Magus Supremo Americana

Tradução: SilentFitts

Revisão: Barão_d’Alta_Leitura


Volume 3

Capítulo 111: Desespero (2)

Apesar de poder ser visto com o Revigoramento, um núcleo de mana não era um órgão físico. Poderia até ficar dentro do corpo humano, mas ao mesmo tempo não ficava. Lith curou inúmeras pessoas com feridas estomacais durante os anos que passou como curandeiro na aldeia de Lutia, mas nenhuma, por mais profunda que fosse, havia afetado o dito lugar.

Assim, ele teve que confiar em sua sensibilidade à mana recém-descoberta, enviando uma gavinha de mana pura de seu núcleo para o da mulher. No início, nada aconteceu, e o “órgão” parecia estável, mantendo sua cor amarela, apesar da inundação de energias estranhas.

Mas, alguns segundos depois, Lith pôde ver que a zona onde havia sido anexada a gavinha estava ficando cada vez mais fraca. O amarelo estava se transformando em laranja, e essa cor ia se espalhando aos poucos por todo o núcleo.

A mulher de repente começou a gritar de dor, todas as suas veias e artérias salientes, como se estivessem tentando sair de sua pele. O vermelho do sangue ficou azul como a mana que invadia seu corpo.

Quando atingiu sua cabeça, o líquido ciano sangrou de seus olhos, nariz e orelhas, e os gritos de agonia não mostraram nenhum traço de seu caráter desafiador de antes, mas apenas o desespero.

Sua voz foi de aguda para rouca, até que não soou mais como uma voz humana. Ela continuou gritando e gritando, até que não havia mais ar em seus pulmões, mas a mulher parecia incapaz de respirar novamente para que pudesse sequer gritar mais.

Lith parou, deixando-a se recuperar alguns segundos e sentir o alívio temporário da falta de dor, como uma luz no fim do túnel.

“Pronto para conversar agora?”

Soluçando de terror, a mulher corpulenta jurou aos deuses que, se conseguisse sobreviver, mudaria seu estilo de vida. Nada mais de trocar vidas por dinheiro, ela iria se redimir.

“Meu nome é Melia.” Disse ela, tentando estabelecer uma conexão, para forçá-lo a percebê-la como uma pessoa. Era um truque que já havia funcionado inúmeras vezes no passado, mesmo que nunca tivesse tentado, a não ser a outra mulher da equipe. 

Rodimas sempre disse que todo homem sonha em ser o herói de uma mulher chorando.

Mas desta vez, Melia foi sincera. Ela não estava apenas tentando esfaqueá-lo assim que baixasse sua guarda.

“Eu não me importo.” Ele respondeu com um olhar frio. “Quero dizer, quem são vocês? Mercenários? Caçadores? Assassinos?”

“Mercenários. Fomos muito bem pagos para vir aqui, matar tantos animais quanto possível e incriminar os alunos por esse feito.”

As palavras da mulher confirmaram sua teoria, mas não desencadearam nenhuma visão, nem aliviaram seus medos.

“Quem te mandou aqui e por quê?”

“Não sei, juro! Sou apenas o músculo da equipe, Raghul é quem lida com os nossos contratantes, enquanto Rodimas é o cérebro das nossas operações.”

“Raghul?”

“Aquele homem.” Ela acenou com a cabeça em sua direção.

“É tudo que eu sei, por favor, deixe-me ir.”

Deixá-los vivos estava fora de questão. Eles o forçaram a usar muito de seu verdadeiro poder, eram um risco. Independentemente de suas promessas, assim que estivessem fora de alcance, vendê-lo-iam pelo lance mais alto com estampados sorrisos nos rostos.

“Então eu não preciso mais de você.” Lith usou a magia espiritual para girar sua cabeça 180 graus, quebrando o pescoço e tirando-a de seu sofrimento, com um aceno de mão.

“Agora, senhor Raghul, podemos fazer isso ser leve como uma pena ou doloroso. Diga-me o que eu quero saber e eu lhe darei uma morte tranquila. Resista e … bem. Você viu o que acontece.” Ele removeu a mordaça do mercenário, permitindo que falasse.

– [“Não teria sido melhor deixá-la viva? Para lhes dar esperança?”]-  Solos objetou. Ela realmente não gostava que Lith torturasse pessoas. Cada vez que ele fazia isso, ela podia sentir algo dentro dele morrendo.

