Luvas de Ifrit Brasileira

Autor(a): JK Glove


Volume 3

Capítulo 117: Fecha-te Sesámo!

Em meio ao jardim da universidade, na calada da noite, Rufus se encontrava mais atrás, com a mão fraturada, mais a frente estavam Joabe, Kreik, Cassie e Uji, encarando o poeta fantasma, Magna Fábula, o qual era controlado pelo seu mestre que se encontrava na penumbra, dentro de um dos prédios da Universidade, oberrvando a luta de longe. Ao lado de Magna Fábula estavam seus clones, Kenia, Vicente e Moara,  e Prya, a qual seguia curando suas feridas com uma runa.

Cassie olhou para Kreik com curiosidade estampada no rosto e sussurrou:

— Quem é esse cara?

Kreik deu um leve sorriso, apesar da situação, e respondeu:

— Esse é Uji, outro membro da guilda.

Joabe, ainda tentando processar a aparição de Uji, estreitou os olhos e perguntou, cético:

— Ei, Uji, como você sabia que estaríamos aqui?

Uji abriu um sorriso maroto ao se lembrar do momento que acontecera mais cedo. Imaginou-se de volta ao corredor da guilda, logo após a reunião da guilda. Ele estava a caminhar despreocupadamente quando sentiu uma mão pesada em seu ombro. Ao se virar, deu de cara com Baan, que olhava para ele com uma expressão séria.

— Uji, preciso de um favor. Pode estender seu expediente e passar a noite aqui na universidade? — disse Baan, mantendo o tom grave.

Animado, Uji deu uma leve cotovelada no braço de Baan, piscando de forma sugestiva.

— Eita, Baan! Tá planejando alguma coisa? Quem sabe um happy hour com as professoras?

Baan revirou os olhos, frustrado.

— Que? Nada disso! — suspirou. — A verdade é que algo me diz que Kreik e Joabe provavelmente vão acabar lutando com o poeta fantasma de novo... esta noite.

— Você tá de brincadeira, Baan. — Uji arregalou os olhos, incrédulo. — Eles não fariam isso... Principalmente após você pedir para evitarmos um confornto direto contra ele.

Baan cruzou os braços, refletindo por um instante, antes de acrescentar com um toque de orgulho:

— Uji, nunca subestime o grau de burrice de um membro da nossa guilda.

Kreik e Joabe interromperam a lembrança de Uji, suas vozes se fundindo em um coro indignado:

— QUE DIABOS DE FRASE É ESSA?!

Uji deu de ombros, ainda sorrindo.

— Não reclamem comigo, reclamem com ele. — Ele então virou-se para Cassie, trocando o tom brincalhão por um mais sério. — Ei, gatinha, cuide dos meus amigos. Leve-os daqui, eu vou ganhar tempo para vocês escaparem.

Cassie assentiu com um olhar determinado, logo materializando um tapete persa colorido e uma tiara adornada com um véu, ambos em tons de azul e laranja.

— Forja Básica: Relíquias Fantásticas de Sherazade!

Ela virou-se para Kreik, mantendo-se focada.

— Você pega a Clemência e eu levo o Joraco comigo. Nos encontramos lá onde tá o Rufus.

Kreik concordou e, apesar dos ferimentos, impulsionou-se para o alto com um esforço visível. Cassie, por sua vez, acomodou-se no tapete e olhou para Uji, determinada:

— Vou só deixar esses dois em segurança e já volto para te ajudar, não vamos te deixar ser capturado!

 

 

Uji piscou para ela, um sorriso de confiança nos lábios.

— Vai lá, garota.

Cassie ordenou ao tapete que voasse, e ele começou a levá-la para a direção de Joabe, planando suavemente. Enquanto ela avançava, o clone de Kenia tentou se aproveitar da distração para investir contra Cassie, lançando-se para o ataque. Mas Uji, rápido como um raio, se adiantou, e com um chute preciso acertou a barriga do clone, jogando-a para longe e abrindo caminho para Cassie continuar seu trajeto.

Uji voltou o olhar para o poeta fantasma, um brilho de desafio em seus olhos.

— Ei, já te falei, eu vim tirar o lixo.

