Luvas de Ifrit Brasileira

Autor(a): JK Glove


Volume 3

Capítulo 101: Cavalaria

Vicente, após lançar sua ténica, viu as bolinhas flamejantes fervilharem e explodirem, em questão de segundos, um redemoinho de fogo começou a girar violentamente ao redor dele. As chamas subiam, furiosas, prontas para consumir tudo à sua volta.

O redemoinho flamejante seguiu seu destindo em direção à Kreik e Joabe, estes, percebendo o perigo iminente, se entreolharam, a tensão estampada em seus rostos.

— Não vamos deixar esse maldito nos acertar! — gritou Joabe, soprando na lâmina de um de seus braceletes.

Kreik assentiu e preparou seu Uppercut Igneo, já Joabe preparou sua Executioner’s Blade (Lâmina do Carrasco). Ambos uniram seus poderes e rapidamente golpearam o redemoinho flamejante. Numa disputa de poder mágico entre as técnicas, Kreik e Joabe conseguiram sair vitoriosos, fazendo o golpe do oponente se dissolver no ar.

Enquanto os dois lutavam para segurar o ataque, Vicente já se movia pelo campo, correndo com agilidade, sua espada recolhendo novas bolinhas amarelas no ar, aumentando o brilho da lâmina. Ele sorriu com malícia, vendo a exaustão de seus oponentes.

— Está acabado. Caldeira Agonizante! — gritou, fincando novamente a espada no chão.

Um grande símbolo rúnico se formou abaixo de Kreik e Joabe, e Vicente puxou o cabo da espada como uma alavanca. Imediatamente, rajadas de fogo começaram a emanar do chão, como se o solo estivesse fervendo. As chamas subiram, ferindo os dois severamente. O primeiro golpe fez a dupla soltar um grito de dor.

— De novo! — Vicente puxou a alavanca pela segunda vez, e uma nova onda de fogo se ergueu.

Ambos caíram de joelhos, exaustos e queimados, sem forças para continuar resistindo. Vicente olhou para os dois, com uma expressão vitoriosa.

— Chegou a hora de morrerem... — sussurrou ele, preparando-se para puxar a alavanca uma terceira vez.

Mas antes que pudesse completar o movimento, uma katana fincou-se no chão ao seu lado, interrompendo sua ação. Vicente tentou girar o cabo da espada, mas percebeu que não conseguia se mover.

No final do corredor, duas figuras surgiram das sombras. Uji, com um sorriso confiante, e Rydia, com os olhos atentos. Escondido atrás deles estava Rufus.

— Torikago (Gaiola de Pássaros)! — exclamou Uji, aproximando-se. — Não adianta tentar se mexer, você tá preso na minha gaiola!

Vicente olhou em volta, confuso. Uji então avançou rapidamente, fincando as mãos nas costas de Vicente e gritando:

— Uguisu Naki (Chilrear dos Rouxinois)!

Uma poderosa descarga elétrica percorreu o corpo de Vicente, fazendo-o gritar em agonia. O corpo de Vicente começou a se dissolver parcialmente em papel, caindo em pedaços no chão.

— Não adianta! — gritou Joabe, ofegante. — Esses malditos são feitos de papéis e sempre voltam... Não tem como derrota-los.

Rydia, fria e calculista como sempre, deu um passo à frente, seus olhos brilhando com determinação.

— Idiota, não podemos derrotá-lo, podemos apenas imobilizá-lo. Web Water! — disse ela, manipulando sua água elástica.

Rydia criou uma teia de água que se esticou pelo campo de batalha, envolvendo o corpo de Vicente e os pedaços de papel no chão, como uma aranha capturando sua presa. Vicente se debatia, tentando se libertar, mas era inútil. A teia apertava, restringindo cada vez mais seus movimentos.

Enquanto isso, no outro ambiente...

