Volume 1
Capítulo 16
Nos dias seguintes, Lith fez várias descobertas sobre as mudanças pelas quais passou. Seu corpo parecia mais leve do que nunca, todas as suas habilidades físicas aumentadas, todos os seus sentidos mais nítidos e intensificados, em comparação com antes.
Também houve mudanças cosméticas em sua aparência. As manchas em seu corpo haviam diminuído visivelmente, sua pele estava mais lisa do que depois de um tratamento de spa na Terra, e a maioria das sardas ao redor de seu nariz e olhos havia desaparecido.
Lith anotou todas essas mudanças, tentando entender o que havia acontecido, mas não deu a mínima para efeitos de embelezamento. Mesmo sem pintas e sardas, ele ainda pareceria um caipira bruto.
Se sua mãe havia passado alguma coisa para ele, ele não percebeu. Ao contrário de suas irmãs, Lith não tinha nada de sua beleza ou graça. Elina se movia como uma bailarina, enquanto ele era rude e desajeitado o suficiente para se sentir como um homem das cavernas.
Lith tinha olhos profundos como o do pai, testa alta e nariz um pouco grande para ser proporcional ao seu rosto.
Ele não era feio, mas nem mesmo fofo. O melhor que ele podia dar a si mesmo era um sólido seis em dez. A única esperança de melhora de Lith era o surto de crescimento na adolescência, para se livrar de seu corpo magro e esquelético.
Descobrir as mudanças no núcleo de mana exigiu ainda mais tempo. Lith entendeu que sua mana havia passado por uma mudança qualitativa, tornando-se mais pura e densa.
Isso permitiu a ele lançar feitiços mais fortes, reduzindo também o tempo que ele precisava para manipular a magia elemental e espiritual, resultando em uma velocidade de lançamento mais rápida.
Por meio do Revigoramento, ele agora podia detectar a presença de um material parecido com alcatrão espalhado por todo o corpo, em seus órgãos, vasos sanguíneos e até mesmo na via neural.
Sempre que ele usava a técnica de Acumulação, ele podia sentir as partículas menores semelhantes a alcatrão sendo puxadas em direção ao núcleo de mana, enquanto as maiores se fragmentavam com o tempo, diminuindo de tamanho antes de realmente se moverem.
Confiante em sua nova força, Lith começou a se aprofundar na floresta, caçando presas maiores. Ele não tinha mais medo de predadores. Em vez de evitá-los, ele começou a cuidar deles.
Lith queria que sua família tivesse pelo suficiente para fazer um conjunto de roupas quentes para todos. Ele estava cansado de ser forçado a usar tantas camadas de roupas durante o inverno, que não conseguia andar direito, balançando a cada passo como um pinguim.
O problema era que Lith ainda se movia pela floresta fazendo muito barulho, exalando intenção de matar o suficiente para espantar qualquer coisa que não fosse estúpida ou desesperada o suficiente para ficar em seu caminho.
Era apenas graças ao feitiço Life Vision combinado com a magia espiritual que ele ainda era capaz de caçar. O alcance da magia do espírito havia se expandido para mais de 30 metros de alcance, então ele poderia facilmente matar qualquer animal que tentasse escapar subindo em árvores ou levantando vôo.
Quando Lith não conseguia pegar nada, ele abatia qualquer pássaro que cometesse o erro de voar dentro de seu alcance.
Um dia, Lith estava explorando uma nova área da floresta Trawn, na esperança de encontrar uma refeição de pele, matando dois pássaros com uma pedra.
Enquanto olhava para um pequeno monte, sua visão de Vida avistou três forças vitais escondidas alguns metros abaixo do solo. Eles não eram fortes o suficiente para serem predadores, mas eram grandes o suficiente para ser um almoço perfeito.
‘Se forem roedores ou outros animais espertos, pode haver mais de uma saída. Não tenho tempo a perder, vou forçá-los a sair!’