O poeta fantasma, sem perder a compostura, ordenou a Prya:

— Fique mais atrás e continue se curando, Prya. Ainda preciso de você inteira.

Ele olhou então para os clones e, com um leve movimento de cabeça na direção de Uji, deu a ordem silenciosa para que o atacassem.

Os três clones avançaram ao mesmo tempo, seus movimentos calculados e sincronizados, formando um arco ao redor de Uji. Kenia lançou uma série de golpes rápidos, com a leveza e precisão de uma dançarina mortal; Vicente brandia uma lâmina longa, a cada movimento deixando um rastro de luz esverdeada; e Moara pisava no chão, erguendo pilares de terra logo abaixo dos pés de Uji, que saltava para trás desviando dos três.

Uji continuava a encarar os clones à sua frente, esquivando-se com maestria dos golpes. Um pensamento surgiu em sua mente: “É impressão minha ou eles estão mais fracos?” — Ele estreitou os olhos, lembrando das palavras de Rydia sobre a hipótese de que os clones só possuíam o poder mágico equivalente ao próprio poeta fantasma.

No instante seguinte, um punho coberto de pedra acertou seu ombro, quase o tirando do eixo. Uji rangeu os dentes e rapidamente recuou alguns passos, conseguindo firmar-se. O clone de Moara, impassível, avançava novamente.

“É agora.", Uji tomou impulso, deslizando para o lado e movendo o braço em um golpe rápido com o cabo de vassoura. Moara foi arremessada para longe, deixando Uji frente a frente com os clones de Kenia e Vicente que atacavam simultaneamente.

Uji respirou fundo, os músculos retesados, e observou atentamente cada movimento dos dois. Com precisão, ele soltou o cabo de madeira e estendeu os braços, cada um indo ao encontro de um dos clones. Segurou-os firmemente pelos pulsos, e antes que pudessem reagir, liberou uma descarga elétrica intensa com a sua técnica Uguisu Naki (Chilrear dos Rouxinóis). A energia percorreu os corpos de Kenia e Vicente, que convulsionaram antes de se desmancharem em fragmentos de papel, deixando apenas o cabo de vassoura que caía lentamente ao chão.

Avançando, Uji se voltou para Moara, que já se recomponha e vinha ao seu encontro com o punho coberto de pedra para um poderoso Gaia Punch. Os dois corriam para se acertarem, contudo, quando o golpe de Moara estava prestes a acertá-lo, Uji agachou rapidamente, desviando, e em um único movimento de precisão cirúrgica, perfurou o peito do clone com o Hachikisu (Bico do Beija-Flor), uma lâmina elétrica que saia de suas mãos. O corte elétrico atravessou o ponto vital do coração do clone. Moara soltou um gemido baixo e começou a se desfazer, partículas de papel flutuando como cinzas ao redor dele.

— Ei, maldito, seus clones estão ficando mais fracos. Acredito que o seu poder mágico tá chegando aos seus finalmente, não é?  — Uji zombou, respirando pesadamente e sorrindo para o vilão.

O verdadeiro poeta fantasma, que observava tudo de longe, sorriu de forma sinistra, seu clone replicando suas falas e expressões:

— Você tá certo, samurai. — Ele deu de ombros, como se concedesse a vitória de bom grado. — Mas não importa quanto a minha magia esteja enfraquecida, eu ainda tenho a vantagem, já que é impossível derrotar o que não se poder morrer.

No instante seguinte, Uji sentiu uma mão fria e sólida em seu pulso. Ele olhou para baixo e viu Moara segurando-o, o corpo já reconstituindo, com o golpe perfurante ainda visível no peito, mas sem qualquer sinal de dor. Kenia e Vicente, também restaurados, atacaram com ferocidade, ambos desferindo golpes nas costas de Uji, que arqueou o corpo em um grito de dor.

O poeta gargalhou, seu riso ecoando como um trovão. 

— Matem-no, agora.

Uji, sem alternativas, concentrou a energia nos dedos, envolvendo-os com aura elétrica e executando o Hien (Voo da Andorinha), mediante um giro rápido. O impacto foi brutal, e o corpo de Moara rasgou ao meio, enquanto a eletricidade se expandia, atingindo os outros dois clones e afastando-os.