Moara estava em desvantagem contra Kenia. As pernas de coelho de Kenia chutavam com força e precisão, enquanto Moara bloqueava os golpes com os punhos. O cansaço de Moara era evidente, e Kenia começava a levar a melhor, conectando chutes que a faziam recuar.

— Quicks Kicks (Chutes Rápidos)! — gritou Kenia, executando uma tempestade de chutes rápidos e brutais.

Moara foi arremessada contra a parede com força, seus braços pesados de tanto bloquear. Ferida e ofegante, ela caiu no chão, encostada contra a parede, sua respiração rápida e irregular. Kenia se aproximou com um sorriso sádico, levantando o pé para um golpe final.

— Hora de morrer... Pereça diante meu chute mais poderoso — disse Kenia, erguendo o pé até sua cabeça, pronta para desferir o seu golpe.

De repente, uma das paredes se quebrou com um estrondo, e Baan apareceu, sua figura imponente.

— Tu-ruru-ru-ru-ruru! — Baan levou a mão à boca, imitando uma trombeta. — A cavalaria chegou!

Kenia sem hesitar avançou contra Baan, tentando desferir um chute, mas ele cobriu seu corpo com uma camada de ossos, bloqueando o golpe. Os pés de Kenia começaram a se desfazer em papel ao entrar em contato com os ossos de Baan.

— Skeleton Punch (Soco Esqueleto)! — gritou Baan, cobrindo a mão com mais ossos e desferindo um soco poderoso na inimiga.

A Transmorfa tentou bloquear com o braço direito, contudo o impacto do soco foi brutal, arrancando o braço de Kenia, fazendo uma chuva de papéis voar pela sala. Ele se virou para o poeta fantasma, que estava prestes a escapar pela janela. Baan se preparou para atacá-lo anstes que fugisse. Ele movimentou-se com um impulso fervoroso, mas Kenia, mesmo com o corpo parcialmente destruído, usou desse mesmo artifício como seu último movimento. Com a sua movimentação, ela se colocou entre o poeta fantasma e Baan.

O soco de Baan atingiu apenas Kenia, que se desfazia cada vez mais em pedaços de papel. Com a proteção temporária de Kenia, o poeta fantasma conseguiu pular pela janela, escapando.

Baan olhou pela janela, vendo o vulto do poeta fugindo ao longe, seu olhar frio e determinado. 

— Droga... Ele escapou — murmurou ele.

Rydia entrou na sala acompanhada por Rufus e Uji. Uji apoiava Joabe e Kreik, ambos visivelmente feridos após a intensa luta contra Vicente.

Baan se virou para Moara com um olhar sério, prestes a falar, mas antes que ele pudesse, Moara, com os olhos marejados, caiu de joelhos no chão, lágrimas rolando pelo seu rosto.

— Desculpa... — disse ela, a voz embargada. — A gente vacilou ao lutar contra o poeta fantasma... Por causa desse erro, a Prya tentou me salvar e acabou sendo capturada no meu lugar. — As lágrimas caíam ainda mais intensamente agora. — Baan, precisamos salvá-la... Precisamos salvá-la...

Rydia cruzou os braços, o semblante frio e severo. — Vocês foram descuidados — disse, a voz dura. — Deveriam ter focado em ir diretamente ao ponto de encontro, como combinado.

Kreik, visivelmente cansado e ferido, tentou argumentar. — Nós estávamos indo ao ponto de encontro, mas a Prya apareceu... — Ele fez uma pausa para respirar. — Tivemos que mudar o caminho na espera dela se cansar e decidir voltar ao dormitório... Era o único jeito dela não desconfiar de nada.

Rydia, no entanto, não parecia satisfeita. — Isso não muda o fato de que vocês falharam. O desleixo de vocês custou caro.

Antes que ela pudesse continuar, Uji colocou a mão em seu braço, balançando a cabeça em silêncio, sinalizando que aquele não era o momento para repreensões.

