Luvas de Ifrit Brasileira

Autor(a): JK Glove


Volume 3

Capítulo 116: Fora do Expediente

Enquanto isso, Joabe se erguia do chão, ainda sentindo o impacto do golpe. Ele olhou para a encapuzada, que mantinha o olhar fixo nele.

“Vou focar em ataques de curta distância. Ela se sai melhor em longa distância, mas vou fazer essa desgraçada se arrepender...”, ele refletiu, soprando uma de suas lâminas para formar sua Executioner’s Blade (lâmina do carrasco). A aura verde brilhou ao redor da lâmina de vento, pulsando com poder.

A encapuzada notou sua aproximação e disparou um Crimson Beam na direção do mago de Suna, que cortou o feixe com sua lâmina, reduzindo-a um pouco de tamanho. Sem hesitar, ele continuou avançando, tentando atingi-la, mas ela tropeçou, caindo de costas no chão e apoiando-se com uma mão. Confiante, Joabe investiu, mas ela girou o corpo e, sob a palma de sua mão, um símbolo rúnico brilhou no chão. Ao perceber, Joabe recuou, mas foi tarde demais: um raio vermelho emergiu do símbolo, atingindo-o diretamente e lançando-o para longe.

— Trap Beam (Feixe Armadilha)! — exclamou a encapuzada, rindo. – Esse é meu raio aprimorado pelo potencializador de aura do Trunfo do Caçador.

Antes que pudesse disparar outro feixe para finalizá-lo, Donny e Battlewolf avançaram, com Donny gritando:

— Devolva nossa amiga, ou eu juro que você vai pagar caro!

Ele desferiu uma sequência de socos, mas a encapuzada desviou de cada um com agilidade. Ela riu, zombando de Donny.

— Garotinho, eu só preciso evitar que você golpeie seu lobo. Assim, a técnica dele não se ativa. Eu sei como suas habilidades funcionam.

Donny hesitou por um segundo, mas logo recobrou a postura. Ele fingiu errar um soco, fazendo a inimiga sorrir enquanto ela desferia um chute lateral que o acertou na bochecha. No entanto, quando ela se afastou, viu Battlewolf parado onde Donny deveria estar, enquanto o verdadeiro Donny estava ao lado, agora com a aparência de Battlewolf.

— Tem certeza? Parece que não conhecia a minha outra habilidade, Bestfriend (Melhor Amigo)! — exclamou o verdadeiro Donny, zombando com desdém. — A técnica do meu lobo permite criar uma ilusão, trocando nossas aparências. Enganei você direitinho. Otária.

A encapuzada, sem ter tempo de reagir, recebeu um soco poderoso de Battlewolf, sendo lançada longe. Donny aproveitou a oportunidade e golpeou seu parceiro lobo para amplificar o ataque. Battlewolf socou o chão, e o impacto reverberou até a encapuzada, mas, esperta, ela se segurou no galho de uma árvore, desprendendo os pés do solo e evitando o golpe direto.

— Seu soco indutivo só funciona se estivermos os locais onde nossos pés estiverem apoiados forem interligados. Eu disse que sei como sua técnica funciona.

De lá, ela lançou outro Crimson Beam que acertou Donny, arrancando-lhe um grito de dor, dizendo que não ia desistir pela Prya.

Com um salto, a encapuzada caiu no chão, zombando de Prya.

— Isso tudo para resgatar aquela fraca e incapaz. Quando a capturamos ela só ficou gemendo e gritando de dor, clamando em meio as lágrimas: “alguém me salva, tá doendo”.

— Sua... — Donny, enfurecido, avançou cegamente.

— Não, Donny! Não se precipite, é uma armadilha! — gritou Joabe, mas era tarde. A encapuzada deu um passo para trás e Donny pisou exatamente sobre o símbolo rúnico deixado no chão assim que ela saltou no galho. Um raio vermelho o atingiu de baixo para cima, e ele sentiu seu corpo inteiro ser consumido pela dor.

A encapuzada retirou uma adaga do bolso e a cravou no estômago de Donny. A lâmina brilhou por um instante antes de se desintegrar, e, num instante, ele sentiu seu poder mágico ser drenado.

— Merda, o Donny... Ele é o alvo! — gritou Joabe, alertando os companheiros.

A encapuzada gritou por seu aliado: — Magna Fábula, venha, tô com o alvo!

O poeta fantasma, que havia deixado Clemência inconsciente e ferido no chão, com uma ferida no abdômen, correu pelo campo de batalha em direção a Donny. Joabe, reunindo todas as forças que lhe restavam, murmurou entre dentes:

— Não vou deixar que levem ele... Vou mandar vocês todos para o inferno com a minha nova técnica. Cross Kamaitachi!