Ofegante, ele recuou, mas antes que pudesse reagir, o poeta fantasma já estava sobre ele, seus socos e chutes tão velozes quanto furiosos. Uji bloqueava como podia, mas cada golpe fazia seu corpo ceder mais, o sangue escorrendo pela boca.

— Chega! — Ele conseguiu agarrar ambas as mãos do poeta fantasma, cuspindo sangue no rosto do oponente, aproveitando o momento de hesitação para acertar um chute certeiro, arremessando-o alguns metros para trás.

Sem tempo para comemorar, os clones de Kenia e Vicente avançaram outra vez. Uji girou o corpo, preparando o Hien e o disparou em um círculo de eletricidade que lançou os clones para longe novamente. Mas Moara já estava reconstituída, e em uma fração de segundo, acertou suas costas com um Gaia Punch tão brutal que o fez cair no chão, o corpo atingindo o cabo de vassoura caído próximo.

— Droga... — Ele murmurou, vendo o clone de Moara correr em sua direção para mais um golpe. Uji ergueu o cabo de vassoura em um reflexo e o arremessou com precisão contra o rosto do clone, interrompendo seu avanço. Sem perder um segundo, ele agarrou-a pelo colarinho e a arremessou na direção do poeta fantasma, que estava apenas a alguns passos.

Mas o confronto estava longe de acabar. Prya, que já havia curado boa parte de seus ferimentos, em um movimento furtivo, disparou um raio vermelho brilhante que cortou o clone em pleno ar, e continuou a trajetória em direção a Uji. O brilho vermelho se aproximava rápido, e ele, sem defesa, sentiu a pressão do golpe iminente.

— Maldição, isso vai doer...!

No instante final, um conjunto de véus azul-alaranjados surgiram em sua volta, envolvendo-o numa redoma, e o raio ricocheteou para longe, desviando-se dele. Uji olhou ao redor, surpreso, sem saber exatamente quem havia criado a proteção, mas sentindo uma breve onda de alívio passar por seu corpo.

Enquanto Uji lutava com os clones, Cassie voava em seu tapete, resgatando Joabe e Kreik, a Clemência, que ainda se mantinha desacordada. Eles se dirigiram rapidamente até onde estava Rufus, que continuava recuado dos confrontos, observando a batalha com cautela. De longe, o grupo viu Uji gritar de dor ao ser golpeado pelas costas por Kênia e Vicente.

— Merda! O Uji não vai aguentar. Precisamos ajudá-lo — exclamou Kreik, olhando para Joabe.

Mesmo exaustos e feridos, ambos tentaram avançar para socorrer o amigo, mas o peso do cansaço os impedia de ir longe. Cassie, percebendo a situação, se adiantou.

— Fiquem aqui, eu vou ajudar o amigo de vocês — declarou com firmeza, lançando um olhar resoluto para o grupo.

— Cassie, eles são fortes... você vai se machucar! — protestou Kreik, preocupado.

Cassie, contudo, manteve a calma. — Eu vou conseguir, confiem em mim. Mas, para isso, preciso que fiquem de olhos fechados enquanto eu luto.

Joabe franziu a testa, intrigado. — Por quê?

— Não dá tempo de explicar, só façam o que pedi. Por favor, não abram os olhos — insistiu Cassie, sua voz carregando um tom de urgência.

Kreik se inclinou para Rufus e murmurou: — Afinal, qual é a habilidade da Cassie?

Rufus deu de ombros, igualmente curioso. — Não sei, mas melhor fazermos o que ela pediu.

Assim que os três fecharam os olhos, Cassie os observou atentamente, assegurando-se de que eles obedeciam. Um leve rubor surgiu em seu rosto, e ela murmurou para si mesma, tentando reunir coragem: “Não tenha vergonha, Cassie. Seus amigos precisam de você... Precisa superar sua timidez.”

Respirando fundo, ela ergueu a cabeça, determinada. — Primeiro Conto: os Quarenta Véus Ladrões!

Cassie estendeu os braços em direções opostas, começando a balançá-los como se conduzissem uma vibração. Lentamente, o véu que cobria sua cabeça ergueu-se, ganhando vida, até se dividir em quarenta pedaços menores que flutuavam ao seu redor, como se estivessem sob o controle de uma força invisível. Com movimentos sensuais e precisos, ela começou a dançar, seu corpo se movendo em uma dança do ventre ritmada e envolvente, enquanto os quarenta véus flutuavam ao seu redor em um espetáculo hipnotizante.

