Luvas de Ifrit Brasileira

Autor(a): JK Glove


Volume 3

Capítulo 115: Em busca do último alvo

Na escuridão do jardim da Universidade Flamel, a tensão no ar era palpável. Raios e chamas iluminavam brevemente a noite enquanto as habilidades eram desferidas com precisão e urgência. Kreik, Joabe, Clemência e Donny tomavam a frente, encarando a mulher encapuzada e os clones impiedosos, enquanto Cassie recuava para prestar socorro a Rufus, que resmungava baixo, o braço fraturado e a expressão retorcida em dor. Mais atrás, o Poeta Fantasma — Magna Fábula, como agora sabiam — observava com um sorriso macabro, segurando o misterioso livro verde e pronto para agir.

Joabe, arfando pesadamente, lançou um olhar cauteloso aos companheiros antes de explicar, o tom de sua voz baixo, mas decidido:

— O Poeta Fantasma é um clone, e se chama Magna Fábula. A encapuzada ali — apontou discretamente com o queixo na direção da figura envolta em sombras — é a única que é uma pessoa de verdade. Ela e o clone do fantasma estão trabalhando juntos, mas a mando de alguém que ainda não conseguimos identificar, provavelmente o dono da habilidade dos clones.

Kreik estreitou os olhos, faíscas de fogo crepitando nas pontas de suas luvas enquanto respondia com um tom desdenhoso:

— Então, o chefe deles não passa de um covarde que manda os outros lutarem por ele. Vou acabar com essa farça em um instante.

Joabe segurou uma das lâminas de seu bracelete com força, soprando profundamente para infundir seu kamaitachi com vento e um olhar focado nos inimigos.

— Presta atenção! Eles sabiam que estaríamos aqui, e um de nós é o alvo. — Ele hesitou por um instante, apertando a lâmina como se se preparasse para o pior. — Cuidado... Eles têm uma adaga que drena magia, igual aquela que usaram contra a Moara. Vão tentar usar contra quem quer que seja o alvo.

— Como diabos eles saberiam da nossa vinda? — Clemência retrucou, o olhar incrédulo, porém atento.

— Não sei — respondeu Joabe, a voz carregada de determinação — mas isso não importa agora. O que importa é mandarmos esses desgraçados direto pro inferno.

Com uma expressão sombria, Donny encarou os vilões, o peito arfando de raiva enquanto erguia a mão, convocando sua fiel criatura de combate:

— Chega dessa palhaçada. Vocês vão se arrepender por cada segundo dessa luta! — Com uma explosão de energia, Battlewolf, o lobisomem pugilista, materializou-se ao seu lado, rosnando ferozmente.

Cassie, vendo a intensidade que a batalha tomava e a condição de Rufus, chamou-os com um tom apreensivo:

— Gente, vou ficar mais atrás protegendo o Rufus. Cuidem-se e, por favor, não se precipitem.

Os outros assentiram rapidamente, concentrando-se nos oponentes à frente.

Em questão de segundos, Donny e Joabe já avançavam contra a mulher encapuzada, enquanto Clemência e Kreik investiam contra os clones de Moara e Kenia. Os clones, embora destituídos de vida, moviam-se com a destreza e força superior ao das pessoas originais, criando uma luta árdua para Clemência e Kreik.

Na luta contra poeta fantasma, os clones, sob o comando deste, avançaram primeiro. O clone de Moara partiu para cima de Kreik, enquanto Kenia atacou Clemência. Kreik se movimentou rapidamente, bloqueando os ataques de Moara e contra-atacando. Suas luvas lançavam chamas, que, por um momento, pareciam equilibrar a força dos punhos de pedra do clone.

Clemência, por sua vez, mantinha-se firme. Ao ver Kenia avançar, ergueu sua marreta e, com um movimento ágil, bateu com a parte amarela no chão, invocando sua técnica Soft Slam. O solo abaixo do pé direito de Kenia tornou-se maleável, prendendo-a momentaneamente. Sem hesitar, Kenia tomou uma decisão impiedosa. Ela arrancou a própria perna, que se dissolveu em papel, escapando da armadilha de Clemência.

Clemência mal teve tempo de processar a brutalidade do ato, pois, em um instante, Kenia saltou novamente na sua direção, girando no ar antes de acertá-la com um chute certeiro no estômago. A força do golpe fez Clemência se dobrar, seu rosto marcado pela dor. Kreik, ao ver sua aliada em apuros, tentou correr para socorrê-la, mas ao desviar sua atenção, deixou uma abertura. O clone de Moara aproveitou e desferiu um soco nas costas do portador das luvas de Ifrit, forçando-o a cambalear para frente.

Kenia não deu trégua. Ela avançou novamente, mas Clemência, desta vez, estava preparada. Usando o Soft Slam em si mesma, transformou seu corpo em uma superfície maleável, absorvendo o impacto do chute e prendendo o pé restante de Kenia em seu corpo. Aproveitando a distração, Moara posicionou as mãos no chão e, com um gesto rápido, ergueu uma cúpula de terra ao redor de Clemência, aprisionando-a.

