Luvas de Ifrit Brasileira

Autor(a): JK Glove


Volume 3

Capítulo 102: Aula na Rua

Baan entrou na sala dos professores e foi imediatamente surpreendido por um burburinho incomum. Vários docentes conversavam sobre o incidente ocorrido na sala de aula destruída misteriosamente, comentando em vozes preocupadas e questionadoras. Entre eles, a professora Kassandra o notou chegando e, com um sorriso travesso, caminhou até ele. Sem cerimônias, agarrou o braço de Baan, envolvendo-o com uma leve pressão que contrastava com sua voz manhosa.

— Baandalf, querido... Já tá sabendo das novidades preocupantes? — disse ela, piscando de forma provocante, enquanto deslizava os dedos suavemente por seu braço.

Baan corou instantaneamente, sua expressão se tornando rígida enquanto tentava manter a compostura.

— Sim, ouvi falar dos recentes acontecimentos...

Antes que pudesse terminar sua fala, a professora Seraphine se aproximou, com os olhos afiados e analíticos fixos nele.

— Será que o novo professor charmoso por acaso suspeita do que pode ter causado essa destruição? — perguntou Seraphine, seus olhos refletindo uma pitada de desconfiança.

Sentindo o olhar penetrante de Seraphine, Baan se remexeu, nervoso, e tentou soar convincente.

— E-eu? Não tenho a mínima ideia... — respondeu ele, desviando o olhar rapidamente.

Nesse momento, um homem se aproximou com passos firmes, sua expressão amigável contrastando com a tensão no ambiente.

— Olá! — saudou ele, estendendo a mão para Baan. — Me chamo Lemon Doyle. Você deve ser o novo professor, certo?

Professor Lemon Doyle, 43 anos, olhos verdes e óculos. Possui cabelo verde escuro e longo, que destaca seu semblante sério e misterioso. Veste um terno elegante com um colete roxo sobre uma camisa branca e uma gravata preta, com uma capa verde, adornada com detalhes roxos e verdes e sapatos sociais pretos, completando seu visual.

 

 

— Isso mesmo — respondeu Baan, apertando a mão de Lemon, mas imediatamente sentiu um leve choque elétrico.

Ele olhou para Lemon, intrigado, mas antes que pudesse perguntar algo, Kassandra deu um passo à frente, interrompendo a troca com um sorriso insinuante.

— Ah, sim! Ele é o Baandalf, o Cinzento — disse Kassandra, dando uma risadinha. — Ouvi dizer que ele é bem... talentoso.

Baan ficou ainda mais corado, incapaz de disfarçar o embaraço, enquanto Lemon Doyle e Seraphine riam. Tentando recuperar o controle da situação, ele pigarreou.

— B-bem, a próxima aula é minha. Mas... já que a sala foi destruída, será que ela será cancelada ou poderemos usar um outro espaço?

Seraphine parou de rir e colocou a mão no queixo, ponderando.

— Que tal usar o ginásio ou... a rua? Quem sabe não torna a aula ainda mais interessante? — sugeriu ela, com um olhar enigmático.

Baan assentiu, grato pela sugestão. Porém, antes que ele pudesse se afastar, o professor Hazard, que até então observava de longe, deu alguns passos na direção dele.

— Baan, tenho uma ideia excelente para uma aula no ginásio — disse Hazard, com um leve sorriso.

— Sério? — perguntou Baan, agora curioso. — O que você sugere?

Hazard cruzou os braços, mantendo o olhar firme.

— Aquela sua ideia de uma aula conjunta... Ainda tá de pé?

Baan sorriu, concordando com a cabeça. Com isso, os dois se dirigiram para o ginásio, discutindo os detalhes da aula enquanto Kassandra os observava de longe. Seraphine se aproximou dela, cutucando-a de leve e murmurando com uma risadinha.

— Você é muito oferecida, hein, Kassandra?

Kassandra deu de ombros, com um sorriso convencido.

— Não tenho culpa se o novo professor é... um pedaço de mal caminho.

As duas trocaram um olhar cúmplice antes de rirem juntas, enquanto Baan e Hazard já desapareciam pelo corredor.

Noutra parte da universidade, na região dos dormitórios discentes, Moara estava em seu quarto alimentando Bardo, seu pássaro fiel, enquanto recebia uma suave brisa no rosot advinda da janela. Com um bico inquieto, ele bicava a suavemente a mão de Moara, querendo informar seu interesse em sair dali e explorar o mundo exterior. Moara sorriu e fez um carinho na cabeça dele.

— Calma, garoto... Logo, logo, você poderá sair de novo — murmurou ela, com um toque de carinho na voz. — Só mais um pouco, tá bem?

Moara lhe deu um beijo na cabeça e se afastou, esquecendo a janela do quarto aberta. Sem perceber, ela deixou espaço suficiente para que Bardo escapasse furtivamente.

Logo em seguida, Kreik bateu à porta.