Baan se aproximou de Moara, abaixando-se ao lado dela. Com uma expressão mais suave, colocou a mão sobre a cabeça da garota.

— Vocês foram imprudentes, é verdade, mas seguraram as pontas. O mais importante é que estão todos bem. — A voz dele era firme, mas reconfortante.

Rydia, ainda de braços cruzados, suspirou pesadamente. — Aproveitemos então que estamos reunidos para compartilhar as informações que obtivemos e discutir os próximos passos.

Baan balançou a cabeça em negação. — Agora não é o momento para isso. — Ele se levantou e olhou para os outros. — Levem Moara, Kreik e Joabe para a enfermaria. Usem runas de cura. Logo mais, esse lugar vai estar cheio de funcionários e alunos, querendo entender o que aconteceu aqui.

— E quando será o momento adequado? — perguntou Rydia, um tanto impaciente. — Estamos levantando muitas suspeitas. Se continuarmos assim, é só uma questão de tempo até que nossos disfarces sejam descobertos. A professora Areta ou até mesmo a Reitora podem nos matar.

— A Reitora é diferente da mãe. Ela não atacaria antes de conversar — interveio Rufus com a voz calma.

— Você defende mais a Reitora do que a própria mãe — resmungou Joabe, visivelmente irritado.

Rufus abaixou a cabeça, envergonhado, e murmurou quase inaudivelmente:

— É só a verdade.

Baan bateu palmas, chamando a atenção de todos. — Já tá decidido. — Ele olhou para todos com seriedade. — Vamos focar em tratar os feridos. Amanhã, depois da primeira aula, nos reunimos para discutir os próximos passos. — Ele fixou o olhar em Kreik, Moara e Joabe. — E desta vez, não tolerarei novas imprudências.

Algumas horas após os intensos confrontos, antes dos primeiros raios de sol iluminarem a universidade, o poeta fantasma entrou silenciosamente em uma sala vazia. O ambiente sombrio parecia absorver sua presença, enquanto ele caminhava em direção ao centro da sala. Sombras dançavam nas paredes com a fraca luz da lua que passava pelas janelas.

— O que achou do nível de poder deles? — emergiu uma voz distorcida da penumbra, carregada de mistério e frieza.

O poeta fantasma, cruzando os braços e inclinando levemente a cabeça, respondeu com uma expressão entediada:

— São meio bobalhões... Mas passaram no teste.

A voz na escuridão permaneceu em silêncio por um breve momento, antes de continuar, pensativa:

— Uma guilda de rank E realmente será suficiente para alcançar nossos objetivos?

— Eles são poderosos para uma guilda de rank E. — O poeta soltou uma risada seca. — Diria que estão alguns degraus acima, especialmente o líder deles... — respondeu ele enquanto seus olhos brilhavam em um tom espectral.

Mas, afinal, quem será a próxima vítima? Já decidiu se algum deles se encaixa no nosso objetivo? — A voz da escuridão perguntou, intrigada. — O ruivo das luvas, o manipulador de ossos, o assassino de Suna, o samurai loiro, aquela debochada do soco de pedra ou a sabichona de cabelos verdes?

O silêncio pairou na sala por alguns segundos, o vilão refletia, sua mente lembrando de cada detalhe durante o combate. A voz do Poeta Fantasma hesitou, analisando cuidadosamente sobre as opções, antes de finalmente responder com uma calma gélida:

— Eu já me decidi qual deles irá servir aos nossos interesses... Amanhã, agiremos novamente e iremos capturar as duas peças que faltam para atacarmos a rainha.

A sala ficou em um silêncio sombrio, apenas o sussurro das sombras preenchendo o vazio, até que a voz finalizou com um tom decidido:

— Então eles estão aprovados... Ótimo! Não vejo a hora de prosseguirmos com a nova fase do plano. Logo o traremos de volta.

— Sem dúvidas! — O poeta fantasma sorriu, satisfeito, e se virou para sair da sala.

