Volume 3
Capítulo 100: Sociedade dos Poetas Mortos
Kreik avistou Joabe em meio às chamas, lutando com todas as forças, mas visivelmente em desvantagem. Vicente, agora com apenas um braço, ainda exibia um sorriso confiante enquanto controlava as bolinhas flamejantes ao redor com sua besta mágica, Calderion. As bolhas amarelas de fogo giravam em volta do ambiente e Vicente erguia sua lâmina fazendo-as se unir ao seu aço, deixando sua espada rúnica pronta para liberar seu poder destrutivo.
— Joabe, aguenta firme! — gritou Kreik, impulsionando-se com suas luvas flamejantes, que soltaram uma rajada de fogo de seus pés, lançando-o na direção de seu amigo.
Joabe, caído e ferido após o último golpe, viu o conjurador correr na sua direção, tentando cortá-lo com onda fervente. Mas o mago de Suna desviou, rolando para o lado, embora sentisse o calor crescente à sua volta, resultante da explosão das bolas amarelas acopladas na espada rúnica.
—Kreik! A besta mágica dele libera essas bolinhas amarelas flutuantes. Quando ele aproxima sua espada rúnica delas, essas malditas bolas se unem ao metal e lhe permite soltar seus poderes. Quanto mais bolinhas, mais poderosa é a técnica dele — informou Joabe, limpando o suor que escorria pelo rosto, enquanto seus olhos faiscavam com determinação.
— Entendido! — Kreik aterrissou ao lado de Joabe com uma acrobacia no ar. Suas luvas já brilhavam com uma energia rubra. — Sem essas bolas ou sem a espada ele não é nada.
—Está acabado! — Vicente riu suavemente. — Vou queimar vocês até não restar nada além de cinzas! — Ele ergue a espada preparando para acoplar mais bolinhas.
Kreik não perdeu tempo. Ele lançou seus Flaming Darts, as pequenas rajadas de fogo que saíam de seus dedos avançavam rapidamente em direção ao oponente. Este, bloqueou com sua espada, mas algumas das rajadas atingiram as bolinhas ao redor dele, fazendo-as explodir prematuramente. As pequenas explosões não causaram dano significativo, mas impediu que ele finalizasse seu golpe.
Joabe, vendo a oportunidade, deu um passo à frente, soprando nas lâminas de seus braceletes. Kamaitachis surgiram como lâminas de vento, voando direto para Vicente.
— Nos transformar em cinzas? Eu que vou te fatiar por inteiro! — gritou o mago de vento, enquanto suas lâminas de vento cortavam o ar.
Vicente, com agilidade surpreendente, esquivou de alguns golpes, mas foi atingido em cheio por outros. Contudo, ao invés de sangue, pedaços de papel se desprenderam de seu corpo. Isso o fez recuar alguns passos, mas ele logo assumiu uma postura ofensiva novamente.
— Papel? Igual a Kenia. Quando a derrotamos ela virou papel — comentou Kreik, perplexo, observando os pedaços caindo no chão.
— Esses idiotas não sangram. Beleza! Mas ser de papel não impedem de ser picotados. — Joabe sorriu, seus olhos queimando de malícia.
A dupla trocou um olhar, o entendimento era claro entre os dois. Simples ataques não seriam suficientes para derrotar Vicente.
— Kreik, preciso de uma abertura! — Joabe declarou, seu semblante sério. — Vou usar meu golpe mais poderoso, mas vou ficar lento... Se ele me acertar, estarei acabado. Conto com você!
Kreik assentiu com determinação. — Pode deixar! Eu vou te dar o impulso que você precisa!
Vicente, observando a breve troca de palavras entre os dois, avançou para o lado, aproximando-se de onde mais bolinhas flamejantes flutuavam ao seu redor. Com a única mão que lhe restava, ergueu sua espada e acoplou ainda mais dessas bolhas flamejantes à lâmina.
— Redemoinho Calcinante! — Vicente gritou, fincando a espada no chão. As bolhas explodiram simultaneamente, liberando um redemoinho de fogo que crescia e se expandia rapidamente em direção a Kreik e Joabe.
— Droga! Esse ataque é forte demais! — Joabe praguejou, preparando seus Kamaitachis para tentar conter a tempestade de fogo. Mas ele sabia que o golpe de Vicente era poderoso além da conta.
— Deixa comigo! — gritou Kreik, concentrando o poder em sua luva direita. — Vamos ver quem tem o fogo mais forte aqui! — Com o punho envolto em chamas, ele lançou um soco direto na tempestade de fogo que se aproximava. — Uppercut Ígneo!
Uma rajada flamejante subiu em espiral, rompendo o redemoinho de Vicente ao meio. As chamas se dispersaram o suficiente, abrindo espaço para Joabe agir.
