Luvas de Ifrit Brasileira

Autor(a): JK Glove


Volume 3

Capítulo 104: Um Convidado Inesperado

A volta de Kreik, Donny e Rufus ao grupo dos outros alunos foi marcada por uma aura de triunfo. Os três ergueram os punhos, fazendo um sinal de vitória. O rosto de Kreik estava calmo, mas algo nos olhos dele parecia distante, enquanto Donny e Rufus sorriram para os colegas, que imediatamente começaram a vibrar, aplaudindo e celebrando a vitória do trio.

Cassie, sentada em uma cadeira um pouco afastada, observava a cena com um sorriso tranquilo. Ela parecia aliviada ao ver Rufus e Donny bem após o teste.

— Fico feliz que vocês estejam bem, Rufus, Donny — disse ela, sorrindo com gentileza.

Rufus respirou fundo, parecendo ganhar coragem, e então deu um passo à frente, encarando Cassie e Donny com um olhar sincero.

— Eu... preciso me desculpar. Não foi certo da minha parte esconder sobre os ataques do Poeta Fantasma — confessou, coçando a nuca, visivelmente envergonhado.

Donny sorriu, dando um leve tapa no ombro do amigo.

— Esquece isso, Rufus. São águas passadas — respondeu, tranquilizador. — Estamos juntos nisso, é o que importa.

Enquanto a conversa fluía entre eles, Moara se aproximou de Kreik. Ela franziu o cenho, observando o amigo com curiosidade.

— O que houve, Kreik? — perguntou ela, apoiando as mãos na cintura. — Você parece meio borocochô.

Kreik deu de ombros, o olhar perdido por um instante antes de respondê-la.

— Estou só... pensativo — disse, hesitante. — O Professor Hazard me deu um conselho... e eu não consigo tirar isso da cabeça.

Antes que Moara pudesse perguntar mais, a conversa foi interrompida pela chegada de Hazard e Baan. Hazard andava com passos firmes e diretos, já organizando os próximos testes, enquanto Baan se aproximava de Kreik, lançando-lhe um sorriso orgulhoso.

— Fez um bom trabalho, Kreik — disse Baan, dando um leve tapinha no ombro do rapaz.

Kreik sorriu de volta, um pouco mais aliviado pela aprovação do companheiro de guilda.

Cassie, que observava tudo com atenção, comentou, meio brincando:

— Adoraria participar das aulas de vocês, mas... com essa perna quebrada, acho que não vai dar.

Moara olhou para Baan com um brilho nos olhos e puxou-o discretamente para um canto, longe dos ouvidos de Cassie.

— Baan, você precisa curá-la — sussurrou ela, determinada.

Baan hesitou, o rosto assumindo uma expressão preocupada.

— Moara... se eu fizer isso, corro o risco de alguém perceber quem realmente sou — respondeu ele, cauteloso.

Moara insistiu, cruzando os braços.

— Cassie precisa de ajuda. Sei que você pode fazer isso, Baan. Por favor.

Diante da determinação de Moara, Baan suspirou, rendendo-se. Ele se aproximou de Cassie e sorriu tranquilamente.

— Deixe-me ver sua perna — pediu, em um tom calmo.

Cassie o olhou, surpresa, mas assentiu, permitindo que ele examinasse o ferimento. Baan se abaixou e colocou uma das mãos sobre a perna dela. Com um toque sutil e um leve brilho nas mãos, restaurou o osso quebrado. O alívio imediato no rosto de Cassie foi evidente.

— Uau... como você fez isso? — perguntou ela, maravilhada.

— É segredo — respondeu Baan ao piscar para ela, exibindo um sorriso maroto.

Moara deu uma risadinha ao lado, e Cassie sorriu para ela, grata.

— Eu disse que conhecia alguém que poderia ajudar — comentou a maga de terra, orgulhosa.

Cassie, sentindo-se mais animada, olhou para Hazard, que começava a organizar os próximos alunos para o teste.

— Isso significa que eu posso participar agora, professor? — perguntou ela, esperançosa.

