Magus Supremo Americana

Tradução: SilentFitts

Revisão: Barão_d’Alta_Leitura


Volume 3

Capítulo 105: Convidados Indesejados

– [“Você vê isso, senhor negativo? A flor não murchou depois da seca!]”- Solus comentou alegremente.

-“Você está certa! Ainda pode explodir na nossa cara! Yay!”- Lith respondeu imitando seu tom. 

Sendo muito paranoico para tocar o lótus vermelho com as próprias mãos, ele o ergueu com magia espiritual antes de tentar sem sucesso armazená-lo na dimensão do bolso.

“Que diabos?” Examinando-o de perto com o Life Vision, Lith pôde notar que, ao longo de um enorme fluxo de mana, o lótus vermelho também tinha uma pequena partícula de força vital.

Nem ele nem Solus tinham ideia de como poderia ter sobrevivido após uma exposição tão longa a uma abominação.

– “Isso é ótimo. Não podemos escondê-la, apenas carregá-la em uma bolsa normal, sob o risco de ser destruída ou, pior ainda, descoberta quando voltarmos. Se essa flor é algum tipo de tesouro inestimável, ela pode nos causar muitos problemas. ” –

Lith suspirou, a ideia de ser forçado a largar seu primeiro saque era bastante deprimente.

– “Deixe-me adivinhar, estamos acima de uma veia de mana, certo?”-

-[“Exatamente.”]- Solus respondeu. -[“Minha hipótese é que a Abominação conseguiu se estabilizar graças ao efeito combinado da abundante energia mundial e daquela flor estranha.”]-

-“Concordo. As únicas questões que permanecem são as seguintes. Matou tudo porque precisava se alimentar ou era apenas uma forma de controlar o ambiente ao seu redor? E por último, mas não menos importante, os monstros vegetais realmente existem?”-

-[“Apenas a Abominação poderia responder a primeira pergunta, e nenhum de nós acreditaria em suas palavras de qualquer maneira.”]-  Solus encolheu os ombros. -[“Quanto ao segundo, meu palpite é que sim. As plantas também são seres vivos. Vendo quanta mana tem aquela pequena flor, não vejo por que não deveriam ser capazes de evoluir também.”]-

-“Contanto que essa coisa não se transforme em um bebê da Abominação e coma minha cara, por mim tudo bem.” – Ele respondeu, mantendo o lótus vermelho flutuando e longe dele.

Lith ficou tentado a fazer Solus voltar à sua forma prototerrestre. Graças ao revigoramento, seu corpo estava em sua melhor forma, mas ele se sentia mentalmente cansado. 

As lutas de vida ou morte eram mais do que apenas resistência. Gerenciar tantos feitiços ao mesmo tempo, manter a calma enquanto constantemente lutava contra o medo de morrer, tudo isso tornava uma única luta real cem vezes mais irritante do que estudar a noite toda.

No entanto, ele não sabia quanto tempo lhe restava até que alguém da academia notasse a careca na floresta e enviasse uma equipe de batedores.

Então, decidiu colocar sua mão livre no chão, usando magia da terra para procurar os restos das vítimas da Abominação. Poucos metros abaixo ele encontrou um cemitério, onde vários esqueletos foram embalados juntos.

Lith levou apenas aqueles pertencentes às bestas mágicas, ignorando restos humanos e animais.

– “Segundo a professora Wanemyre, eles podem ser usados para forjar armas e armaduras de durabilidade superior, que também podem ser infundidas com encantamentos muito mais fortes que o normal. Com tudo isso eu poderia equipar um batalhão.”-

-[“Como diabos alguém forja algo com ossos? Não faz sentido.”]- Solus objetou. – [“Eu entendo que podem ser rígidos, mas assim como qualquer osso, devem ser baseados em carbono.”] –

-“Pega leve.”- Lith encolheu os ombros. -“Me dê uma folga, ainda estou no primeiro ano de especialização.” –

Depois de armazenar tudo na dimensão marcada, seus olhos pousaram em seu equipamento surrado. O traje de caça estava cheio de buracos do tamanho de um polegar, enquanto suas braçadeiras de metal estavam danificadas a ponto de serem inúteis.

Felizmente, ele tinha um traje sobressalente, mas, infelizmente, também era o último deles.

Depois de trocar de roupa num instante, Lith voou vários quilômetros antes de parar para decidir o que fazer com o lótus vermelho. Ele não poderia colocá-lo no depósito, nem o trazer sozinho, por dois bons motivos.

O primeiro era que ele não confiava em algo vivo para deixa-lo tão perto de seus órgãos vitais. O segundo era que mesmo que fosse realmente inofensivo, o lótus vermelho não sobreviveria no caso de ele ter que liberar novamente a aura negra ou qualquer tipo de magia de si mesmo.

Por mais precioso que pudesse ser, nada era mais importante do que sua própria vida. Do jeito que estava, o lótus vermelho era um fardo ainda pior do que qualquer companheiro que ele já tivera.

O único ponto de referência que ele conhecia era a academia, então ele decidiu enterrá-lo perto da entrada, esperando que, em seu retorno, ele tivesse inventado uma maneira de contrabandear para dentro sem ser notado.

No entanto, o plano tinha uma falha enorme. Colocar uma flor perto de terra fértil era potencialmente uma receita para o desastre. E se a Abominação ainda estivesse viva e pronta para renascer assim que tivesse nutrientes suficientes?

