Luvas de Ifrit Brasileira

Autor(a): JK Glove


Volume 3

Capítulo 114: Exibido

Retornando ao jardim da universidade, Joabe e Rufus, ainda encolhidos pela magia de Clemência, quase invisíveis se aproximavam e espreitavam o diálogo entre o Poeta Fantasma e a figura encapuzada. As vozes dos dois à frente eram distorcidas, abafadas como um sussurro sinistro na noite. Joabe mantinha o olhar fixo, atento, enquanto a figura encapuzada falava em tom firme:

— Magna Fábula, preste atenção. Logo eles aparecerão, e precisamos focar em capturar nossa última peça. Assim seremos capazes de derrubá-la.

— Certo... — respondeu o Poeta Fantasma, com uma voz vazia, quase hipnótica.

A mulher encapuzada retirou uma adaga, cujas runas brilhavam em tons roxos, e a entregou ao Poeta.

— Lembre-se, use a adaga inibidora de magia apenas contra o alvo para o prendermos no seu livro.

— Entendido... o mestre já havia me dito isso.

Joabe sussurrou para Rufus, os olhos fixos no inimigo:

— Esse Poeta Fantasma e essa garota encapuzada são subordinados de alguém maior... mas quem?

— Não faço ideia. Além disso eles querem derrotar alguém. Provavelmente deve ser a minha mãe ou a reitora — murmurou Rufus, com os olhos igualmente atentos.

— Eles também já tão esperando a gente. Como podem saber que viríamos?

— Não sei, tá tudo muito estranho... mas devemos focar em descobrir quem de nós é o próximo alvo deles — comentou Rufus, tremendo levemente de medo.

Alguns minutos se passaram, e a mulher encapuzada começou a beber água em uma garrafa de vidro que havia levado consigo. Depois de ingerir todo o líquido, jogou a garrafa no chão. Rufus e Joabe se aproximaram da garrafa, escondendo-se atrás dela, com o objetivo de ouvirem de mais perto a conversa dos vilões.

— Magna Fábula... eles tão demorando demais. Será que posso ver o rosto dele mais uma vez enquanto não chegam? Tenho tantas saudades...

— O mestre disse para não revelar a identidade desse clone — retrucou o Poeta Fantasma, em um tom de advertência.

Rufus se aproximou de Joabe, cauteloso.

— Ei, Joabe... o verdadeiro Poeta Fantasma tá usando esse aqui como um clone de papel para proteger sua identidade real.

— Droga! Cada vez mais difícil descobrir a identidade desse cara... ou mulher — Joabe rangeu os dentes, frustrado.

A mulher encapuzada insistiu:

— Por favor, Magna Fábula. Você não estará revelando a identidade do clone... eu já o conheço. Só quero vê-lo de novo, tocar seu rosto.

Houve uma pausa tensa, e o Poeta finalmente cedeu:

— Seu argumento é válido. Muito bem... tire a máscara.

Ela se aproximou, a mão estendida, os dedos tremendo de antecipação, pronta para tocar o rosto do clone. Mas, no instante em que os dedos dela quase alcançaram a máscara, um som seco e alto ecoou pela grama. Rufus, encolhido com Joabe entre os arbustos, tentava ajustar a posição e apoiar o peso do corpo, mas sua mão escorregou em uma pequena garrafa de vidro deixada no jardim, que rolou pelo chão e bateu contra uma raiz exposta, gerando um estalo inconfundível.

Os olhos da mulher encapuzada se estreitaram. Ela congelou, o corpo em alerta, voltando o rosto em direção ao som. A respiração de Joabe e Rufus ficou suspensa, mas era tarde demais – ambos ainda pequenos, espremidos no canto do jardim, observavam a dupla vilã virando-se em alerta.

Joabe e Rufus trocaram um olhar, compreendendo que a situação tinha acabado de sair do controle e começaram a correr pelo gramado, desviando e tentando se esconder.

— Não pensem que podem escapar! — gritou a mulher encapuzada, erguendo o punho.

Um laser vermelho saiu de sua mão, cortando o ar como uma lâmina incandescente. Ela balançava o feixe de luz horizontalmente, queimando a grama e deixando um rastro fumegante. Joabe e Rufus corriam, fugindo do feixe, até que finalmente deixaram a área gramada. Mas, assim que emergiram, o Poeta Fantasma já estava à espera do outro lado.

