

Mas dessa vez, ele já esperava.

Cravou a adaga na parte superior da boca da criatura e, com um giro, lançou o bicho alguns metros à frente.

O crocodilo rolou pela floresta, mas se ergueu para tentar mais uma investida.

Roy respirou fundo, preparando o contra-ataque.

Um feixe verde cruzou o espaço entre eles.

O chute atingiu o focinho do animal com tanta força que as fossas nasais se partiram, sangrando intensamente.

— Merda… foi forte demais. — reclamou, sentindo a dor subir pela perna.

Saltou com uma só perna para aliviar o impacto.

O crocodilo tentou fugir, mancando. Mas Roy não permitiu.

Agarrou a cauda da criatura com as duas mãos.

— Você não vai escapar, não! Se fosse comigo, não ia me deixar fugir… por que eu deixaria você FUGIR?!

Com toda a força, girou o corpo e lançou o crocodilo contra uma árvore enorme. O tronco partiu-se com o impacto, desabando em estilhaços.

O crocodilo ficou preso, as patas quebradas, a respiração ofegante.

Roy caminhou devagar até ele, com a adaga em mãos.

O animal, mesmo morrendo, tentou morder. Ainda lutava.

Roy sorriu.

— É assim que se faz, né? 

Saltou e cravou a lâmina entre os olhos da criatura.

O sangue jorrou, quente, manchando o rosto do garoto.

O crocodilo se debateu por alguns segundos até, finalmente, cair morto.

Roy desceu do corpo da fera.

O silêncio que se seguiu foi estranho… pesado.

Olhou para as próprias mãos, cobertas de sangue.

Sentiu um arrepio. Mas logo o medo deu lugar a uma sensação nova: vitória.

— Essa é a sensação de vencer…?

Respirou fundo, puxando a adaga da cabeça do inimigo.

— Merda! EU VENCI!

Deu um salto animado, fez uma dancinha ridícula, girando os braços como se comemorasse um campeonato.

Nesse momento, sentiu um peso em seu capuz.

— Frodo! — disse, agarrando o sapo. — Finalmente resolveu aparecer! Viu isso?! EU VENCI!

Frodo soltou um coaxar animado, como se estivesse rindo junto.

Roy se sentou no chão, rindo sem fôlego, até que notou algo estranho no bolso.

— O quê?

Puxou um pequeno maço de papéis dobrados. Eram um bilhete.

Com as mãos trêmulas, abriu o primeiro.

"Vença a floresta."

 

 

 

 

 

 

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