— Moara, a aula do Baan vai começar! Vamos? — chamou ele.

Moara assentiu, saindo apressada para acompanhá-lo. Logo depois, Joabe se juntou ao grupo enquanto eles caminhavam pelo corredor. Kreik olhou para Moara, preocupado.

— E aí, como você está depois das lutas de ontem?

— Mal consegui dormir... — Moara suspirou, parecendo abatida. — Tô me sentindo impotente — confessou ela, os ombros caídos, como se carregasse um peso invisível.

Joabe, com seu tom frio de sempre, cruzou os braços.

— Precisa superar isso e focar na missão — disse ele, sem rodeios.

Irritada, Moara o agarrou pelo colarinho, seus olhos cheios de lágrimas contidas.

— Prya... Ela se deixou ser capturada para me salvar, Joabe! Ela pode estar sendo maltrada por nossa culpa

De repente, uma voz soou, surpreendendo o grupo:

— O quê? Prya foi capturada? Por quem? Como assim?

Assustados, os três se viraram e se depararam com Clemência e Rufus, que se aproximaram do grupo com expressões sérias. Clemência cruzou os braços, os olhos faiscando de curiosidade.

— Que história é essa? — perguntou ela, o tom de voz exigente.

Rufus, que estava mais atrás, fez um gesto discreto para que eles não falassem nada, mas Clemência insistiu, irritada.

— Se vocês não contarem, vou direto para a Reitora e digo que foi tudo culpa de vocês a destruição da sala de aula.

Sem alternativas, Moara segurou o braço de Clemência e começou a explicar:

— Olha, o Rufus achou que Kenia e Vicente estavam agindo de forma estranha por obra do Poeta Fantasma da Rima Morta. Ele marcou um encontro comigo, Kreik, Joabe e Prya para investigar... mas, infelizmente, o poeta capturou Prya. Lutamos para salvá-la, mas ele conseguiu fugir.

Clemência arregalou os olhos, incrédula. Após um momento de silêncio, ela se aproximou de Rufus e lhe deu dois cascudos.

— Ai! — exclamou ele. — O que foi isso?

— O primeiro foi por ter colocado todos em risco!. E o segundo, por investigar o Poeta Fantasma sem me contar nada. E você ainda diz que somos amigos? Amigos não escondem coisas importantes! — rebateu Clemência, com as sobrancelhas franzidas.

Rufus coçou a cabeça, sem jeito.

— Me desculpa...

— Precisamos contar isso urgentemente aos professores! — anunciou Clemência, após respirar fundo.

— Eles não acreditariam. — Rufus balançou a cabeça. — Eu já tentei... O problema é que o Poeta Fantasma cria cópias de papel dos alunos, disfarçando-os como se fossem os verdadeiros.

— Então vamos contar ao Donny e à Cassie.

— Não podemos contar para muita gente. Se houver um alarde, isso pode chamar a atenção do Poeta Fantasma. — Joabe interveio, com uma expressão preocupada.

Clemência o encarou, determinada.

— Eu não vou esconder isso dos nossos amigos. Eles têm o direito de saber sobre Prya.

Determinada, Clemência se afastou, deixando Moara, Kreik e Joabe sem saber como reagir.

— O Baan não vai gostar nada de saber o que acabou de acontecer... — murmurou Kreik.

— Cala a boca! — responderam Moara e Joabe, uníssono e irritados.

Pouco depois, Kreik, Moara, Joabe e Rufus chegaram ao ginásio, onde encontraram Donny, Clemência e Cassie sentados. Cassie e Donny olhavam para Rufus com um ar severo.

— Idiota! Clemência nos contou tudo... — disse Donny, cruzando os braços.

Antes que Rufus pudesse se justificar, Baan e Hazard entraram no ginásio.

— E aí, galera! — anunciou Baan, com um sorriso amistoso. — Meu nome é Baandalf, e serei o professor de Defesa Física. Ao meu lado está o Hazard, que ficará responsável pela Defesa Mágica.

Os alunos se entreolharam, confusos, e Hazard continuou a apresentado, entregando-lhes folhas de papel, matendo um sorriso misterioso.

— A aula de hoje será diferente. Quero que todos se organizem em trios, conforme a lista elaborada por mim e o professor Baandalf.

Após formarem os grupos, Hazard leu a lista, anunciando os trios, enquanto Cassie levantava a mão.

— Professor Hazard, não fui inclusa em nenhum trio nessa sua lista. E também não vi o nome da Prya em lugar algum. O que aconteceu?

— A aula de hoje será um pouco especial... E como você tá com a perna quebrada, não poderá participar. Quanto a Prya... Ela entregou um requerimento de dispensa por não estar se sentindo bem.

Cassie, Donny, Rufus e os protagonitas se entreolharam e um outro aluno ergueu a mão peguntando ao professor Hazard qual seria o motivo daquela aula ser especial, este prontamente respondeu que os alunos teriam que lutar contra os professores. A sala explodiu em murmúrios surpresos, e os alunos encararam Baan e Hazard com expressões de choque.