À medida que dançava, Cassie se aproximava do campo de batalha, onde Uji enfrentava os clones. Seu olhar se fixou no samurai, que estava prestes a ser atingido pelo laser de Prya. Com um gesto determinado, ela gritou:

— Fecha-te, Sésamo!

Os véus dispararam em uma velocidade impressionante, formando uma redoma protetora ao redor de Uji. O laser ricocheteou na barreira de véus, protegendo-o completamente. Conforme a redoma se fechava mais e mais ao seu redor, Uji, ainda assustado, olhou para cima e comentou, meio desesperado:

— Eita, vai para trás veuzinhos, não aguento ser esmagado de novo!

— Abra-te, Sésamo! — disse Cassie, e os véus rapidamente se recolheram, retornando à posição inicial.

Cassie, visivelmente nervosa, mantinha a concentração enquanto dançava, tentando superar a timidez. Seus véus continuavam a girar em harmonia com os movimentos do corpo, delineando sua habilidade e a determinação de ajudá-los.

— Que técnica maluca é essa? — Prya murmurou, ainda incrédula. Seus olhos e de seu companheiro percorreram os véus dançantes, enquanto sua expressão oscilava entre curiosidade e desprezo, pela técnia incomum de Cassie.

— É isso aí, gatinha! — gritou Uji animado, sem conseguir conter seu entusiasmo de ver a jovem dançando. — Era disso que a gente tava precisando, de uma técnica com essas características!

Cassie olhou para o chão, ainda dançando, o rosto completamente ruborizado pela timidez. O Poeta Fantasma, preocupado com a força e o alcance daquela habilidade, fez um gesto sutil com a mão, fazendo seus clones recuarem para perto dele.

Uji, aproveitando a deixa, pegou o cabo de uma vassoura do chão e correu até Cassie. — Esses véus... Foi você que me protegeu daquele laser? — perguntou, curioso.

Cassie, mantendo a dança e evitando contato visual, respondeu com a voz trêmula: — S-sim... Meus véus respondem à minha dança.

O Poeta Fantasma lançou um olhar para Prya e apenas disse:

— Prya.

Entendendo a ordem, Prya ergueu a palma da mão, canalizando um feixe de energia intensa. — Red Wave! — gritou, disparando um laser contínuo em direção a Cassie e Uji.

— Fecha-te, Sésamo! — gritou Cassie, formando novamente a redoma de véus ao redor dos dois, que refletiu o ataque de Prya com a mesma eficiência de antes.

Dentro da barreira protetora, Cassie explicou rapidamente: — Quando uso essa técnica, consigo criar uma defesa poderosa... Mas como restrição, não posso atacar enquanto a redoma de véus estiver ativa, e ela começa a se fechar lentamente até nos esmagar.

— Compreendi — ele disse, já pensando em uma estratégia.

Cassie ordenou — Abra-te, Sésamo! — e os véus retornaram, dissipando a barreira ao redor deles.

Prya, furiosa por ver seu ataque repelido, aproximou-se e retirou um cabo de uma espada rúnica de dentro de seu manto. Com um sorriso maligno, ela exclamou:

— Vou acabar com vocês de uma vez por todas... Death Saber (Sabre da Morte)!

Em um flash de luz, o cabo foi envolvido por um raio laser, que deu forma a um sabre de luz vermelho intenso.

 

 

Uji, sem perder o bom humor, segurou o cabo da vassoura como se fosse uma katana e lançou um olhar provocativo para Prya, um sorriso maroto no rosto.

— Ah, sério? Um sabre de luz vermelho e uma jovem que trai os mocinhos para se juntar a vilões com máscara e mantos negros... Isso não é original, viu? — zombou ele. — Mas não tem o que fazer se você preferiu ter escolhido o lado negro da força e se tornado uma Lord Sith, minha jovem padawan.

Prya girou o sabre em sua mão com destreza e, com um olhar de desdém, respondeu em tom de sarcasmo:

— Hahaha, estou morrendo de rir, cavaleiro jedi.



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