– “Que esperança? Eles são profissionais, não alguns escoteiros. Sabem muito bem que eu nunca os deixarei viver, porque isso é o que eles fariam no meu lugar.” –

“Escute garoto, sinto muito por termos tentado matá-lo.” Seu terror arruinou sua face de pôquer quase sempre impecável, fazendo-o soar falso como uma nota de um real. “Você não tem que fazer isso. Ainda é jovem, não se torne como nós.”

Por trás de sua falsa empatia, Raghul pretendia apenas ganhar tempo, na esperança de encontrar uma maneira de sair dessa situação. Mas descobriu que suas mãos estavam bloqueadas, e além disso, ele não conseguia nem mesmo sentir a pedra mágica que escondia em sua bota para casos de emergência.

Assim, sua única luz era encontrar uma rachadura na moralidade do garoto e explorá-la para escapar.

“Tarde demais para isso.” Lith ignorou suas divagações, colocando a mão sobre o núcleo de Raghul e enviando com força mana para ele. O homem tinha um centro ciano, assim como Lith, então mesmo que ele fosse incapaz de controlá-lo, as energias de seu núcleo eram capazes de repelir os ataques desajeitados do garoto.

– “Então, posso invadir livremente apenas núcleos mais fracos? É uma pena que não tenho tempo. Teria sido interessante descobrir o que acontece com alguém uma vez que eu esvaziar seu núcleo, talvez até abaixo do nível vermelho.

Tirar a magia de alguém pode ser uma ameaça formidável, sem mencionar que me permitiria manter prisioneiros sem a necessidade de temer qualquer truque da parte deles. “-

Fazendo uma anotação mental para futuras experiências, Lith parou de desperdiçar sua mana pura, enviando magia negra a ele. As defesas de Raghul desmoronaram como um castelo de areia a enfrentar um tsunami, a escuridão rapidamente se espalhou por todo o núcleo.

Como para Melia, suas veias incharam, mas sua cor era preta. O sofrimento de Melia não tinha sido nada comparado ao de Raghul, pois a pura entropia se alimentava de cada uma de suas células.

Quando o homem começou a sangrar sangue negro de todos os seus orifícios, Lith parou de enviar energia, mas a dor não parou.

– “Que diabos?” – Lith estava pasmo. Tentando entender o que estava acontecendo, ele tocou Raghul novamente, usando o Revigoramento.

Ele então foi capaz de ver que, mesmo sem seu comando, a escuridão ainda devastava o núcleo de mana, que agora estava repleto de rachaduras, à beira de desabar sobre si mesmo.

– “Parece que a magia negra é muito poderosa para ser injetada diretamente. Preciso de uma abordagem mais suave para a mulher, ou todas as informações serão perdidas.” –

– [“Lith, o núcleo é preto.”]- Solus parecia preocupada. – [“E se você acabou de criar uma Abominação?”] –

Lith se recusou a acreditar que realizar tal façanha poderia ser acidentalmente tão fácil, mas sendo cauteloso, continuou a monitorar o status de sua vítima enquanto ignorava os gemidos e soluços da outra sobrevivente.

Depois de apenas alguns segundos, o núcleo preto desmoronou, e o corpo de Raghul ficou mole, sem vida. Lith suspirou de alívio. Humanos pareciam não ser páreo para ele, mas Abominações estavam em uma liga por conta própria.

Já doente e cansado daquele dia, Lith só queria entender qual era a fonte do mal-estar que continuava sentindo, resolver a maldita visão e depois dormir por uma semana inteira.

Ele acabava de se virar para Rodimas, pensando sobre que elemento usar nela, quando um ruído repentino chamou sua atenção.

O corpo de Raghul estava tremendo de novo, se contorcendo como se tivesse uma convulsão.

Usando o revigoramento novamente, Lith pôde ver que o sangue preto e vermelho se acumulava onde o núcleo de mana estava, formando um novo, cheio de energias negras.

O núcleo de sangue estava sugando todos os fluidos restantes no corpo, fazendo Raghul ficar pálido como um fantasma, seus olhos brilhando com uma luz vermelha, como se uma tocha queimasse por trás deles.

Lith podia ver seus caninos se transformarem em presas, suas mãos e pés se soltando do chão de pedra, pois agora era apenas lama macia. Imediatamente, o garoto deu um passo para trás, conjurando uma barreira de vento para interceptar todos os projéteis de rocha que voavam em sua direção.

– [“O que diabos é um núcleo de sangue?”] – Solus quase entrou em pânico.

– “A má notícia é: acho que acabei de criar um vampiro. A boa é que pelo menos ele não brilha sob a luz do sol como uma bola de discoteca.” – Lith respondeu. 



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