Depois de chegar ao ponto mais alto do monte, sempre mantendo os dois olhos no prêmio, ele usou a magia da terra.
“Magna!” O chão ao redor dele começou a tremer, fazendo a toca e os pequenos túneis desabarem. As criaturas começaram a entrar em pânico, tomando o caminho mais direto para fora.
Lith começou a correr, seguindo seus movimentos subterrâneos o mais próximo possível, não os deixando sair do alcance da magia dos espíritos.
De um buraco bem escondido perto de um arbusto, saíram três coelhos grandes e gordos, dois deles ainda usando uma pele branca como a neve.
“Que Sorte!” Lith gritou enquanto estalava os dedos, forçando o pescoço dos coelhos a um giro de 180 °.
“Vou ficar com a marrom branca para mim, enquanto trocarei as outras duas peles com Selia por alguma pele de menor qualidade, mas muito mais quantidade. Hoje é realmente meu dia de sorte.”
Lith estava acostumado a ficar sozinho na floresta para sempre pensar em voz alta, para quebrar a sensação de isolamento. Ele pendurou os coelhos no cinto pelas orelhas e começou a caminhar em direção à casa de Selia.
Depois de alguns passos, Lith ouviu um som estranho se aproximando. Ele nunca o tinha ouvido antes, então começou a procurar por sua fonte. Logo ele viu dois cavalos à distância, galopando em sua direção.
‘Merda! Parece que tenho falado muito alto. Lutar ou fugir?’ Para responder à sua própria pergunta, ele ativou a Visão da Vida novamente. Os cavalos eram apenas cavalos, enquanto os homens estavam longe de impressionar.
O que estava tomando o ponto era tão forte quanto Selia, enquanto o que estava atrás era ainda mais fraco do que Raaz, o pai de Lith.
Lith se forçou a esconder um sorriso cruel. ‘Bem, bem. Meu primeiro encontro com completos estranhos neste novo mundo! Eles são boas pessoas? Aposto que humanos são humanos em todos os lugares. Isso significa que eles são uns babacas! Mal posso esperar para descobrir!’
Lith ficou parado, esperando que eles chegassem.
O primeiro homem era claramente um servo, vestido com uma roupa de caçador feita de couro de baixa qualidade com um brasão no peito e nos ombros. Ele era um homem de meia-idade com barba por fazer, cabelo curto e preto como breu, olhos maldosos e raivosos em um rosto digno de uma fotografia.
O que estava atrás dele vestia um terno de muito melhor qualidade, provavelmente novo em folha. Ele usava o mesmo brasão no peito, mas este parecia ser feito de seda e bordado a ouro.
Ele era um garoto de talvez dezesseis anos, com um rosto bonito e a constituição de um modelo de maiô. O couro justo enfatizava seu corpo musculoso movendo-se em sintonia com seu cavalo.
Lith estava realmente chateado e sabia exatamente por quê.
‘Eu realmente espero que ele seja tão idiota quanto bonito. Do contrário, não apenas serei forçado a começar a acreditar no príncipe encantado, mas também morrerei de inveja.’
“Ei, garoto!” O criado tinha um tom de voz rude. “O que foi aquele barulho de antes?”
Lith colocou sua melhor expressão inocente, brincando de lobo em pele de ovelha.
“Bom dia, senhor. Era só eu caçando. Me desculpe se assustei você.” A voz de Lith soou genuinamente apologética. Ele queria dar a eles o benefício da dúvida.
“Onde voce comprou esses?” Ele disse ignorando as desculpas de Lith e apontando para os coelhos.
“De uma toca de coelho. Eles são o meu jogo.” Lith sorriu observando os dois.
“Dê-nos agora. Eles vão fazer um muff perfeito para minha mãe.”
O belo jovem também tinha uma bela voz.