Ele soprou suas duas lâminas com intensidade, lançando dois cortes de vento em forma de cruz. A encapuzada se jogou na frente do golpe, lançando seu Crimson Beam em resposta, mas o ataque de Joabe era mais forte, destruindo seu laser e atingindo-a em cheio. Ela caiu no chão, gravemente ferida, seu capuz se rasgando e sua máscara sendo destruída.

O poeta fantasma conseguiu se aproximar de Donny, ergueu o livro, e folhas mágicas saíram dele, envolvendo o corpo do jovem e aprisionando-o dentro do livro. A encapuzada, ainda caída, ergueu seu rosto, revelando sua real identidade.

Um murmúrio de choque tomou conta do grupo, e todos gritaram, perplexos:

— PRYA?!

 

 

— Prya, eles descobriram sua identidade... O Mestre não ficará contente — murmurou o Poeta Fantasma, nervosos com o acontecimento.

Prya, arquejando e pressionando suas feridas, virou-se com raiva para ele:

— Cala a boca, Magna Fábula.

— Prya? O que tá acontecendo aqui? Você é nossa amiga... Por que tá lutando ao lado deles? — perguntou Cassie, incrédula, ainda processando o que acabara de ouvir.

Prya desviou o olhar, com uma expressão de conflito interno estampada no rosto, murmurou:

— Eu... não posso falar...

— Não pode falar? Você tá tentando nos matar e ainda tem segredos? Prya, ponha a cabeça no lugar! — Cassie gritou, sua voz carregada de indignação e mágoa.

Prya apenas baixou a cabeça, o silêncio enervante pesando sobre o grupo.

Nesse momento, Kreik, segurando o ferimento com uma das mãos, ergueu-se lentamente e falou com a voz firme e compassiva:

— Prya... conheci um garoto chamado Otto. Ele também estava trabalhando junto com vilões, mas porque ele e o pai estavam sendo ameaçados a cada momento. Eles só precisaram de uma chance para falar, e nós conseguimos libertá-los. Podemos fazer o mesmo por você, Prya... se você nos deixar ajudar, podemos te libertar também das amarras desse cara.

Ela estreitou os olhos, sua voz saindo como uma confissão sombria.

— Libertar? Alguém disse que estou presa? — Ela ergueu a cabeça, com uma chama de determinação em seus olhos. — Eu não tô sendo forçada a lutar ao lado do Poeta Fantasma... faço isso por vontade própria. Há algo maior nisso, algo que pode nos libertar de uma...

De repente, o clone do Poeta Fantasma avançou, cobrindo a boca de Prya com uma das mãos e fazendo sinal de silêncio com o dedo.

No andar superior de um dos prédios ao redor do jardim, uma figura oculta nas sombras observava a cena atentamente. Ele murmurou palavras que pareciam atravessar o espaço até o clone, que as replicou com uma voz ainda mais rouca e distorcida.

— Prya, não revele nossos objetivos... ainda. Agora que reunimos todas as peças, precisamos ter maior cautela.

Joabe, fitando o clone, teve um súbito lampejo de percepção.

— Essa voz... então, você é o verdadeiro Poeta Fantasma? — questionou, tentando conter o ódio.

— O quê? Isso é sério? — Kreik perguntou, atordoado, olhando para os lados — Isso quer dizer que ele tá por aqui, em algum lugar escondido observando a luta.

— Sim, garotos, vocês são espertos. Sou eu mesmo. Aquele mesmo que vocês enfrentaram nas salas de aula no dia anterior. — O Poeta Fantasma riu com um tom perverso, a voz reverberando de forma estranha e sinistra. — E Prya? Ela semrpe esteve cumprindo seu papel. Primeiro, evitando que vocês se reunissem com o restante da guilda, depois, guiando-os até aquele encontro comigo e, agora, capturando as duas últimas peças que eu precisava, a maga lutadora de terra e o garoto da besta mágica do lobisomem.

— PRYA! Como pôode enganar a todos? Moara se preocupou com você, chorou por você e tudo era você agindo sorrateiramente... Não passa de uma escória — rugiu Joabe, a fúria em seu tom evidente enquanto lutava para se levantar.

Prya abaixou a cabeça, seu rosto marcado por um misto de vergonha e conflito interno. O Poeta Fantasma a confortou com um toque no ombro, como se tentasse reconfortá-la. Nesse momento, Cassie, ainda em choque, virou-se para Rufus, que estava ao seu lado com a coluna apoiada em um dos braços, exausto e machucado.