— Que merda é essa? — murmurou Clemência, olhando ao redor da cúpula, o ar sombrio apertando-lhe o peito. — Não tô vendo nada… Preciso sair daqui… tô muito vulnerável nessa situação.

Do lado de fora, Kenia, com um sorriso cruel, arrancou a outra perna para escapar, caindo ao solo enquanto o corpo se regenerava em papel. Moara se preparava para dar um pisão que selaria o destino de Clemência, mas Kreik, ativando os jatos de chamas de suas luvas, voou rapidamente e acertou Moara com um soco flamejante, derrubando-a.

— Foi mal, Moara… mas preciso proteger a Clemência! — murmurou ele, determinado.

O barulho de pedra se rompendo ecoou, e Kreik se virou, vendo Clemência sair da cúpula. Ela havia desferido uma forte marretada, quebrando parte da parede de terra para se libertar. Mas sua liberdade foi breve. Antes que Clemência pudesse reagir, Kenia reapareceu completamente regenerada e acertou-lhe um chute ascendente nas costas. Clemência foi lançada para o alto, e Kreik, sem perder tempo, voou para agarrá-la antes que caísse.

— Valeu, Kreinald — agradeceu ela, respirando pesadamente. O tempo de descanso, porém, foi mínimo, pois os clones se reagruparam, prontos para atacar. Eles olharam para cima, seus olhos calculando a distância entre eles e a dupla pairando no ar.

Kenia ergueu o pé direito em preparação, e Moara saltou com os joelhos dobrados, concentrando sua força.

Em um movimento sincronizado, Kenia girou o pé e acertou Moara com precisão, impulsionando-a para o alto em direção a dupla. Moara, com um Gaia Punch preparado, avançou em uma velocidade avassaladora. Kreik percebendo que não poderia desviar, soltou Clemência para que ela não fosse atingida.

O Gaia Punch acertou diretamente o estômago do ruivo, que agonizou e caiu rapidamente no chão. Clemência, que perdia altitude, olhou para baixo e viu que Kenia, com o pé erguido, aguardava-lhe preparada para um golpe final.

Clemência, percebendo o perigo, pensou rápido. Antes de alcançar a zona de ataque da transmorfa, lançou sua marreta ao chão, calculando o ângulo com precisão. A marreta bateu com o lado vermelho, e uma porção de terra encolheu, fazendo o solo aos pés da transmorfa ceder ligeiramente, atrapalhando o timing do chute.

Kenia perdeu o equilíbrio por um breve instante, suficiente para Kreik, mesmo caído, reunir forças e lançar o Flaming Darts, uma série de dardos flamejantes que atingiram o rosto da transmorfa.

— Aproveita, Clemência! — gritou ele, vendo a abertura que criara para ela.

Sem hesitar, Clemência recuperou sua marreta e desferiu um golpe poderoso contra Kenia, destruindo parcialmente o clone, que se desfez em papéis, espalhando-se pelo chão.

No alto, Moara pousou com firmeza, um brilho sinistro nos olhos.

— Gaia Awakening! — gritou ela.

Um pilar de terra emergiu do solo, atingindo Clemência e arremessando-a novamente para cima. Kreik, ainda com dores pelo golpe recebido, ignorou a fadiga e voou para segurá-la mais uma vez antes que ela atingisse o chão.

— Droga, Kreinald... tô toda doída. Não vou aguentar mais... essa luta tá perdida — murmurou Clemência, ofegante, com uma expressão abatida.

— Nada disso, Clemência! Ainda temos chances! — Kreik sorriu, determinado. — Só precisamos da estratégia correta. Vamos acabar com eles!

Inspirada pelas palavras de Kreik, Clemência deu uma olhada rápida ao redor, analisando o campo de batalha enquanto uma ideia começava a se formar em sua mente assim que avistou uma árvore próxima.

— Ei, me leva para perto daquela árvore ali — pediu ela, apontando com determinação.

Kreik a levou até o local solicitado, onde Clemência retirou uma de suas bolinhas amarelas e a lançou contra o tronco da árvore. A esfera se expandiu, cobrindo a árvore inteira com uma estranha capa brilhante. Inspirando fundo, ela ergueu a marreta e golpeou a árvore revestida, que foi lançada como uma bala de canhão em direção aos clones, como se fosse feita de papel.

Assim que o tronco colidiu, a bolinha explodiu, transformando o impacto em um ataque surpreendente. A árvore amolecida, quase como areia movediça, capturou os clones, que ficaram presos e se debateram inutilmente.

— Bela jogada, Clemência! Você é 10! — exclamou Kreik, enquanto ela sorria aliviada, com um toque de orgulho no olhar.

Em seguida, o ruivo virou-se na direção do Poeta Fantasma, e seus olhos brilharam com determinação feroz.