As engrenagens do destino estavam prestes a girar novamente, e a trama sombria que cercava a universidade flamel se apertaria ainda mais.

Na manhã seguinte, Leonora caminhava pelos corredores da Universidade, segurando uma xícara de café em uma mão, enquanto conversava casualmente com a professora Kassandra. Assim que entrou no prédio principal, foi surpreendida pela chegada apressada da professora Seraphine, que parecia visivelmente nervosa.

— Leonora, você precisa ver isso — disse Seraphine, sem fôlego.

Intrigadas, Leonora e Kassandra seguiram-na até o local onde a luta havia ocorrido. Quando chegaram, depararam-se com o caos: a sala de aula e o corredor estavam destruídos, com funcionários tentando interditar a área.

— O que aconteceu aqui? — perguntou Leonora, sua voz firme, mas carregada de preocupação.

Antes que Seraphine pudesse responder, uma voz ecoou no ambiente, carregada de sarcasmo. — O que aconteceu? Vou te dizer o que aconteceu: a sua incompetência.

Leonora se virou lentamente e viu a professora Areta se aproximando, gargalhando, cada passo seu ressoando como um desafio. A presença de Areta era avassaladora, uma aura invisível que fazia até mesmo Kassandra e Seraphine recuarem com medo. Mas Leonora não se intimidou. Ela deu alguns passos à frente, seus olhos fixos nos de Areta, emanando sua própria aura imponente.

As duas ficaram cara a cara, suas presenças conflitantes preenchendo o ambiente com uma tensão palpável. A pressão era tamanha os funcionários próximos caíram desmaiados, incapazes de suportar o peso daquela disputa silenciosa.

— O que quis dizer com incompetência, professora Areta? — perguntou Leonora, sua voz fria e calculada.

Areta sorriu com desprezo. — E ainda se diz Reitora... Nem sequer sabe o significado da palavra incompetência.

— Você não tá sendo atrevida demais ao falar assim com sua superior? — Leonora rebateu, estreitando os olhos.

— Superior? — Areta soltou uma risada irônica. — Não me faça rir. Primeiro, alunos desaparecidos. Depois, alunos insubordinação, e agora... — Ela fez um gesto amplo com a mão, indicando a destruição ao redor. — Salas miraculosamente destruídas.

— Primeiro, esses boatos de alunos desaparecidos são mentiras — retrucou Leonora, mantendo a calma. — Os alunos insubordinados agiram assim por causa dos seus métodos, e quanto a esta sala... Terei uma resposta ainda hoje. Pode apostar.

Areta gargalhou novamente, mas desta vez seu olhar estava carregado de desdém. — Leonora, você é tão tola... O mundo está caindo aos seus pés e você nem percebe. Mas não se preocupe, eu ajudarei a derrubá-lo mais rápido.

Ela bateu de ombro em Leonora e se virou para sair, mas antes de dar mais alguns passos, Leonora falou, com a voz baixa, porém carregada de desafio.

— Isso tudo... porque não pode superar o fato de que Randalf me escolheu ao invés de você, não é?

Areta parou, as palavras atingindo uma ferida profunda. — Sim... ele te escolheu... e você o matou.

— Eu não tive culpa — respondeu Leonora, com a voz trêmula. — Ninguém teve culpa. Não tínhamos como saber o que aconteceria... — Lágrimas queriam escapar dos olhos da reitora, mas ela se manteve firme. — Se eu pudesse voltar no tempo, faria tudo diferente.

Areta olhou para trás, sua voz fria como o gelo. — Mas não pode. — E com essas palavras, continuou caminhando.

Assim que ela saiu de vista, Kassandra e Seraphine se aproximaram de Leonora e a abraçaram, tentando confortá-la. Leonora finalmente cedeu às lágrimas, sussurrando entre soluços.

— Me perdoa, Randalf... Sem você eu me sinto tão fraca...



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