Com um movimento rápido, ele tentou agarrar Rufus, mas Joabe agiu primeiro: girou e desferiu um chute nas costelas de Rufus, lançando-o para longe e evitando que fosse capturado. No entanto, Joabe foi pego na mão do Poeta, que começou a apertá-lo com uma força esmagadora.

Joabe sentiu os ossos pressionarem contra a pele, a dor crescendo a cada segundo.

— Joabe! — Rufus tremia, sem saber como reagir, até que percebeu algo. A magia de Clemência estava se desfazendo.

Joabe cresceu abruptamente, explodindo a mão do Poeta em uma chuva de papéis rasgados que se espalharam pelo ar. Ele aterrissou com um sorriso desdenhoso.

Ele ergueu a mão, invocando seus braceletes com uma determinação feroz.

— Forja Básica... Lâminas do Ceifador!

 

 

A mulher encapuzada e o clone do poeta fantasma assumiram uma posição de combate. Já Joabe enrijeceu os braços, fazendo emergir as lâminas dos braceletes e inseriu seu ar neles por meio de um sopro.

— Agora sim, seus merdas. É hora de te transformarem em papel picado! — zombou ele, com um olhar entusiasmado com a luta que iria iniciar.

O jardim da universidade Flamel era um pátio cercado por altas paredes de pedra com janelas arqueadas e vitrais, típicos da arquitetura gótica. No centro do pátio, havia um jardim bem cuidado com canteiros de flores organizados em padrões geométricos. O espaço era iluminado por luzes suaves, criando uma atmosfera serena e acolhedora. Árvores altas alinhavam-se ao longo dos caminhos, e havia vários bancos de madeira ou de concreto em áreas de estar espalhadas pelo pátio, proporcionando locais para descanso e contemplação.

 

 

Joabe e Rufus, de volta aos tamanhos normais após o término da habilidade de Clemência, se preparavam para o combate. A tensão era palpável no ar, ambos observando o adversário à frente.

O poeta fantasma abriu seu livro verde e, com um estalar de dedos, uma rajada de folhas se desprendeu das páginas, tomando forma ao lado dele. As folhas moldaram a silhueta de uma mulher com orelhas e pernas de coelho, uma figura que imediatamente fez Joabe franzir o rosto de desagrado.

— Aquela maldita transmorfa de novo?! — resmungou Joabe, irritado, sentindo a adrenalina acelerar seu coração.

A figura de olhos opacos e ameaçadores os encarava, sem expressar emoções. Ao lado do poeta fantasma, a mulher encapuzada ergueu a mão direita, e os dedos começaram a brilhar com uma luz avermelhada intensa, como brasas vivas prestes a explodir.

— Hora de acabar com esses insetos bisbilhoteiros. Crimson Beam (Feixe Carmesim) — declarou, esboçando um sorriso cruel enquanto a energia luminosa se concentrava na ponta dos dedos.

Joabe arregalou os olhos ao ver o clarão crescendo. — Cuidado, Rufus! Isso é um laser! — gritou ele, lançando-se sobre o amigo para desviá-lo do golpe.

A dupla rolou no chão, e o feixe de energia passou a centímetros de suas cabeças, queimando o ar ao redor. Aproveitando o momento, a figura de Kenia saltou em um movimento ágil, desferindo um chute poderoso de cima para baixo. Joabe e Rufus se jogaram para lados opostos, escapando por pouco, enquanto o impacto do chute rachava o chão com uma força assustadora.

Rufus se levantou rapidamente, respirando fundo enquanto invocava sua besta mágica, o Alquimista Negro. A criatura sombria apareceu ao seu lado, as mãos brilhando sob a luz da lua, um sorriso macabro estampado no rosto bestial.

Sem hesitar, Rufus retirou duas runas de seu cinto, uma do subelemento dureza e outra do elemento terra, entregando-as ao Alquimista. A criatura as desintegrou com uma das mãos e, com a outra, moldou rapidamente um anel espesso e uma corrente marrom repleta de símbolos rúnicos. Rufus colocou o anel no dedo anelar da mão direita e segurou a corrente na outra mão, já preparado para o próximo ataque.

Kenia partiu em disparada na direção de Joabe, que lançou seus kamaitachis para interceptá-la. Contudo, ela era rápida, saltando em zigue-zague e desviando habilmente das lâminas de vento. Enquanto isso, a mulher encapuzada disparou mais um Crimson Beam, apontando o laser vermelho diretamente para Rufus. Ele, por sua vez, lançou a corrente ao chão e ergueu a ponta coberta com um pedaço de terra, rochas e raízes. A massa de terra colidiu com o laser, e ambos os ataques se anularam em uma explosão de faíscas e poeira.

