Luvas de Ifrit Brasileira

Autor(a): JK Glove


Volume 3

Capítulo 95: Professora Sem Limites

Os olhos de Moara ardiam de pura fúria. Ela desceu lentamente as arquibancadas, enquanto alguns alunos ajudavam Kreik a subir. O jovem ruivo, agora bastante ferido, lançou-lhe um olhar preocupado.

— Deixa isso de lado, Moara. Eu vou ficar bem — disse ele com dificuldade.

Moara forçou um sorriso, mas seus olhos traíam sua verdadeira intenção.

— Não se preocupa comigo, Kreik — ela respondeu, cerrando os punhos. — Mas essa professora merece umas porradas.

Kreik suspirou, franzindo o cenho.

— Não subestime a professora Areta. Pelo pouco que ela mostrou, já dá pra ver que ela é mais forte que o Guinter.

A jovem não se deixou abalar pelas palavras do amigo, mas sabia que ele tinha razão. Ainda assim, sua determinação não vacilava.

— Não importa quão forte ela seja — respondeu, a voz firme. — Eu não vou recuar.

Kreik sentou-se ao lado de Joabe e Rufus. Este pediu perdão pela forma que a mãe dele estava conduzindo a aula. O mago ruivo apenas sorriu respondendo que ele não precisava desculpar, já que eram amigos.

Essa resposta deixou Rufus desconcertado e Donny pediu que se calassem e prestassem atenção na aula, antes que a professora Areta faça coisa ainda pior.

Moara finalmente chegou ao centro do ginásio, ficando frente a frente com a professora Areta, que exibia um sorriso desdenhoso.

— Já tô aqui, fessorinha. Podemos continuar a aula! — desafiou Moara, com os punhos ainda cerrados.

Areta arqueou uma sobrancelha, mantendo o mesmo tom de desprezo.

— Espero que você consiga me ajudar na aula até o fim, criança.

— Pode apostar!

Areta então prosseguiu, ignorando o desafio implícito.

— O próximo potencializador de aura que vamos demonstrar é o...

Antes que a professora pudesse terminar, Moara já avançava, seu punho envolto em uma camada de pedra.

— Gaia Punch! — gritou ela, mirando o estômago da professora com toda a força que tinha.

O soco atingiu o alvo, mas Areta nem se mexeu. Um sorriso maléfico surgiu em seu rosto, e, num instante, Moara foi repelida, sendo jogada para longe e arrastada pelo chão do ginásio. Surpresa, Moara se levantou, limpando o sangue no canto da boca.

“Impossível...”, murmurou para si mesma. “Como ela conseguiu repelir meu ataque?”

Areta, sem perder a calma, ergueu a camisa ligeiramente, revelando uma pequena barreira mágica ao redor de sua barriga.

— Vejam, alunos — começou Areta, como se nada tivesse acontecido. — Esse potencializador de aura é o Vazio Controlado. Ele permite que você esvazie seu poder mágico e o faça emergir de uma vez, realizando ataques surpresas ou revestindo partes do corpo por um determinado período de tempo. Dominando esse poder, é possível criar armaduras mágicas ou realizar movimentos abruptos e inesperados.

Moara, irritada, se colocou de pé novamente.

— Tá se achando só porque meus golpes físicos não funcionaram, né? — gritou ela, afastando-se para ganhar espaço. — Vamos ver se a sua barreira aguenta um ataque à distância! Gaia Shoot!

Com uma postura firme, Moara materializou um grande pedregulho em suas mãos, socando-o com força. A rocha foi lançada com velocidade contra Areta.

A professora, calma como sempre, aproximou as mãos. Um cubo de energia surgiu entre elas.

— Eu mostrei o Vazio Controlado no revestimento, agora, observem sua outra faceta.

Ela lançou o cubo, que cresceu no ar até encapsular completamente o pedregulho. Com um movimento dos dedos, o cubo se dividiu em várias partes menores, cada uma contendo um fragmento do ataque de Moara.

— Venha! — gritou Areta, sorrindo com arrogância. — Ou está com medo? Parece que já perdeu as esperanças, e é porque mal começamos.

A provocação inflou a ira de Moara.

— Vou arrancar esse sorrisinho da sua cara! — gritou ela, correndo em direção à professora.

Areta moveu as mãos como se estivesse conduzindo uma orquestra, e os cubos se reorganizaram ao redor dela. Quando Moara chegou perto o suficiente, os cubos se abriram, liberando os fragmentos do pedregulho, que atingiram Moara de todos os lados. Ela foi jogada ao chão aos pés de Areta.

A professora se virou, ignorando Moara caída, e continuou sua explicação.

— Minhas barreiras cúbicas circularam sem manifestar poder mágico até o momento certo. No instante oportuno, liberei a energia de forma abrupta, pegando a oponente desprevenida.

Moara, teimosa como sempre, levantou-se novamente. Com um último esforço, ela tentou desferir outro Gaia Punch, mirando a nuca de Areta. Mas a professora, balançando o dedo de cima para baixo, conjurou uma barreira retangular que caiu sobre Moara, prendendo-a no chão.