— Moara? Mas... ela não era Hermíara? E esses seus novos amigos são todos... de uma mesma guilda? Rufus, o que tá acontecendo aqui?

— Cassie... eles não são alunos de verdade. — Rufus desviou o olhar, com um suspiro envergonhado. — Contratei uma guilda para investigar o Poeta Fantasma e o sumiço de Kenia e Vicente. Foi mal por ter mantido isso em segredo também.

Ela bufou, empurrando-o e deixando-o cair com a cabeça no chão.

— Idiota! — esbravejou, visivelmente irritada.

O Poeta Fantasma estalou os dedos, e os três clones de Kenia, Vicente e Moara se reuniram em torno dele. Ele olhou para Prya e disse com um sorriso enigmático:

— Prya, recupere-se. Agora que controlo diretamente a Magna Fábula, vou acabar com eles com facilidade.

Prya retirou uma pedra rúnica de cura do casaco, acionando-a com um leve toque. A pedra emitiu uma luz verde, que começou a curar lentamente seus ferimentos. Ela suspirou, hesitante.

— Mestre... já alcançamos nosso objetivo... realmente precisamos continuar lutando?

O Poeta Fantasma ponderou, colocando a mão no queixo.

— Eles sabem demais. Pode ser problemático.

Ele virou-se para o grupo e bradou com um tom quase paternalista:

— Não se preocupem, crianças. Não vou machucá-los... apenas capturá-los. Assim que nossa missão estiver completa, todos serão libertos. Não preciso que a GPA venha atrás de mim.

Cassie, com um olhar decidido, começou a caminhar em direção ao Poeta Fantasma, sem hesitar.

— Cassie, o que você tá fazendo? — Rufus, com a mão fraturada, gritou. — Volte aqui, você vai ser capturada também!

Ela ignorou o chamado e se aproximou de Kreik, encarando-o com uma expressão determinada.

— Kreinald... — ela começou, mas balançou a cabeça confusa e continuou. — Qual é o seu verdadeiro nome?

Ele baixou a cabeça, envergonhado.

— É Kreik... Cassie, desculpe por ter escondido isso de você.

— Não importa. — Ela deu de ombros. — Só me diga, ainda consegue voar?

— Acredito que sim... mas estou machucado. Não sei se aguento por muito tempo — Assentiu Kreik, com um leve sorriso.

— Ótimo. — Cassie respirou fundo. — Então você vai voar e levar Rufus e... o Joraco, ou seja lá qual é o seu verdadeiro nome. Eu vou ganhar tempo para vocês.

— Cassie, você tá louca? — Kreik arregalou os olhos. — Você não vai conseguir segurá-los!

Joabe, quase sem forças, também tentou intervir.

— Cassie, não seja tola. Deixe isso conosco e vá embora. Somos mais fortes e experientes que você!

— Não sejam ingênuos. — Ela os fitou com um olhar calmo e determinado. — Vocês tão exaustos e não aguentam mais lutar. Vou usar minha magia para criar uma distração e fazer vocês voarem para fora do raio deles.

— Cassie, isso é loucura! — protestou Rufus.

O Poeta Fantasma observava a cena, entediado.

— Garota, você é corajosa, mas não pode deter três clones sozinha. Isso é me subestimar.

Cassie ergueu o queixo, desafiante.

— Só vamos descobrir tentando.

Subitamente, uma voz ecoou de um dos edifícios ao redor do jardim:

— Que bagunça é essa aqui, sua cambada de bardeneiros?

Uma silhueta se formou na penumbra, caminhando lentamente, fazendo todos ficarem preocupados se seria um novo inimigo ou aliado. À medida que os passos avançavam, a sombra foi ganhando forma, revelando a identidade do dono daquela voz. Era Uji, vestido como um faxineiro, segurando uma vassoura na mão.

 

 

O Poeta Fantasma ergueu uma sobrancelha, zombando com uma risada contida e um toque de sarcasmo.

— Ora, ora, o que é que um faxineiro faz aqui no campus a essa hora da noite? Achei que o expediente já tivesse terminado.

Uji tirou o cabo da vassoura, segurando-o como uma katana, e declarou com um sorriso despreocupado:

— Um professor me alertou sobre uma turma bagunceira que adora sujar tudo por onde passa. Então, vim tirar o lixo... começando por você.

— Hahahaha! Vejamos se essa tua pose vai continuar quando os meus clones te fizerem picadinho, Faxineiro de merda!

— Eita, já que tu se acha o bichão, vem pra cima. Eu já tava mesmo cansado de ficar na geladeira. Bora pro combate! — retrucou Uji com um sorriso ardente no rosto.



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