— Não fiquem nervosos, cambada! Apenas me sigam e se divirtam, porque a aula de hoje será bem agitada! — anunciou Baan, enquanto esfregava as mãos, ansioso.

Baan caminhava à frente, ladeado por Hazard e os alunos, conduzindo o grupo pelos largos portões da universidade até a saída para Meryportos. Durante o trajeto, ele explicava os detalhes da aula prática com um ar descontraído, mas ao mesmo tempo, desafiador.

— Cada trio de vocês terá quinze minutos para encontrar uma relíquia, escondida em algum ponto da cidade — começou Baan, entregando um pequeno broche dourado para cada trio. — Esse broche deve ser mantido no peito de um de vocês. A tarefa é simples: enquanto procuram pela relíquia, nós, professores, agiremos como patrulhas inimigas. Se formos capazes de capturar o broche, seu trio perde.

Alguns alunos riram nervosamente, enquanto outros trocavam olhares determinados. Hazard, com sua postura serena e olhar incisivo, completou a explicação.

— É importante lembrar que estamos numa cidade cheia de civis — acrescentou Hazard, com sua voz calma e grave. — Caso haja pessoas por perto, o combate deve ser puramente físico. Nada de atacar com magia. No entanto, se estiverem em uma área isolada, terão a permissão de atacar com suas técnicas mágicas.

A turma murmurou em aprovação, mas Moara, sempre contestadora, levantou a voz:

— Isso não é justo! A cidade é enorme! Como vamos achar uma pequena relíquia em tão pouco tempo?

Hazard esboçou um sorriso de canto, divertido com a reação dela. Calmamente, ele enfiou a mão no bolso e arremessou um objeto para Moara, que pegou com destreza.

— Isso é uma bússola rúnica — explicou Hazard. — Ela aponta na direção da relíquia escaneada. Sigam o ponteiro e façam o seu melhor. Não se preocupem, cada trio terá uma bússola.

Os alunos ficaram animados, organizando-se rapidamente em suas equipes, e os primeiros trios logo começaram o teste. A cada tentativa, o tempo passava e as falhas surgiam, deixando o ambiente tenso e ansioso.

Finalmente, chegou a vez do terceiro trio: Kreik, Rufus e Donny. Eles se posicionaram na entrada das movimentadas docas da cidade, onde trabalhadores carregavam caixas, marinheiros inspecionavam navios e civis passeavam, tornando o local um desafio ainda maior. Donny, com a bússola em mãos, seguia o caminho em silêncio, evitando olhar para Rufus. Kreik acompanhava ambos, observando o clima de tensão que pairava entre os dois.

Rufus, tentando quebrar o gelo, pousou a mão no ombro de Donny e murmurou:

— Até quando você vai ficar me ignorando, Donny? Achei que fôssemos amigos...

Donny afastou a mão de Rufus com um movimento brusco e respondeu com a voz baixa e tensa:

— Amigos? — retrucou ele, com a frustração evidente em cada palavra. — Se fôssemos mesmo amigos, você teria confiado em mim. Mas preferiu se aliar a pessoas que acabou de conhecer.

Rufus engoliu seco, surpreso com a intensidade do ressentimento de Donny. Antes que ele pudesse responder, Donny virou-se para Kreik e acrescentou:

— Não é nada pessoal com você, Kreinald.

Kreik assentiu em silêncio, compreendendo o peso daquela tensão. Donny prosseguiu, lançando um olhar penetrante a Rufus:

— Você foi imprudente, Rufus. Idiota, inconsequente... desleal! E agora Prya está em apuros por sua causa.

Rufus cerrou os punhos, seu rosto misturando arrependimento e tristeza.

— Eu sinto muito, Donny — murmurou ele. — Nunca pensei que as coisas iriam escalar a esse ponto. Eu deveria ter confiado em você, na Clemência, na Cassie... mas tive medo de que algo acontecesse com vocês.

Donny, ainda com a expressão endurecida, deu um leve empurrão em Rufus, que tropeçou e caiu no chão poeirento das docas.

— E com a Prya, você não teve esse mesmo receio? — a pergunta cortante de Donny atingiu Rufus como uma faca, deixando-o sem palavras.

Kreik se aproximou, colocando uma mão firme e reconfortante no ombro de Donny.

— Donny, precisamos nos concentrar no teste dos professores agora — disse Kreik, com uma calma determinada. — Depois, encontraremos uma forma de salvar Prya. Eu prometo.

Donny suspirou, desviando o olhar, mas assentiu lentamente, ainda com a raiva brilhando em seus olhos. Kreik estendeu a mão para Rufus, ajudando-o a se levantar, e os três retomaram a formação.

Enquanto isso, não muito distante, Baan observava a cena com um sorriso malicioso. Ao ver o trio caminhando e pensando como iniciaria o primeiro embate.



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