— Não seja mal-educada, criança — repreendeu Areta, com um olhar desdenhoso. — Ainda estou explicando. Logo, logo, retomaremos as demonstrações práticas.

Moara tentou resistir, mas a pressão da barreira era esmagadora. Ela mal conseguia se mover, seus ossos doíam sob o peso da magia.

Areta continuou, ignorando o sofrimento de Moara.

— O Vazio Controlado exige domínio absoluto da temperança. Você deve rejeitar qualquer descontrole emocional, subordinando seus sentimentos aos seus objetivos.

Rydia, que assistia à luta de perto, olhou para Moara com compaixão. Ela sabia que sua amiga estava sendo testada além dos seus limites, mas a expressão silenciosa de Rydia foi suficiente para transmitir a mensagem. Moara, mesmo sem ouvir uma palavra, entendeu: “Resista”.

Areta, satisfeita com sua demonstração, desfez a barreira, libertando Moara. Um olhar predatório surgiu em seu rosto, e sua voz soou como um decreto.

— Agora vamos para o quarto potencializador de aura... Território de Caça.

Areta ergueu as mãos à frente, conjurando uma grande barreira retangular. A estrutura mágica brilhava intensamente enquanto avançava lentamente na direção de Moara. A jovem, ao perceber que não poderia desviar para os lados devido ao comprimento da barreira, começou a correr para trás, tentando ganhar tempo. Seu corpo pulsava de adrenalina enquanto seus olhos focavam na barreira que se aproximava.

“O que essa velha mocoronga tá planejando?”, pensou Moara, irritada. “Essa barreira parece poderosa, mas não é tão rápida.”

Ela continuou recuando, avaliando cada movimento de Areta. No entanto, quando percebeu que a barreira havia parado de avançar, um sorriso confiante brotou em seus lábios.

— Fessora, fessorinha, parece que sua barreira chegou ao limite do alcance! — gritou Moara, provocando. — Acho que você não é tão temível quanto pensa.

Rydia, que observava cada detalhe da cena com atenção, mantendo os olhos fixos em Areta, tentando captar o que ela planejava. Algo não parecia certo. Aquele sorriso confiante no rosto da professora revelava um segredo.

“Ela está tramando algo, tenho certeza... mas o quê?”, pensou Rydia, inquieta.

Então, Areta, ainda com o mesmo sorriso, concentrou energia em seus olhos, que brilharam levemente. Rydia entendeu imediatamente o que estava por vir e gritou para Moara:

— PULA!

A advertência veio no exato momento em que Areta ergueu uma das mãos e fez um movimento brusco no ar, impulsionando a barreira com uma velocidade muito maior na direção de Moara. O chão pareceu tremer com o impacto iminente.

Mas Moara, graças ao aviso de Rydia, reagiu a tempo. Ela pisou com força no chão, gritando:

— Gaia Awakening (Despertar de Gaia)!

De repente, um pilar de terra ergueu-se sob seus pés, levando-a para o alto. A barreira passou por baixo, colidindo com o pilar e despedaçando-se em fragmentos. Moara, aliviada, pousou do outro lado, ofegante.

— Essa foi por pouco... — murmurou, sentindo o coração martelar no peito. — Essa professora não sabe o que é limite?

Areta lançou um olhar frio para Rydia.

— Ludya, explique-se.

— Desculpe, professora. — Rydia se recompôs, mantendo a postura séria. — As palavras apenas escaparam. Não tive a intenção de ajudar a aluna, apenas observava a luta me pondo no lugar dela para aprender mais e acabei agindo institivamente.

Areta arqueou uma sobrancelha, mantendo o tom rígido.

— Eu deveria puni-la por interferir na luta. Contudo, o fato de você ter percebido o meu movimento apenas observando em tão pouco tempo é extraordinário. Isso revela seu potencial. Desta vez, vou relevar.

Moara, ainda se recuperando, cerrou os punhos e pensou, irritada: “Essa mequetrefe tá me ignorando completamente.”

Sem perder tempo, Moara começou a correr ao redor do ginásio, deslizando as mãos sobre o chão e invocando duas ripas de terra. Com um movimento ágil, ela lançou as ripas na direção de Areta. No entanto, a professora bloqueou o ataque com outra barreira, sem esforço.

— Droga! Ela bloqueou como se fosse nada.

Areta, impassível, materializou várias barreiras quadrangulares, semelhantes a pequenas paredes, e as lançou na direção de Moara, que corria para desviar. Enquanto isso, Areta perguntou num tom de voz rígido e alto para que todos os alunos pudessem ouvir:

— Ludya, diga aos alunos quais foram suas conclusões que lhe fizeram gerar aquele alerta!

— Na física, quando se exerce uma força sobre um objeto, ele se desloca com uma determinada aceleração que diminui até chegar ao seu limite, a menos que a força seja renovada. Isso também se aplica às técnicas mágicas. A professora Areta, inicialmente, mostrou o alcance da barreira, a qual também perdia lentamente potência. Mas ao concentrar sua energia em seus olhos, ela renovou a força, expandindo o alcance e a velocidade da barreira, quase como se estivesse ao lado dela o tempo todo.