“Se você realmente sente muito, deve nos oferecer uma compensação adequada. Mesmo um plebeu como você deve saber o básico da decência.” Ele disse com um sorriso zombeteiro.
Lith abandonou o ato como uma granada viva.
“Sério? Roubar uma criança em plena luz do dia? Você não tem vergonha?”
“Pirralho!” O servo repreendeu. “Você sabe com quem está falando? Ele é filho do barão Rath, senhor destas terras.”
Lith começou a rir alto.
“Por favor! A floresta Trawn não tem dono, exceto talvez o conde Lark. Pare de vomitar besteiras só para cobrir suas desculpas. E, além disso, VOCÊ sabe com quem está falando? Eu sou o Mago Supremo!”
“Veja o que acontece quando você perde seu fôlego com plebeus, Korth?” O jovem nobre pegou o arco curto que carregava nas costas, encaixando uma flecha. “Eles são muito estúpidos, está na natureza das coisas.”
Ele atirou a flecha com uma mira perfeita no coração de Lith.
Mas Lith estava longe o suficiente e mantinha muitos feitiços prontos na ponta dos dedos. Com um aceno de mão, uma forte rajada de vento atingiu a flecha do lado, fazendo-a girar fora de controle antes de atingir o solo a metros de distância do alvo pretendido.
Apesar de estar pasmo, o jovem nobre foi capaz de manter a calma, encaixando outra flecha enquanto ordenava a Korth que matasse o garoto.
Lith levantou a mão esquerda, congelando Korth no lugar com magia espiritual, enquanto com a direita ele assumiu o controle da flecha, que escapou dos dedos do jovem antes de acertá-lo no olho.
O jovem caiu de seu cavalo, gritando de dor
“E pensar que eu até me preocupei em dar a vocês uma chance de sair daqui com vida.” Lith suspirou balançando a cabeça.
“Espere! Se você matar o jovem lorde, você e quem você ama vão morrer! Pense nisso.”
Lith começou a rir de novo. “Sério? E como eles poderiam descobrir o que aconteceu aqui?” Lith moveu o polegar esquerdo e Korth percebeu com horror que sua mão direita estava se movendo contra sua vontade, desembainhando a faca de caça que carregava em seu cinto.
“Espere, por favor! Tenha misericórdia! Não faça isso, você é apenas uma criança!” Ele implorou.
“Então, quando você quer matar, você mata. Mas quando você perde, eu devo mostrar misericórdia?” O rancor em sua voz era palpável. Lith abaixou seu dedo anelar, levando a faca para a garganta de Korth.
“Já que você é apenas um servo, vou lhe dar uma morte limpa.” Com um piscar do dedo mínimo, Lith forçou Korth a cortar sua garganta de orelha a orelha.
Então ele se aproximou do jovem nobre que ainda estava se contorcendo de dor, indiferente ao que acabava de acontecer com seu servo leal.
“Quanto a você, você é o tipo de cara que eu mais odeio!” Com uma das mãos, Lith o manteve congelado no ar, enquanto usava a outra para socá-lo sem parar.
“Você tem tudo caralho! Dinheiro, beleza, um futuro brilhante, e tudo o que você pode fazer com esses tesouros é ferrar aqueles que já estão lutando para sobreviver?”
Lith odiava os humanos mais do que tudo, mesmo na Terra a única coisa que mantinha sua raiva sob controle eram suas responsabilidades para com sua família.
Mas no novo mundo não havia câmeras, nem GPS, nada. Havia apenas poder e, pela primeira vez, era ele quem o sustentava.
“Você sabe, eu tenho uma irmã muito doente.” Lith disse depois de desabafar. “Eu nunca poderia praticar magia negra em seres vivos, porque usá-la em animais é simplesmente cruel. Você, por outro lado, é apenas um monstro com rosto de homem. Você será um espécime perfeito para minha pesquisa.”
A floresta de Trawn ressoou com gritos por horas antes que a morte pudesse reclamar seu prêmio.