Sem perder tempo, Joabe soprou com toda sua força em seu bracelete direito. Uma aura de vento verde tomou conta de seu braço, formando uma agulha afiada de quase um metro à sua frente.
— Essa é meu golpe mais forte Reapper Needle (Agulha do Ceifador). Agora, Kreik, vamos matar esse desgraçado! — gritou Joabe, com os olhos fixos no inimigo.
Kreik, ainda no ar, fez um movimento rápido. Com um chute flamejante impulsionado pelas suas luvas, ele lançou Joabe como um projétil na direção de Vicente.
— Vai com tudo, Joabe!
Voando como um meteoro verde, Joabe atravessou o campo de batalha. Vicente, percebendo o perigo, tentou reagir às pressas. Ele acoplou várias bolinhas flamejantes à sua espada, murmurando apressadamente:
— Caldeira Ago...
Mas foi tarde demais.
Joabe já estava sobre ele. A Reapers Needle atravessou o abdômen de Vicente com força brutal, criando um buraco enorme em seu corpo. Vicente soltou um grito abafado de dor enquanto seu corpo começava a se desfazer, pedaço por pedaço, em folhas de papel que flutuavam lentamente no ar.
— Esse é o seu fim, maldito — Joabe disse, ofegante, enquanto se ajoelhava, exausto, observando Vicente se desfazer completamente.
Kreik pousou ao lado de Joabe, respirando pesadamente, mas com um sorriso vitorioso no rosto. Estendeu a mão ao amigo, ajudando-o a se levantar.
— Nada mal. Foi um belo golpe final.
Joabe, ainda ofegante, aceitou a ajuda e levantou-se com um meio sorriso. — Valeu pelo empurrão.
Eles ficaram ali, em silêncio por alguns segundos, observando as folhas de papel que antes eram Vicente, agora sendo levadas pelo vento. O campo de batalha parecia mais calmo, mas ambos sabiam que a luta ainda não havia terminado.
— Estou exausto, mas ainda precisamos dar conta daquele fantasma idiota. — Joabe guardou suas lâminas, enquanto tentava recuperar o fôlego.
Kreik assentiu, também visivelmente cansado. — Sim, vamos. A Moara provavelmente deve tá precisando de ajuda.
Quando estavam prestes a sair da sala, uma aura mágica os fez parar. Um arrepio percorreu suas espinhas, e ao se virarem, ambos falaram em uníssono:
— IMPOSSÍVEL!
Rydia, Uji e Baan andavam pelos longos corredores da universidade, seus passos rápidos ecoando pelas paredes enquanto se dirigiam aos dormitórios dos alunos. Rydia parecia mais irritada a cada minuto, seu rosto demonstrava a impaciência crescente.
— Onde aqueles merdas estão? — esbravejou ela, cerrando os punhos. — Vou socar cada um deles por sumirem desse jeito!
Uji, ao seu lado, cerrou os punhos, mas seu pensamento parecia estar longe da raiva de Rydia.
— Tenho certeza... — ele murmurou, apertando os lábios. — Eles estão numa festa de fraternidade... com muitas garotas... talvez até uma White Party!
Antes que pudesse terminar sua fala, Rydia deu um soco no braço dele, interrompendo sua divagação.
— Cala a boca, seu tarado! — rosnou ela, cruzando os braços em frustração.
Baan, que andava alguns passos à frente, olhou para os dois e balançou a cabeça.
— Parem de fazer algazarra, vocês dois. Não podemos chamar atenção. Só alunos e estagiários podem dormir no campus — disse ele com um tom firme, mas calmo. — Se alguém nos pegar, nem eu, nem o Uji teremos como explicar.
Rydia suspirou, assentindo, ainda com os braços cruzados.
— Tem razão... — respondeu ela, olhando de soslaio para Uji. — Espero que esse samurai idiota pare com esses comentários.
Com a mão ainda no rosto, massageando a bochecha atingida, Uji levantou a cabeça, percebendo algo estranho à distância.
— Espera aí... que merda é aquela? — disse ele, franzindo o cenho. — Tem um rapaz desengonçado gritando lá longe.
Rydia estreitou os olhos, tentando identificar o rapaz.
— Espera um pouco... — disse ela, reconhecendo a figura desajeitada. — Aquele desengonçado é o Rufus!
Rufus corria na direção do trio, ofegante, suas pernas tremendo de tanto esforço enquanto clamava por socorro. Quando ele finalmente alcançou o grupo, estava tão sem fôlego que mal conseguia falar.
— O que aconteceu? — perguntou Baan, a urgência em sua voz se acentuando.
Rufus, ofegante, ainda tentando recuperar o fôlego, lutou para falar.
— Fomos... atacados... o poeta fantasma... ele capturou uma aluna... e está lutando com Kreik, Moara e Joabe! — disse ele, a voz entrecortada.