— Esplêndido, Ludya! Explicou como uma verdadeira professora. — Ela sorriu, enquanto continuava atacando Moara com as barreiras. — O Território de Caça expande os limites do alcance das técnicas, mantendo a potência dos golpes constante. Se dominado, vocês poderão moldar habilidades com mudanças de trajetória, alcance estendido, e até golpes teleguiados.

Moara, ainda desviando das barreiras, refletiu rapidamente: “Faz sentido... Aquele major mequetrefe do vilarejo do Kreik deveria dominar esse Território de Caça. É por isso que os tomahawks dele se uniam, expandindo o alcance e o número de cortes.”

Areta fixou novamente seus olhos predatórios em Moara e lançou três barreiras com uma velocidade ainda maior. A maga de terra não teve tempo de desviar. As barreiras a atingiram em cheio, fazendo-a cair no chão, cuspindo sangue. Seu corpo doía, e ela sentia o peso da magia da professora.

— O Território de Caça exige uma concentração total — continuou Areta, com sua voz ressoando pelo ginásio. — O mago deve focar inteiramente no oponente, esquecendo tudo ao redor, como um predador caçando. Isso aumenta o alcance e a potência das técnicas, mas reduz a visão periférica, o que pode ser perigoso.

Areta se aproximou de Rydia e sussurrou, quase inaudível:

— Vou demonstrar o quinto potencializador. Sente-se na arquibancada. Preciso de espaço.

Rydia obedeceu, caminhando lentamente, mas seus olhos ainda estavam em Moara. A jovem estava visivelmente machucada, mas teimosa como sempre, se levantou e desafiou a professora:

— Eu posso ficar o dia inteiro nessa aula prática.

— Seu corpo diz outra coisa. — Areta sorriu, zombeteira. — Mas já estamos perto do fim.

A professora então colocou a mão no chão, e um símbolo rúnico brilhou sob seus dedos.

— Vamos para o quinto potencializador... Trunfo do Caçador!

Após materializar o símbolo rúnico no chão, Areta recuou, cruzando os braços com um sorriso provocador no rosto.

— Não vai vingar seu amiguinho? Pode vir. Vamos lutar do jeito que você gosta. Um combate corpo a corpo, mas já vou avisando... — ela olhou de soslaio para Moara, com um sorriso malicioso. — Olhe para baixo! Hahaha!

Moara cerrou os punhos, cobrindo-os com camadas de pedra. Um brilho determinado surgiu em seus olhos enquanto avançava.

— Excelente! É assim que eu gosto! — gritou ela, com os punhos fechados e prontos para atacar. — Vamos ver como fica esse seu sorrisinho debochado depois de uns belos socos na cara!

Areta sorriu mais uma vez e correu em direção à aluna. As duas se aproximaram rapidamente, e Moara foi a primeira a atacar, lançando uma sequência de socos poderosos. Contudo, mesmo com as mãos para trás, Areta desviava com uma facilidade desconcertante, movendo o corpo de forma graciosa. Moara não desistia e continuava a golpear, mas cada soco parecia cortar o vento.

— Você se vangloria tanto do combate físico, mas não vejo nada demais... — provocou Areta, desviando mais um golpe. — Seus movimentos são lentos, repetitivos... E nada estratégicos.

— Eu vou te mostrar a minha estratégia! — retrucou Moara, acelerando seus ataques e forçando Areta a recuar alguns passos.

Enquanto as duas lutavam, Rydia, sentada na arquibancada, observava atentamente.

“Moara, sua idiota... você caiu facilmente na provocação da professora. Ela tá te conduzindo diretamente para o símbolo rúnico sem nem perceber...”, raciocinou Rydia, cruzando os braços com um olhar sério.

Perto da lata de lixo, Uji, vestido de faxineiro, assistia ao combate com a atenção de um caçador à espreita.

“Não sei o que a professora planejou com aquele símbolo rúnico, tenho certeza que não é boa coisa. Minha intuição fala para intervir”, pensou o samurai.

Ele sabia que a luta era uma distração perfeita, e sem que ninguém o notasse, começou a se mover lentamente, aproximando-se de Moara e Areta.

Moara, tomada pela raiva e pela frustração de não conseguir acertar nenhum golpe, avançava cada vez mais, aproximando-se perigosamente do símbolo rúnico no chão. Areta, com um olhar satisfeito, continuava a desviar, conduzindo a jovem diretamente para a armadilha.

De repente, Uji, percebendo a proximidade de Moara com o símbolo, começou a correr com todas as suas forças.

“Droga! Nessa velocidade não vai dar tempo... Vamos corpo, se mexe, eu preciso chegar lá antes da Moara... Não! Eu vou chegar antes!”, raciocinou Uji, seus passos cada vez mais rápidos e decididos, até que seu corpo se moveu como um borrão.

No instante em que Moara estava prestes a pisar no símbolo, Uji surgiu, empurrando-a com força para longe e pisando ele mesmo no centro do símbolo rúnico.

No mesmo instante, uma barreira mágica emergiu do chão, cercando Uji em uma prisão circular que começou a se contrair lentamente.



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