Hazard, que observava o entusiasmo da garota, balançou a cabeça com um sorriso compreensivo.

— Não dessa vez, Cassie. Estamos prontos para chamar o último trio. Mas prometo que na próxima você estará lá.

Cassie suspirou, aceitando a resposta do professor com um sorriso leve. Hazard então ergueu a voz, chamando o próximo trio.

— Joraco, Hermiara e Clemência!

Os três avançaram, se posicionando para o teste. Moara deu um passo à frente, apontando para o broche que seria usado no exame.

— Eu vou ficar com o broche desta vez! — afirmou ela, confiante.

Joabe cruzou os braços e levantou uma sobrancelha, contestando.

— Nada disso, Moara. Você é muito impulsiva — disse ele, o tom de voz firme. — Eu vou ficar com o broche.

Antes que a discussão entre os dois pudesse se prolongar, Clemência estendeu a mão e pegou o broche, prendendo-o em seu próprio uniforme.

Moara e Joabe trocaram um olhar surpreso e suspiraram, resignados.

— Tá, pode ser você... — disse Moara, dando de ombros, enquanto Joabe balançava a cabeça, aceitando a decisão.

Os professores, observando a determinação dos três, se posicionaram estrategicamente ao redor do local designado, prontos para o início do teste.

— Em seus lugares, pessoal! — chamou Hazard, dando o sinal para começarem.

E, assim, o teste do último trio se iniciava, enquanto os outros alunos aguardavam, curiosos para ver o desempenho dos companheiros.

Enquanto Moara, Joabe e Clemência caminhavam pelas ruas movimentadas da região comercial, os três olhavam ao redor com atenção, a bússola em mãos indicando o caminho até a relíquia. O movimento de pessoas dificultava a identificação do ataque de algum professor, mas isso não parecia incomodar Clemência, que mantinha seu olhar despreocupado, como se tudo não passasse de uma simples caminhada pela cidade.

Eles finalmente chegaram à praça central, com os olhos atentos ao redor. O trio começou a se espalhar para cobrir o terreno, quando um vulto se lançou à frente deles. Era Baan, em um ataque surpresa, mirando diretamente em Moara. Ele avançou com uma velocidade impressionante, aplicando um chute potente em seu flanco, que a arremessou para trás, forçando-a a se equilibrar rapidamente.

— Achei mesmo que eu ia pegar leve? — provocou Baan, com um sorriso afiado, mantendo-se em posição ofensiva.

As pessoas ao redor se aglomeraram, formando uma roda animada para assistir à luta dos alunos da prestigiada Universidade Flamel. Murmúrios e exclamações liberadas ecoavam entre os espectadores, incentivando ainda mais o espetáculo que se desenrolava. Moara se recompôs, trocando um olhar refinado com Joabe; ambos compreendem a situação — com tantos civis ao redor, só poderiam usar golpes físicos.

— Vamos ver o que você tem, professor! — falou Joabe, avançando contra o Baan com um chute ágil.

Ele desferiu uma série de golpes precisos, os movimentos ensaiados e disciplinados, enquanto Baan desviava com destreza, observando os padrões dos alunos. Moara se juntou a Joabe, e os dois atacaram em sincronia, cada golpe exigia uma resposta rápida de Baan, que desviava ou bloqueava, sem perder o ritmo. Joabe lançou uma cotovelada poderosa na direção ao torso do professor, mas Baan defendeu com um braço, aproveitando para girar o corpo e desferir um soco direto no ombro de Joabe, que recuperou um passo.

Moara, rápida como sempre, deslizou por trás de Baan, tentando aplicar um chute nas suas costas, mas ele girou o corpo, bloqueando o ataque com o antebraço e, em seguida, contra-atacou com uma série de socos, que ela desviou com agilidade, embora o último golpe tenha passado de raspão em seu queixo, fazendo-a cambalear levemente.

Enquanto isso, Clemência, demonstrando uma calma impressionante, afastou-se da multidão e se dirigiu para uma barraca de chá ao lado, onde uma senhora idosa servia bebidas quentes.