— Isso foi insano... — murmurou Rufus, trêmulo e ofegante. “Não posso ser um peso morto... preciso pensar em alguma estratégia...”, refletiu o jovem.

Enquanto Rufus se perdia em seus pensamentos, a mulher encapuzada avançou na sua direção com velocidade, disparando outro laser. Quando ele percebeu o clarão se aproximando, ergueu a mão direita defensivamente, a qual ficou acinzentada, e foi lançado para trás pelo impacto, rolando no chão após ser atingido pelo feixe de luz.

Não muito longe, a mulher encapuzada desviou das kamaitachis de Joabe com agilidade, saltando e se agachando para evitar os golpes. Joabe tentou lançar novas lâminas, mas Kenia não deu trégua; com um chute poderoso nas costas, ela o jogou na direção da encapuzada, que já preparava a palma da mão para um novo ataque.

— Vejamos como você sobrevive a isso — murmurou a encapuzada com um tom malicioso.

Rufus observava a cena de longe, mesmo sentindo-se impotente, decidiu que não podia mais hesitar.

“Não posso deixá-la derrotá-lo enquanto fico aqui parado”, pensou, determinado. “Preciso lutar como um verdadeiro mago do clã Flamel!”

Rufus girou a corrente, formando um pedregulho na ponta, e lançou-a em direção à mulher encapuzada. Com um sorriso desdenhoso, ela percebeu o ataque e saltou, fazendo com que a pedra fosse direto em direção a Joabe. O mago de Suna, sem perder a compostura, lançou duas kamaitachis contra o pedregulho, redirecionando-o na direção da inimiga no ar.

— Sua idiota — zombou Joabe, com um sorriso presunçoso. — Sempre que alguém erra um golpe de médio ou longo alcance, minhas kamaitachis podem redirecioná-lo, aumentando sua velocidade!

Em resposta, a encapuzada ergueu a palma da mão e, com desespero, gritou: Red Wave (Onda Vermelha)! Um feixe vermelho contínuo saiu de sua mão, desintegrando o pedregulho antes que o golpe pudesse atingi-la. No entanto, enquanto ela estava distraída, Rufus lançou sua corrente, enroscando-a em torno do tornozelo dela e puxando-a com força para o chão. A inimiga caiu desajeitada, tentando se recompor.

— Bom trabalho, Rufus! — Joabe gritou, com um sorriso no rosto.

Ele soprou em uma de suas lâminas, invocando sua técnica Executioner’s Blade (Lâmina do Carrasco), e se preparou para desferir o golpe final. Entretanto, antes que pudesse atacar, Kenia, por meio de um impulso fervoroso, saltou entre os dois, desferindo um chute potente contra a lâmina de Joabe.

O impacto da lâmina e o chute colidiram, mas Joabe foi mais forte, cortando a perna da inimiga, que se desfez em papel. Sem perder tempo, ele a socou no rosto, jogando-a para longe, onde ela quicou no chão como uma boneca de trapo, desfazendo-se em papel.

— Tome isso, sua miserável! Agora eu vou acabar com vo...

Antes que terminasse, um feixe vermelho atravessou o ar, atingindo-o nas costelas e jogando-o para trás.

— Crimson Beam (Feixe Carmesim)! — interrompeu a mulher encapuzada, com um olhar frio.

Rufus, tomado pela adrenalina, correu desajeitadamente na direção dela. Ela se virou, surpresa, e disparou outro Crimson Beam à queima-roupa. Num ato rápido, Rufus ergueu a mão com o anel, fechou o punho que imediatamente se tornou acinzentado, socando o laser e desfazendo-o com um estalo antes de acertar um soco direto no estômago da vilã, lançando-a para trás com brutalidade. A mulher encapuzada cuspiu sangue, sentindo a respiração falhar por um instante.

— Miseráveis... vão pagar por isso! — A mulher encapuzada ergueu o braço, conjurando sua técnica Red Wave. Um feixe rubro e incandescente começou a pulsar da palma de sua mão, varrendo o campo e queimando a grama onde passava.

— Droga! — exclamou Rufus, fincando sua corrente rúnica no chão e erguendo fragmentos de rocha que se aglomeraram numa barreira entre eles e o laser. O calor intenso se espalhou, e ele sentiu a pele formigar com a proximidade do ataque.

