Magia Gênesis Brasileira

Autor(a): Rafaela R. Silva


Volume 1

Capítulo 10: Rumo ao desconhecido. Desespero!

Após finalmente analisarem a região, traçaram a melhor rota até o tal templo na caverna. O homem enviado por Akhas se certificava de que o grupo estava devidamente preparado e com os suprimentos necessários.

Todos já haviam se banhado e se alimentado bem, restava apenas o retorno de Varbbek. Vladmyr ainda hesitante, tentava achar a melhor forma de se desculpar com Lenna, mesmo após a explicação de supetão de Cázhor, ainda era difícil engolir seu orgulho e ir contra toda a história que lhe contaram por anos.

— Meus caros, nosso líder pediu para avisá-los de que em breve se unirá ao grupo — disse o homem que os acompanhava desde cedo.

— Até que enfim! — Vladmyr revirava os olhos, impaciente.

O jovem oficial estava sentado em uma grande pedra próximo aos demais. Terminava de ajeitar suas coisas para a viagem. Levantando-se vagarosamente, pegou sua espada, colocando-a na bainha e a prendeu em um tipo de cinto que facilitava carregá-la nas costas. Ele seguiu em direção a Lenna, tocou em seu ombro enquanto ela estava de costas, fazendo-a assustar-se ao perceber quem estava atrás dela.

— Pelos deuses! Que susto! — Com o olhar desconfiado, Lenna segurava fortemente sem perceber uma bolsa com suprimentos diante do seu peito, claramente estava tensa e sem entender o porquê que aquele cara estava a encarando.

Ela fazia sempre um biquinho com os lábios quando se sentia com raiva. Vladmyr era consideravelmente maior que ela e ver essa cena de cima era gracioso.

— O que você quer?

“Até que é bonitinho quando ela faz isso... Espera! Por que ela está me encarando?”

Ao perceber que ela aguardava impacientemente a resposta, se deu conta de que a estava olhando fixamente, situação que o deixou ainda mais travado ao tentar falar algo. Ela ainda o encarava esperando alguma ação, por estar bem próxima, ele se sentia desconcertado ao olhar para ela, isso fez com que ele desviasse o olhar.

— Oiiii... Me chamou à toa?

Sem graça, ele cruzou os braços, puxou o ar, mas quando pensou em falar, foi interrompido por uma voz.

— Tenho mais coisas a fazer, depois vocês podem brincar de namoradinhos, agora o mais importante é chegarmos na caverna — a voz era de Varbbek que esperava impacientemente com os demais do grupo.

Foi só nesse momento que Vladmyr se deu conta de que estavam sozinhos ali. O que o deixou ainda mais sem graça ao ponto de não conseguir terminar o que mal havia começado. Abaixou-se rapidamente para pegar sua bolsa e começou a caminhar em direção aos demais.

— Vamos! — De tudo o que pensou em dizer, ele resumiu em apenas uma palavra.

Claramente emburrado, Vladmyr se uniu ao grupo, deixando Lenna ainda mais confusa. Como ela não estava com vontade de render qualquer tipo de assunto com ele, a conversa se encerrou ali.

Varbbek liderava o grupo guiando o caminho, seguido juntamente por Ector e Cázhor, cobrindo a retaguarda Eduardh, Lenna e Vladmyr. Ela ainda estava curiosa para saber o que ele queria conversar, mas devido a suas atitudes desde que se conheceram, tinha receio de qualquer contato. Seus pensamentos confusos e perdidos não a deixaram perceber que encarava Vladmyr diretamente, fazendo com que o clima ficasse mais constrangedor ainda.

— Nunca imaginei que você era do tipo que se gabava tanto de empunhar sua espada para proteger os outros e, na hora em que mais precisasse agir, travaria como um pequeno gatinho medroso! — disse Eduardh ao perceber aquela cena. Estava claro que isso o incomodava.

— Como é?!

— Era o mínimo que se esperaria de um recém-formado Oficial da guarda armad...

Sua frase acabou sendo interrompida quando Vladmyr, subitamente, o agarrou pela gola, trazendo-o para perto de si. O encarava olhando levemente para cima, afinal Eduardh era ligeiramente mais alto que ele. Apesar da situação, Eduardh encarava toda raiva de Vladmyr com um olhar debochado, pois seu plano de irritá-lo tinha sido concluído com sucesso, isso o deixou feliz.

Cázhor e Varbbek ignoraram a situação e continuaram caminhando, provavelmente desistiram de tentar interceder, sabendo que seria sem sucesso e isso se prolongaria por muito tempo ainda. Lenna não queria se intrometer, apesar de achar as palavras de Eduardh exageradas, concordava na maioria do que ele dizia.

— Ei, garotos! Acham que agora realmente é o melhor momento para resolverem isso? Depois vocês podem se matar, mas antes temos uma missão a cumprir, se comportem como adultos, ou eu mesmo usarei o couro de cada um para limpar meu machado, já estou sem paciência com vocês! — Ector, já cansado com aquela rixa, disse num tom sério e imponente.