Lith lançou todos os feitiços da escuridão que pôde usar de uma vez, antes de deixar o lótus vermelho entrar no pequeno buraco que ele cavou.

Mesmo antes que a flor pudesse tocar o solo, ela começou a criar raízes que mergulharam enquanto a própria terra se a seu alcance, estranhamente lembrando a Lith a “Criação de Adão”, de Michelangelo.

Assim que se tocaram, as raízes ficaram mais grossas, rapidamente se transformando em cipós que se enrolaram ao redor do lótus, formando o que parecia um corpo humanoide. Lith ativou os feitiços, conjurando energia escura suficiente para transformar todo o pedaço de terra em um deserto, mas não os disparou.

A Abominação nunca teve um corpo humanoide, e também, ao invés de morrer, a vegetação próxima prosperou. Incontáveis botões de flores floresceram ao mesmo tempo, as folhas amarelas voltaram a ser verdejantes.

Lith reforçou os feitiços e lançou novos, indiferente à beleza ao seu redor.

Quando a coisa parou de crescer, Lith se viu olhando para a mulher mais linda que já vira. Seus grandes olhos vermelhos brilharam na luz da manhã como rubis magistralmente lapidados. Tudo em seu rosto era perfeito, desde os traços delicados até os lábios carnudos.

Ela tinha cabelos grossos e despenteados, vermelhos como folhas de bordo durante o outono, o que lhe dava um fascínio selvagem e desenfreado. Além disso, o fato de que ela estava completamente nua, não deixando nada para a imaginação sobre suas curvas suaves e cheias.

A única coisa que traia sua natureza não humana era a pele verde clara.

“Apenas me dê uma boa razão.” Os punhos de Lith agora estavam pretos devido à enorme quantidade de energia escura que mal se continha no lugar. O ar ao seu redor estava tão cheio de magia mortal que a criatura em seu estado debilitado mal conseguia respirar.

“Eu sou uma dríade.” Ela disse como se isso explicasse tudo, com uma voz tão clara quanto a nascente de uma montanha.

“Eu não me importo.” Lith fez a energia escura avançar, não lhe deixando uma saída.

“Eu sou um dos protetores desta floresta. O monstro que você matou roubou e corrompeu meus poderes para prolongar sua existência.” Ela estava começando a ficar com medo, essa não era a reação usual que ela geralmente evocava em homens humanos.

“Ainda não é uma razão.”

“Eu posso recompensar você.” Ela mordeu o lábio inferior jogando sua última carta. 

“E em que bolso exatamente você guardaria algo de valor?” A massa escura só precisava de um último empurrão para destruí-la.

“Em nome da Grande Mãe, que tipo de homem trata assim uma donzela que ele acabou de salvar?” Seu salvador parecia impossível de agradar e completamente imune ao seu charme.

Infelizmente para a dríade, o núcleo de Lith havia se estabilizado o suficiente para superar até mesmo sua paixão por Nalear. Naquele momento, seu coração estava frio como gelo

“O tipo que não pensa com a cabeça de baixo e não confia em alguém que acabou de conhecer só porque tal pessoa tem um rosto bonito. Agora me dê um bom motivo. Não vou perguntar três vezes.”

“Porque podemos ajudá-lo.” Disse uma terceira voz.

Outra dríade emergia lentamente de um carvalho próximo, com as mãos erguidas em sinal de rendição. Antes de soltar o lótus vermelho, Lith ativou a Life Vision, no caso de outra criatura trocadora de corpos aparecer da flor.

Consequentemente, ele não perdeu a chegada da segunda dríade, permitindo que ele a visasse com os feitiços armazenados em suas mãos.

A nova dríade tinha cabelos lisos louro-trigo, usando o que parecia um vestido leve de algodão branco que deixava apenas os ombros e braços delicados expostos. Sua figura era mais esguia que a da outra dríade, mas não menos atraente.

“Se alguma coisa acontecer comigo, a ruiva vai para o inverno.” A vontade de Lith era a única coisa bloqueando a enxurrada de energia escura.

A dríade loira tirou vários tesouros naturais da árvore. Alguns que Lith tinha visto nos livros, outros eram completamente novos. Mas cada um deles, não importa se fruta, flor ou raiz, estava transbordando de energia mágica.

Vendo que ele ainda não estava se movendo, a dríade loira levou a mão esquerda ao peito. Um pequeno lótus amarelo saiu, e através de Life Vision ele pôde ver que ela havia acabado de perder uma grande parte de seu poder mágico.

“Isso é parte do meu coração.” Ela entregou a ele. “Enquanto você o tiver, minha vida estará em suas mãos.”

– [“É verdade.”]- Solus confirmou. -[“Há uma conexão clara entre eles. É como se ela lhe entregasse seu núcleo de mana.”]-

Lith capturou o lótus amarelo com magia espiritual, enviando sua vontade através dele. Obedecendo a sua ordem silenciosa, a dríade loira se ajoelhou de modo que tal cena causou nele uma sensação poderosa, mas ainda assim repulsiva. Ter esse grau de controle sobre outro ser senciente era totalmente errado.

“Como vocês podem me ajudar?” Ele sentiu apenas a verdade em suas palavras.

“Podemos encontrar uma maneira de consertar a sua alma.”



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