– Boa tarde. Posso ter uma xícara de chá? — Disse ela com um sorriso gentil, como se estivesse em um passeio tranquilo.

A senhora assentiu, entregando-lhe o chá enquanto Clemência se acomodava em uma cadeira ali ao lado, observando Moara e Joabe lutarem. Moara lançou um olhar frustrado para ela entre um golpe e outro.

— Clemência! Por que você não está ajudando?! — exclamou Moara, tentando desviar de um soco rápido de Baan.

Clemência deu um gole tranquilo no chá e respondeu, como se nada estivesse acontecendo ao redor.

— Combate físico não é bem meu forte, sabe? Achei melhor me guardar e proteger o broche. — Ela então olhou para a senhora da barraca. — Ah, poderia me trazer uns biscoitos e um pedaço de pudim também, por favor?

Joabe, parando brevemente para observar uma amiga tão despreocupada, resmungou incrédulo.

— Inacreditável... isso é o cúmulo da falta de vergonha na cara — murmurou ele, antes de desviar de um golpe que Baan desferiu, forçando-o a recuar novamente.

Sem que os amigos notassem, Clemência terminou sua refeição com toda a tranquilidade, deixou o pagamento sobre a mesa e clamou-se, começando a caminhar rapidamente ppor uma das laterais da praça, onde o fluxo de civis era menor. Baan, percebendo sua movimentação, lançou um sorriso desafiador e correu atrás dela, deixando Joabe e Moara para trás.

— Ah, qual é! Esse Baan é muito otário vai logo atrás da mais fraca para nos eleminar logo. — Moara exclamou ao perceber a movimentação, disparando atrás deles.

— Tinhamos tudo para vencer, mas essa riquinha vai fazer a gente falhar miseravelmente... Tsc! — Joabe disse, logo se unindo à perseguição, ambos preocupados com Clemência ter o broche retirado por Baan.

Clemência, mantendo uma distância razoável de Baan, correu até um beco estreito e, em uma manobra rápida, virou-se para encarar o professor. Ao vê-lo se aproximando rapidamente, com uma expressão confiante, ela invocou um equipamento de forja em suas mãos.

— Forja Básica: Marreta Biônica! — exclamou ela, com um sorriso confiante.

 

 

A marreta surgiu em suas mãos, ostentando seu design bicolor — um lado amarelo e outro vermelho — e o cabo adornado com seis pequenas bolinhas, três de cada cor. Ao ver a arma, Baan deu um sorriso curioso, sem reduzir a velocidade de sua aproximação.

— Soft Slam (Golpe Suave)! — Clemência anunciou, girando a marreta de forma que o lado amarelo acertasse o chão com força.

A superfície do chão ficou imediatamente emborrachada, tornando-se uma armadilha macia e maleável. Quando Baan, sem perceber o truque, pisou na área, afundou como se o chão tivesse se transformado em areia movediça. Ele tentou se equilibrar, mas, foi tragado para o interior do chão.

Joabe e Moara finalmente chegaram, parando boquiabertos ao ver a situação. Eles olharam para Clemência com expressões de surpresa e admiração.

— Como... como você fez isso?! — Moara disse, os olhos arregalados.

Clemência ajeitou a marreta no ombro, exibindo um sorriso orgulhoso enquanto explicava:

— A habilidade Soft Slam deixa qualquer coisa afetada pelo lado amarelo da marreta macia como borracha. Isso impede que ela aplique ou sofra dano por um período de tempo. Qualquer material ou superfície, até mesmo metal, vira uma armadilha perfeita. — Ela acenou para o ponto onde Baan se encontrava preso. — Para seres vivos, dura dez segundos. Objetos inanimados, cinco minutos.

Joabe e Moara trocaram um olhar cúmplice e percebido, o respeito evidente em suas expressões.

— Então é melhor continuarmos com o teste, não? — sugeriu Clemência, apontando com a marreta o caminho indicado pela bússola e se adiantando, deixando os dois para trás.