Claramente era o que os demais pensavam também, claro que não de uma forma tão bruta, porém foi o suficiente para que Vladmyr largasse imediatamente Eduardh e, sem muitas opções, ficasse ao lado de Lenna, que acabou tendo que caminhar entre os dois.

Durante o caminho, apesar de tentar esconder, Varbbek estava visivelmente cansado, mas mantinha a compostura. Estava claro, para ele, a preocupação do grupo, mas não queria comentar sobre o assunto, queria evitar qualquer sentimento de pena por sua atual condição. Ele sempre foi muito vigoroso e, mesmo após o pouco tempo de repouso desde a batalha, estava bem acima da média de recuperação que um guerreiro normal teria.

Suas expressões eram duras de fato, mas, para pessoas que conheceu a pouquíssimos dias, não era de se estranhar. Se comunicando somente o básico, após uma longa caminhada, finalmente chegaram a tal caverna.

— Bom, é aqui que me despeço de vocês. Creio que não seria de muita utilidade no meu atual estado, como já perceberam e não tenho a intenção de ser um estorvo para ninguém — disse Varbbek enquanto retirava um pequeno frasco com um líquido roxo vibrante.

O grupo parou diante de uma incrível massa rochosa, sem entender o que ele planejava e onde seria a tal entrada. Foi quando o druida começou a falar em um dialeto antigo, utilizando o líquido para derramar em sua mão direita, logo em seguida fez um pequeno corte com um punhal que levava consigo. A mistura de seu sangue com esse líquido estranho, reagiu ao tocar em uma parte daquela enorme montanha de pedras.

Enquanto o líquido escorria, um símbolo luminoso se formava, com escrituras semelhantes às utilizadas em selamentos por magos da cúpula. Cázhor reconheceu parcialmente o ritual, pois alguns elementos que o druida utilizou eram novidades até mesmo para ele.

— Um selo de linhagem, se é o que iria perguntar — disse Varbbek, enquanto enfaixava a mão que ainda pingava um pouco de sangue devido ao corte.

— Não quer ajuda? — Lenna parecia realmente preocupada com a ferida, ainda mais devido ao estado que ele estava.

— Fique tranquila, estou bem. Isso evita que qualquer um faça o ritual para liberar a entrada da caverna.

O lugar era enorme, porém sua entrada só foi perceptível, quando o druida utilizou o encantamento para permitir a passagem do grupo.

— Tudo bem o senhor voltar sozinho? — Preocupada devido ao estado atual do druida e ao tanto que precisaram caminhar para chegar até ali, Lenna perguntou.

— Agradeço a formalidade, mas não sou muito mais velho que você, eu creio. E você tem mais coisas para se preocupar — ele ainda mantinha seu tom sarcástico — como, por exemplo, evitar que esses dois se matassem em algum momento.

— Toma! — Varbbek jogou um pequeno frasco em direção a Lenna.

— O quê!? — Ela se desesperava ao ser pega de surpresa, equilibrando o frasco de uma mão para a outra, na tentativa de não o deixar cair.

 — É um líquido semelhante ao que usei no ritual, vão precisar dele para sair daí. Então é melhor mantê-lo seguro, se quiserem garantir o caminho de volta para casa. — Estranhamente soltou um leve sorriso, como se realmente desacreditasse na eficácia do grupo.

Logo após despediu-se formalmente, quase que de forma obrigatória. Depois, se pôs a fazer o caminho de volta, até se misturar as folhagens à frente e desaparecer de vista.

Já na entrada da caverna, dava para sentir uma grande e poderosa magia que emanava do seu interior. Uma atmosfera pesada, chegava ao ponto de se sentirem comprimidos por uma grande massa. A mudança foi tão drástica que seus corpos pareciam rejeitar a entrada. Vladmyr e Ector aparentavam ser os mais afetados, mesmo fisicamente mais vigorosos, não tinham tanta intimidade com o fluxo de magia. Até mesmo Cázhor, Lenna e Eduardh sentiam os efeitos do ar denso.

Poucos metros à frente, a sensação de mal-estar piorou, chegando ao ponto de os guerreiros sentirem fortes náuseas, mal conseguiam respirar. Eduardh tentava auxiliar ambos servindo de apoio, porém sua visão se tornou turva rapidamente, fazendo-o apoiar-se na parede em meio ao caminho.

— Sr. Hardro? Tá tudo bem? Sr. Hard... — Lenna não teve forças para continuar. Acabou sendo amparada por Cázhor, que respirava ofegante, mas se mantinha firme.

O mago não teve muito tempo para pensar, tudo estava acontecendo muito rápido e ele não entendia qual era a origem daquela forte pressão. Com o restante do grupo incapacitado, ele buscava a melhor forma de sair dali. A cada passo, sentia fortes dores de cabeça e sua visão oscilava. Quando finalmente se aproximou da saída, o que viu lhe trouxe desespero.

“Mas o quê?” Foi a única coisa em que conseguiu pensar.

Sua última visão do lado de fora foi encoberta pela escuridão da passagem se fechando e a completa escuridão tomando todo o lugar.



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