Os três se entreolharam, a gravidade da situação clara em seus rostos. Baan deu um passo à frente, os olhos firmes.
— Rufus, nos leve até lá. Agora! — ordenou ele, sua voz firme e determinada.
Enquanto isso, nas salas de aula, Moara estava frente a frente com o poeta fantasma. Ela avançava com socos rápidos, mas o poeta desviava habilmente, inclinando-se de lado para evitar seus golpes. Moara continuava a desferir socos, cada vez mais furiosos, mas o poeta mascarado era ágil, sempre escapando no último segundo.
Com um salto, o poeta se afastou para trás de uma cadeira, usando o mobiliário da sala como proteção temporária. Moara, ofegante após a batalha anterior, sentiu o cansaço pesar em seus músculos.
— Droga... — murmurou ela para si mesma, os punhos cerrados. — Estou cansada demais depois daquela luta...
Mesmo exausta, Moara não se deu por vencida. Ela avançou novamente, mas o poeta, com um chute certeiro, mandou uma cadeira em sua direção. Moara, sem hesitar, quebrou a cadeira com um soco devastador. Ele continuou a lançar mais cadeiras, uma após a outra, usando apenas uma mão, enquanto a outra segurava firmemente seu livro. No entanto, Moara foi destruindo cada uma delas com seus golpes poderosos.
— O que foi, poeta mequetrefe? Quer passar a noite toda jogando cadeiras? — zombou ela, com um sorriso desafiador no rosto.
O poeta olhou ao redor, notando que estava ficando encurralado. Moara, percebendo sua hesitação, bateu o pé no chão com força, gritando:
— Gaia Awakening (Despertar de Gaia)!
Um pilar de terra emergiu do chão, indo na direção do poeta. Ele, rápido como o vento, saltou para o lado, desviando por pouco. Moara não se intimidou e desferiu um soco no pilar, fazendo um pedaço de terra voar na direção do inimigo. Ele bloqueou o ataque com uma mão, protegendo o livro com a outra.
Moara aproveitou a brecha e avançou, pronta para desferir seu Gaia Punch, mas o poeta se abaixou ágil e chutou suas pernas lateralmente, derrubando-a no chão. Ele tentou dar um pisão nela, mas Moara, rápida, bateu no chão com a mão, fazendo outro Gaia Awakening surgir. O pilar atingiu o queixo do poeta, arremessando-o para trás.
Ela se levantou rapidamente e, sem perder tempo, chutou o poeta com toda a força, lançando-o contra a parede.
— Ei, poeta mequetrefe! Tenho uma poesia para você: Batatinha quando nasce, esparrama pelo chão, Moarinha ao ver poeta, lhe derruba com um chutão! — zombou ela, preparando mais um golpe. — Acabou pra você! Gaia Punch!
O poeta, ainda sorrindo, murmurou com sua voz distorcida:
— Foliis Insanis (Folhas Malucas)!
Ele abriu seu livro, fazendo com que inúmeras folhas voassem na direção de Moara, prendendo seus movimentos. Ela começou a se debater, tentando arrancar as folhas que cobriam seu rosto e corpo. De repente, uma parte das folhas se reuniu, formando uma perna que acertou um chute direto em sua barriga, jogando-a para longe.
Moara segurou a barriga, sentindo a dor se espalhar.
— Que merda é essa...? Quem me chutou...? — ela olhou para frente, seus olhos se arregalando de surpresa e raiva ao ver o que se formava diante dela. — Não pode ser... você de novo?!
As folhas terminaram de se reunir, formando novamente o corpo híbrido de Kenia, com suas características de coelho.
O poeta se levantou lentamente, o livro ainda aberto em suas mãos.
— Não adianta derrotar meus pupilos... — disse ele, sua voz fria e sinistra. — Eu posso fazê-los retornar. Contemple minha poderosa técnica: Societas Poetarum Mortuorum (Sociedade dos poetas mortos).
Perto dali, Kreik e Joabe, ainda cansados da última batalha, observaram em choque enquanto as folhas espalhadas pelo chão começavam a se agitar, como se um redemoinho estivesse se formando perto de Calderion, que continuava a gerar suas bolas amarelas flamejantes. As folhas flutuaram no ar e, para seu desespero, começaram a formar novamente o corpo de Vicente.
— Mas que merda... — murmurou Kreik, sentindo a tensão subir. — Como vamos vencer se eles não morrem?!
Vicente, por meio de sua besta Calderion, já havia acumulado diversas bolinhas flamejantes ao redor do campo de batalha. Ele balançou a lâmina de sua espada e olhou para Kreik e Joabe à sua frente, ambos em posição defensiva, com o suor escorrendo por suas testas.
— Redemoinho Calcinante! — gritou Vicente, fincando sua lâmina no chão.