— Eu pensei que ela era apenas uma mimadinha, mas até que é boa de luta — sussurrou Joabe, ainda sem acreditar como ela derrotou Baan tão facilmente.

Moara soltou uma risada, também sem esconder sua admiração.

— Pois é... rapadura é doce, mas não é mole, não.

Baan, ainda preso pela habilidade de Clemência, respirou fundo, avaliando a situação. Com uma expressão séria, ele murmurou para si mesmo: “Que habilidade interessante dessa garota... realmente me pegou desprevenido.”

Com um toque de determinação, ele concentrou seu poder mágico, invocando uma coluna vertebral com articulações flexíveis. Esse chicote de ossos formou-se rapidamente em sua mão, e ele o arremessou até uma das vigas de ferro que sustentavam uma cobertura próxima, fazendo com que a estrutura óssea se prendesse firmemente. Em um único impulso, ele removeu com força, erguendo-se para fora do chão emborrachado.

Assim que Baan se libertou e firmou os pés no chão, lançou um olhar breve e orgulhoso para onde Clemencia, Joabe e Moara tinham ido, seguindo na direção do professor Hazard.

“Espero que consigam se virar com o Hazard, como fizeram comigo”, pensou ele, esboçando um sorriso ao lembrar-se da determinação do trio.

Enquanto isso, o professor Hazard olhava impaciente para seu relógio de bolso, encostado nas prateleiras cobertas de poeira de um armazém abandonado. O ambiente estava imerso em penumbra, com o som do vento sibilando pelas janelas quebradas.

“Por que eles estão demorando tanto?”, murmurou, franzindo a testa, enquanto aguardava ansiosamente a chegada dos alunos.

Não muito depois, Clemencia, Joabe e Moara, guiados pela bússola, chegaram ao armazém abandonado. Com passos cautelosos, eles adentraram o espaço sombrio, cada um com o coração batendo acelerado, antecipando o confronto iminente com o misterioso professor.

Enquanto se moviam entre as sombras e escombros, uma voz grave e distorcida preencheu o ambiente, reverberando como se viesse de todas as direções:

— Por que demoraram tanto? Pensei que nem viriam mais.

Os três alunos congelaram no lugar, a tensão crescendo entre eles. Com olhares cautelosos, voltaram-se na direção da voz, e ali, na penumbra, segurando o mesmo livro verde de antes, estava o Poeta Fantasma — a figura imponente e maquiavélica.

Clemencia, visivelmente abalada, deu um passo à frente, sua expressão marcada pela raiva e determinação:

— Foi ele, não foi? — Sua voz tremia ligeiramente, mas carregava firmeza. — “Foi ele quem capturou a Prya!

Moara e Joabe assentiram em silêncio, confirmando as suspeitas dela.

Clemencia apertou os punhos, deixando o brilho de sua marreta biônica surgir com um toque mágico e vibrante.

— Vamos acabar com esse maldito e trazer a Prya de volta — disse ela, a determinação evidente em seu tom de voz. — Ele vai ver o verdadeiro preço de ameaçar um dos alunos da Universidade Flamel!

Moara sorriu, com os olhos cintilando de adrenalina, e se posicionou ao lado de Clemência.

— “É isso aí, Clemencia. Vamos trazer Prya de volta e fazer esse maldito sofrer de dor. Eu ainda quero dar umas boas bofetadas nele! — afirmou Moara com fervor, trocando um olhar determinado com Joabe, que já invocava seus braceletes laminados.

Joabe, ao sentir a energia de seus amigos, fixou os olhos no Poeta Fantasma e murmurou:

— Vou te fatiar e te levar direto ao outro mundo.

O Poeta Fantasma, impassível e sem alterar a expressão, os observou com frieza, segurando seu livro aberto. Sua voz ecoou novamente, carregada de desprezo e provocação.

— Venham, pirralhos — disse ele, erguendo o livro em um gesto desafiador —, vamos concluir o que não conseguimos terminar naquele dia. Mostrem do que são capazes!



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