— Essa foi por pouco! — ele disse, soltando o ar de maneira aliviada.

Aproveitando a distração criada pela barreira de Rufus, Joabe avançou. Com um sopro rápido em uma de suas lâminas, renovou o brilho cortante da Executioner’s Blade. A encapuzada ergueu a mão para conjurar mais um ataque, mas a corrente de Rufus enroscou-se em seu braço, limitando sua movimentação e deixando uma abertura para o golpe direto de Joabe.

— Agora, Joabe! — Rufus gritou, segurando firme a corrente.

Joabe não hesitou; lançou-se com a lâmina voltada para frente, pronto para atacar a mulher encapuzada. Contudo, do outro lado, o poeta fantasma não pretendia dar trégua. Girando seu livro verde, convocou outra revoada de folhas que assumiram a forma do clone de Moara, que avançou com um impulso fervoroso e o punho envolto numa camada espessa de rocha.

— Gaia Punch! — o clone rugiu, lançando um soco brutal que acertou Joabe em cheio, arremessando-o para trás.

A corrente de Rufus se desintegrou, tornando livre os movimentos da encapuzada. O poeta fantasma folheava seu livro com um sorriso tranquilo, observando cada movimento da batalha. Determinado, Rufus correu em direção à encapuzada, pronto para lhe acertar um golpe com o punho envolto pela magia de seu anel.

Porém, antes que ele chegasse, o clone de Moara interceptou seu caminho. Ambos saltaram no ar, os punhos se chocando com uma força devastadora. O Gaia Punch da réplica esmagou o anel de dureza de Rufus, quebrando-o em pedaços e fazendo o braço dele tremer com a dor intensa. Rufus cambaleou para trás, segurando o braço ferido e rangendo os dentes.

Os clones não davam descanso. Kenia falsa regenerou-se rapidamente e avançou com ferocidade, as pernas ágeis e potentes como as de um coelho. Em uma sequência de chutes rápidos e precisos, ela pressionava Joabe, que recuava e bloqueava como podia.

— Eu não vou perder para um maldito clone! — gritou Joabe, ofegante, bloqueando um dos chutes com sua lâmina de vento. Em um movimento ágil, ele balançou o outro braço e liberou um kamaitachi horizontal, cortando o ar com violência e empurrando o clone de Kenia para longe.

Porém, a situação estava crítica. Cada clone que destruíam se reconstituiam, e os ataques de Joabe e Rufus perdiam intensidade a cada tentativa. Enquanto isso, o poeta fantasma observava de longe, o sorriso arrogante permanecendo em seus lábios enquanto folheava calmamente seu livro.

Aproveitando a fraqueza momentânea de Joabe, o clone de Moara preparou-se para um novo ataque, conjurando um Gaia Shoot — um pedregulho compacto e massivo que lançou com precisão em direção ao jovem guerreiro. Com um movimento rápido, Joabe cortou o pedregulho com sua lâmina de vento, mas a exaustão finalmente o dominou, e ele caiu de joelhos, ofegante.

O clone de Moara não perdeu a oportunidade e avançou com o punho envolto numa aura rochosa, preparado para mais um Gaia Punch devastador. Joabe arregalou os olhos, sentindo que o golpe poderia ser fatal. Sem alternativas, ele aceitou a possibilidade de que talvez não houvesse escapatória.

Mas, de repente, uma esfera vermelha irrompeu no espaço entre ele e o clone de Moara, explodindo em uma luz intensa. No meio da explosão, Kreik apareceu, o punho em chamas, e com um golpe poderoso acertou o rosto do clone, lançando-o para longe.

— Demorei, mas cheguei! — disse o ruivo, lançando um sorriso confiante para Joabe, com a chama em seus punhos ainda ardendo.

Joabe riu, aliviado, e comentou, após respirar fundo e trocar um olhar cúmplice com o amigo:

— Exibido como sempre... 

Ao longe, os reforços chegavam. Clemência, Donny e Cassie surgiram, correndo para se unir à batalha. No outro lado, a mulher encapuzada e o poeta fantasma não estavam preocupados com a intervenção... pelo contrário, agora tinham as suas expressões renovadas  com um brilho de determinação tomando conta de seus rostos.

— Finalmente, o alvo! — disseram eles, quase em uníssono, ao se enteolharem.



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