— Agora, nada impede que eu acabe com você, seu miserável!

Clemência percebeu um banco de concreto ao lado, onde os alunos costumavam utilizar para sentar no jardim e sorriu maliciosamente. Já, Kreik, usou o impulso dos jatos de fogo de suas luvas para avançar em alta velocidade, colidindo diretamente com o poeta. Kreik o agarrou pelo pescoço e desferiu uma sequência de socos, a cada golpe o rosto do vilão se desfazia lentamente em papéis. Contudo, com um movimento ágil, o Poeta conseguiu escapar, empurrando Kreik para trás; ambos caíram desajeitadamente.

— Isso ainda não acabou! — declarou Kreik, levantando-se com firmeza.

Novamente ele investiu, preparando um Uppercut Ígneo. Contudo, o Poeta Fantasma abriu seu livro em um movimento fluido, recitando uma passagem sombria:

— Societas poetarum mortuorum (Sociedade dos poetas mortos).

As folhas do livro voaram ao redor, dando forma a um clone de Vicente, que empunhava duas espadas afiadas. As lâminas chocaram-se contra o punho flamejante de Kreik, mas o clone foi destruído facilmente, deixando as espadas caírem no chão.

O Poeta Fantasma, após um impulso fervoroso, apanhou uma das lâminas e a apontou diretamente para o peito de Kreik, que imediatamente pensou que seria o momento de sua morte, já que não tinha chance de esquivar. Contudo, o vilão, por conta própria, desviou a trajetória do golpe e Kreik sentiu o fio da lâmina perfurar seu abdômen. O sangue começou a escorrer, e ele caiu de joelhos.

— Não se preocupe — murmurou o Poeta, frio. — Esse golpe não foi fatal... vocês ainda serão úteis.

— Fica longe do Kreinald, seu maldito! — gritou Clemência, arremessando uma de suas bolinhas vermelhas com um golpe firme da marreta.

O Poeta virou-se, surpreso, apenas para ver a bolinha explodir bem diante dele, liberando um banco de concreto que o atingiu em cheio e o arremessou para longe.

— Gostou disso, miserável? Ainda tem mais! — gritou Clemência, avançando com sua marreta em punho.

Ela correu em direção ao Poeta Fantasma, mas, antes de conseguir atacar, o clone de Moara lançou um enorme pedregulho contra suas costas. O impacto foi avassalador, e Clemência caiu no chão, desacordada.

Ao longe, o Poeta e Kreik ouviram dois gritos, um de Joabe e outro da Encapuzada, chamando o poeta fantasma.

Kreik, com dor e o sangue ainda escorrendo da ferida, cerrava os punhos sem ter forças para levantar, enquanto o Poeta Fantasma corria o mais rápido que podia para atender o clamor de sua companheira.

Enquanto o embate entre Clemência e Kreik contra o Poeta Fantasma se desenrolava, paralelamente, Joabe e Donny travavam sua própria batalha contra a encapuzada.

Donny avançou primeiro, batendo nas costas de Battlewolf, que respondeu com um poderoso soco no chão, criando um impacto que percorreu o terreno. A encapuzada saltou para trás, desviando com agilidade, e lançou seu Crimson Beam (feixe carmesim) – lançando um laser avermelhado da ponta dos dedos. Donny rolou rapidamente para o lado, evitando o ataque, e então ouviu o sibilar do vento ao seu lado: era Joabe, que se aproximava soprando as lâminas de seus braceletes.

— Kamaitachis! — bradou Joabe, lançando duas foices de vento, uma pelo alto e outra rasteira, criando uma armadilha de vento para impedir que a encapuzada tivesse para onde correr.

Mas a inimiga sorriu de canto e, em um movimento ágil, correu em direção aos golpes de vento. Ela se abaixou e saltou, passando com precisão pelo espaço entre as duas foices. Com um dedo estendido, lançou um novo feixe de Crimson Beam que atingiu Joabe em cheio, jogando-o para trás. Sentindo a ardência do golpe, ele ofegou, caído no chão. A mulher encapuzada ergueu a mão e começou a canalizar sua Red Wave (Onda vermelha), disparando um raio laser contínuo que ela direcionava com o balançar da palma, na direção do Donny.

O jovem de cabelos verdes correu lateralmente, esquivando-se conforme o raio o perseguia. Quando o ataque estava prestes a atingi-lo, ele se lançou ao chão, rolando para fora do alcance. Porém, uma árvore ao lado dele foi atingida e, com um estrondo, o tronco começou a desmoronar.

Donny, ofegante, rolou para o lado, escapando por pouco de ser esmagado. Ele se escondeu atrás do tronco caído, murmurando para si mesmo: “Isso foi por pouco... Mas eu não posso perder... Não sem resgatar a Prya.” Ele olhou para Battlewolf, que se aproximou. Donny ergueu o punho fechado e tocou a mão da besta mágica, num gesto de camaradagem. — Vamos usar aquele truque.



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